Capítulo 10 - Em casa!
- Aurora, estamos prontos! - Carter disse me tirando do transe que me encontrava.
Vagarosamente levantei do chão fazendo minhas juntas estalar e olhei todos agrupados. Um misto de faces, alguns com medo, outros com superioridade e são esses que me deixa preocupada.
Terei uma longa jornada assim que voltar para o abrigo, mas só posso embarcar nela com a certeza que aquelas pessoas não vão prejudicar ninguém.
- Ayla eu preciso que você nos leve separadamente e Aurora eu preciso de você. - Carter tinha adotado uma postura perfeita e sua voz estava tão carregada que era impossível contesta-lo.
Sua atitude me deixou surpresa, nunca tinha visto ele sem aquele característico sorriso brincalhão e quem o olhasse assim nunca imaginaria sua outra face divertida.
- Claro! - dissemos juntas.
- Preciso que você nos leve para um lugar isolado e que somente vocês poderiam encontra. - olhei para Ayla que estava tão espantada quanto eu com a atitude dele.
- Sem problemas. - limpei minha mente assumindo a mesma atitude que ele.
Lá no fundo entendia sua intenção e com esse sentimento avaliei um a um todos aqueles rostos tentando desvendar suas intenções.
- Quando estiverem prontas. - olhei para ele e bati meu pé no chão.
Várias pilastras de terra se levantaram com rapidez e jogou os escolhidos na minha frente, todos estavam caídos e sem entender nada, várias raízes saíram da terra e foi a seu encontro enrolando todos bem apertado impossibilitando qualquer movimento que pudessem fazer contra nós.
- Ayla! - ela me olhou e depositou sua mão nas raízes. - Como da última vez. - pedi.
Respirei fundo senti sua mão em meu ombro, soltei minha mente moldando um calabouço embaixo de uma grande e oca árvore, que serviria perfeitamente de referência.
Meu corpo ficou leve e o friozinho na barriga me disse que o lugar estava pronto e que estamos a caminho dele.
Assim que abri meus olhos a terra estava toda afastada, pequenos quadrados se levantavam do chão para servir de cama, sem janela sem iluminação, o cheiro de terra úmida. Afastei a água das camas, mas mantive perto isso ajudaria com a renovação do ar ali.
Com calma lembrei-me do calor das chamas e concentrei esse calor na palma da minha mão iluminando o lugar que propagou várias sombras.
- Tenham isso como uma amostra do que faziam conosco. - falei - Mas como não somos vocês a nossa benevolência fala mais alto.
Concentrei-me e tentei algo novo. Eu sou dona da minha instabilidade, sou plenamente capaz, eu posso e consigo fazer isso.
A surpresa dos outros e seus corações disparados me deixou feliz, é sinal que está dando certo.
"Você está incumbida de coletar frutas e o que você encontra que possa ser usado de alimento." Pensei colocando minha força e compartilhando meu conhecimento com ela, abri meus olhos.
Um boneco de barro estava na minha frente coberta por várias folhas que formavam um lindo vestido verde, seus cabelos eram de raízes finas até o meio de suas costas, seus olhos duas piscinas cheias de água que me permitia ver meu reflexo ali, tinha o tamanho de Isabel.
Coloquei minha mão em sua face e senti sua pele fria, com cuidado transferi o calor para aquele pequeno corpo, algumas memórias passaram rapidamente por meus olhos, mas não consegui focar em nenhuma.
"Logo, logo, eu venho ti buscar, prometo não demorar muito, agora vai." Falei para ela que concordou e foi para a parede sumindo por ali. Soltei as amarras de todos e Ayla nos tirou de lá no mesmo instante.
- Isso foi incrível! - ela sussurrou assim que aparecemos junto dos outros. - Você vai fazer com esses?
- Não! Heira vai cuidar de todos. - expliquei.
Olhei para cada um que estava ali agora, baixei minha guarda, criar Heira tinha consumido muito de mim, principalmente por eu me doar um pouco para ela conseguir fazer tudo o que eu precisava.
- Eu não conheço vocês, mas sinto que cada historia aqui é importante, é real, é assustadora, é semelhante a minha. Cada qual com sua tristeza e cheia de infortúnios. - Olhei Isabel que encarava Matteo de longe. - Todos passamos por maus bocados, diferente daqueles que levamos vocês serão ouvidos.
Carter deu um breve aceno e eu me calei.
- Vocês estão recebendo um grande voto de confiança e se vocês se quer pensar em agir contra nós, vão se arrepender amargamente disso. - Ele continuava com a voz dura.
- Não somos monstros! - Selena falou.
- Não somos brinquedos! - Stella deu um passo à frente.
- Não podem nos manipular! - Priscila repetiu o ato se aproximando de nós.
- Não somos melhores do que vocês! - Ayla disse segurando minha mão e a de Carter que estava ao seu lado.
- Também sentimos dor e medo. - Isabel falou e veio correndo para o meu lado se jogando em mim e segurando minhas pernas.
