Capítulo XXII
"O reino de Russo foi o maior e mais rico reino do século XV. A família real governou por muitos anos até que veio a Grande Guerra, que dizimou metade da população e acabou com a economia russiana. A população se desolou em fome e miséria, e o rei não conseguiu suportar a pressão, tirando a sua própria vida se lançando sob sua espada. Seu nome era..."
— Ceci! — Arabella invade a biblioteca quando eu havia chegado na parte mais interessante da leitura. Levo a mão ao peito no susto e fecho o livro, a olhando com raiva.
— O que foi agora Bella?
— Teremos uma reunião de irmãs! Já chamei Violetta e ela me deu um trabalho duro para aceitar, agora só falta você. Vamos para o meu quarto, lá fora ainda está frio e podemos tomar um chá quente.
— Agora? Eu realmente não estou com vontade de...
— Não seja chata, Ceci! — ela anda em minha direção e me puxa pelo braço, me tirando da poltrona e me arrastando até o lado de fora. Apolo arqueia as sobrancelhas quando me vê sendo puxada contra a minha vontade e sorri discretamente. Sorri de volta sem perceber.
— Pronto chegamos. — diz Bella fechando a porta do quarto atrás de si deixando os guardas lá fora. Violetta já estava jogada sob a enorme cama com lençóis cor de rosa de Arabella, com o seu clássico cabelo preso, rosto sem maquiagem, vestido cinza e os constantes olhos revirados.
— Arabella não tem mais o que fazer.
— Pare de ser rabugenta. — minha irmã ruiva dá um tapa na cabeça dela e eu sorrio me sentando na cama junto com as duas.
— Que tipo de reunião é essa, Bella? — pergunto pegando um bolinho que estava na bandeja ao lado.
— Quero passar um tempo com as minhas irmãs, será que é pedir demais? Se vocês não perceberam, eu não tenho amigas além de vocês duas. Não tem nada de legal para fazer dentro desse castelo, eu estou quase desfalecendo de tédio!
— Como eu disse, Arabella não tem mais o que fazer. — Vi sussurra ao meu lado e eu sorrio. Bella joga as almofadas em nossa cara, e pega uma flor do vaso ao lado.
— Nós vamos fazer um jogo que eu ouvi nossas criadas comentarem.
— O que vamos fazer com uma tulipa qualquer?
— Não é uma tulipa qualquer! — ela me interrompe, nos olhando com uma expressão de mistério. — É a tulipa dos segredos.
— Ah pronto. — Violetta amassa a almofada contra o próprio rosto.
— É sério Vi, vai ser legal. — Bella puxa a minha irmã e a obriga a se sentar de novo. — Vou explicar. A tulipa tem seis pétalas, o que significam seis segredos. Nós vamos passar uma pra outra e contar algo que nunca conversamos. Ao final do jogo, cada uma terá revelado dois segredos.
— E qual é a graça do jogo?
— Nos aproximarmos. — Bella olha para Vi como se fosse óbvio. — Bom, eu começo.
— Vai. — a incentivo, me ajeitando sentada na cama que mais parecia uma gelatina. Como minha irmã conseguia dormir em um colchão tão mole?
— Peguei Margot fazendo...aquilo com um homem na cozinha a noite nas escondidas.
— O quê? — eu e Violetta dizemos em uníssono, com a boca aberta.
— Ah agora vocês se interessaram pela brincadeira? — Bella sorri satisfeita.
— Mas o jogo não era sob seus próprios segredos? Isso é um segredo de Margot. — digo ainda tentando associar a informação chocante.
— Cale a boca Ceci! Conte mais Bella. Como eles estavam? — pergunta Violetta com um sorriso no rosto.
— Como você é fofoqueira, Vi. — Bella cai na gargalhada e se aproxima falando baixo. — Ela estava jogada na parede com as pernas ao redor dele. Estava escuro, não consegui ver quem era o homem, mas fiquei bastante chocada.
— Eles te viram? — pergunto preocupada.
— Não, eu consegui sair rápido, mas ela estava fazendo uns barulhos estranhos, como se estivesse com dor de barriga.
— Não era barulho de dor de barriga, querida irmã. — diz Vi sorrindo.
— Enfim, já contei o primeiro segredo. — diz Bella, arrancando a primeira pétala da tulipa e passando a flor para mim. — Sua vez, Ceci.
