Capítulo quatro
– Jeon! Você tá bem? – Aquela voz rouca foi finalmente compreendida pelos pensamentos de Jeongguk.
– Do que você tá falando, hyung? eu...
Jeon olhou ao redor e reconheceu o lugar. Sua casa. Só conseguia lembrar que Taehyung havia o trazido e que ele o havia convidado para entrar mas... e o resto?
– Não parece. Você está parado aí desde que entramos. – O loiro falou com um tom assustado.
– Eu? Hã? O quê?
O que está acontecendo aqui?
– Você deve estar dormindo acordado. Disse que ia tomar um banho e já voltava mas não saiu daí desde que falou isso. – O loiro que permanecia sentado no sofá da sala se levantou, tocando de leve no ombro de Jeon. – Está realmente tudo bem?
– Sim, eu... – Jeongguk fitou os olhos azuis. A apreensão era distinguida com enorme facilidade. – Eu vou ir tomar um banho de verdade agora. – sorriu, tentando mais se convencer do que ao mais velho.
– Por favor, volte de verdade.
Jeon confirmou que sim com a cabeça, mas nem mesmo entendia o que havia passado.
Andou em passos largos para o seu quarto, aonde não demorou para terminar sua higiene. Vestiu-se com as primeiras roupas que encontrou no guarda-roupa, enquanto passava leves resquícios de uma fragrância no pescoço. Observou sua face em frente ao espelho. Seus olhos pareciam assustados, como se ele realmente estivesse dormindo e sido acordado por um susto.
Como eu pude me perder em meus próprios pensamentos?
Deu alguns leves tapas no rosto, seguindo em direção a sala novamente, sorrindo ao que notava a TV no canal Animal Planet, com direito a um hyung totalmente concentrado no que se era mostrado.
– Então você gosta de animais? – Perguntou, sentando ao seu lado. Taehyung fungou o ar levemente, enquanto mantinha seus olhos fechados. Jeon deu um sorriso de canto que não foi notado pelo mais velho, ao engrandecer para si mesmo que o loiro estivesse sentindo o perfume.
Taehyung confirmou a pergunta, piscando-os devagar, enquanto diminuia o volume da TV com o controle em mãos.
– Tenho um casal de Labrador que cuidei desde meus dezessete anos na casa dos meus pais. – o Kim sorriu bobo, e Jeon sentiu vontade de pressionar as bochechas alheias.
– Eles devem estar com saudades. – Jeon soltou despreocupado, mas notou quando um pequeno desconforto se transpareceu no rosto do loiro. Falar sobre voltar na casa dos seus pais deixava ele aflito, e Jeon já havia notado, só não imaginava o motivo.
– Nossa, que fome. – Movimentou as mãos sobre a barriga, tirando leves risos do mais velho. – Quer comer pizza?
– Se você pagar, eu quero. – o Kim sorriu enquanto Jeon buscava seu smartphone e discava rapidamente algum serviço de entrega. Não demorou para chegar, e Taehyung foi atender a porta.
– Você pediu de queijo, Jeon Jeongguk? – o loiro sorriu irônico enquanto abria as caixas da comida. – Não foi você quem disse que tenho que cuidar da minha saúde? Nossa amizade nunca mais será a mesma agora que sei que está tentando me matar.
– Queijo? Claro que não! Eles devem ter se enganado porque eu- – Jeon olhou rapidamente dentro da caixa verificando se realmente era de queijo, logo notando que o sabor que ele havia encomendado estava correto. – Idiota! Isso é frango! – cutucou a barriga do mais velho que se contorceu com o ato.
– Não faz isso!
Taehyung colocou as caixas de pizza sobre o balcão da cozinha, logo correndo atrás de Jeon pela casa.
Era sempre um prazer ficar com o Kim. Sempre que passavam algum tempo juntos, – o que havia se tornado um hábito – Taehyung era gentil e fazia o mais novo sorrir. Jeon percebeu que não importava o lugar que fossem, se estivesse com o Taehyung, seria divertido.
Mas a brincadeira encerrou quando às mãos do Kim seguraram a cintura de Jeongguk a medida que o mais novo virava sorrindo para o loiro.
Os olhos azuis vistos de perto eram mais atraentes ainda. Era difícil não querer acariciar aquele rosto de porcelana, de tanto carisma que transbordavam.
Jeon suspirou, sentindo o perfume de Taehyung que continuava forte em suas narinas.
Jeon segurou em uma das mãos do Kim e arrastou a destra levemente até seu ombro, tendo o mais velho seguindo com os olhos o que ele fazia.
– Você venceu. – Jeon deu um leve sorriso que deixou o mais velho desnorteado.
– Não tem nenhum prêmio para isso? – o loiro apertou suas mãos entre a cintura de Jeon enquanto fitava com olhos sugestivos.
Assustadoramente encantador.
– Não há prêmios por me pegar correndo pela casa. – Jeon falou tão devagar quanto a língua do mais velho que era levemente passada sobre os lábios. – Não vou cair nos seus jogos, hyung. – intimidou.
– Jogos? – o Kim se aproximou ao ponto de tocar seus corpos. Jeon sentiu a pressão que as mãos do Kim faziam, e seus pensamentos fluíam para algo totalmente errado; inadequado. – Você é o único jogando aqui. – Taehyung falou enquanto ressoava suas palavras nas bochechas alheias, fazendo-o experienciar o calor do seu hálito.
Tão quente.
– Sinto pena das pessoas que você amedrontou na faculdade com essas suas artimanhas. – Jeon soltou-se das mãos impertinentes, indo de encontro a pizza na cozinha, pegando um pedaço e mordiscando logo em seguida.
– Você não tem medo de mim, Jeon? – Taehyung levou os cabelos para trás com a destra, observando os olhos de Jeon como quem tenta desvendar o mistério.
Seu sorriso era algo venturoso. Afundaria-se na correnteza que era Kim Taehyung se errasse alguma mísera palavra. Ele parecia testá-lo a cada movimento.
– Não mesmo. – Jeon deu outra rápida mordida, escorando seu corpo sobre o balcão a medida que o loiro se aproximava.
Taehung pegou a pizza da mão do outro com tamanha ousadia, saboreando seu pequeno resquício de vitória.
– Deveria.
Um sorriso de canto do loiro fez Jeon morder a bochecha por dentro. O Kim odiava perder as apostas que faziam quando íam comprar algum livro ou até mesmo almoçar juntos.
Sua vida parecia rodar através de jogos, na qual ele sempre desejava vencer seus oponentes. Mas Taehyung encontrou um enorme obstáculo à partir do momento que introduziu Jeon em seus passatempos. Jeongguk sempre o vencia.
O mais novo deu uma curta volta no balcão e foi em direção ao mais velho que parecia prever seus passos. Parou ao lado dele, pegando um novo pedaço de pizza na caixa.
– Você não consegue me deixar com medo porque eu sou o seu próprio pesadelo – sorriu.
O loiro engoliu em seco e deu de ombros logo em seguida, indo sentar no sofá da sala. Ignorou a última alfinetada de Jeon com um "sou um pesadelo doce", que o mais novo fizera questão de implementar.
Então é assim que reage quando sabe que perdeu? Jeon pensou, mas tentou não comemorar antes do tempo. De tanto passar dias próximo ao Kim, percebera que ele adorava reviravoltas. Não ia deixar Jeon sair impune.
Passaram mais do que o tempo desejado conversando, o que fazia Jeon temer uma ligação de Jimin. Ele parecia se preocupar muito com o loiro, o que de alguma maneira deixava Jeongguk feliz por ele contar com a sua ajuda para algo em relação ao Kim. Tentou não imaginar o caso, apenas se entretendo com as frases vezes desconexas que eram ditas pelo mais velho.