- Somos humanos, igual cada um de vocês. - olhei para os oito pares de olhos que nos olhavam levemente assustados. - Cada um de vocês vai contar sua história para cada um de nós.
🍁
Como já podíamos esperar as histórias eram parecidas, foram ameaçados, sequestrados, manipulados e até mesmo comprados. Pais sem condições vendiam seus filhos mais velhos ou mais inteligentes para conseguir manter a família por mais tempo e esse era o caso do rapaz que estava a minha frente.
- Sinto muito pelo que passou, mas agora os tempos são outros e você terá uma nova chance para fazer o que é certo. - falei para ele e estendi minha mão.
Ele a apertou e pude sentir o alívio de seu corpo que relaxou imediatamente.
- Pode se sentar junto dos outros se quiser. - falei e me deixei vagar em pensamentos.
Aquelas pessoas possivelmente seria melhor aceitas entre os moradores do abrigo, é o que eu espero na verdade.
Afastei minha insegurança, não posso e não consigo cuidar de tudo. Há varias coisas fora do meu alcance, olhei o horizonte, a natureza ali era diferente parecia carregar algo ruim sentia como se fosse uma mancha negra e morta, onde estávamos era até razoável a pressão, no entanto se fosse mais adiante seria completamente sufocante.
"É o vale das almas perdidas."
"Nome bem forte." Falei meio surpresa.
"E completamente significativo, quem passa por ali nunca retorna." Sua voz soava pensativa.
"Porque fariam esse laboratório tão perto de algo mortal Pan?"
"O lugar perfeito para que um espectro possa ser criado e possuir certa força."
Estremeci.
"Só existia aquela criatura não é mesmo?"
"Sim! Com aquele objetivo sim!"
- Então existem mais?
"Muitos mais, no entanto nem todos com propósitos tão perversos."
- O que existe mais? - Ayla perguntou curiosa.
Olhei para ela sem entender, não tinha percebido que falei em voz alta.
- Depois conversamos. - falei para ela que concordou. - Vamos?
- Estou apenas esperando eles. - ela apontou para Priscila que conversava com Matteo.
Não demorou muito até que eles viessem para o nosso lado e Ayla nos levou para o abrigo.
Assim que chegamos tomei a frente de todos junto com Carter, estávamos na margem do rio que passava ali, longe da entrada para que não soubessem como sair dali.
Mal me posicionei e senti aquelas passadas mudarem seu destino e correr em nossa direção, logo mais três o acompanhou, não demorou muito para pai e filhas chegar a nosso encontro.
- Eu conheço esse cheiro! - as meninas disseram juntas farejando o ar.
O semblante espantado do pai foi tomado de alegria.
- Leonor! - não havia dúvida em sua voz, apenas alegria.
- Esteban? - a mulher atrás de nós estava espantada.
As garotinhas ficaram ainda mais elétricas do que antes.
- Mamãe! - gritaram as três correndo em nossa direção.
Abri espaço para elas passarem por mim, Leonor se abaixou para receber as três meninas que se agarravam como podia a mãe. Logo Esteban se juntou as quatro abraçando todas.
Por essa eu não esperava, todos estavam tão surpresos quanto eu ao admirar aquela cena. É ótimo saber que alguém tinha encontrado seu recomeço feliz. Tenho esperança que todos encontrem os seus. Cada passo dado ficamos mais próximos disso.
Peguei Isabel pela mão e comecei a me afastar dos demais indo em direção ao aglomerado de árvores bem distantes que eu tanto gosto.
- Aurora! Espera. - Carter vinha correndo em nossa direção.
Parei esperando que ele chegasse.
- Muito obrigada, por hoje.
- Eu é que tenho que agradecer a você, a todos vocês, não sei o que teria acontecido se não tivessem embarcado comigo nessa loucura toda.
- E agora que as coisas estão se acertando isso aqui vai virar uma chatice. - Ele coçou a nuca parecendo decepcionado. - Quando as crianças estiverem prontas aí vai voltar a ser legal. Você bem que pode nos ajudar com o treinamento delas né! Afinal você faz de um tudo.
Acabei rindo de seu jeito.
- Vai ser um prazer! Só preciso fazer algumas coisas antes de qualquer outra. Preciso aproveitar essa maré de calma que está chegando.
- Aventura! Estou dentro. - Ele se animou todo.
- Me desculpa, mas eu preciso que você fique com a Isabel. - falei sorrindo forçado.
- Eu não vou! - os dois falaram juntos decepcionados me olhando com certa esperança.
- Me desculpe, mas não! Eu preciso de vocês aqui, não pretendo demorar e pra que eu não demore vamos descansar pouco, não quero que você passe por isso querida e assim você pode matar um pouco da saudade do seu tio. - olhei para ela. - Tio não, pai! Isso é estranho. - Sacudi a cabeça.
- Tudo bem! - Eu sei que não esta bem, no entanto eu preciso disso.
- E você cuide bem dela, você pode fazer isso por mim? - Não queria ver essa tristeza nos seus olhos.