— Eu... não sei o que contar. — solto um sorriso nervoso. Arabella franze os olhos em minha direção.
— É claro que tem. Todo mundo tem segredos. O maior regra desse jogo é, o que falamos aqui não sai daqui.
— Eu já sei o primeiro segredo dela. Cecília está apaixonada por Apolo. — Violetta diz e minha irmã ruiva arregala os olhos.
— O seu guarda?
— Não! — respondo rápido. — Quer dizer...não, não estou. Nós só...
— Vocês só...? — Arabella incentiva. Respiro fundo e confesso meu primeiro segredo.
— Nós treinamos juntos escondido. Estou aprendendo a lutar.
— Olha, por essa eu não esperava. — Violetta arranca um bolinho de chuva na boca e me olha surpresa.
— Sua vez Vi. — arranco a pétala e entrego a flor pra ela.
— Ei, mas cadê os detalhes? Isso pode Bella? — ela pergunta e Arabella dá de ombros.
— Eu já sabia.
— Como assim você já sabia? — a olho surpresa.
— Mamãe me contou, ela só não sabia com quem, mas logo lembrei do dia em que te peguei saindo escondida com ele do quarto e juntei as peças.
— E a gente achando que Arabella era sonsa. — diz Violetta pegando a tulipa de minha mão. — Bom, também tenho um segredo que vocês irão gostar de saber. Eu dei um tapa na cara de Flávia Margareth, no dia do baile.
— Como? — digo com a boca aberta.
— Porquê? — Bella pergunta com um sorriso no rosto. Ninguém gostava dela.
— Bom, isso eu conto quando chegar a vez do meu próximo segredo. — diz Violetta, retirando a pétala com um sorriso irônico e entregando para Arabella.
— Muito esperta. — diz Bella, balançando a cabeça em sua direção. — Bom, já que é meu último segredo irei retirar a curiosidade de vocês. No dia do baile, eu dei meu primeiro beijo.
— Ah meu Deus, em quem? — Violetta pergunta curiosa.
— Não me matem. — ela olha para mim e respira fundo. — Dominic.
— Mentira. — a olho incrédula. — Você não disse que tinha superado?
— Eu tinha, mas quando me vi eu tropecei e minha boca caiu na dele. — ela me olha desesperada e Violetta cai no colchão em meio a risada.
— A pior desculpa do mundo que você poderia ter inventado, Bella.
— Como foi? — sorrio junto com Vi. Realmente havia sido uma desculpa ridícula, e a coitadinha da Arabella já estava com o rosto vermelho de vergonha.
— Bem estranho, foi melhor quando treinei na laranja. — ela olha franzindo o rosto e a risada de Violetta se torna mais alta, se misturando com a minha.
— Não sei quem inventou que primeiros beijos são bons. — diz Vi.
— O meu foi. — sussurro baixo e as duas me encaram com os olhos arregalados. Pego a flor e arranco minha última pétala. — Também dei meu primeiro beijo no dia do baile, e foi... muito bom. — sorrio sentindo minhas bochechas corarem.
— Em quem foi? — pergunta Bella.
— Christian.
— Que mentira cabeluda, Cecília. — diz Violetta arrancando a flor de minha mão e arrancando a última pétala. — Isso foi na hora do apagão? Porque se foi, você se enganou de cavalheiro. Esse foi o motivo pelo qual bati em Flávia, ela beijou o príncipe Christian.
— Como? Mas... — paro chocada demais para continuar. O clima do quarto se torna estranho, e minhas irmãs me olham com pena.
— Não tinha como ele estar em duas bocas ao mesmo tempo. — Violetta completa.
— Você tinha visto que era ele? — diz Arabella, segurando a minha mão.
— Não... na verdade eu não vi. — confesso olhando para baixo. — Christian disse que havia me beijado no baile, então achei que tivesse sido ele.
— Então a piranha da princesa de Alis deve ter se passado por você no escuro, essa é a única explicação. Pelo que vi, o príncipe só chegou um tempo depois da entrada exagerada dela, então ele não teria como saber pela fantasia. — diz Violetta, abrindo uma luz em minha mente. Fazia sentido. No entanto, meu cérebro girou mais uma vez e meu coração se apertou.
Se não foi ele, quem foi?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro