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• Capítulo 5 •

- Ok, a tua mãe enlouqueceu de vez - diz Rachel.

- Completamente - diz Nathan - se eles nem conseguem ficar perto um do outro sem se tentarem matar, então fingir que são um casal está fora de questão.

- Pelo lado positivo - Marie dá de ombros - vamos para o Canadá - sorri - e vocês podem aguentar isso enquanto estiverem em público - aponta para nós - mas quando estiverem sozinhos podem voltar às ameaças de morte.

- E o que é que o Henry queria? - pergunta Ethan.

- Ah.. - limpo a garganta - ele já estava a par da situação e houve uma mudança de planos, vamos partir amanhã de madrugada, é para todos prepararem as malas hoje.

- Como queiras - diz Rachel enquanto dá de ombros, todos se levantam do sofá e vão em direção aos seus quartos.

     Vou em direção á escada, subo e também vou em direção ao meu quarto, fecho a porta e abro o armário tirando de lá a minha antiga mala de viagem. Ponho-a em cima da cama, volto-me de novo para o armário e tiro alguns conjuntos de roupa, incluindo o vestido que irei usar na missão, e guardo-os na mala, tiro também do armário, dois pares de tênis, um par de botas e uns saltos altos para usar na festa. Tiro algumas armas (incluindo a adaga) que eu guardava numa caixa em cima do armário e guardo-as também na mala. Por fim, ponho na mala o computador, o colar do meu pai e o caderno do mesmo. Fecho a mala e ponho-a ao lado da cama. Após isso, tiro uma camisa larga cinzenta e uns calções do armário e entro na casa de banho do quarto. Fecho a porta da casa de banho e tiro a camisa, apanho-me a olhar para as cicatrizes no espelho, passo lentamente a mão por elas, uma no braço, outra na clavícula, uma na barriga, e a última, na perna direita, já para não falar das cicatrizes das balas. Fecho os olhos e suspiro, ao me lembrar de todos os acontecimentos que encadiaram cicatriz atrás de cicatriz. Houveram poucas missões em que saí sem nenhum ferimento. Alguma segundos depois, finalmente vou para debaixo do duche.

       Ligo a água e encosto a testa á parede enquanto sinto as gotas de água por todo o meu corpo. Depois disso, saio debaixo do duche, pego numa toalha e seco-me, pego em seguida, na roupa que tirei do armário e visto-a, amarro o cabelo e saio da casa de banho. Fecho a porta da casa de banho e o meu olhar direciona-se para a porta do quarto onde Ethan está encostado de braços cruzados e cabeça baixa.

- O que é que estás aqui a fazer? - pergunto.

      Ethan não responde, apenas levanta a cabeça e alinha o seu olhar ao meu, ambos ficamos parados, nenhum de nós mexe um único músculo. Cruzo os braços, Ethan quebra o contacto visual assim que me observa de cima a baixo.

    Que merda é que ele está a tentar fazer?!

- Já podes sair - aponto para a porta atrás do mesmo - a porta é cortesia da casa.

     E mais uma vez, sou ignorada. O silêncio enche de novo o quarto, e Ethan ainda está encostado á porta de braço cruzados. Os olhos de Ethan pararam na cicatriz que tenho na perna direita.

- Como é que a fizeste? - pergunta ainda sem tirar os olhos da cicatriz.

- Isso não te diz respeito - respondo seca - e eu já disse para saíres.

- Eu saio quando me disseres - dá de ombros - simples.

- E qual é o motivo desse interesse repentino pelas minhas cicatrizes? - pergunto e Ethan da de ombros, de novo.

- Este lugar é entediante, preciso de algo para me distrair - olha-me nos olhos - é só contares o que fez isso e eu vou embora.

- Bem, então podes dormir encostado á porta porque mais uma vez, isso não é da tua conta - digo e vou em direção á cama deitando-me nela.

      Ponho o cobertor sob a cabeça e fecho os olhos, mesmo aqui, sinto os olhos de Ethan em mim. Após alguns segundos ouço os passos de Ethan a aproximarem-se da cama, finjo estar a dormir quando sinto Ethan á beira da cama. Ele aproxima-se mais um pouco, levanta o cobertor da minha cabeça e sussurra:

- Eu não sou idiota - murmura - sei que estás acordada - não respondo - ah, então é assim que queres brincar?

          Mesmo com os olhos fechados, sei que Ethan está a sorrir.

- Oh, olha, parece que alguém deixou a mala aberta - diz, o meu coração começa a bater mais depressa - um caderno antigo, a sério? - ri - incrível, Scarlett Smith tem um diário, que segredos tens lá? - pergunta e eu ouço os passos dele a ir em direção á mala.

    Merda. Merda. Merda. QUAL É O PROBLEMA DELE?!

     Desisto, levanto-me da cama, corro em direção a Ethan e fico entre a mala e do mesmo.

- Se tu tocares nesse caderno uma vez que seja - murmuro com os punhos fechados - eu juro que te mato.

- Os teus segredos são assim tão importantes? - sorri, puxo-o pela gola da camisa aproximando o seu rosto do meu.

- Aquele caderno é a única coisa que eu tenho do meu pai - digo entre dentes - e se a minha mãe se chatear porque matei o filho do nosso parceiro por uma coisa tão idiota como isto, que se foda - sorrio - o que é que ela vai fazer? Pôr-me fora de casa, consigo sobreviver com isso - Ethan sorri.

- Então, o ponto franco da nossa corajosa Smith, é um caderno? Que pertenceu a um ladrão? - ri - pensei que fosses mais forte.

      Dou-lhe um murro na cara e Ethan cambaleia para trás com a mão no rosto.

- Falas dele assim mais uma vez e será muito pior que um soco - ele ri.

- Tudo bem - dá de ombros e senta-se na beira da cama - não toco no caderno.

- Ótimo, agora saí daqui - digo seca e vejo um sorriso malicioso formar-se no rosto de Ethan.

- Não me consigo levantar - entende a mão para eu a puxar, reviro os olhos - a sério, não me consigo levantar.

     Suspiro e aproximo-me de Ethan, pego-lhe na mão e entes que consiga puxa-lo, Ethan puxa-me a mim, trocamos de posições, quando dou por mim, estou deitada com Ethan em cima de mim e ele segura o meus braços. Observo os seus movimentos e Ethan observa os meus. Os nossos olhos encontram-se, Ethan passa o dedo pela cicatriz da minha perna. Um arrepio percorre o meu copo pelo contato da pele fria de Ethan com a minha.

- Há mais, não há? - pergunta, não respondo.

    Ethan afasta a mão da minha perna, ainda sem quebrar o contacto visual. A sua mão, agora sobe lentamente por dentro da camisa velha e apenas para assim que sente a cicatriz por baixo dos seus dedos. Fecho os olhos assim que a minha respiração falha.

- Não vais mesmo me contar não é? - murmura.

- Por é que eu te contaria? - pergunta no mesmo tom alinhando de novo os nossos olhares.

- Eu adoro um bom segredo - sorri.

- Menina Smith, o jantar está pronto querida! - diz Susan do outro lado da porta, Ethan resmunga e levanta-se.

      Sento-me na cama e observo Ethan a ir em direção á porta, abre a mesma, cumprimenta Susan e desaparece.

QUE MERDA É QUE ACABOU DE ACONTECER?!

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