I don't deserve you
— Você é louco! Vai trazê-los direto para nós!— Rosalie vociferou, mal Emmett havia chegado, já estava sendo devorado em um pequeno julgamento na sala de estar da mansão Cullen em plena manhã. Apanhou bastante de Jasper no caminho de volta, sua nuca estava até dolorida, mas nada superava o olhar raivoso e a recepção fria de Suzan Heloise Swan. Ela permanecia no canto da sala ao lado de Bella com a expressão severa e os braços cruzados. Apesar de suas roupas meigas e coloridas, ela estava longe de seu bom humor. Suzan zangada deixa Emmett nervoso, e olha que ela sequer precisa falar uma palavra.
— Eles viriam até nós de um jeito ou de outro, não?— Esme tentou defender.
— É, mas Emmett com certeza acelerou o processo.— Edward balançou a cabeça.
— Eu queria saber mais— Emmett resmungou, estava sentado em uma cadeira no meio da sala como forma de punição.
— Nós não precisávamos, Emmett— Alice disse, diferente de Rosalie, não queria ser grossa, sabia que Emmett não fez nada por mal, mas ainda tinha que usar do seu tom firme— Se colocou em perigo para nada! Hora ou outra eu veria alguma coisa!
— Me desculpa, Ali.— ele a lançou um olhar de cachorro que caiu da mudança— Eu entrei em pânico.
— Emmett, sabemos que você quer proteger Suzan, mas não podemos fazer isso nos expondo ao perigo.— disse Carlisle, atraindo todos os olhares para si— Agora eles devem saber de nós, se Victoria está mesmo com eles, sabe que nós estamos de olho.
— O ataque surpresa se foi, gênio.— Mackenzie bufou— Agora todos tem seu cheiro e o de Jasper, vão segui-los mesmo se não tiverem sido criados para nos exterminar.
— Eles ainda não sabem dos lobos— Jasper, que estava quieto até o momento, se pronunciou finalmente— Não tem como saber. A surpresa não foi totalmente apagada.
— Não o defenda, vocês poderiam ter morrido.— disse Rosalie. Jasper apenas a encarou de um jeito que a fez se sentir obrigada desviar o olhar.
— Estávamos em perigo de um jeito ou de outro. Emmett entrou em pânico e fez com que a briga chegasse mais rápido? Ainda nem temos certeza disso, Alice não teve nenhuma visão.— Jasper continuou. Era novidade logo ele estar querendo ver o lado bom, Jasper não faz o tipo otimista. Emmett ficou feliz que ele estivesse fazendo aquilo por ele.
Mas o empata falou cedo demais. No segundo seguinte, todo o cômodo ficou em silêncio, todos esperando que Alice concordasse com o marido, mas ela ficou parada ao lado de Edward, os olhos de ambos estavam desfocados. Jasper bateu a mão na coxa e bufou. Lá estava.
— Eles chegarão em três dias.— Alice disse, voltando a si.
— Espera aí, o que?— Bella ficou nervosa, não esperava que a resposta fosse tão imediata. Sentia-se completamente despreparada.
— Temos que avisar os lobos— Carlisle se retirou do cômodo para ir procurar por um telefone. Suzan se mexeu, finalmente.
Ela saiu da casa e Emmett não demorou nada em segui-la. Ela estava com a respiração irregular, parecia prestes a ter um ataque de nervos.
— Zan!— Emmett chamou, se sentia um idiota, todo tipo de sentimento pessimista se embolou em seu peito. Sua namorada o fulminou com o olhar— Me desculpa! Eu sei que foi loucura, mas eu precisava ver com o que estamos lidando, as coisas aqui estavam muito devagar, eu surtei com todo esse tempo para pensar. Agora nós temos certeza de que eles são vinte e dois, mas eu queria ter ficado pelo menos um pouco mais para ver se algum deles poderia ter um dom, isso poderia nos ajudar bastante, não é algo que Alice pode prever..
— Tem ideia do quão preocupada eu fiquei com você, seu idiota?— Suzan perguntou-lhe ácida. Ignorou todo o discurso dele. Emmett encolheu os ombros.
— Ficou preocupada comigo?
