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Capítulo XXXVI


Me fechei na cabine em que dormia, sem coragem de sair. Sentei no chão, e decidi que aquela seria a última vez que choraria. Eu ficaria sozinha, e essa seria a melhor escolha que eu poderia fazer. Não queria outro relacionamento de novo, e quando superasse a perda de Harry, explicaria isso a Aland.

Aprendi, da forma mais dura, que às vezes desistir é a coisa mais forte a se fazer. Eu estava segurando areia, enquanto ela escorregava. Segurando um passado que não seria mais o meu futuro.

Harry não se lembraria. Quem eu pensava que era para conseguir quebrar uma magia sem ter a mínima ideia de como isso funciona?

Tentei me consolar, sentindo os estalos das pequenas rupturas da minha alma. Eu fiz tudo o que podia. Dei tudo de mim, e mesmo assim não foi suficiente. Eu não podia obrigá-lo a me amar de volta, e nem prendê-lo.

Não tinha outra explicação. Não estávamos destinados a ficar juntos. Tudo desmoronava quando um dos dois tentava. Eu seria uma solteirona pelo resto da vida.

Pelo menos eu sabia bordar.

— Bella? — Aland bateu na porta. — Bella? Sei que está chorando. Por favor, abra.

— Está fazendo aquilo de novo, não está? Escutando demais?

Ouvi ele sorrir.

— Eu não vou sair daqui enquanto você não abrir. Sabe disso.

Enxugando o meu rosto, me forcei a levantar e abrir a porta. Aland entrou rápido por ela e me abraçou. Agora, eu não conseguia mais me sentir bem no abraço dele porque sabia o que ele sentia, e eu estava machucada demais para querer fazer outra pessoa sentir o mesmo.

— Eu estou bem, não precisa...

— Eu tenho algo a te dar. — ele me interrompeu, sem parecer se abalar por eu ter rejeitado o abraço. Com um sorriso no rosto, ele segurou em minha mão. — Vem comigo.

— Aland, eu preciso mesmo ficar sozinha...

Ele me ignorou e continuou me puxando. Parei de falar quando vi um lindo vestido azul oceano de seda em cima da cama da cabine dele. Ele possuía duas aberturas laterais, que mostravam um pouco a cintura.

— Comprei em Áquiles para você no dia da festa. Acho que já está na hora de parar de usar preto. Não combina com você, Qhana.

Sorri, encarando o que eu realmente precisava. Era como se Aland estivesse me dando mais um empurrãozinho para seguir em frente. Ele nem sequer imaginava como eu era grata por tudo que ele tinha feito e ainda fazia por mim.

— Eu nem sei como te agradecer.

— Janta comigo hoje. — ele me olhou, dando a resposta que eu não esperava. — Por favor. É tudo o que peço.

Me preparei para negar, quando os olhos roxos dele imploravam aos meus. Como eu podia dizer não? Depois de todo apoio que ganhei? Eu, sinceramente, não sabia como teria suportado tudo sem ele. Eu devia isso.
Também seria o momento de esclarecer as coisas.

— Tudo bem. — sorri um pouco, o que pareceu deixá-lo feliz. Ele colocou o vestido fino em minhas mãos, e me deu um beijo no rosto.

— Estarei te esperando.



Nunca desejei tanto ter um espelho para ver como eu estava. Olhei para baixo, tocando no pano fino da parte da saia que caía perfeitamente em meu corpo.

Senti um pouco de frio na parte aberta lateral da cintura. Eu me sentia...exposta. Essa era a palavra. Era como usar uma camisola.

Não tinha todas as camadas de vestido ou um pano grosso. Além disso, eu não sabia se estava tão bonita na roupa como as mulheres de Áquiles ficavam. De qualquer forma, precisei afastar as minhas inseguranças. Era um presente, e eu devia usá-lo.

Saí da cabine quando escutei um barulho de chuva. O primeiro pensamento que tive, por mais que eu tentasse reprimir, foi Harry. Ele não estava mais amarrado, mas devia estar molhando do lado de fora.