- Já que não posso ir junto. Vamos nos divertir um monte. - disse ele tentando animar ela sem nenhum efeito.
- Se aparecer um arranhão nela eu ti deixo pendurado. - seus olhos arregalaram com minha ameaça.
- Poxa assim você destrói todos os meus planos com a garota. - falou em um muxoxo.
- Qualquer coisa liberte a tigresa em você querida. - sorri brincando, só que isso me deu uma ideia. - É isso! Quando sentir minha falta e quiser falar comigo você se transforma em tigre que eu vou ti ouvir, assim estaremos sempre juntas.
O sorriso voltou a aparecer em seu rosto me deixando extremamente aliviada por saber que ela ficaria bem e que qualquer coisa que a preocupasse eu poderia a acalmar.
- Assim vocês me magoam e olhe só, nem se importam. - pronto começou o drama.
- Deixa disso! - falei sorrindo.
- Quando pretende ir?
- O mais rápido possível, para voltar logo. Muito tempo se passou, mas eu ainda preciso de respostas para as inúmeras perguntas que venho me fazendo.
- O que aconteceu com sua família eu suponho? - olhei seu semblante triste.
- Sim! Eu preciso saber, tudo o que eu pensei ser verdade no fim descubro que era uma grande mentira. - desabafei frustrada.
- Não se preocupe a verdade sempre aparece. - Sua tentativa de me animar me deixava preocupada.
- O que aconteceu com você? - perguntei.
- É uma longa e triste história, acredite em mim, não vale apena, estamos muito melhor hoje do que jamais estaríamos com eles.
- Entendo bem de longas e tristes histórias, faço parte de uma. - empurrei levemente seu ombro na tentativa de quebrar aquele clima tenso que nos rondava.
- Quando você voltar se ainda estiver interessada eu conto. - Ele olhou para o chão e então voltou a me fitar - Espero que sua jornada seja bem sucedida e que encontre o que espera. Boa sorte Aurora!
- Obrigada Carter. Cuide bem da minha menina.
- Com a minha vida!
- Não diga isso! - estremeçi ao me lembrar da última vez que ouvi essa frase. - Me trás péssimas recordações.
- Sinto muito! - Ele ficou sem graça.
- Longa e triste história. - falei e dei de ombros - Estou indo para o cedro quer ir também?
- Tenho que ajudar minha prima, mas antes de ir venha me dar tchau. - concordei e ele saiu retornando para junto dos outros.
🍁
- Já se passaram dois dias Ayla e até agora não temos nenhum sinal se quer de que ela esteja viva! - Já estou cansada de procurar e não ter nenhuma resposta.
- Não desanime as pessoas aqui parecem ser novas pra se lembrar de qualquer coisa. Estamos perguntando para as pessoas erradas. - ela tentou me animar, e talvez ela tivesse razão.
Todos ali aparentavam ter a minha idade ou menos, então eram novos de mais pra prestar atenção em uma mulher qualquer.
- Quem sabe aquela senhora ali não se lembre de alguma coisa. - olhei para onde ela apontava.
- Se a resposta for não, voltamos pra casa imediatamente, prometi que voltaria em dois dias.
- Tudo bem, mas você pode se arrepender!
- Não vou! Essa busca pode se prolongar muito e não estou disposta há perder mais tempo longe de Isabel. Minha mãe entenderia isso mais que qualquer outra pessoa.
- Então vamos! - ela começou a correr em direção à senhora. - Olá! - ela disse mais alto para chamar a atenção dela que olhou em nossa direção curiosa. - A senhora poderia nos dar uma informação?
- Depende do que procura. - ela limpou as mãos no pano que segurava e endireitou sua postura.
- Estou procurando uma senhora de uns 47 anos, cabelos escuros, olhos castanhos, mais ou menos da minha altura, há 18 anos ela morava atrás daquela planície com sua filha, era muito reservada. O nome dela é Hope. - falei com expectativa.
- A doida?
- Mais respeito minha senhora. - Falei ríspida. - A senhora sabe o que aconteceu com ela?
Ela me olhou de baixo a cima, como se avaliando ou minha atitude ou se ela ganharia algo com a informação, minha paciência não estava muito boa pra aturar esse tipo de atitude. Ayla segurou minha mão, olhei pra ela que negou.
Não vale a pena Aurora! Repeti pra mim mesma.
- Faz muito tempo que ela vagava por aqui, minha memória não está muito boa hoje, quem sabe você não possa refresca-la. - ela falou sugestiva e por mais que tentasse minha raiva só aumentou.
- Será um prazer! - sorri.
Olhei ao redor só pra comprovar o que eu já sabia e com um simples gesto de mão joguei toda a água do jarro ao lado em cima dela.
Sua boca abriu em um enorme "O" surpresa.
- Espero que esteja bem refrescada. - virei às costas e refiz o caminho de instantes atrás.
Uma busca frustrada e sem nenhuma pista, meus propósitos são bons, mas isso não vale tudo o que posso perder se me manter nela.
