Suzan is gone
O choque inicial veio pela confusão. Do que ele está falando? Suzan franziu a testa, mas quando Edward agarrou o braço das duas e as obrigou a ficar atrás dele, a compreensão do que acontecia embrulhou o estômago da ruiva e ela pensou que vomitaria. Tirou os óculos escuros e os jogou no chão sem pensar direito. Queria ver com clareza as árvores ao seu redor, como se isso fosse fazer alguma diferença.
— É ela...?— Isabella perguntou em um sussurro, agarrada ao ombro de Edward com força.
— Sim.— confirmou ele friamente. Elas não conseguiam ver para onde Edward olhava.
Suzan prendeu a respiração e sentiu como se o tempo tivesse parado. O céu estava fechado como de costume, a terra estava escorregadia sob seus pés. Ela se sentiu sufocada por seus casacos de lã e não tinha certeza de como reagir quando uma vampira de aparência arisca saiu do meio das árvores tremendo de ódio.
Victoria. Suzan fixou os olhos na outra ruiva, com os cabelos mais escuros e muito mais selvagens que os seus. A pele pálida e o rosto incrivelmente belo como de um anjo. Ela se vestia como qualquer outra mulher da atualidade e poderia até passar uma imagem de normal se não fossem por seus olhos vermelhos, injetados de ódio. Suzan agarrou o braço de Bella com força e a puxou para si bruscamente, o instinto de proteger sua irmã veio com força.
— Victoria— Edward cumprimentou, tenso.
Pouco depois, mais um vampiro apareceu, com a postura levemente submissa de um verdadeiro escudeiro, um rapaz de cabelos castanhos-escuros, era tão arisco quanto sua companhia. Os dois se aproximavam como leões cercando uma pequena presa. Edward não podia lutar contra os dois sozinho, podia? Suzan não queria colocar mão no fogo por isso, precisavam de ajuda, mas sua garganta estava apertada, ela não conseguia gritar.
— Riley, garoto.— continuou o Cullen— Você tem que me escutar. Isso tudo— ele apontou para a direção em que todos sabiam que a luta ocorria— é um tremendo erro. É um erro, e você sabe. Ela está mentindo, Riley. Mentindo para aqueles na clareira como está mentindo para você. Eles vão morrer para nada, você sabe que ninguém irá ajudá-los.
Conforme mais o casal de forasteiros avançava em silêncio, mais Edward tomava uma posição defensiva. Suzan entrou na frente de Bella cortando o contato visual entre a morena e a outra ruiva. Victoria a observou com um misto de raiva e curiosidade por ela se meter no caminho da vingança. Não fazia ideia de quem era aquela ruiva cheia de sardas, mas tampouco se importava de acabar com a vida dela também.
— Ela não o ama. Sabe que eu vou te matar e é exatamente por isso que ela está esperando.— Edward tentava ganhar o máximo de tempo possível, era tudo o que precisava. Sabia que Emmett, assim que acabasse morro abaixo, viria correndo conferir Suzan. Ele só precisa enrolar o casal. Eles estavam próximos demais— Eu não hesitarei, Riley!— o telepata elevou o tom e o vampiro de olhos escarlate parou a metros de distância. Aquele espaço grande entre eles poderia ser desfeito em segundos. O coração de Suzan voltou a bater com força, chegou a doer e ela se curvou um pouco. As emoções eram fortes, ela não quer morrer.— Acha que vale a pena morrer por quem nunca gostou de você?
Toda aquela conversa parecia estar mesmo entrando na cabeça de Riley. Ele hesitava e sua relutância era palpável. Era um rapaz muito bonito e tinha um rosto estranhamente familiar embora Suzan tivesse certeza de que não o conhecia de nenhum lugar.
— O único amor da vida de Victoria foi James, você não passa de um instrumento, uma peça de tabuleiro.— Edward sabia o que estava fazendo, Suzan queria se convencer disso, mas acabou estremecendo quando Victoria se abaixou e sibilou como uma víbora se preparando para dar o bote, o chocalho de cascavel se sacudindo. Su não queria ver isso, mas se obrigou a manter os olhos bem abertos.
— Ele está mentindo, Riley.— disse Victoria, sua voz era um charme, quase um ronronar ao se dirigir ao outro vampiro.— Eu lhe disse dos joguinhos mentais dele.— ela balançou a cabeça e Suzan mordeu a bochecha cogitando pegar uma pedra e jogar naquela mulher tão manipuladora.
— Ah, não estou mentindo e você sabe disso, Riley!— Edward replicou— Você pode ver sempre que a olha! Ela sempre está atuando, agora quer que eu o mate para que finalmente possa parar de fingir que se importa com você.
— Você é tudo para mim, Riley. Não o dê ouvidos.— Victoria pediu entre dentes. Certamente não estava muito contente com o garoto. Era impossível não ouvir Edward. Podia-se ver no rosto de Riley que ele também sabia que estava errado.
Riley parece cada vez mais perdido, dividido. Suzan estava apostando todas suas fichas em Edward e pensava em correr, mas poderia ser muito pior.
— Você não tem que fazer isso, sabe!— ela empurrou as palavras para fora, nervosa, atraindo todos os olhares para si. Suzan mordeu o lábio e piscou rapidamente. Suplicava com os olhos por piedade— Por favor... só vão embora.
— Quem é você mesmo?— Victoria quer saber.
— Eu sou a irmã mais velha de Bella. Me chamo Suzan.
— O que acha de calar a boca, Suzan?— Victoria vociferou rispidamente. Suzan se encolheu com o eco da voz da vampira. Victoria volta a olhar Riley, desta vez com firmeza— O que está esperando?— ela aponta Edward e de repente o semblante de Riley muda. Ele havia decidido se desfazer das dúvidas quanto ao que Victoria sentia por ele.
— Riley, não faça isso!— Edward quase gritou, mas mal as humanas haviam piscado e os dois partiram um para cima do outro.
— Por favor, não!— Bella levou as mãos à cabeça. Suzan sabia que esse era o seu sinal para correr, mas não fazia ideia de para onde. Não tinha mais nada entre elas e Victoria, mas de repente o corpo de Riley foi de encontro ao de sua companheira e eles rolaram para longe. Edward estava de pé e exalava confiança, talvez ele pudesse dar conta.
Suzan não queria arriscar.
Ela encheu os pulmões e gritou. Gritou com toda a força e o som ecoou pela floresta espantando pássaros em repouso.
O som chegou aos ouvidos de Emmett como um trovão alertando a tempestade. Ele congelou no lugar e teve que receber a cobertura de Jasper para não ser pego desprevenido por uma recém criada. Emmett pensou imediatamente no pior e não conseguiu se movimentar de primeira até Jasper lhe dar um empurrão no ombro para despertá-lo do transe.
— Corra, Emmett!— vociferou o loiro, a luta já estava quase ganha ali, Emmett não era necessário. O moreno não hesitou nem mais um milésimo de segundo e disparou mata adentro quebrando galhos e mais galhos, deixando uma trilha bem perceptível por onde passava.
Edward prosseguia na luta injusta, dava o melhor de si e sabia que ainda levaria um tempo até que Emmett chegasse, o esforço era enorme, o recém criado estava no auge da sua força, Edward gemia e seus pés deslizavam na terra pelo empurrão que levava.
Com um movimento do qual o telepata não pode se defender, Victoria o chutou para o lado e não demorou em disparar até as humanas. Suzan foi atirada para o lado como se não pesasse nada e não conseguiu processar o que aconteceu, só sentiu um frio na barriga por seu corpo sair do chão e em seguida uma dor intensa por ter caído sobre o braço direito, a certeza de que havia o quebrado encheu os olhos da ruiva de lágrimas e seu grito saiu mais baixo e mais rouco. Ela piscou e, com os cabelos cobrindo parte de sua visão, se sentiu uma inútil ao ver como Bella fora subjugada para se ajoelhar de costas para a vampira e na frente de Edward.
— Você saberá como dói!— disse Victoria para o Cullen que se enfureceu e derrubou Riley facilmente, arrancando-lhe um braço. As mãos de Victoria foram para a cabeça de Isabella e Suzan se levantou o mais rápido que pôde.
Nunca poderia ser rápida o suficiente, e ela teve certeza disso em cada átomo do seu ser.
Quando se viu correndo contra a morte, Suzan sabia o que iria acontecer, uma lágrima escorreu pela bochecha de Isabella pouco antes de ter sua cabeça virada de maneira nada natural com um gesto brusco e firme. O estalo foi alto e ignorado, superado pela ira. Suzan se atirou em Victoria enquanto Edward gritava e o corpo de Bella era largado, caindo no chão em câmera lenta, sem vida. A derrota veio. A mesma derrota que estava fora das previsões para este dia. Victoria sequer reagiu quando Suzan pulou em suas costas, não sentiu o peso da humana nem o esforço que a mesma fazia para lhe agredir. Edward perdeu o propósito de sua luta.
Emmett chegou no exato momento em que Victoria estava tirando Suzan de suas costas e agarrando a vulnerável e irada humana de uma forma que a deixava com o pescoço exposto.
— NÃO!— rugiu Emmett, mas os dentes de Victoria já haviam atravessado a pele fina de sua garota. Victoria não hesitava quando tinha a chance de causar dor.
Edward executou Riley com uma força que nunca havia exibido e Emmett deu um salto para cima de Victoria, em meio a acrobacia, agarrou os cabelos selvagens da ruiva e foi para trás dela lutando para escancarar sua boca. Edward correu para ajudar seu irmão a soltar a humana restante, e os dois desmembraram Victoria, que mal pôde demonstrar resistência.
Suzan não conseguia. Ela havia caído sobre o corpo de sua irmã e uma dor lasciva preenchia seu âmago.
— Bella.— foi a única palavra que ela pronunciou, como uma ordem para que sua irmã acordasse. Não demorou até que uma ardência infernal se instalasse em seu pescoço dilacerado e ela começasse perder o fôlego e se debater.
