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𝟎𝟖. › THE WAYNE TOWER

𝟎𝟎𝟖.                    A TORRE WAYNE

OUTONO⠀──⠀ NOVEMBRO 23, TERÇA.
TORRE WAYNE, UPPER EAST SIDE.

A TORRE WAYNE erguia-se de forma opressora sobre Delilah, bloqueando os últimos resquícios do sol que poderiam ser vistos no horizonte, conforme aquela tarde ensolarada dava lugar a noite. O céu permaneceu em um tom alaranjado dentre as nuvens cinzas que sempre rodeiam Gotham.

Delilah perguntou mentalmente se realmente deveria estar ali. Recebeu um convite direto de Bruce Wayne, porém sentia-se como uma intrusa. Aquele não era um acontecimento usual em sua vida. Porém, nos últimos dias, nada estava dentro do usual, então uma anormalidade a mais não parecia tão assustadora.

Abandonando as inseguranças, ela avançou. Apresentou-se na recepção e depois recebeu a permissão para subir até o último andar, onde ficava a cobertura de Bruce. A recepcionista atrás do balcão não fez perguntas quando ela mostrou a identidade, mas havia um olhar desconfiado no segurança próximo ao elevador. Ele não disse nada, nem sequer proferiu uma palavra, porém os olhos dele a julgavam mais do que tudo.

O elevador parou exatamente na cobertura onde Bruce residia, no último andar da Torre Wayne. Quando as portas foram abertas, Morgan sentia que estava entrando em outro mundo. Acima de toda a burocracia da empresa, onde homens engravatados iam e vinham, havia um lugar reservado unicamente para a moradia de um Wayne. Algo que contrastava com o ambiente empresarial encontrado um andar abaixo.

Do outro lado do batente, um homem mais velho que Delilah e Bruce atendeu. Suas feições demonstravam as marcas do tempo, revelavam sua idade avançada, assim como seus cabelos brancos. Porém ele parecia perfeitamente em forma e foi nada mais que cordial com ela.

── Boa noite, senhorita Morgan. Eu sou Alfred Pennyworth, o mordomo do senhor Wayne ── Apresentou-se o homem após abrir a porta. Alfred vestia as típicas roupas de mordomo, blusa branca de manga longa e botões, um colete preto por cima, calças sociais pretas e um sapato do mesmo tom. ── Seja bem-vinda a torre Wayne.

── Obrigada, Alfred. É um prazer conhecê-lo ── Delilah agradeceu, entrando na cobertura assim que Alfred lhe deu passagem pondo-se para o lado.

Enquanto a porta era fechada atrás de si, Delilah aproveitou para observar o ambiente em que se encontrava. A cobertura era enorme. O chão era de madeira escura, a parede pintada de tons de branco, mas não se destacava por conta da baixa iluminação. O ambiente em si era escuro. Cortinas blackout cobriam as janelas que eram grandes e largas.

Sobre as paredes havia também algumas pinturas de paisagens, quadros dos antepassados dos Wayne. Não eram tantos quanto Delilah esperava encontrar. Contou apenas 4 quadros na parede e no corredor havia também alguns enfeites, como vasos com flores, esculturas inspiradas em estátuas gregas e afins.

── Mestre Bruce está na sala, acompanhe-me, por favor. ── Alfred a instruiu, tomando a frente e liderando o caminho.

O mordomo abriu as portas duplas que levavam a grande sala de estar. Dois sofás ocupavam o meio. Um quadro de família acima da lareira e nenhuma televisão a vista. Também havia um longo tapete caro no centro, uma tapeçaria na cor verde, vermelha, preta e branca.

Bruce estava em frente a mesa de mogno, vestindo uma blusa preta e calças de moletom da mesma cor. Havia um óculos escuro em seus olhos, escondendo suas orbes. Sobre a superfície da mesa estavam 3 caixas cheias de arquivos. Ele parou de mexer nelas para olhar diretamente para ela. Mesmo com os olhos dele obstruídos pela lente, um desconforto levou Delilah ajustar sua postura e segurar com firmeza a alça da mochila em seu ombro.