Suspirei tentando afastar a raiva.
- Vamos voltar pra casa. - Ayla disse e ao mesmo tempo a senti nos levando ao abrigo.
Meus olhos ficaram presos na imagem a minha frente, Isabel estava sentada no chão toda suja de barro e Carter tentava ficar invisível, no entanto a lama impedia seu desempenho. Os dois tão entretidos na brincadeira que nem se quer nos notavam ali paradas olhando.
- Ele leva jeito com crianças, apesar de parecer uma. - Ayla sussurrou.
Eu tinha que concordar com ela e sem querer acabei deixando uma risadinha escapar, isso chamou a atenção dos dois.
- Mamãe! - Isabel gritou e veio correndo em minha direção.
Me abaixei para recebê-la de braços abertos. Como eu senti falta dela.
- Que saudade! - a apertei ignorando a sugeira.
- Eu também! - ela colocou suas mãozinhas no meu rosto me olhando profundamente. - Não me deixa mais!
Sorri por sua repreensão.
- Vou tentar meu amor!
- SAI DAQUI!!! - olhei assustada para Ayla.
Ela tinha as mãos estendidas na frente do corpo e tentava se afastar de Carter que queria suja-la a todo custo. Cai na gargalhada quando ele ameaçou ir para um lado e foi para o outro a ludibriando e os dois foram para no chão.
Carter esfregou seus braços e rosto nela tentando passar o máximo de barro que conseguia, ela estava imobilizada então ele tinha livre acesso.
- Vamos sair daqui querida essa brincadeira vai longe. - Sussurrei sugestiva para Isabel que não entendeu, mas me seguiu feliz mesmo assim.
Seus olhos não desgrudavam de mim e nem sua mão me soltava.
- Está tudo bem? - perguntei chamando sua atenção.
Ela apenas assentiu.
- Conversou com seu pai? - ela deu de ombros desinteressada e isso me assustou. - Querida me diga o que aconteceu?
- Todos estavam ocupados, só o Carter que me dava atenção de vez em quando, acho que porque você mandou. - ela suspirou.
- Porque você não me disse que eu voltava antes?
- Não queria atrapalhar mamãe.
A puxei para meus braços e a apertei.
- Me desculpa. - Sussurrei para ela. - Temos que nos limpar. Quero ti mostrar alguém.
Seus olhinhos brilhavam em expectativa.
Apanhei uma troca de roupa das que Priscila tinha nos dado no primeiro dia e fui em direção ao rio. Tomamos nosso banho e logo em seguida Carter e Ayla chegaram fazendo bagunça.
Sequei e vesti Isabel e fiz o mesmo comigo, abaixei as paredes que tinha erguido para nossa privacidade e no lugar levantei dois banquinhos.
Fechei os olhos e soltei todo o ar dos pulmões vagarosamente. "Heira! Você pode vir aqui agora?"
Continuei da mesma forma até ouvir um farfalhar diferente. Abri os olhos e olhei na direção do som. Não demorou muito e logo ela estava caminhando em minha direção.
Apontei para que Isabel a visse. A surpresa estava estampada em seu rostinho e logo foi substituída por alegria e admiração.
- Ela é linda! - Isabel disse se levantando e indo avaliar Heira.
"Você pode falar?" Ela negou. "Nem mesmo assim?" Ela negou de novo.
Preciso falar com Pan.
- Pan! - gritei esperando que o vento levasse meu chamado até ele.
- Posso brincar com ela mamãe? - ela tinha as mãozinhas juntas para aumentar sua súplica.
- Se ela quiser não vejo problemas. - sorri para ambas.
Isabel se voltou para Heira com seus olhinhos pidonchos. Heira saiu em disparada e logo Isabel começou a segui-la gargalhando.
Fiquei surpresa quando Heira começou a abrir pequenos buracos no chão, Isabel desviava de todos com maestria. Logo as investidas mudaram e mesmo assim Isabel desviava sem nenhum problema.
Senti os dois que estavam no rio se aproximarem e sentar ao meu lado em silêncio, apenas admirando as meninas brincar.
- Ela é incrível. - Ayla disse quebrando o silêncio.
- Elas são. - concordei.
"Precisa de mim criança?"
- Pan! - sorri com sua rapidez.
"Em barro e raízes ao seu dispor." Ele se curvou em uma reverência me fazendo rir, então seu olhar desviou para Heira. "Você está pronta criança!" Era possível ver a alegria em seu rostinho e em sua voz.
"Eu preciso da sua ajuda, ela não pode falar. Não sei o que fiz errado! Fiz pensando em você, queria que ela me ajudasse e ela fez isso, no entanto fiz algo errado para que ela não fale." Disse decepcionada comigo mesma.
"Você apenas se esqueceu de um detalhe criança, você deu seu calor para aquecê-la, deu a terra para seu corpo, a natureza para suas roupas e cabelos, sua água como olhos, os espelhos da alma, podendo se ver em sua imensidão, sua força para que ela superasse os obstáculos sem dificuldade, mas esqueceu do ar para seus pulmões e voz." Fiquei surpresa.
