Capítulo vinte
Jimin parou o carro assim que chegou em frente a faculdade. Estava arrumado bem como Taehyung sentado no banco ao seu lado. Terem passado em casa serviu para refrescarem um pouco os pensamentos e tudo que era necessário resolver, colocando todas as questões sem resposta sobre a mesa. Além de um bom banho que ajudou a acalmar os ânimos aflitos.
Não podia perder mais tempo e sabia bem disso, principalmente Taehyung, que passara muitos dias sem nem mesmo aparecer em uma aula. Ainda precisava trancar o curso de Yoongi para os meses que faltavam antes de encerrar o semestre, até ele finalmente cumprir a pena e sair da cadeia.
Taehyung passou suas mãos sobre o rosto antes de sair do carro com pressa, sendo seguido por Jimin, que portava a mesma impaciência do mais novo.
Adentraram o local sem muita cerimônia, e enquanto caminhavam pelos corredores da faculdade, Taehyung estranhou tudo que aparecia em seu campo de visão.
Talvez por chegarem no horário de pouco movimento ou pelo tempo que nem mesmo ia na faculdade, não saberia dizer.
Havia algumas pessoas pelo caminho em frente aos seus armários – guardando livros ou cartazes gigantescos –, mas quando elas o encaravam, seus rostos pareciam se modelar em uma expressão curiosa e julgadora.
Os boatos deviam correr por ali feito crianças saindo da escola no fim de suas aulas. Com certeza a grande maioria de estudantes presentes naquele lugar que os conheciam minimamente já sabiam que Jeongguk passou todo aquele tempo sem comparecer às aulas por ter permanecido no hospital, e ainda Taehyung, por ter ficado preso.
Ignorou os olhares que queimavam suas costas, continuando o caminho em silêncio. Adentrou o segundo corredor que surgira, indo depressa para a direção da secretaria.
Assim que se aproximaram, fitaram a porta fechada, mas pela enorme janela de vidro presente naquele cubículo de informações dos alunos, era possível observar duas mulheres: uma sentada a mesa enquanto falava no telefone, e a outra organizando alguns papéis na prateleira próxima.
Taehyung se aproximou da porta e bateu de leve antes de verificar se ela estava trancada, tendo a confirmação que não, entrou no local e deu espaço para que Jimin passasse a sua frente.
– Com licença – Jimin chamou a atenção da mulher que falava ao telefone, aguardando que ela encerrasse a ligação antes de continuar. – Eu quero falar sobre Kim Taehyung e Min Yoongi.
A mulher olhou para Jimin desconfiada, se afastando para trás na cadeira e abrindo uma gaveta da mesa, retirando alguns papéis de dentro. Puxou a cadeira novamente para perto da mesa, passando a digitar algumas coisas no computador a sua frente.
– Kim Taehyung e Min Yoongi, certo? – ela o encarou com as sobrancelhas arqueadas a medida que ajeitava o óculos em frente aos olhos. – Nenhum dos dois tem comparecido às aulas.
– É exatamente sobre isso que vim falar – puxou Taehyung pelo pulso colocando-o um pouco mais na frente. – Aqui está Kim Taehyung! – Jimin disse com um sorriso debochado, fazendo o mais novo revirar os olhos. – Ele fica muito contente em voltar às aulas novamente depois da viagem inesperada que ele teve que fazer.
A mulher fitou Taehyung a medida que sorria desacreditada. Pelo canto do olho, a outra secretária presente na sala parecia ter o mesmo pensamento aparente. Lembrava muito bem do nome que quase todo mês era comentado nas reuniões da administração.
Como um bom universitário conseguia incomodar tantos outros sem nenhum motivo aparente? E Yoongi? Piorava ainda mais a situação!
Balançou a cabeça negativamente antes de digitar o motivo aparente das faltas de Taehyung em sua ficha no computador.
– Vai precisar ter aulas extras além de estudar bem mais para pegar os assuntos que perdeu nessa sua viagem – disse. – Já pode começar amanhã.
– Obrigado – Taehyung disse antes de olhar para Jimin e ver o alívio que despontava do outro. – Ah, sobre o Yoongi...