── Desculpe-nos pela bagunça ── Disse Alfred, sorrindo de forma contida e mosdeta. ── Mestre Bruce não costuma receber amigos.

── Não acho que somos amigos ── Delilah respondeu, contendo um sorrisinho ao se aproximar de Bruce. Ela parou ao lado dele. ── Bruce disse para você que somos? ── Olhou para Alfred e depois voltou-se para o Wayne ── Disse para o seu mordomo que sou sua amiga?

── Não usei essas palavras para me referir a você, ele presumiu que você fosse ── Bruce ajeitou os óculos escuros sobre o rosto. ── Alfred, traga um pouco de chá, por favor.

── Claro, mestre Bruce. Com licença. ── Pennyworth afastou-se, encaminhando-se para a cozinha e deixando os dois sozinhos. As portas se fecharam, os olhos dela inspecionaram as caixas.

── Fique confortável ── Bruce disse para ela, apontando para a cadeira ao seu lado.

── O que é isso tudo? ── Ela perguntou com o cenho franzido. Deixando a mochila sobre a cadeira, Delilah passou a ponta dos dedos sobre as pastas de tom pardo.

── São os arquivos do meu pai ── Bruce respondeu. ── Todas as autópsias, consultas, documentações do hospital... Está tudo aqui dentro. Nada foi passado para o sistema.

── Oh ── Delilah exclamou, surpresa. ── Nossa, isso é muita coisa. Seu pai deveria gostar bastante de escrever.

── Ele reuniu tudo com o tempo. Tem informações referente às indústrias Wayne aqui, está... Bagunçado. A tecnologia naquela época não era tão eficaz quanto hoje ── Explicou, deixou sua mão descansar sobre uma das caixas ── Foi por isso que te chamei aqui, para que pudesse me ajudar. Duas pessoas é melhor do que uma.

── Alfred não é pago o suficiente para te ajudar com isso? ── Indagou ela.

── Não era ele quem estava interessado nos arquivos do meu pai. ── Wayne arqueia uma sobrancelha para ela.

── Justo ── Delilah murmurou, dando de ombros. ── Mas não posso ficar aqui por muito tempo. O toque de recolher é às 22hrs. Preciso sair pelo menos 1 hora antes, se não fico presa aqui até amanhã e estou no turno da manhã essa semana.

── Não se preocupe, ── disse Alfred, retornando a sala com uma bandeja nas mãos. O som de uma das portas sendo abertas anunciando sua chegada ── temos quartos de hóspedes disponíveis.

── Alfred ── Bruce o repreendeu.

── Olha, eu não dispensaria essa oferta ── comentou Delilah, pescando um biscoito da bandeja que Pennyworth colocou sobre a mesa. ── Ou tentativa de sequestro. Quem sabe? Não deve ser tão ruim ser mantida em cativeiro aqui. Você vive assim... ao o que? 20 anos?

── A diferença é que ninguém o mantém confinado, ele mesmo o faz. ── Alfred comenta, servindo duas xícaras de chá para os dois.

── Isso explica muita coisa ── Murmura, comendo o biscoito e agradecendo a Alfred pelo chá. Há um sorriso zombeteiro nos lábios dela o qual é espelhado no rosto do mordomo.

── Posso deixar você em casa, não se preocupe com isso ── Bruce comentou, ignorando a fala de ambos. Alfred soltou uma risada baixa, quase imperceptível e Delilah lançou a ele um olhar cúmplice enquanto o mesmo se afastava.

Novamente sozinhos, os dois passaram a trabalhar juntos, analisando os papeis que um dia pertenceram ao pai de Bruce. Cada um ficou responsável por uma caixa, restando apenas a terceira e última sobre a mesa que poderia ser vista depois. Delilah sentou-se no chão da sala, sobre o tapete, enquanto Bruce permaneceu em frente a mesa de mogno. Ela roubou a maioria dos biscoitos e comia cada um enquanto lia tudo que estava sobre o papel e bebericava do chá posto por Alfred em sua xícara.

Vasculhando cada arquivo, ele não havia mentido para ela quando disse que tudo estava bagunçado. Papeis referente aos arquivos das indústrias Wayne se misturavam com aqueles que pertenceram ao hospital. Naquela época, Thomas Wayne trabalhava como cirurgião no Elliott Memorial, conhecido naqueles tempos como o melhor hospital de Gotham. Um tempo depois, quando uma crise açoitou a cidade, anos depois da morte dos Wayne, o Elliot Memorial foi definitivamente fechado.

── Não sabia que seu pai chegou a fechar negócio com os Sionis. ── O comentário que partiu de Delilah não atraiu o olhar de Bruce, destacando que tal assunto não era uma surpresa para ele.

── Ele tentou comprar uma parte da empresa antes que eles pudessem falir, quando os negócios começaram a ir mal ── Bruce respondeu. ── Meu pai queria ajudar, mas eles se recusaram. Albert Sionis não era uma pessoa fácil.

── E o que aconteceu com as empresas deles depois que faliram? ── Perguntou ela.

── Estão fechadas até hoje. Não sei a quem pertence. ── Disse ele. ── Os Sionis deixaram a cidade depois disso, pelo o que ouvi.

── Sua família era próxima deles?

── Fui amigo de Roman Sionis durante a infância ── Wayne assentiu ── Não nos falamos mais depois que os pais dele e os meus se desentenderam. Nunca me interessei pelos negócios da família, então não sei o que aconteceu. Apenas que... Isso fez ele não gostar mais de mim. Se é que um dia gostou.

── Nem imagino o porquê ── Cantarolou Delilah, inspecionando outros arquivos. Bruce a encarou e ela fez o mesmo quando percebeu que ele estava olhando. ── O que foi?

Ele não respondeu. Apenas desviou o olhar e retornou ao que estava fazendo antes, ignorando-a.

── O que descobriu sobre o corpo de ontem? ── Perguntou Bruce, mudando de assunto.

── Realmente era Jeremiah Stirk dentro daquele porta-malas ── Ela suspirou, lendo o que estava escrito no arquivo em suas mãos. ── Morto há duas semanas, possivelmente.

── Faz pouco tempo.

── Sim, muito pouco tempo ── Comentou Delilah ── Mas o Ceifador esteve ali a poucos dias atrás. Ou ele deixou o corpo a poucos dias, mesmo depois de ter matado Jeremiah há 2 semanas. Ou ele voltou lá para deixar meu gravador, porque sabia que eu iria conseguir achar o corpo. São... muitas possibilidades.

── Sabe se a polícia descobriu algo com as câmeras de segurança?

── Não. ── Delilah cumprimiu os lábios e abaixou os papeis, deixando-os descansar sobre sua perna. ── Gordon não parece disposto a compartilhar mais nada sobre o caso comigo, agora que sabe que estou investigando sozinha. Quer dizer, investigando o caso ilegalmente com você. Ele não parecia nada feliz hoje.

── Você é uma civil, não é o seu trabalho ── Bruce comentou. ── O tenente Gordon não está errado em querer você longe dessa investigação.

── É meio tarde para ele querer isso. ── Delilah respondeu, apresentando um sorriso de escárnio ── Mais envolvida do que estou, impossível. E, antes de ser uma civil, sou a legista desse caso. Ele me contratou pensando nisso. Eu só não sabia desse detalhe quando decidi me mudar para cá e aceitar o trabalho.

── Já se arrependeu de ter vindo para Gotham? ── Questionou Wayne, sem erguer os olhos. Os dedos dele passavam as folhas devagar, lendo pelo menos o início delas. Depois disso, quando percebia que não era o que queria, Bruce a descartava.

── Todos os dias ── Respondeu, encarando-o. Um sorriso de lado despontando em seus lábios ── Mas não sou o tipo de pessoa que deixa um trabalho inacabado, então... Engulo meu arrependimento o máximo que posso. Não vou deixar essa cidade até concluir esse caso. O Ceifador vai pagar por tudo o que fez.

Aquela era uma decisão tomada. Havia tamanha determinação em sua fala que Bruce esboçou um certo arquear de sobrancelhas. Ousado seria dizer que Delilah não estava disposta a fugir de uma luta dessa vez. Se desejava encontrar o verdadeiro Ceifador, precisaria se arriscar.