"Mas se ela não respira como está viva?" Perguntei desesperada.
"A natureza, a água e a terra de seu corpo estão fornecendo o ar necessário para ela se manter viva e ativa."
- Heira! - Chamei e ela imediatamente parou a brincadeira e veio até mim.
Segurei seus ombros e olhei seus olhos, uma lufada de ar começou a soprar ao nosso redor, com muito cuidado encaminhei o ar para ela que abriu a boca e respirou fundo, parecia ávida por isso, sorri para ela que já estava respirando normalmente.
- Obrigada mamãe! - ela disse me abraçando, mesmo surpresa retribui.
Ela tem razão! Eu a criei, sou sua mãe, sua responsável.
- De nada querida. - sorri e empurrei as duas para que voltassem a brincar. Desta vez duas gargalhadas enchiam meus ouvidos, era impossível não sorrir junto.
"Obrigada Pan!"
"É sempre um prazer ajudá-la criança. Está pronta para conhecer seu lar?"
"Acho que sim. Eu terei de ir sozinha?" Isso estava me preocupando.
"Não, você pode levar tantos quantos você quiser, porém somente os de bom coração passam."
"E os de mal?"
"Seus pecados serão pesados e julgados, então serão punidos, se sua vontade de mudar for verdadeira e seu arrependimento também seu castigo terá fim quando pagar por seus pecados. Se seu sofrimento for maior que seu pecado, essa pessoa poderá passar livremente por que já pagou anteriormente. Agora se essa pessoa for ardilosa, mentirosa, seu castigo será até seus últimos dias."
"Nossa! E se essa pessoa se afastar, tentar fugir?"
"Não faz diferença, ela pode tentar fugir, mas seu castigo só terá fim quando estiver pago, pois ela tentou ludibriar e entar."
"Só os puros de coração e com boas intenções tem direito a permanecer!" Lembrei que ele havia me dito isso antes.
"Exatamente criança!"
"Quem os puni?"
"Espectros, mas criados com outros propósitos, criados para fazer a justiça no mundo e a proteção de nossa casa."
Me arrepiei só de pensar em um monte daquela criatura cercando um local.
"Eles não são como ela!" Pan respirou fundo. "São como os humanos e vocês. Nós! Tão iguais em determinados aspetos e tão diferentes em outros."
Mais uma vez ele tinha razão.
- Como foi à procura? - Carter perguntou me tirando da conversa com Pan.
- O primeiro dia, vasculhamos no passado, mas com cuidado para não interferir em nada, só procuramos por ela e não encontramos nada. - falei. - No segundo dia procuramos no presente, pedimos informações, mas ninguém parecia conhecer ou se lembrar dela, até que uma senhora quis ganhar algo com a informação que seus olhos me diziam que ela não tinha. Então demos a busca por encerrada e voltamos pra cá.
- Sinto muito!
- Está tudo bem. Alguém me disse que nem sempre podemos ter todas as respostas. - Ele sorriu.
Voltei olhar as meninas que estavam no seu incansável pega-pega.
Isabel exausta voltou correndo e se jogou nos meus braços, Heira se aproximava com cautela.
- Venha cá querida. - abri o braço disponível para que ela se aconchegasse também.
- Como estão aquelas pessoas? - perguntei suavemente.
- Eles se atacaram, mas alguns ainda resistem. Estavam bolando um plano para fugir. Mas não vão conseguir. Eu fechei tudo! - ela estava orgulhosa de seu trabalho, me senti mal em ter deixado aqueles monstros aos cuidados dela.
- Me desculpa por isso. - pedi afagando seus cabelos.
- Não se preocupa mamãe, eu não fiquei o tempo todo lá, eu ouvia as árvores e os pássaros a maior parte do tempo, eles me diziam onde você estava.
Continuei o carinho e me pus a pensar no que ela havia dito, talvez fosse isso minhas visões, a natureza me falando aquilo que eu precisava saber mesmo sem perguntar.
Uma grande e infinita conexão de memórias vivenciadas, compartilhadas, esperando pelo próximo ouvinte que acabou de chegar.
"Vamos lá, me conte o que eu preciso saber. Mostre-me o que procuro, compartilhe sua história."
Instantaneamente minha mente vagou para outro lugar.
Eu podia ver minha mãe vagueando pela rua desesperada, totalmente sem rumo gritando por mim.
Seus olhos inchados e vermelhos, os riscos de lágrimas antigas e novas se misturando em sua face.
Ela voltou para casa olhando cômodo por cômodo na esperança de me encontrar escondida e então saiu para as poucas árvores que tinha ali, indo cada vez mais longe de casa até cair de joelho e gritar desesperada.
Me partia o coração vê-la assim, queria poder abraça-la e dizer que estou bem, queria poder limpar suas lágrimas que insistia em manchar seu rosto.
Ela continuou vagueando procurando por mim por muitos dias, percebi isso pela falta de luz que a noite trazia.