Por mais que o beijo tenha sido uma péssima ação da parte dele, a versão esquecida era respeitosa o suficiente para que ele me desse espaço, já que ele não tentou entrar nas cabines. Eu não tinha ficado fria ao ponto de deixá-lo molhando na tempestade.

Sem tentar pensar muito antes de agir, andei até o local em que ele ficava amarrado e me assustei não apenas ao vê-lo encharcado na chuva.

Harry estava curvado, quase caindo do navio enquanto uma mulher ruiva de beleza
não humana estava com os braços enrolados em seu pescoço, beijando o seu rosto.

— Harry, você vai cair! — tentei gritar, travando uma luta da voz com o trovão. Ele não pareceu me escutar.

Um vento gelado me envolveu e um barulho ensurdecedor de canto ecoava através das ondas. Tentando afastar a pequena chama de ciúmes, tentei ser racional e pensar que não era possível que uma mulher estivesse no barco, a não ser que ela voasse ou viesse do mar.

Então, me lembrando de uma antiga história que a minha mãe me contava sobre sereias, atravessei a chuva e puxei a mulher pelos cabelos.

Como se fosse um pesadelo, o rosto dela se transformou em uma criatura monstruosa de dois olhos grandes soltos em uma pele deformada. Seus dentes grandes amarelos abriram para me devorar quando Harry pareceu voltar a si.

Ele enfiou uma faca que eu nem sabia que ele possuía na cabeça dela e a jogou com força de volta no mar. Paramos, ofegantes, encarando um ao outro na chuva.

A tempestade ficou mais forte quando ele me puxou para a parte coberta e, entrando na cabine de banho, me estendeu uma toalha.

— Obrigado. — ele olhou para baixo, enquanto a água escorria do seu cabelo. — Se não fosse por você, estaria no fundo no mar. Não sei como me deixei levar pela lenda barata da sereia.

— Não fiz porque você merece. — deixei a raiva falar. Ele concordou.

— É melhor você desistir. Parar de tentar me salvar. Você mesma disse que eu apostava e que a gente morava em uma cabana minúscula. Eu não era o marido que você merecia.

Me senti congelada, como se cada palavra entrasse como pedra de gelo em minhas veias.
Ele continuou.

— Irei voltar para o lado de fora e fechar os ouvidos para não te dar trabalho novamente.

— Espera! — segurei em seu braço, sentindo meu pulso arder ao entrar em contato com o dele. Foi uma sensação estranha, como se mil sóis entrassem por minha pele ao mesmo tempo, mas decidi ignorar. — Você pode ficar aqui dentro até a chuva passar.

— Não me importo. — ele soltou o meu braço, parecendo atordoado. — Perdão por ser a razão de ter molhado a sua roupa. Bela cor. Vejo que o luto já passou.

Não era uma frase justa, e ele sabia disso. Tanto sabia, que saiu sem escutar a minha resposta. Eu não podia retroceder e pensar demais de novo em qualquer coisa relacionada a ele.

Tentei congelar meu passado atrás de um vidro de gelo, que eu mesma construí dentro de mim. Enterrei, realmente, o meu luto.

Eu não criaria mais teorias nem resgataria mais as nossas lembranças e ficaria bem porque eu ainda tinha a mim. Eu sabia quem eu era, e seguiria em frente.

Quando saí do banheiro, Aland me esperava na porta da cabine dele. Me lembrei, tarde demais, que a roupa que ele tinha comprado para mim com tanto carinho estava completamente encharcada.

— Bella, o que aconteceu? Você foi lá fora? — ele andou até a minha frente, me olhando com preocupação.

— Me perdoa, eu me arrumei e agora estou toda molhada. Não queria te decepcionar no jantar...

— Você está linda. — ele me interrompeu, parecendo perceber que se eu não tinha respondido, a causa era Harry. Eu não queria magoá-lo. — Não tem problema, como choveu eu coloquei as coisas para dentro, mas queria que fosse ao ar livre, então gostaria de esperar um pouco até passar. Tem problema?

Escutei o barulho das gotas diminuindo. Sorri para ele.

— Não, não tem. Não estava planejando dormir cedo.