— É claro que sim, Emmett! Pensei que você fosse querer enfrentar todos eles sozinho, pensei que tivesse te perdido!— a voz dela saiu trêmula, poderia segurar o choro, mas disfarçar a vontade era impossível. O coração de Emmett se apertou, não tinha pensado em como sua corrida poderia ter deixado Suzan com medo. Com raiva, sim, mas com medo? Ele é praticamente indestrutível.
Suzan havia passado a noite em claro visualizando todo tipo de cenário horroroso em que Emmett era encontrado e executado. Ele é tão imprudente! Foi o primeiro golpe egoísta que deu em Suzan, ela deixou escapar umas lágrimas de nervoso.
Emmett se aproximou dela quando a ruiva cobriu o rosto com as mãos.
— Ei, eu estou bem aqui.— disse ele com a voz mansa, colocando os braços ao redor dela lentamente, vendo até onde podia ir. Suzan não o repeliu, mas não retribuiu o abraço também, magoada.
— Nunca mais faça isso! Tive as piores horas da minha vida sem saber o que exatamente tinha acontecido com você.— ela sibilou deitando a cabeça no ombro dele. Emmett passou a mão nos seus cabelos e se sentiu melhor que ela ainda queria se apoiar nele.
— Tudo bem, tudo bem. Eu prometo, não vou mais fazer isso.
— É bom mesmo!— Suzan fungou— Se eu pudesse, eu te bateria muito agora.
Emmett deixou escapar um sorrisinho de canto.
— É só você pedir que eu começo a me punir.
— Ah, Emmett, o que estava pensando?— Suzan se inclinou para trás para olhar nos olhos dele. Certo então, ainda não está pronta para brincadeiras.
Emmett respirou fundo e admirou seu rosto, sua intenção nunca fora magoar nem ela nem ninguém, mas principalmente ela.
— Queria fazer uma ideia de como protegeria você.— ele sussurrou— Mas parece que nem isso eu sei fazer.
— Você já está me protegendo, Emmett.— ela disse, passando as mãos nas bochechas molhadas.
— Não é o que eu sinto, sabe? É como se todos estivessem fazendo algo realmente útil e eu estou querendo só escapulir com você.— ele fez careta, odiava do fundo de sua alma admitir que estava errado, não para Suzan, mas para os vampiros que podiam ouvir de dentro da casa— Eu fui imaturo, estou sendo imaturo, mas por um momento realmente pensei... que eu poderia dar conta sozinho.
— Você não precisa dar conta de nada sozinho, Emmett. Estamos todos no mesmo barco.
— Mas eu sou o único inútil!
— Quer mesmo falar para a humana aqui sobre se sentir inútil?— Suzan sorriu sem um pingo de humor e franziu a testa— Emmett, eu estou com as mãos atadas quanto a tudo desde que eu cheguei. Eu não posso fazer nada para me proteger nem a minha irmã, estou completamente dependente de você.
— Não diga isso.
— Se eu não posso, então eu revogo seu direito de dizer isso também!
— Isso não é justo.
— Não me faça arranjar um jeito de te punir, Emmett.
— Sim, senhora.
Apesar do nervoso, ele ainda conseguiu lhe arrancar uma risada fraca. Suzan esfregou o rosto e o escondeu no peito do moreno.
— Que bom que está inteiro, Mett.— resmungou.
— Eu concordo, mas agora vamos ter que entrar no campo de batalha.
— Ah, não brinca!
— Desculpa.
— Eu vou te matar. Eu te amo, mas eu vou te matar.
— Você me ama, é?— ele provocou com uma voz sensual, ignorando o que ela falou. Suzan estalou a língua.
— Não foi escolha minha.
[...]
— O que vamos fazer?— ele quis saber, não estava entendendo o andamento das coisas.
Alice arrastara Emmett e Edward para a residência Swan e agora o pequeno quarto de Isabella parecia ainda menor. Alice vasculhava a roupa suja enquanto era assistida por seus irmãos e amigas. Suzan estava de pé ao lado de Emmett, Bella se encolhia contra Edward, ambos sentados na cama.
— Eles estão vindo, não estão? Jasper disse que nós precisamos criar um rastro. Há muitos espalhados por toda Forks que os levariam direto para nossa casa. Precisamos de um mais forte que os atraia para uma armadilha. Não há nada mais forte do que o cheiro de uma humana misturado a de um vampiro— disse Alice puxando duas camisetas para cima e as farejando.
— É pra isso que precisa enfiar a mão na minha roupa suja?— perguntou Bella, fazendo careta.
— É claro, ainda mais se Edward vai me barrar quanto o que eu desejo fazer de verdade e seria a melhor opção do que isso.
— Sem chance, Alice.— Edward revirou os olhos ao ver os planos quase que perversos que sua irmã insistia em arquitetar.
— Por favor, me diga.— Bella pediu.
— Ah, que ótimo que perguntou, querida!— zombou a vampira largando as roupas. Ela poderia ter feito isso sem que as humanas soubessem, mas o fez na frente de Bella exatamente para que ela a ajudasse a fazer o ideal.
— Alice!— Edward reclamou, mas foi deliberadamente ignorado. Alice se ajoelhou de frente para Bella e segurou suas mãos com cuidado.
— Preciso que você crie um rastro na clareira, Bella. Se eles estiverem mesmo com Victoria, além de ter reconhecido o cheiro de Emmett em suas terras— a vidente lançou um olhar de censura para o moreno que desviou o rosto e fingiu que não era com ele. Suzan balançou a cabeça, mas não falou nada— Ela poderá reconhecer o seu.
— Ainda não há nenhuma confirmação de que Victoria está com eles?— Suzan perguntou-lhe. Alice balançou a cabeça em negação.
— Eu ainda não a vejo com clareza, mas como mais eles saberiam exatamente para onde ir? O rastro dos rapazes teria se perdido na água.
— Ela se desesperou por saber que estivemos lá.— Edward complementou— Acha que tem que atacar antes que nós criemos alguma proteção.
Suzan estranhava toda aquela situação, as coisas se aceleraram de repente e ainda assim pareciam muito fáceis. Um pressentimento nada bom lhe dava certo aperto no peito. Ela não seria pessimista e decidiu ignorar os avisos sem sentido de seu subconsciente.
— Está bem, mas como que eu crio um rastro?— perguntou Bella, querendo focar toda a conversa no que realmente importa. Aquilo realmente fazia diferença? Eles ainda não tinham certeza.
[...]
A música da rádio começava a falhar sempre naquele mesmo ponto que o jeep entrava na floresta. Suzan desligou o rádio e eles não pareciam muito afim de jogar conversa fora enquanto seguiam o carro de Edward. Mas eles tem que conversar.
— Eu estou assustada com o que vem aí.— Suzan admitiu tentando não exibir também o nervosismo que a corroía. Emmett a olhou de canto e esticou o braço para pousar a mão fria na coxa dela. Suzan sorriu e segurou sua mão, sabia que ele queria lhe passar sua tranquilidade.
— Vai acabar logo, logo. Nós temos tudo sob controle, se você ignorar que eu cutuquei a onça com vara curta!— ele brincou. Emmett sempre está brincando e isso é irremediável.
— Vocês nem precisam de mim aqui, não é?
— Eu preciso de você o tempo todo, pimentinha.
— Emmett.— ela falou em tom de censura.
— Suzan.— ele a imitou afinando a voz. O moreno exalava deboche.
— Você é impossível.
Eles ficaram quietos por um momento, o silêncio não era incômodo. O carro se sacudia bastante. Parecia só mais um dia normal, mas Suzan sentia uma inquietação até a alma.
Ela baixou o olhar e mexeu com a mão do namorado sobre sua coxa, aquela sensação era muito boa mesmo que ela ainda fosse capaz de sentir a diferença de temperatura através do seu jeans.
— Sabe, esses dias me fizeram pensar bastante...— começou ela como quem não quer nada.
— Ah é? Sobre o que?
— Eu tenho uma pergunta para te fazer, e quero que seja sincero, Emmett.
— Hmm... não quero.
— Emmett!— ela censurou e o moreno deixou escapar uma risada fraca.
— Não custava tentar.— brincou ele, sequer sonhava com o que ela queria falar, mas tinha que provocar para distraí-la de toda essa tensão palpável.