– Viemos a pedido dele para que o curso fosse trancado temporariamente – Jimin complementou a fala do mais novo.
– Hm, preciso ligar para ele ou algum responsável e confirmar isso – a secretária afirmou antes de chamar a atenção da companheira que ainda arrumava a prateleira. – Niah, pode ligar para Min Yoongi? A ficha dele está na segunda pasta de arquivos daquela estante ali – apontou. – Enquanto a vocês – fitou-os novamente. – Era só isso?
– Min Yoongi está sem celular assim como a mãe dele – Jimin se aproximou da mesa. – Por isso me pediu para vim pessoalmente aqui. Ele não está em condições de comparecer às aulas.
– Sem celular, hm? – a secretária suspirou antes de assentir para Jimin. – Tudo bem. Irei fazer isso temporariamente, mas apenas porque você é um bom aluno, Jimin. Só podemos trancar o curso com a confirmação da pessoa, então preciso que ele compareça aqui ou compre um novo celular para ligar e afirmar que foi realmente ele que fez o pedido.
– Obrigado, noona! – Jimin fez uma reverência educada, aliviado por receber a resposta esperada.
Olhou para Taehyung com um sorriso pequeno nos lábios e se retirou da sala logo em seguida.
– Obrigado novamente – Taehyung falou, seguindo Jimin e saindo para fora da sala administrativa.
– Vá para a casa de Jeongguk. Eu vou falar com Seokjin e explicar sobre tudo que ele ainda não sabe. Falarei com ele para cuidar da volta de Jeon para as aulas, também – Jimin disse a medida que caminhavam para fora da faculdade.
– Jeongguk também vai voltar às aulas amanhã? – Taehyung perguntou observando Jimin desativar as travas do carro assim que já estavam do lado de fora.
– Isso vai depender do que a secretaria dizer – abriu a porta do carro e pegou sua mochila no banco. – Minhas aulas já irão começar e ainda preciso terminar um trabalho pendente. Irei dormir no nosso dormitório hoje. Pegue o carro e tome cuidado no caminho.
– Não sei se ir para a casa do Jeon seja bom, Jimin. Você não disse que ele queria um tempo para pensar sozinho? – indagou, passando os dedos entre as madeixas loiras e as penteando para trás.
– Taehyung – chamou a atenção do outro. – Jeongguk precisa repensar em muitas coisas, mas seria péssimo ele não ter uma segunda opinião sobre algo que deixe-o aflito. E você será a segunda opinião. Precisa ficar próximo dele, e Jeon deve pensar a mesma coisa sobre você – jogou a chave para o outro que pegou rapidamente, ajeitando a mochila nas costas. – Tenho que ir, me ligue se precisar de algo, tudo bem?
– Tudo bem – disse assim que viu o outro se despedindo. – Até mais, Jimin.
Esperou que o mais velho se afastasse para entrar no carro e dirigir em direção a casa de Jeongguk.
De fato, precisava ficar perto do mais novo, estar ao lado quando este necessitasse, pelo menos enquanto ainda tinham tempo livre de sobra, já que logo às voltas das atividades normais aconteceriam e mal teriam tempo vago. As turmas eram diferentes, os horários eram diferentes, e agora já não eram só amigos. O coração queria bem mais.
Haveria muito tempo disponível pela frente quando terminasse a faculdade e sabia disso, mas até organizarem as coisas, teriam que se submeter as poucas vezes que poderiam se encontrar no dia.
Demorou mais alguns minutos de atraso enquanto parava em uma loja e comprava chocolates para Jeongguk. Ficou deveras preocupado com o mais novo saindo sem nem mesmo falar com ele – ainda mais com a quase briga que tiveram. Não conversaram o caminho todo enquanto voltavam da casa de Naeun, o que com certeza não devia ter agradado nem um pouco Jeongguk, que só queria ajudá-lo.
Taehyung nem mesmo estranhou sua preocupação em um nível tão elevado. Já não poderia mais negar todo aquele bolo de emoções que se confeitava toda vez que falava com Jeongguk. Só sentia-se assim em relação aos seus amigos mais íntimos, como Jimin e Yoongi – até mesmo por Naeun –, e seus pais. A idéia de que Jeongguk agora fazia parte do que ele considerava família era tão bem aceita, como um encaixe perfeito no quebra-cabeça.
Queria conversar abertamente sobre a mudança de Yoongi com Jeongguk, para que de algum modo eles conseguissem acertar o infortúnio de outrora, mas também desejava saber o que realmente acontecera entre Jeon e Yoongi, apesar de já ter idéia do quão incomodado ficaria em saber dos dias lamentáveis que Jeon passou.
A mágoa ainda era sua. A culpa apertava seu peito como uma sala escura fechando-se contra seu corpo. Sentia como se todos os motivos que o condenasse ainda estivessem ali: nas suas costas. Mas não deixaria que Jeongguk soubesse daquilo; pelos menos, não com tantas coisas para serem organizadas antes.
Estacionou em frente a casa do mais novo e saiu do carro sem pressa, caminhando com uma das mãos no bolso da calça jeans enquanto a outra carregava a sacola com os chocolates. Parou em frente a porta, batendo algumas vezes e chamando o nome do outro, aguardando ser recebido.
Ouviu um barulho alto vindo de dentro da casa acompanhado de alguns xingamentos nada amigáveis, e até mesmo ousou elevar o tom de voz enquanto chamava um tanto nervoso por imaginar o que havia acontecido, assustando-se quando Jeongguk abriu a porta a sua frente.
– Você está bem? – perguntou assim que observou Jeongguk escancarar a porta e se afastar mancando, uma mão acariciando o joelho. – O que houve, Jeon?!
– Eu não vi os livros no chão do quarto e cai de mal jeito – disse com um sorriso tímido nos lábios enquanto Taehyung fechava a porta e o seguia para a cozinha.
– Estava estudando?
– Ao menos tentei, mas como percebeu, só aprendi a como cair no chão – Jeon disse enquanto não continha a vergonha. Sua cara deveria estar parecendo um tomate. As bochechas quentes e o sorriso sem graça estampados em seu rosto.
Se Taehyung tivesse avisado que viria não precisaria sair correndo quando ouviu as batidas na porta e a voz rouca clamando seu nome! Droga, não poderia negar que aguardava a visita alheia, mesmo que nada tivesse sido planejado.
Suas dúvidas pareciam as mesmas do primeiro dia que viu os olhos azuis em sua frente. Como ele conseguia ser tão bonito? Como ainda o deixava tão nervoso apenas por ser aproximarem minimamente? Tudo era estranhamente bom que algumas vezes até pensou que estava nas nuvens. Taehyung era um paradoxo entre ter trazido várias confusões para sua vida assim como tranquilidade e harmonia.
– Está com fome? – perguntou endireitando o corpo e observando Taehyung puxar uma cadeira da mesa e se sentar.
– Na verdade – Taehyung colocou a sacola sobre a mesa a medida que retirava a caixinha retangular. – Você gosta de chocolate? É que eu resolvi comprar porque achei que você talvez fosse gostar mas não tem problema se não gostar eu posso comprar outra coisa-
– Eu gosto de chocolate. – O mais novo falou sentindo as bochechas doerem pelo sorriso de orelha a orelha quando percebeu a confusão de palavras que Taehyung fazia. Certo. Não era o único nervoso.
Taehyung arrastou um pouco a caixinha sobre a mesa para a frente, esperando que Jeon do outro lado da mesa a pegasse. O mais novo revirou os olhos, achando engraçado como o loiro conseguia parecer tão tímido ali, perto dele. Uma controvérsia do mais velho no primeiro contato que tiveram, tão confiante e intimidador.
Foi até o outro lado da mesa em que Taehyung estava, puxando a cadeira e se sentando ao lado dele. Sorriu enquanto trazia a caixinha para perto novamente. Abriu-a com cuidado, tentando não danificá-la mais que o necessário, pegando um dos bombons e mordendo devagar.
O recheio adentrou sua boca, e Jeon sorriu contido enquanto tinha certeza que era observado. Tentava fingir confiança, apesar de que raramente estava seguro de si. Talvez seu lado ousado só se libertasse quando sentia que poderia ganhar o jogo de certa forma, e naquele momento, ainda não era o que sentia.
Taehyung passou a língua sobre os lábios umedecendo-os, arrastando os dentes sobre o inferior a medida que observava Jeongguk saborear o chocolate. Precisava encontrar qualquer outra coisa para prender a atenção.
– Você quer um? – Jeongguk perguntou com um sorriso de canto nos lábios, a bochecha corada e os olhinhos carismáticos o transformavam em criança novamente.
Taehyung assentiu, observando Jeon procurar outro bombom dentro da caixinha e retirar da embalagem.
– Aqui – ofereceu, colocando a pouca distância dos lábios do Kim. – Fecha os olhos – pediu.
– Jeongguk? – Taehyung olhou com o cenho franzido, desacreditado. Já não estavam adultos demais para aquilo?
– Vamos, Tae! Por favor – pediu arrastado, fazendo um bico a medida que Taehyung revirava os olhos.
– Tudo bem, tudo bem – Taehyung fechou os olhos, aguardando o que Jeon tinha em mente.
Sentiu os lábios cheinhos do mais novo tocarem os seus minimamente a medida que se afastavam. Não conseguiu conter o sorriso de canto, abrindo a boca como lhe fora solicitado. Dessa vez o gosto do chocolate adentrou sua boca, e pode finalmente saborear.
– Irei voltar às aulas normais amanhã – o mais velho afirmou, tentando pegar um outro chocolate, mas desistindo a medida que Jeon afastou a caixa de si. – Só mais um, Jeon!
– Então a partir de amanhã você vai voltar aos seus dias normais de universitário não normal? – Jeon indagou pegando outro bombom e retirando a embalagem. – Parece normal.
Taehyung observou o mais novo colocar apenas metade do bombom na boca, convidando-o timidamente para morder a outra metade.
Aproximou a boca até a do mais novo, mordendo o pedaço que era disponibilizado, sorrindo assim que Jeon resmungou incomodado com a demora que usava apenas para morder sua parte do chocolate.
– Você conseguiu conversar com o seu amigo? – Jeongguk perguntou enquanto usava a ponta dos dedos para limpar o canto da boca.
– Meu amigo? – Taehyung demorou para compreender, mas logo percebera que o outro havia evitado falar o nome de Yoongi de propósito. – Ah, sim, conversamos. Eu acho que ele mudou de verdade, sabe? Para o antigo eu dele, o que não causava tanta dor de cabeça – explicou.
– Você tem certeza? – uma certa esperança acobertada de dúvida surgiu. Aquilo deixaria Taehyung mais confortável e sem se cobrar tanto, além de que Yoongi jamais... o machucaria novamente.
– Yoongi encontrou o mesmo homem que ele viu naquela noite terrível e eles conversaram. O hyung sempre se culpou pela morte do pai, e se ele me disse que perdoou esse homem, provavelmente se perdoou também depois de tantas acusações sobre ser o culpado de tudo – Taehyung fitou os olhos castanhos apenas para vê-los se perder nas mãos unidas sobre as coxas novamente. – Preciso te perguntar uma coisa, Jeon – Taehyung disse sério, selando seus lábios aos de Jeon uma última vez antes de se ajeitar na cadeira.
– E o que seria? – Jeon perguntou levantando o rosto e olhando atentamente para o mais velho. Sua postura e face estavam sóbrios demais.
– Hoje você saiu da delegacia pedindo desculpas – Jeon engoliu em seco a medida que mordia o interior da bochecha. Queria evitar aquele assunto, mas não havia lá uma alternativa quando era justo Taehyung a interrogá-lo. – Por que fez isso?
Jeongguk permaneceu em silêncio. Era quase estranho sentir medo de alguém naquele sentido, mas estava fraco e frustrado. Precisou lidar com tudo apenas deitado em uma cama de hospital enquanto o mundo girava ao seu redor.
Yoongi não só havia admitido uma mentira sobre Taehyung nunca ter gostado dele e ter fingido aquele tempo todo, como também o machucou fisica e emocionalmente. Estava impossibilitado, droga! O que faria? Todo seu esforço estava sendo gasto para tentar ficar melhor em menos tempo, não podia nem mesmo fazer movimentos que sua ferida doeria.
Seu médico dissera que por pouco o tiro não agravou mais em seu corpo, e que o tempo trancado naquele quarto seria útil para uma melhora mais aguardada. Só que não contava com uma aparição de Yoongi a ele, e lamentou muito por todos aqueles minutos de suplício com o outro.
Agora sabia bem a sensação de sentir alguém aterrorizando seus pensamentos; era como ficar preso dentro de um quarto no escuro quando é criança. Você precisa decidir se vai procurar a maçaneta da porta tentando não imaginar que algo está ali com você. Assustador.
– Não sei bem – confessou depois dos minutos em seu próprio mundo silencioso. Em parte, não entendia o que realmente o fez recuar. – Eu só não queria ver o rosto dele... provavelmente não ia conseguir controlar meus sentimentos. Todos eles. Raiva, tristeza, medo.
– O que aconteceu entre vocês naquele hospital, Jeongguk? – olhou para Jeon enquanto acariciava o rosto angelical com a costa das mãos tentando passar algum conforto. Não insistiria naquele assunto se Jeon assim desejasse. Nem tudo merece ser revivido.
Jeon sabia que precisava conversar sobre aquilo. Uma hora ou outra seu lado lógico cobraria uma desculpa por ter sido machucado daquela maneira, e lamentaria muito se aquilo acontecesse justamente quando Yoongi estivesse se esforçando para mudar e organizar as coisas. Suspirou, juntando as palavras para enfim falar.
– Yoongi me disse coisas sobre você... que não me amava de verdade e que era tudo uma encenação desde o início – Jeongguk murmurou. – Eu estava no quarto do hospital quando ele apareceu todo molhado pela chuva. Eu não entendi o que ele queria lá, mas não demorou para eu saber e sentir.
"Yoongi falou coisas que me deixaram tão atônito para pensar na hora... só que ele se aproximou de mim e parecia não estar contente depois de tudo que já tinha me dito. Ele começou a puxar meu cabelo com força enquanto dizia que eu havia estragado tudo e que eu tinha te tirado dele... eu não podia me movimentar direito. Minha ferida doía então eu apenas fiquei parado enquanto ele fazia tudo isso... eu só queria que ele fosse embora e me deixasse em paz... que aquilo tudo acabasse.
Taehyung não esperou que Jeongguk continuasse com aquela explicação aterrorizante, abraçando-o mesmo que de forma desengonçada, deixando vários selos sobre a testa do mais novo.
Como desejava voltar atrás, em tudo, pelo menos assim Jeon jamais precisaria ter se machucado, chorado e sentido aquelas dores. Era tudo que importava agora: cuidar do mais novo. Ouvir aquilo foi de certa forma doloroso, como se sua sanidade se destruísse; imaginava então como fora para Jeongguk vivê-lo.
Jeongguk juntou todas as forças para não chorar feito uma criança ali mesmo. Suas lágrimas não mudariam o passado, e no fundo sabia que Taehyung estava se culpando. Não queria isso. Não queria que ele se sentisse culpado pelos acontecimentos que se ocorreram.
Jeon entendia que boa parte fora por sua própria convicção. Nada teria acontecido se tivesse evitado Taehyung desde o início. Suas ações fizeram o presente, e no fim, ele não estava arrependido.
– Yoongi está mudado agora – Taehyung disse à medida que colocava uma mão de cada lado no rosto de Jeongguk, olhando-o nos olhos. Aquele brilho inocente ainda estava ali, a bondade que Jeon carregava consigo transformava seu mar de tormentas em águas calmas. – Você nunca mais vai passar por isso. Eu vou ficar ao seu lado, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para te fazer feliz. Não posso mudar o passado, mas eu o faria se pudesse. Se eu tivesse feito tudo certo desde o começo... se eu tivesse sido mais atento você jamais teria se machucado. Só espero que você possa me perdoar. Eu irei me esforçar para te trazer tantas boas lembranças que você nem mesmo vai se lembrar que um dia isso aconteceu. Vão ser só memórias boas, eu prometo.
Jeongguk fungou antes de inclinar o corpo para frente do Kim e o beijar afoito, clamando para ele todo o carinho e amor que o outro afirmou tê-lo guardado apenas para si.
Precisava senti-lo, precisava amá-lo, ter certeza que ele estava ali e que não mais se afastaria. Necessitava confirmar que era tudo seu e de ninguém mais. Que os bons momentos seriam multiplicados e seus dias ao lado do seu amado seriam tão magníficos e brilhantes quanto as estrelas do céu.
Taehyung deixou que a sincronia entre os dois acontecesse naturalmente, levando uma das mãos para as madeixas do mais novo, puxando sem muita força. Talvez não precisassem falar mais nada; seus sentimentos a flor da pele já diriam aos quatro cantos tudo aquilo que sentiam.
Seu coração acelerado e o nervosismo que sentia enquanto estava com Jeongguk, as mãos procurando pelas do outro, os beijos tão cheios de desejos e carinho, os pensamentos entrelaçados em amar e ser amado.
Era tão fácil amar Jeongguk, como se seu coração fizesse-o com sutileza e calmaria. Como se estivesse desejando isso desde que o viu naquela manhã do primeiro dia de aula.
Havia criado laços com o mais novo de uma maneira que não conseguiria desfazê-los. Seus sentimentos fizeram questão de moldar tudo com firmeza e afeição.
Taehyung beijou os lábios doces pelo chocolate de Jeongguk, alternando entre passar as mãos na costa de outrem e segurar sua cintura, mordendo o lábio inferior do mais novo e arrastando os dentes de forma leve sobre ele.
Seu corpo se adequava aos toques quentes que as mãos alheias proporcionavam. Jeongguk desceu os lábios úmidos pela mandíbula do mais velho, deslizando com beijos curtos e molhados até chegar no pescoço, dando chupões nada sutis.
Taehyung tentava manter a sanidade na linha que logo quebraria se Jeongguk continuasse pressionando a mão sobre sua coxa e beijando-lhe o pescoço, que naquele momento, era um alvo fácil. Tão fácil que agora o deixava totalmente entregue para que Jeongguk o marcasse como bem entendesse.
Jeon voltou a beijar os lábios cheinhos e já levemente avermelhados de Taehyung, sentindo seus pelos eriçados quando o mais velho abandonou seus lábios e desceu para seu pescoço, marcando a tez clara. Jogos... Taehyung não pretendia deixe-o vencer ali.
– Hyung... – Jeongguk murmurou baixinho enquanto Taehyung deixava beijos molhados sobre o seu pescoço à medida que puxava sua cintura para mais próximo.
Gemeu contido quando Taehyung fez uma rápida sucção ali, o obrigando a buscar a costa do outro e arrastar suas unhas curtas sobre a camiseta folgada como forma de descontar o que era sentido.
Taehyung aprovou o resultado, dando atenção aos lábios desejosos de Jeongguk antes de proporcionar a ele um último selinho, este carregado de carinho e amor.
Jeongguk sorriu tímido – mesmo que naquele momento sua ousadia estivesse mais nítida que o comum –, segurando as duas mãos de Taehyung e se levantando, observando o outro se espelhar no seu ato.
Saíram da cozinha em um silêncio tão confortável quanto o aperto das mãos, a segurança que cada um passava para o outro expressada sem palavras.
Jeongguk abriu a porta do quarto e esperou ali mesmo, sem entrar. Sentiu-se nervoso quando Taehyung desvinculou as mãos e o abraçou por trás, os pelos de sua nuca se eriçando quando o mais velho deixou um beijo ali.
Virou com certa dificuldade e começou a beijar o loiro com gula, tomando cuidado para não se machucar enquanto caminhavam de costas.
Taehyung apertou a cintura do outro de forma gananciosa, saboreando dos lábios tão doces e vermelhos. Uma perfeição única.