Pareceu ser a resposta correta. Depois de um tempo conversando amenidades, a chuva cessou e Aland me conduziu até a parte do convés. O céu estava coberto de nuvens e ainda ventava, mas ele não desistiu de tentar acender uma vela toda vez que ela apagava na mesa.

— Eu queria mesmo que tivesse estrelas. — ele tentou dizer, quando a vela caiu e a mesa balançou com as ondas no barco. Comecei a sentir muito frio, mas não queria deixá-lo ainda mais preocupado.

— Se tem algo que aprendi, é que nada sai como planejamos. Não se preocupe tanto, vamos comer.

Aland assentiu e me serviu um peixe grelhado que eu imaginei que ele mesmo tivesse colocado fogo. Eu tentei afastar repetidamente os pensamentos que me inquietavam, imaginando como Harry estaria do outro lado do barco, e tentei focar nos olhos roxos mais carinhosos que já tinha conhecido.

Quando terminamos de comer, Aland me estendeu a mão.

— Você não me ensinou a dançar.

— Achei que tivesse aprendido com a Ella.

— Não aprendi as etiquetas de dança de Beaumont. É importante para quando eu for lá.

Sorri de volta e me levantei. Era sempre leve estar com ele.

Depois de ensinar o básico que ele parecia apenas fingir não saber, eu deitei a cabeça em seu ombro e nós dançamos, sem música, e eu... me aqueci. As escamas do corpo dele exalavam calor. Foi divertido, uma sensação que eu não tinha há algum tempo.

Depois de muita risada, nós ficamos em silêncio e eu percebi que o momento havia chegado. Eu não podia esperar mais.

— Aland, tem algo que eu preciso te dizer.

— Eu sei o que você vai dizer, então, me deixe falar primeiro.

A resposta me surpreendeu. Ele retirou uma mecha molhada do meu cabelo e colocou atrás da minha orelha. Paramos de dançar.

— Você nunca foi minha, Qhana, eu sei disso, mas não posso deixar que não saiba que eu senti mais do que devia. A culpa é inteiramente minha, e a levarei pelo resto da vida sem me sentir mal porque te conhecer mudou absolutamente tudo.

Ele respirou, segurando as minhas duas mãos.

— Você me libertou. Me deu esperança. Eu não possuía mais razão, nem sentido. O meu coração abriu quando eu te conheci, e pela primeira vez na vida, eu não me afoguei na solidão que morava comigo. Não era apenas você que não sabia nadar. Eu também estava perdido, e você me encontrou. Sei que não está apaixonada por mim agora, mas eu preciso tentar. Não há, mesmo, nenhuma parte sua que possa reservar para mim?

Aland tocou os meus lábios, com a ponta dos dedos, e uma corrente elétrica percorreu a minha pele. Então era essa a sensação de estar com um homem perfeito e se sentir inteiramente imperfeita.

Como eu iria responder a uma declaração dessa?

Ele iria me beijar.

Eu podia deixar isso acontecer?

Uma parte de mim, a parte egoísta, me mandou dar a permissão para que ele continuasse. Eu já tinha desistido de esperar que Harry se lembrasse. Ele mesmo me mandou desistir.

Eu podia ter uma nova chance. Uma chance de ser feliz de novo, com um homem maravilhoso que, eu sabia, faria tudo por mim, mas seria certo?

Uma onda forte de vento, então, apareceu quando uma grande sombra apareceu sobre nós. Dolorosamente, os olhos de Aland se desviaram dos meus e o seu corpo se enrijeceu quando uma voz firme nos separou.

— Estou interrompendo alguma coisa? — Harry me encarou, de forma vazia.

Fiquei com raiva por sentir vergonha, como se eu estivesse fazendo algo de errado. Eu não estava. Ele disse que não me queria. Agora, de repente, ele me olhou como se importasse?

Detestei me sentir assim. Eu detestava que ele me fizesse sentir tantas coisas.

— Sim, está. — Aland quase rugiu. Seus olhos de dragão apareceram. Segurei em seu peito, antes que algo muito ruim acontecesse.

— Fique calmo, por favor.

— O que você quer? — ele me ignorou, dando um passo à frente. As escamas do seu peito começaram a ficar quentes.