- Mamãe? - as duas me chamaram.
- Está tudo bem. - menti tentando desatar o nó do meu peito.
"Quando quiser podemos partir criança." Pan disse e logo em seguida bocejou.
"Estamos todos cansados, veremos isso amanhã." Repeti seu ato e tentei me espreguiçar.
- Vamos pra casa descansar. - falei ajudando elas a se levantar.
Segurei a mão de cada uma, eu realmente preciso de uma boa noite de sono. Suspirei cansada.
🍁
Acordei completamente renovada, precisava avisar a todos sobre nossa partida. Acordei todas as garotas e esperei que se aprontassem cada qual pegou uma maçã e saímos comendo a procura dos primos.
Não demorou muito para acharmos a Priscila, ela estava conversando com Matteo, os dois parecia muito próximos, ele a olhava com admiração. Acredito que mais um casal está caminhando para seu começo feliz. Abri um grande sorriso com esse pensamento.
- Vou chamar o Carter! - Ayla disse e saiu rumo onde os primos dormiam.
E lá vai mais um.
- Porque você está rindo mamãe? - Isabel me olhava com curiosidade, enquanto Heira soltava uma risadinha fofa.
- Só estou feliz querida! Vão brincar, logo logo partiremos. - sugeri.
O tempo passou tão rápido que quando dei por mim Ayla estava praticamente gritando no meu ouvido para chamar minha atenção.
- Que foi? - perguntei tampando o ouvido pra amenizar o zumbido que sua voz causou.
- Estamos esperando você falar a meia hora. - Carter protestou, mas seus olhos denunciavam que era mentira.
- Se isso fosse verdade eu até me desculparia, mas como não é, vou ignorar. - falei semicerrando os olhos - Só queria dizer que eu estou partindo e vou levar comigo os prisioneiros, Pan me disse algo que eu creio que será o certo a se fazer. Essas pessoas tem que pagar pelo que fizeram.
- Vamos junto! - Selena e Stella disseram juntas.
- Eu também vou! - Ayla falou confiante, vi Carter ficar entre a cruz e a espada.
Ele dividia o olhar entre Ayla e Priscila, esta deu de ombros e me olhou.
- Eu e o bobão aí também vamos, não tem nada que nos prenda aqui, as crianças ainda vão demorar mais alguns dias para poder vir para cá, e onde quer que você e esse bonequinho chamem de casa, tenho certeza que é melhor que aqui! - ela me olhou como se esperando uma confirmação. - Precisamos abriga-las de forma correta, inclusive os outros.
- Você tem razão! - devemos levá-los conosco. - Vamos conhecer e voltamos para pegar aqueles de nós que quiserem ir.
- Feito.
"Todos prontos, criança?" Pan apareceu do nada como sempre.
- Sim! Estamos prontos! - Respondi confiante
"Sinta a natureza e deixe-a ti levar."
Deixei que a leveza me dominasse e envolvi a todos, sentia uma leve pressão de fora e deixei que ela me guiasse para onde quer que fosse.
A brisa soprou e nos deu velocidade, senti o farfalhar das folhas, a pressão da terra, o calor do fogo, a fluidez da água, a serenidade do vento, eu sentia cada partícula da natureza se agitando em mim, me completando.
Quando abri meus olhos estava diante de uma imensa floresta, vários tons de verde e marrom estavam ali, árvores de todos os tamanhos e formas, flores com todas as cores e aromas possíveis. Era quase inacreditável tamanha beleza.
De longe vi uma criatura se aproximando de nós, no começo não pude identificar, mas quando parou na claridade de um feixe de luz solar, consegui ver seus traços.
Ela possuía imensos e ornamentados cornos cheios de flores, sua pelagem baixa e lisa em uma cor suave semelhante ao creme, seu pequeno e marrom nariz de cervo dava contraste a sua pele, as orelhas levemente abaixadas, um vestido branco repleto de pequenas e delicadas flores tampava seu corpo. Seu rosto levemente arredondado e olhos cor de mel.
Sua beleza era cativante, delicada e ao mesmo tempo peculiar.
- Olá! É um prazer finalmente ter você em casa. - sua voz tão macia quanto algodão. - Há anos estamos a sua procura pequena Aurora.
A sensação de bem estar, de paz, de pertencer a algum lugar me invadiu em cheio, até mesmo o ar era mais leve e com aroma de mel em meio às fragrâncias das outras plantas. Eu me sentia hipnotizada. Comecei a avançar em direção àquela peculiar criatura que me olhava com olhos amáveis, como uma mãe olhando seu filho.
Senti uma leve pressão e meu coração acelerar, algo estranho estava acontecendo, quando olhei para baixo eu estava com um vestido totalmente branco, arfei em surpresa, mas nem tive tempo de assimilar mais nada, vi Heira passando, seu corpo virar pó e ser levado pelo vento.
- NÃO! - Gritei desesperada indo para aquele ponto e me ajoelhando sem poder fazer nada. Isabel avançou ao meu encontro, logo senti seus braços me envolvendo e as lágrimas molhando meu rosto, misturadas as minhas. - Porque fez isso? - perguntei inconformada.