— Esquece.— Suzan resmungou, mais pela birra do que por ter desistido mesmo.
— Não esqueço, meu amor, sou biologicamente incapaz disso— ele subiu a mão para a nuca dela e a fez se encolher pelas cócegas. Suzan segurou o riso e desviou dos dedos mágicos dele— Vamos, me fale, o que tem pensado?
— É sobre você, somente sobre você.
— Estou encrencado?
— Mas é claro que não, Jasper já bateu em você o suficiente por mim. A dúvida que eu tenho é um pouco séria...
— Está me assustando com esse suspense, pequena Su.— admitiu o grandalhão.
— Desculpa, urgh, é que eu estou tentando criar coragem.
Não fala nada, não fala nada, não fala nada, Emmett se segurou com esforço. Ele esperou e esperou. Pareceu ter passado uma eternidade até Suzan lhe dar um golpe certeiro com a seguinte pergunta:
— Você gostaria que eu me transformasse, Emmett?— ela pergunta em voz baixa, quase um sussurro. Seus olhos estão fixos no rosto de Emmett, felizmente com a desculpa de que ele tem que estar voltado para a estrada turbulenta à sua frente.
— Hã... por que está me perguntando isso?— ele tentou se esquivar.
— Não sei. Estamos prestes a entrar em uma batalha e eu sinto que o tempo está me escapando. Além do fato de que uma hora ou outra nós teríamos essa conversa.
— Ah, acho que seria menos constrangedor se eu falasse de sexo com Carlisle.— ele fez careta, nervoso, Suzan lhe deu um tapa no ombro e fingiu que sua mão não doeu quando a fechou em seu colo no momento seguinte.
— Estou falando sério, Emmett.
— Eu também.— ele solta um gemido.
— É uma pergunta simples!
— Eu não tenho culpa se você faz com que eu não me sinta seguro para dar uma resposta sobre isso.
— Nunca relutou tanto em me dizer a verdade— Suzan disse, levemente magoada.
— Você sabe a verdade, Suzan— ele balançou a cabeça e mesmo que soubesse que podia olhar para ela, não o fez por algum medo irracional.
A verdade é que é doloroso amar. Emmett nunca havia sentido isso antes e quando a oportunidade aparece, o seu tempo é finito. Ele sabe que Suzan não deseja do fundo de seu coração ser vampira, ao menos, não agora, e isso dói porque ele quer aceitar.
Quer que ela queira, quer o que ela decidir. Emmett jamais admitiria em voz alta o quanto ele queria que tivesse mais tempo. Quantos filmes mais ele deseja assistir com ela, quantos apelidos ele ainda pode inventar? Ele queria que ela soubesse, mas não falaria disso porque o assunto o deixaria para baixo e a sua autopreservação sempre fala mais alto.
Suzan nunca desejou magoá-lo, mas a eternidade poderia valer tanto a pena assim? Ela não é muito otimista quanto a esse futuro, essa escolha implícitamente estendida em sua direção.
— Mas...— ele continuou depois de uma fina camada fria de silêncio ter sido instalada— você sabe que eu te apoio em qualquer decisão que tomar, não é?
Suzan quis chorar. Sabia que era irracional e fora de hora, mas ele só parecia tão... insuportavelmente perfeito. Seus olhos azuis ficaram marejados enquanto encarava o parabrisa. Ela sorriu e eles deram as mãos, entrelaçando-as no colo da humana.
— Eu não te mereço.— ela sussurrou. Apesar do Jeep estar em um trecho especialmente chato de dirigir, Emmett tirou uns segundos para dar um beijo no rosto dela— Emmett, olhe para frente!— Suzan riu sentindo um frio na barriga. Não era medo.
Emmett se ajeitou no seu banco, quebrou seu cinto e nem reparou. Ele só tinha olhos para Suzan Heloise Swan.
— Eu sou tudo que você merece, querida. Não se esqueça disso!
Ela jamais esqueceria, ele também não.
NOTA DA AUTORA:
RETA FINAL, VADIAS! Tô tão ansiosa para terminar essa obra que nem sei como estou indo, o que está achando? Alguma teoria?
Já foram ler minhas fanfics do universo de Harry Potter? Prometo que não irão se arrepender!
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