– Acho que tenho que ir. – o loiro transitou as mãos levemente sobre suas madeixas. – Hoje foi divertido.
– Bastante... ah! Hyung... – segurou as bochechas do loiro suas mãos, aproximando seu rosto da face do mais velho. – Não cometa os mesmos erros, tudo bem? Descubra se não tem outras maneiras para resolver aquilo que te aflige.
Taehyung abriu levemente a boca, o que insinuava que iria falar algo, fazendo Jeon selar rapidamente seus lábios em um encontro de bocas calmo e devagar, evitando suas palavras.
O Kim poderia ter se afastado, mas não o fez. Apenas o deu liberdade para continuar com o ato.
O recente sabor salgado na sua boca fazia Jeon sentir vontade de não parar tão cedo com o beijo. Libertou suas mãos, finalmente acariciando o rosto de Taehyung. Parecia ter sido feito com um cuidado gigantesco. Tão perfeito. As mãos de Taehyung não demoraram para se encherem com as madeixas de Jeon, fazendo carinho ali.
Jeongguk encerrou o ósculo, selando por uma última vez seus lábios, fitando os olhos azuis que não expressavam reações. Taehyung era ótimo no quesito de mascarar o que se passava em sua mente. Era extraordinariamente uma façanha.
Jeon sentiu medo que tudo corresse de modo ruim a partir dali.
– Eu... – O loiro falou um tanto receoso, enquanto se levantava. Suas mãos seguindo a curvatura do rosto de Jeongguk. – Eu já vou.
– Agora realmente está tarde – Jeon afastou-se, indo abrir a porta. – Você virá de novo, hyung? – perguntou receoso, procurando saber como proceder com aquilo.
– Se tiver uma oportunidade... – o Kim se aproximou, passando a costa de sua destra na bochecha do mais novo. – Até mais, Jeon.
O loiro caminhou até o seu carro, – que Jeon agora sabia ser de Jimin, – abrindo a porta e rapidamente adentrando o veículo.
– Ah, Jeongguk? – Sua voz era gentil. O coração de Jeon se acalmava a cada movimento sutil que ele fazia, o que demonstrava satisfação com o que haviam feito. – Seu perfume é muito bom.
– Boa noite, Tae hyung. – Jeon tentou o melhor sorriso, que se libertava com facilidade se fosse dado para o loiro, fechando a porta em seguida, aguardando ouvir o som do carro ligado, o que não demorou, logo sumindo completamente.
Taehyung havia ido embora mas os leves tremores no corpo de Jeon quando ele lembrava do beijo que não aconteceu apenas em sonhos se faziam mais presentes que sua sanidade, que era difícil manter com o Kim por perto.
Taehyung era um precipício com uma queda livre sobre nuvens. Ele oferecia asas para voar sem ter medo de cair. Jeon seria suas asas caso ele também desejasse se aventurar nos seus sentimentos.
Mas não desejava sonhar demais. Havia algo que não sabia sobre Taehyung que apertava seu coração. De alguma forma teria que ajudá-lo, já havia se tornado um desejo.
Alguns minutos se passaram e Jeon ouviu seu celular tocar, indo rapidamente atender, notando ser Jimin novamente.
– Deu tudo certo?
– Creio que sim, Jimin hyung. Eu falei para ele sobre aquilo que você pediu, espero que venha a valer a pena.
– Irá valer a pena. Só precisamos torcer para que tenhamos chegado antes do Yoongi, ele mexe com a cabeça do Taehyung de uma maneira peculiar. Mas eu espero que- – houve uma buzina de carro ao longe na ligação, e Jeon imaginou que fosse o loiro. – Tenho que ir, ele chegou. Até mais, Jeon.
– Até, Jimin.
Talvez dormir fosse opção mais adequada depois de um dia tão especial. Jeon trancou rapidamente a porta, indo para o quarto, onde já me preparava para uma nova manhã na faculdade.
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E é a partir daqui que o declínio começa migos
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