- O propósito ao qual ela foi criada não era mais necessário. - ela respondeu simplesmente - No entanto você pode cria-la novamente com outros propósitos, suas memórias permaneceram intactas.
"Você pode fazer isso depois criança." Pan falou depois de todo esse tempo.
"Na minha família ninguém fica pra trás e muito menos esquecido, não enquanto eu puder lutar por eles."
Pensei na pequena que deveria crescer assim como Isabel, ter uma vida livre, poder fazer aquilo que seu coração mandar, ser feliz e amada exatamente como ela é.
O vento me rondava, a terra começou a vibrar, as árvores dançavam enquanto o vento as soprava em sua cantiga. Bracinhos diminutos me envolveram e eu retribui. Novamente transferi meu calor para ela e olhando em seus olhos duas piscinas de água cristalina, guiei o ar para ela. Dessa vez não esquecendo de nada.
Assim que tudo acabou Isabel nos abraçou.
- Obrigada mamãe! - as duas falaram juntas.
Só então percebo que Isabel também estava com um vestido diferente, tanto ela quanto Heira estavam de vestidos verdes bem suaves, ambos combinando. Segurei suas mãos e olhei para a figura que mantinha seu olhar em mim.
- Nada mais parecido com isso vai acontecer?
- Se eles forem puros de coração não. - disse ela avaliando a todos.
- Quem é você?
- Sou Nat! - ela fez uma leve reverência para mim. - Sou a Guardiã e sua guia aqui.
Concordei e olhei os outros os chamando com a mão. Todos passaram sem nenhum problema e nenhuma mudança. Achei estranho, porém não questionei.
- Me acompanhem, por favor. - Nat começou a se afastar.
Olhei os outros e a segui, a cada passo dado mais meu coração acelerava, até que uma figura em meio a aquela clareira se destacou aos meus olhos, meu corpo agindo mais rápido que minha mente já corria ao seu encontro. Quando meu corpo se chocou com o seu e seu cheiro invadiu minhas narinas meus olhos deram espaço para que as lágrimas caíssem com vontade.
Seus braços apenas me apertavam me transmitindo aquela paz que só ela sabia me dar.
- Você...
- Shiiii! - ela me afastou um pouco - Como você cresceu. - ela encostou sua testa na minha e afagou minhas bochechas igual fazia quando eu era criança - Eu não disse que seriamos sempre nós duas juntas! Não importa quanto tempo passe, eu vou sempre estar com você minha menina.
- Ah mamãe, como eu senti sua falta! - voltei a abraçar fortemente, tinha medo de solta-la e ela sumir.
- Agora vai ficar tudo bem. - Seus olhos amáveis brilhavam para mim e isso só fazia com que minhas lágrimas descessem com ainda mais vontade.
Senti um leve puxar no meu vestido e vi os olhinhos preocupados e curiosos de Isabel.
- Você está bem mamãe? Quem é ela? - ela perguntou com um pouco de vergonha.
Mamãe abriu um sorriso ainda maior se é que isso era possível, deixando a mostra suas covinhas, se abaixou para ficar na altura de Isabel e colocou a mão em seu rosto.
- Eu sou avó! - era quase palpável sua felicidade.
- Mamãe, esta é Isabel minha garotinha, Isabel, esta é minha mãe, sua avó!
A pequena ficou nos olhando e então a abraçou ainda com vergonha.
- E aquela ali é minha outra garotinha. Heira venha conhecer a vovó. - A chamei e imediatamente ela se juntou no abraço.
- Como é bom ter todas reunidas. - Nat falou, e então eu me dei conta.
- Ela estava aqui esse tempo todo e vocês não me contaram. - Olhei para ela e Pan que estava em seu ombro.
"Desculpa criança, mas isso ia interferir na sua decisão."
- Pan está certo! Você tinha que decidir sem nenhuma influência.
Eu queria ficar irritada, mas eu poderia não ter vindo ou ter vindo assim que Pan fez o primeiro contato comigo e isso me impediria de descobrir varias coisas. Eu conseguia entender perfeitamente aquela atitude.
Suspirei me rendendo e então olhei onde estávamos.
Havia várias casas nas árvores muito bem construídas, escadas em espiral com os próprios galhos das árvores, como se eles tivessem sido moldadas a crescer daquela forma, as flores das mais diversas cores, grama bem cuidada e aparada até onde meus olhos conseguiam ver. Pequenos beija flor voavam de flor em flor.
Algumas crianças como Heira e outros adultos também se aproximavam de nós, fiquei extremamente feliz em saber que ela não se sentiria desolado, outros como Pan, várias criaturas distintas, mestiças e incrivelmente lindas.
O lugar era deslumbrante, pude ver alguns como nós no topo das árvores sem nada os segurando, alguns com asas, outros levitando, alguns pulando de galho em galho, vinham correndo ou sobre a terra, com raízes os segurando e trazendo para perto de nós.