Jeon colocou as duas mãos na base da camisa de Taehyung, tirando-a a medida que o loiro levantava as mãos para ajudar no processo, o beijo desengonçado se desfazendo e sendo retornado com mais luxúria.
Jeongguk nunca pensou que desejaria tanto alguém como naquele momento; parecia surreal demais. Taehyung era seu ponto chave de insanidade. Sua ousadia escondida. Seu desejo formulado em ações.
Retirou a sua camisa, jogando no soalho antes de ser impulsionado para a cama e cair sentado, deitando assim que Taehyung ficava por cima de si. Sentiu seu corpo se arrepiar e a fisgada no baixo ventre se tornar presente quando a mão alheia acariciou sua intimidade por cima da roupa.
Mordeu seu lábio inferior com força quando Taehyung o massageou de uma forma totalmente insana, fazendo movimentos circulares e apertando, parando por segundos irritantes e voltando a repetir o ato. Gemeu baixo quando os lábios deram atenção ao seu mamilo, apertando os dedos dos pés à medida que era tocado de forma tão íntima.
Taehyung até gostaria de provocar Jeongguk como bem era seu feitio, devolvendo a tortura que passou por saber que não poderia passar dos limites com Jeon enquanto o mesmo ainda se recuperava. Mas talvez nenhum dos dois estivessem com paciência para joguinhos naquele momento.
– Está tudo bem agora? – Taehyung indagou enquanto desabotoava a calça alheia. – Jeon?
– S-sim, está – Jeongguk puxou sua coberta sobre a cama e virou o rosto para o lado, as bochechas ruborizadas quando levantou um pouco o quadril para ajudar Taehyung a puxar sua calça e a boxer juntas.
Taehyung segurou o membro desperto de Jeongguk e começou seus movimentos lentos; a mão descendo até a base e subindo até a glande com desejo e firmeza. Seus olhos buscando a expressão acanhada que Jeon fazia enquanto se entregava ao desejo.
– Ah, hyung... – disse arrastado quando Taehyung começou a deixar beijos na glande, passando a língua por toda a ereção alheia.
Taehyung deslizou a boca pela intimidade de Jeongguk, usando e abusando da língua sobre a glande molhada. Descia os lábios devagar e chupava o que podia, vez ou outra fazendo a ereção do outro chegar até sua garganta.
Jeongguk se contorcia sutilmente enquanto gemia baixinho, usando a coberta para abafar os sons que agora o deixavam envergonhado. Mas Taehyung queria ouvir o prazer alheio, sorrindo malicioso antes de retirar a boca do membro de outrem e começar a desabotoar sua calça.
– Você tem lubrificante e preservativo? – Taehyung indagou se levantando da cama e retirando a calça do corpo.
– Ali dentro – Jeon apontou justamente para o lugar que seu rosto estava virado, levantando e se pondo no meio da cama quando Taehyung foi até o canto do quarto pegar o solicitado.
Assim que o outro voltou, Jeon esperou que este colocasse as coisas sobre a cama antes de jogar as mãos no pescoço alheio e beijá-lo com desejo.
Aquilo de certa forma o deixava confiante. Suas inseguranças diminuíam quase que totalmente apenas por ser Taehyung ali; ao seu lado.
Jeon deixou um selinho nos lábios de Taehyung antes de se deitar novamente. O loiro não deixou de achar fofo como Jeongguk parecia envergonhado. Se continuasse daquele jeito, broxaria, porém, feliz.
– Não precisa demorar nisso – Jeongguk falou enquanto observava Taehyung colocar o lubrificante nos dedos.
– Você já se preparou, Jeon? – Taehyung disse provocativo, fazendo o mais novo revirar os olhos.
– Já, hyung – Jeon disse baixinho antes de fazer um bico inconformado. – Para de me olhar assim, hyung! – reclamou quando Taehyung continuava a olhar de forma insinuante para ele.
– Eu te amo – Taehyung disse baixo, impedido pelo sorriso enorme nos lábios que não o permitiria exclamar para o mundo todo.
– Eu também te amo – disse sem graça. É, deveria ser um tomate.