Preenchendo o silêncio atualizando Bruce sobre suas descobertas em relação ao corpo, Delilah atentou-se sobre cada folha de papel que encontrava, sem desistir de sua busca sobre as autópsias antigas. Pouco antes das 20hrs, encontrou uma ficha sem nome no meio da caixa de papelão. Quando ela abriu, havia várias folhas com o emblema do Elliott Memorial. Porém, uma em particular, que pertencia ao necrotério, chamou a atenção dela.

── Bruce, acho melhor você ver isso ── Chamou ela, sem desviar seu olhar do papel pálido que segurava. Bruce franziu o cenho.

── Encontrou algo? ── Perguntou, já encaminhando-se até ela. Delilah ergueu o olhar e entregou a folha na mão dele, permitindo-o ler o mesmo que ela leu antes. A expressão do homem endureceu ── "Você ficaria bem em um túmulo."

Bruce leu aquelas palavras em voz alta. Estavam marcadas de caneta vermelha no centro da folha para reportar uma autópsia. Desenhos de um corpo na lateral.

── Acha que ele ameaçou seu pai? Foi por isso que ele deixou o caso anos atrás?

── Se foi por isso, meu pai nunca disse a ninguém ── Respondeu Bruce, entregando o papel a Delilah novamente. ── Nem mesmo o Alfred deveria saber disso.

── Faria sentido ele não ter contado. Deve ter ficado com medo do que poderia acontecer ── Comentou ela. ── Ele pode ter feito isso porque o seu pai estava chegando perto de algo.

Assim como eu, ela pensou, porém não disse em voz alta. Bruce, porém, era menos contido que Delilah.

── Então você e meu pai têm algo em comum ── Disse ele, retornando para a mesa. ── os dois fazem descobertas sobre casos importantes e não compartilham com a polícia.

Delilah conteve um sorriso, mas revirou os olhos.

── Infelizmente, a polícia de Gotham é um tanto incapaz de fazer seu trabalho. Acaba obrigando os médicos a fazerem isso por eles. ── Ela respondeu ── Somos mais brilhantes, pelo jeito.

Minutos mais tarde, Delilah e Bruce encontraram as antigas autópsias das vítimas do Ceifador de 21 anos atrás. Thomas Wayne reportou 6 corpos de 20. Os outros receberam autópsias de outros médicos, mudando toda a semana conforme os legistas, com medo daquele caso, desistiram de se comprometer com aquele trabalho. O estado se agravou por conta de uma das vítimas ser uma médica daquele hospital: Laura Hansen.

Na época, os médicos envolvidos temiam ser os próximos na lista do Ceifador. Alguns alegavam que deveria estar ocorrendo uma queima de arquivos. O prefeito Sharp era corrupto, comprava a todos, desviava dinheiro. Muitos estavam envolvidos no seu esquema.

Delilah leu algumas das autópsias, notando todas as similaridades que existiam entre o que Thomas e ela reportaram. Tudo o que fora escrito era o mesmo que ela encontrou nas vitimas atuais. A única coisa que divergia era a arma do crime; o Ceifador atual usou um bisturi, o antigo usava facas normais ou cutelos que açougueiros costumam usar. Ele chegou a cortar a mão de uma das vítimas usando esse tipo de lâmina.

── Menos ritualístico ── Ela murmurou, lendo as páginas com tamanha concentração.

── O que? ── Bruce questionou.

── O antigo Ceifador... ele é menos ritualístico, não se atém tanto aos detalhes ── Delilah ergue suas orbes verdes até Bruce, observando o homem sentando no braço do sofá. Ele mantem os braços cruzados, seus bíceps ondulando sobre a camiseta ── Para ele, não importava que tipo de faca iria usar para cortar uma pessoa, um bisturi, uma cerra... tudo serviria para o mesmo propósito. O atual não. Ele quer se igualar a um médico, a um cirurgião.

── Por isso o bisturi de obsidiana. ── Após a constatação de Bruce, Delilah assente, concordando com ele.