Tão logo nos cercaram e se curvaram sobre os joelhos na minha frente em uma imensa reverência.
- A floresta já sente a mudança com você aqui. - Nat disse. - Agora que o que nos ameaçava e enfraquecida se foi e você retornou nossa casa ficará ainda mais forte, maior, bela e segura!
- Preciso trazer algumas pessoas para serem punidas. - falei baixo ainda admirando tudo aquilo.
- E assim será. - ela pareceu compreender minha admiração - Seu avô Ethan criou esse refúgio na esperança que sua filha e seus descendentes pudessem viver aqui em paz, e nós para que mantivéssemos a procura quando ele se fosse e assim ter algo bom e puro nesse mundo perdido.
Quando ela falou o nome Ethan, o garotinho me veio à cabeça, o garotinho que Pan me mostrou, o mesmo garotinho que conhecemos na nossa primeira "viagem" com Ayla. Será possível que seja ele?
- Sim é ele! - Nat parecia ter ouvido meus pensamentos, mas como ela tinha um grande contato com Pan creio que ela apenas deduziu o que eu pensei.
- Vamos buscar os outros. - falei chacoalhando a cabeça.
- Você gostaria de ouvir a história toda antes de ir? - ponderei o que Nat disse, eles poderiam esperar mais um pouco.
- Claro! - Respondi.
- Como você já sabe sua mãe foi sequestrada ainda um bebê por a tia dela, Morgana.
"Quando elas passaram pelo Vale das almas perdidas as toxinas do local mataram em poucos minutos a tia, mas Hope era diferente, Ethan foi o segundo a ter poder a primeira foi sua mãe Anne, Loren era a primeira da família dela, então sua mãe deveria ser bem mais poderosa que os dois, porém essas toxinas bagunçaram todo o seu organismo e impediram que ela desenvolvesse seus dons, camponeses que passavam por perto ouviram seu choro e a salvaram antes que fosse tarde demais."
"Essa mudança que Hope sofreu fez com que ficasse difícil encontrá-la e fez com que você não tivesse limites, então mesmo sendo uma criança e até mesmo quando bebê você escondia a sua presença e a de sua mãe também, isso ajudou muito na sua proteção, sua mãe tinha todo cuidado para que Morgana não a encontrasse. Porém sua mãe não teve a mesma sorte os camponeses moravam perto então quando Morgana foi invocada como espectro ela vagueou até encontrar Hope."
"Como você também descobriu ela atormentou sua mãe durante muitos anos, e quando descobriram as crianças que tinham poder resolveram usar isso ao seu favor, então você foi sequestrada ao acaso e o restante da história você já conhece."
- Há quanto tempo ela está aqui?
- Treze anos, ela vagou sozinha procurando por você durante cinco anos, então a encontramos e trouxemos pra cá e continuamos a sua busca.
- Como vocês me encontraram?
- Em algum momento você abaixou um pouco suas barreiras então conseguimos ti localizar. Desculpa pela forma que ti abordei.
- Já passou. - era muita coisa pra assimilar.
Todas as peças do quebra cabeça finalmente se encaixaram. Respirei fundo tinha de ir buscar aqueles que quisessem nos acompanhar.
- Logo estaremos de volta. - falei me encaminhando aos meus amigos.
- Seus aposentos estarão prontos quando chegarem. - Nat sorria acolhedor.
Olhei mais uma vez para minha mãe, tinha medo que isso fosse um sonho e ela acabasse sumindo quando eu acordasse, porém eu tinha de fazer aquilo.
- Vocês só podem se transportar fora das barreiras. - Nat avisou.
- Aqueles em penitência ficam onde? - perguntei
- Fora da barreira, mas só são ouvidos se nós quisermos. Caso contrário não escutamos nada do que acontece fora da barreira. - estranhamente curioso.
Concordei e me dirigi ao caminho que havíamos feito antes.
Olhei para trás mais uma vez e lá estávamos nós olhando para a nossa nova casa. Todos juntos em um ambiente acolhedor pela primeira vez.
Voltei minha atenção para o caminho e curiosamente notei algo que não tinha notado antes, havia um homem ali com uma criatura escura a suas costas, parecia estar machucando ele pela forma que suas mãos atravessavam o corpo dele e suas expressões traziam dor.
Me aproximei deles cuidadosamente.
- Em fim te encontrei! - disse ele olhando para mim, me surpreendendo, logo o espectro voltou a atingi-lo - Você vale a pena todo o esforço! - sua voz saiu ofegante.
Em um ato inesperado ele selou seus lábios nos meus e logo em seguida caiu no chão se segurando para não gritar devido à dor que o espectro lhe causava.
FIM.
É isso ai, espero que tenham gostado dessa pequena historia que é uma demostração da confusão que é minha mente hahaha
Me diverti muito enquanto escrevia e espero que vocês tenham se divertido lendo.
Um forte abraço de urso, fiquem bem❤
ʕっ•ᴥ•ʔっ❤️
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