Taehyung se aproximou do outro e beijou-lhe a testa. Desejava muito que tudo fosse o mais confortável possível para o mais novo.
Pressionou um dedo contra a entrada de Jeongguk, vendo-o fazer uma careta insatisfeita com a invasão. Deu atenção aos lábios alheios, beijando com suavidade e carinho assim que colocava outro dedo.
Seus movimentos não foram dificultados e Jeon muito menos reclamou de dores insuportáveis.
Os olhinhos fechados e as madeixas bagunçadas eram o ponto fraco de Taehyung. Jeon era magnífico. Se pudesse admirar aquela feição tão linda de Jeongguk todos os dias de sua vida, viveria feliz.
Se afastou apenas minimamente antes de pegar o preservativo e colocá-lo sobre o membro desperto, despejando quantidade suficiente de lubrificante e espalhando por sobre todo o membro.
Olhou uma última vez para Jeongguk: a expectativa que se observava era tanta quanto a que Taehyung sentia naquele momento. Uma experiência única e nova para os dois.
Com a sua mão, pressionou devagar sua intimidade contra a entrada de Jeon, se inclinando para frente a medida que colocava as mãos de cada lado do rosto de Jeon e o penetrava com cuidado.
As mãos nervosas de Jeongguk percorreram os braços de Taehyung em busca de segurança, apertando-os com força quando sentiu o outro por completo.
Taehyung começou a se movimentar, devagar, porém fundo. Arfava a medida que investia outra vez, excitando-se com os gemidos manhosos que Jeon não conseguia mais conter.
Era de fato, um garotinho manhoso.
Beijou os lábios alheios, tomando para si os gemidos e os abafando.
Jeon sentiu as lágrimas descerem por seu rosto enquanto Taehyung começava a investir com mais força.
As unhas curtas arranhavam tudo que podiam, desde o peitoral levemente definido de Taehyung, até os músculos contraídos do braço enquanto este suportava o peso do corpo.
– Taehyung... – revirou os olhos de prazer a medida que a boca agora livre ficava entreaberta. Taehyung entrava com facilidade e o deixava atônito de prazer enquanto gemia com a voz rouca.
O suor de Taehyung molhava os cabelos caídos sobre a testa, e por um momento, Jeon desejou congelar aquela imagem. Taehyung inteiramente seu; apenas.
– Você é perfeito – Taehyung disse entre gemidos, vacilando no peso das mãos e deixando o corpo cair sobre o alheio.
Jeongguk pediu que Taehyung se levantasse e sentasse na cama, e o mais velho logo o fez. Foi até a cabeceira e apoiou as costas lá, observando Jeon sentar no seu colo e beijar rapidamente seus lábios.
Segurou a cintura alheia enquanto este se posicionava sobre a intimidade de Taehyung e começava a recebê-lo. Quanto sentiu o outro por inteiro, gemeu em deleite, apoiando as mãos nos ombros de Taehyung e começando seus movimentos.
Taehyung ajudou o mais novo, segurando a cintura de Jeon enquanto este se impulsionava para cima, descendo devagar.
– Você... é... perfeito... também... – Jeon arfou alto quando sentiu um prazer demasiado atingi-lo com intensidade.
Taehyung murmurou xingamentos inaudívieis quando Jeon ainda se movimentou de maneira lenta e torturante mais algumas vezes sobre sua ereção, trazendo seu ápice também.
Jeon apoiou a testa sobre o ombro de Taehyung, sentindo as bochechas quentes. Se pudesse, ao menos ser um do outro, então já estaria bom. Seria o suficiente.
– Precisamos tomar um banho – ouviu o mais velho falar de forma vacilante, deixando um beijo casto na curvatura do pescoço dele.
– Espera só mais alguns minutinhos – Jeongguk pediu baixinho, suspirando audível quando sentiu os braços de Taehyung abraçarem seu corpo.
Taehyung era de fato, seu porto seguro.
– Só mais alguns minutinhos – Taehyung disse, deixando um beijo o ombro de Jeongguk. – Eu te amo.
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Eu amo um casal de namorados
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