— Falar com a Arabella.

— Ela está ocupada, agora.

— Não posso esperar. — Harry não parecia nem um pouco preocupado em ser queimado vivo. Ele parecia uma tempestade forte e violenta.

— Se é tão importante, pode dizer. Não há nada que o Aland também não possa escutar. — disse, chamando a atenção dos dois.

Harry pareceu fingir que Aland não existia. Seus olhos fulminaram os meus.

— Só falo com você.

— Não diga o que ela tem que fazer.

— Tudo bem. — segurei a mão dele, sentindo o calor se dissipar aos poucos. — Eu vou com ele.

— Não vá, Qhana. — ele pediu, encontrando os meus olhos. Ele estava com medo, eu sabia. Com medo de que eu não voltasse.

Harry não parecia com vontade de ir embora, e mesmo sendo uma versão horrível do homem que um dia eu amei, eu não queria que ele se machucasse. Aland parecia completamente disposto a brigar por isso, se eu dissesse que ficaria.

Uma parte de mim se quebrou ao beijar seu rosto.

— Obrigada pelo jantar, foi perfeito.

Ele assentiu, completamente magoado. Segui Harry, com raiva por tudo que ele tinha feito, e parei no corredor do navio.

— Por que fez isso?

— Já disse, quero falar com você, a sós.

— Para onde está me levando?

— Para a sua cabine. — ele começou a desabotoar a camisa, e quando viu a minha expressão incrédula, parou.

— O que pensa que está fazendo? Não precisamos ir para a minha cabine. — cruzei os braços, me recusando a dar mais um passo à frente. — Diga aqui, já estamos sozinhos.

— Não seja teimosa.

— Não seja arrogante. Não vou te obedecer. Você acha que pode me chamar quando quiser? Eu estava ocupada lá atrás.

Ele sorriu, sem humor.

— Eu vi como você estava ocupada.

— Você não se importa! Não foi suficiente tudo o que me fez sofrer?

— Eu nunca quis te fazer sofrer, estrela.

— Você não tem o direito de dizer isso. — enxuguei uma lágrima, antes que descesse. Eu disse que nunca mais choraria, e estava lutando com todas as forças para isso. — Não tem o direito de agir como se estivesse com ciúmes.

— Ciúmes de um homem que usa brinco?

Soltei uma risada de tristeza.

— Eu não acredito que estou discutindo com você por isso. — massageei minhas têmporas.

— E se eu estiver, Arabella?

— Estiver o que?

— Com ciúmes!

— Não é possível, a não ser que... — paro de respirar. — Espera, do que me chamou?

— O que?

— Do que você me chamou?

— Arabella.

— Não, antes disso. Estrela. — meu coração bateu mais forte. — Você me chamou de estrela.

— É um apelido comum.

— Não, não é. Você me chamava de estrela.

— Não faça grande caso disso. Você deve ter me contado.

— Não, eu nunca contei. — minhas mãos começaram a suar frio. — Eu te disse que você me chamava de meu bem, nunca falei estrela.

Ele não respondeu.

O ar se expandiu.

Então, eu percebi. Estava lá. A conexão entre nós, de novo. Estava de volta. Estava de volta, e eu não percebi que tinha voltado. Estava mais sólida, escondida sob um muro de sofrimento.

Eu conseguia sentir que o coração dele pulsava.
Ele estava com medo, assustado, e havia... havia tanta dor. Tanta dor, que quase o sufocava. Ele estava marcado por dentro, sem esperança de sair de tanta escuridão.

O tormento de semanas de tortura que eu nem sequer tinha noção que ele tinha passado em meio à risadas de Arthur, sem se lembrar de um dia ter tido vontade de viver.

Reparei em seu corpo, pouco à mostra nos poucos botões que ele tinha soltado. Estava coberto por começos de grossas cicatrizes.

Sua angústia penetrou a minha alma, parecendo se afogar na minha. Eu não sabia que ele tinha sofrido tanto. Foi pior. Pior do que morrer enforcado.

Meu coração ficou pesado, e minhas mãos tremeram ao me dar conta do que eu achei que não podia mais acontecer.

— Você se lembrou.

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