── Percebi um corte feito com um bisturi de obsidiana em uma das vítimas. Um corte mal feito, o que afirma que o Ceifador não é um cirurgião profissional. ── Delilah explica. ── Uma amiga me falou sobre o conjunto de bisturis na Universidade, disse que esses bisturis são afiados o suficiente para causar o corte que foi encontrado. Eu fui até lá porque precisava checar a coleção, mas o prédio estava fechando. Minha única oportunidade seria entrar como alguém da reunião.

── E por isso você roubou o crachá.

── Exato. Eu não podia deixar para depois. ── Ela complementa. ── Era importante. Serviu para comprovar o que eu já esperava.

── Mas você não tem provas de que foi o Ceifador. Os organizadores podem ter retirado um dos bisturis por algum motivo específico. ── Bruce comenta. ── Pode estar enganada.

── Você sabe que eu não estou, Bruce ── Morgan inclinou a cabeça para o lado ── Mas, se quiser ter certeza, pode conversar com a sua amiga ruiva da universidade ou qualquer contato que você tenha lá dentro. Eles devem te comprovar o óbvio.

Ela arqueia uma única sobrancelha escura para ele, apresentando um leve ar de prepotência. Bruce não discorda, aceitando a proposta.

É notável que eles estão avançando. Ainda não chegaram a algo significativo, mas Delilah pensa que estão quase lá. Pelos menos há uma certeza, o qual, ela nota, Bruce também concorda com ela: são dois Ceifadores distintos. Um começou o trabalho anos atrás e outro estava dando continuidade a ele nos dias atuais. Tudo o que tinham levava a crer nisso.

── Posso ficar com essas autópsias? ── Ela pergunta. ── Quero analisá-las melhor em casa, ver se tem algo que deixei passar.

── Elas são suas ── disse ele. Delilah agradeceu, juntando as folhas que encontrou, deixando-as organizadas para depois guardar dentro da mochila.

── É impressionante como apenas um homem está sendo capaz de aterrorizar toda a uma cidade. ── Delilah suspirou e bebeu o que sobrou do chá em sua xícara de porcelana. ── Aconteceu o mesmo anos atrás. Ninguém sabia quem era o Ceifador, começou um toque de recolher...

── Na época em que o Ceifador apareceu pela primeira vez, a criminalidade em Gotham aumentou. Falsos Ceifadores apareciam nas ruas, vestindo máscaras com caveiras e aterrorizavam as pessoas ── Bruce explicou o que Delilah já sabia, sentando no sofá de frente para Delilah. ── Isso confundia a polícia. Eles prendiam várias pessoas, a delegacia ficava cheia, mas o verdadeiro Ceifador não era encontrado. Nosso sistema nunca foi o melhor mas, naquela época, ainda sem tanta tecnologia, era mais fácil ainda do sistema falhar.

── Eu li alguns jornais antigos. Antes do Ceifador desaparecer de vez, apenas um policial chegou perto de pegá-lo, supostamente ── Comentou a mulher ── Harvey Bullock. Antigo parceiro do Gordon. Ele morreu faz... Alguns anos, mas o filho dele ainda está na polícia. Acha que seria útil falar com ele?

── Talvez. Não custa nada tentar, mas não acho que falar com Steven seja uma boa ideia. Ele não é uma pessoa muito confiável ── Bruce comentou.

── Você o conhece?

── Encontrei com ele algumas vezes, não foi muito agradável ── respondeu, dando o assunto por encerrado. Delilah percebeu que ele não queria entrar em detalhes e que havia algo a mais na fala do homem, porém não teve a chance de pressioná-lo quanto a isso. ── A verdade é que o prefeito está tentando evitar que a confusão de anos atrás se repita, por isso ele se adiantou e permitiu o toque de recolher. Na cabeça dele, fica mais fácil de encontrar o Ceifador, porque ele ataca durante a madrugada. ── Bruce mudou de assunto.

── Sem pessoas nas ruas, ele teria que mudar a forma de agir. Precisa se readaptar. Talvez começar a sequestrá-las em casa...

── O que é mais arriscado, porém possível ── Wayne inclinou-se para trás, descansando suas costas contra o encosto do sofá. ── Principalmente em lugares desprovidos de segurança como o Crime Alley ou Bowery.