Eles precisavam atear fogo nos corpos, mas os irmãos Cullen deixaram aquilo para depois e se ajoelharam perto de suas namoradas, cada um puxando uma Swan para o colo. O cenário era penoso. Emmett olhou para Edward, desesperado, não sabia o que fazer, o veneno havia sido injetado em Suzan. Mas o telepata tinha acabado de perder o amor de sua vida e Emmett sentiu um tipo estranho de dor. Ele gosta muito de Bella. O que foi que fizeram para merecer isso!?
— Emmett!— Suzan chamou, chorando na mais genuína agonia, ele a olhou, o cheiro do sangue o desconcentrava, mas ele estava ocupado demais em pensar o que aconteceria ali.
— Eu estou aqui, eu estou aqui.— ele disse, se sentia desconfortável e queria chorar. O que estava acontecendo? Ele não podia entrar em estado de choque. Suzan precisa dele.
Olhando para o rosto dela, contorcido de dor, Emmett pensou em tudo o que tinha vivido com ela até então. Um momento melhor do que o outro estava sendo estragado pelo desespero esmagador. Ela está se transformando, ela está se transformando!
— Não...— ele murmurou olhando o estado de Suzan. Tudo era tão errado, não era isso que ela merecia nem queria— Não...
Ele não conseguia pensar no que fazer diante do surto de dor o cercando. Um tsunami de possibilidades o atacou. Emmett estava travado
— Eu estou queimando!— Suzan gritou se debatendo violentamente nos braços dele, em pura angústia.— Emmett, faz isso parar!— Ele a segurou com firmeza e olhou para Edward novamente. Seu irmão sabia o que fazer, estava do seu lado ao mesmo tempo que não. Edward ficou debruçado sobre o corpo de Isabella, acariciando-lhe os cabelos castanhos da garota e a arrumando como se ela só estivesse dormindo com os olhos abertos.
Teria que ser Emmett. Se o veneno chegasse ao coração de Suzan, seria tarde demais para tentar tirar.
— Tá. Tá bem.— ele dizia, mal conseguindo pensar sob tamanha pressão.
— Por favor...— Suzan chorava atacando o rosto do moreno com as mãos cheias de sangue.
Emmett a puxou mais para si e a mordeu no exato mesmo lugar que Victoria havia dilacerado. Saía muito sangue. Fazia tempo que Emmett não entrava em contato com sangue humano e o frenesi o cegou por completo enquanto ele se prendia à Suzan, dominado por um instinto animal.
Ela não entendia o que estava acontecendo e pela primeira vez, sentiu medo dele.
— Emmett...— ela tentou empurrar a cabeça dele de perto do seu pescoço, a voz fraca e quase sem vida.— Emmett... para.
As forças dela sempre foram insignificantes contra as dele. Emmett a apertava com cada vez mais força. Ele a machucava, estava longe de parecer um humano naqueles momentos.
— Emmett.— foi a última coisa que escapou dos lábios pálidos dela. Seus olhos azuis se reviraram e se fecharam. Seus pés pararam lentamente de agitar a terra. Sua mão, sem vida, tombou para o lado.
Emmett parou abruptamente, como se um interruptor tivesse sido ligado em sua mente e ele tivesse voltado à consciência. Sua boca estava cheia de sangue quando ele piscou e encarou a ruiva nos seus braços.
— Não.— ele disse, tocando o rosto dela— Suzan. Suzan.
Ainda bem que ele sempre gostou do vermelho dos cabelos dela. Agora seus olhos estavam da mesma cor.
NOTAS FINAIS DA AUTORA:
Eu adoro finais felizes, vocês não?
Eu gostaria de pedir encarecidamente para que não enviassem bombas para minha casa, nem ameaças de morte na minha dm.
Por que eu fiz tudo isso? Simples, a fanfic não seguiu a ordem dos filmes e a partir do momento que eu cortei Lua Nova do cronograma, eu acabei por travar muitos acontecimentos necessários para que essa luta fosse de fato uma vitória, como todo o desenvolvimento da matilha. Sem Seth e Jacob, sem glória. Eles mal chegaram a crescer e todos os lobos estavam na clareira, então uma coisa leva a outra.
Eu pessoalmente gosto muito do Emmett e espero ter conseguido retratar bem sua personalidade, tomara que tenham gostado tanto de Su quanto o próprio vampirão comédia aqui. Ela é uma das protagonistas mais tranquilas que eu escrevi, tomara que sua morte tenha causado algum impacto.
Sorry not sorry por ter dado esse fim a este lindo e suave romance, mas a vida não é um mar de rosas ao se namorar um vampiro e também não é porque eles se amam que serão felizes para sempre; que Emmett conseguiria controlar seu lado mais obscuro por ela. Sem ressentimentos?
Enfim, isso aqui é minha despedida. Caso ainda não tenham lido FRIOS, Jasper Hale, recomendo que vá para lá correndo!
OBRA REPOSTADA: 18/06/2023
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro