Talvez ela estivesse surtando um pouco. Quando a noite chega, Suzan começa a agir estranho. Emmett e Edward prometem voltar mais tarde e tudo parece normal, mas a ruiva sente como se tudo estivesse fora do lugar. Isso a faz perder a cabeça um pouquinho. Eles têm dois dias ainda. Dois dias e então entrarão em um campo de batalha.
Talvez ela estivesse fantasiando demais ou talvez a briga fosse mesmo ser feia. Suzan pensa em coisas demais, como ela se permitiu?
Ela pensa nos lobos e nos vampiros que lutarão por ela, para sua proteção e a de sua irmã. Estava sendo egoísta? Será que no fundo eles pensam que ela é egoísta por não querer se transformar e se cuidar sem depender tanto da ajuda deles?
Ela só quer ser normal. Quer ter um dia normal. Neste dia, mais cedo, sua irmã mais nova não estava criando um rastro para que um enorme grupo de vampiros sanguinários seguissem o cheiro dela. Isabella foi para a escola com o namorado, Suzan foi trabalhar. Tudo correu normalmente.
Suzan abraçou seu pai com força assim que ele chegou do trabalho. O mais velho mal tinha entrado e já estava sendo agarrado, foi pego de guarda baixa.
— Ei, tudo bem?— ele se preocupou, mas quando Suzan se separou um pouco lhe exibindo um sorriso travesso, ele relaxou— Não, para o que quer que seja.— disse o xerife. Os ombros da garota caíram de desânimo.
— Ah, papai!— ela voltou a apertá-lo.— Vamos, me deixe pedir uma pizza!
— É meio da semana, Su! Não!
— Como se o senhor se importasse com isso!— ela não demonstrou resistência quando seu pai a afastou. O mais velho soltou um suspiro cansado e olhou para a sala, onde Bella os observava sentada no sofá, com o queixo apoiado no encosto. Na hora que Charlie a olhou, Bella forçou um sorriso, mostrando os dentes como uma criança travessa que está se comportando naquele momento em especial.
Charlie soprou uma risada nasalada e voltou o olhar para a sua primogênita.
— É isso o que você a ensina?— perguntou ele. Suzan apenas fez o mesmo sorriso. Charlie a olhou com tédio e balançou a cabeça.— Não.
— Pai, eu vou ter que te fazer ceder. Parece que faz uma eternidade que não comemos juntos!— ela reclamou. Tivera um lapso após mais uma madrugada de que talvez não estivesse dando atenção o suficiente para seu pai. Para esse tipo de erro, ela tenta trazer uma correção imediata.
— Jantamos juntos todas as noites, Su.— ele disse, desviando dela e subindo as escadas. Precisa de um banho. Suzan estava determinada então o seguiu.
Como que parecendo uma obra do destino, o telefone na cozinha tocou quando só restava Bella no andar de baixo. Desde que tirou o gesso, sua família parou de ir correndo para atender, agora era tudo ela de novo. Sem tempo para reclamar, Bella suspirou e se levantou para ir atender. Mancou até a cozinha e se apoiou na bancada para pegar o telefone.
— Alô, residência Swan.— disse.
— Oh, alô, querida! É a mamãe!— Renée disse do outro lado da linha como se Bella não pudesse ter deduzido isso sozinha.
— Ah, oi, mãe. Tudo bem?— ela ficou preocupada, não que fosse estranho Renée ligar de vez nesse horário, mas ela costuma demorar mais um pouco do que isso para entrar em contato.
— Claro, tudo sim! Sabe onde Su está?
— Está fazendo a mente de Charlie para que ele nos compre uma pizza, por que?
— Chame-a para mim.— pede a mãe. A filha não demora em obedecer.
Escadas acima, Charlie Swan já estava quase cedendo, Suzan poderia jurar que via um lampejo de derrota nos olhos castanhos do pai.
— Você não quer mesmo jantar comigo, poxa?— ela dramatiza, ignorando completamente os gritos da mais nova por ela— Se não me ama mais, é só falar, pai. Juro que vou entender.
Ela pode ser bem manipuladora quando quer, falou com tanta firmeza que Charlie quase pensou que era sério.