── Mesmo assim, isso fecha o cerco pra ele. ── Disse a Morgan, seu olhar estava distante. Pensativa, ela apertou as mãos juntas ── Ele vai precisar de tempo para se reorganizar. Isso, de certa forma, quebra o padrão dele. Vai deixá-lo enfurecido, mas contido. Pelo menos por um período. Pode ser a chance que a gente tem de ficar na frente dele e não um passo atrás.

── A gente? ── Indagou Bruce. Suas sobrancelhas subiram acima da linha do óculos, curiosidade em seu tom de voz.

── Sim, a gente. ── Morgan respondeu, retirando seu notebook da mochila.

── Pensei que você me quisesse fora desse caso. Foi o que me disse ontem, que deveriamos encerrar nosso acordo.

── Para o seu bem, eu falei isso. Apenas para não ser insensível ── Disse ela, levantando-se e pegando a mochila ── Mas você não é o tipo de pessoa que preza pelo seu próprio bem, então não vai ser eu quem vai fazer isso por você.

Piscando um olho para ele, Delilah sentou mais uma vez onde estava antes e pescou o notebook dentro da mochila, deixando-o descansar sobre suas coxas. O olhar de Bruce parecia divertido, porém ele não riu. Suas expressões logo mudaram quando ele a viu ligar o aparelho.

── O que vai fazer? ── Perguntou ele.

── Tentar seguir a única pista que nos resta: Jeremiah Stirk. Se ele não é o Ceifador, ele o conhecia. Então, pode ser algum parente, algum conhecido, qualquer coisa do tipo. Vou tentar buscar algo sobre ele na internet.

Delilah utilizou o teclado para buscar o nome de Jeremiah na barra de pesquisa. Ela levou a mão até a tigela com os biscoitos, apenas para encontrá-la vazia.

── Enquanto isso, que tal você pegar mais biscoitos pra gente? ── Delilah estendeu a tigela de vidro na direção dele. Uma única sobrancelha de Bruce subiu.

── Quando eu disse que poderia ficar confortável, ── ele levantou e segurou o utensílio. ── não foi dessa forma.

── Deveria ter explicado isso antes, Wayne. ── respondeu ela, digitando no computador e sem tirar os olhos da tela. Delilah escutou enquanto ele se afastava, as portas abrindo e fechando no momento em que Bruce desapareceu na cozinha e ela ficou sozinha.

Alguns minutos se passaram até que Bruce retornou. Ela escutou um pouco de movimentação, Bruce conversando com Dolores e outros empregados da casa, mas nenhum deles adentrou na sala e ela não ergueu o olhar para observá-los, muito concentrada em sua pesquisa. Delilah lia e relia informações e notícias do Google, comentários em página de fofoca que citavam algum Stirk ou páginas no Facebook de pessoas com o mesmo nome.

Ela demorou um pouco para encontrar algo, sempre caindo no mesmo ciclo, sem conseguir identificar qualquer parentesco entre todos os Stirk que encontrava nas redes sociais e Jeremiah. Por fim, foi uma matéria na Gazeta de Gotham que atraiu sua atenção e mostrou-se um tanto promissora.

── Encontrei uma coisa ── Ela anunciou, assim que Bruce deixou o pote com biscoitos ao lado dela. ── Uma matéria sobre a família Stirk. Um caso que aconteceu anos atrás, mas um site comentou sobre ele. O pai do Jeremiah, Fenton, foi encontrado no local após tentar matar a esposa. Aqui diz que ele a deixou à beira da morte. Pensando que ela estava realmente morta, Fenton atirou contra a própria cabeça com uma espingarda. ── Delilah repetiu as palavras do site em seguida ── "Durante essa época, o filho deles ainda estava no reformatório e a filha mais nova assistiu tudo."

── A mãe e a irmã estão vivas? ── Pergunta Bruce. Ela nega

── Um comentário de um seguidor sem identificação, que diz ter conhecido as duas, afirma que a irmã faleceu anos atrás e a mãe estava internada em um hospital psiquiátrico por um tempo e atualmente, pelo menos até 2 anos atrás, ela estava em uma casa de repouso ── Respondeu a Morgan ── O incidente a deixou com graves sequelas, causou um tipo de "retardo mental". Possivelmente um traumatismo craniano ── Ela olha para Bruce do outro lado da sala ── Não fala em qual casa de repouso ela está, mas deve haver um jeito de descobrir.