— Não vai mesmo responder sua irmã?— Charlie quis saber enquanto se sentava na sua cama e tirava as botas de serviço. Suzan ficou parada e calada de pé diante dele, não havia nenhuma expressão em seu rosto. Charlie sabia o que tinha que fazer. Bella desistiu de gritar e largou o telefone na bancada. Suas pisadas firmes na escada fizeram eco pela casa e Charlie só queria ficar uns instantes sozinho.— Está bem, está bem! Peça!— disse ele, sacudindo as mãos para que as garotas saíssem de perto.
Foi como um passe de mágica, Suzan se moveu e deu um grande sorriso.
— Sabia que ainda tinha um espaço no seu coração para mim!— ela segurou o rosto dele e lhe deu um beijo estalado na bochecha.
— Su, pelo amor de Deus!— Bella reclamou da porta— A mamãe quer falar com você!
Suzan ficou surpresa. Se a frequência que Renée ligava para Bella era baixa, para Suzan era nula. Como sempre, comunicação nunca foi o forte entre as duas, Suzan não tem paciência para o tratamento que sua mãe exige, mas desde que viera morar em Forks para fugir de Renée, o contato com sua mãe se tornou inexistente.
Novamente, Suzan teve a forte sensação de que as coisas estavam fora do lugar e ela tinha que corrigir. Ela desceu as escadas correndo ao lado de Bella e agarrou o telefone com uma energia que fez Bella arregalar os olhos. A mais nova sabia que ela estava surtando, era melhor Suzan nem desconfiar de seus planos então...
— Alô, mãe?— chamou Suzan, esbaforida.
— Ah, olá, querida! Finalmente!
— Desculpa a demora, estava tendo uma conversa muito séria com meu pai.— afirmou ela.
— Não diga!— riu Renée, do outro lado da linha.
— Queria falar comigo?— Suzan perguntou. Talvez não devesse ser tão direta, mas normalmente, se ela não for, Renée gastaria tempo falando asneiras.
— Claro que queria! Estava pensando em você e no fato de que não liga para mim há mais de mês! Eu não estou morta, sabe?
— Credo, mãe, não fale assim.
— É o que parece já que só Bella não me esqueceu.— dramatizou a mais velha. Suzan coçou a testa e deixou escapar uma risada fraca.
— Me desculpa, tem sido dias loucos, não parei muito.
— Sempre trabalhando, eu já imaginava, mas você não vai acreditar no que aconteceu hoje!
E então ela começou a falar, e uma vez que Renée começa, ninguém sabe se ela é capaz de parar. É típico de Renée ligar para a filha para falar de si mesma por horas e horas e, com esforço, Suzan consegue não se magoar com isso. Ela sentiu falta de sua mãe. Ela sente. Bem mais do que se dá conta.
Enquanto Renée fala sobre um incidente infeliz que lhe ocorreu no mercado, Suzan apenas ouve com um sorriso fraco nos lábios e balança a cabeça. Aquela mulher não tem jeito, mas foi bom que tenha ligado. Ouvir a voz descontraída e juvenil de sua mãe era o remédio que precisava para se acalmar. As coisas não estavam fora do lugar, era o que aquela voz lhe dizia, nem precisava estar sendo amorosa ou sequer estar fazendo de propósito.
Renée sempre teve esse poder sobre Suzan. Independentemente das brigas e discussões sem pé nem cabeça, a voz da mais velha era o que acalmava a mais nova. Elas podem parecer não se bicar a maior parte do tempo, mas Suzan ainda a ama incondicionalmente. É estranho como ela mesma pode se esquecer disso às vezes.
— Mãe... mãe...— Suzan tentou chamar, interrompendo Renée brevemente de sua narrativa bem humorada pela evidente cantada que recebera de um segurança que lhe disse que ela parecia muito uma celebridade.
— Sim, Su?
Ela comprimiu os lábios um momento esticado, isso nunca foi muito fácil para ela.
— Você sabe que eu te amo, não é?— ela encolheu os ombros e empurrou as palavras para fora. A risada de sua mãe é gostosa e instiga seu sorriso. A saudade aumentou, Suzan precisa ir vê-la, talvez ir passar o natal com ela.
— É claro que eu sei, minha menina. Eu te amo muito, muito mais!
Era só disso que ela precisava. Tá tudo bem de novo agora.
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