── Eu posso descobrir isso para você até amanhã ── Disse Bruce.

── E como você faria isso? ── Ela indagou.

── Você não é a única que tem contatos, Delilah ── Bruce cruza os braços ao responder. Morgan ri fracamente.

── Tá bom, senhor Wayne. Não vou questionar seus métodos, não estou podendo no momento, de qualquer forma. Ainda mais se eles forem úteis para mim ── Afirma ela. ── Meus contatos na polícia não estão mais dispostos a me ajudar. Ainda mais depois de ontem.

── Seu amigo não está mais falando com você? ── Perguntou Bruce, fazendo-a suspirar. Delilah soltou um suspiro cansado e inclinou a cabeça para trás, confirmando ao utilizar de um meneio para verbalizar.

── Uma hora ou outra as coisas entre a gente vão se resolver ── Ela fala e ergue o olhar para o homem, tentando passar certa tranquilidade. Delilah deixa as mãos ao lado do corpo, dando seu trabalho com o computador por encerrado ── Eu não fui muito legal ontem, ele tem o direito de estar puto. Sinceramente, acho que eu também estaria se fosse ele.

── Você tem esse costume?

── Qual?

── De se colocar no lugar das pessoas sempre ── As palavras de Bruce fizeram Delilah piscar os olhos algumas vezes, porém ela não demorou para responder.

── Eu tento, pelo menos ── disse ela, completando logo em seguida:. ── Tento ser empática.

── Por que?

── Porque normalmente não são comigo ── Delilah responde, sem desviar o olhar dele. Bruce a encara de volta ── O mundo não tem esse costume... de ser gentil comigo.

Delilah sabia que estava sendo honesta demais com ele, mas não saberia dizer o motivo. Havia um limite que ela não costumava traçar, até onde conseguiria ser direta e, normalmente, nem todos conseguiam ver aquele lado dela. Vulnerabilidade não era o seu forte e o silêncio que recebeu parecia gritar algo para ela. Era o momento de recuar.

Ela começou a organizar as próprias coisas, guardando novamente o notebook e, junto dele, as autópsias.

── São quase 21 horas, acho melhor eu ir embora ── Morgan comentou, fechando a mochila e mantendo seus olhos focados no que estava fazendo.

── Eu vou levar você em casa ── Bruce colocou-se de pé.

── Não precisa ── Ela respondeu, fazendo o mesmo que ele. Delilah colocou a mochila por cima do ombro ── E dessa vez eu falo sério, Bruce. Eu posso pegar um táxi, não se preocupe. Por favor, não insista.

── Tem certeza? ── Ele indagou. ── Não vai ser nenhum problema para mim te levar...

── Eu tenho certeza. Consigo voltar para casa sozinha ── Afirmou. ── Eu agradeço você por me receber aqui e me deixar ficar com as autópsias do seu pai, elas vão ser de grande ajuda.

── Claro, elas não tem nenhuma serventia pra mim. Você entende melhor desse assunto do que eu ── disse ele, guiando-a até a saida. ── Espero que sejam úteis para algo.

── Elas vão ser, tenho certeza ── Delilah assentiu.

Os dois pararam em frente a porta ainda fechada. Alfred apareceu no instante seguinte, segurando um pote fechado com biscoitos e sendo incrivelmente gentil, como sempre.

── Para a viagem ── ele disse, entregando para Delilah o pote. Ela riu. ── Sei que você gostou muito dos biscoitos.

── Eles estavam ótimos, Alfred. Obrigada ── disse ela, aceitando as guloseimas.

── São biscoitos caseiros, então, se desejar, posso compartilhar com você a receita, senhorita.

── Eu apreciaria muito isso, Alfred. ── Delilah assentiu ── Peça para Bruce me enviar por mensagem.

── Ou, melhor ainda, você pode prometer retornar para uma visita e dessa forma eu lhe passo a receita.

── Alfred ── Bruce o repreendeu pela segunda vez no dia. O mordomo o ignorou.

── Achei uma ideia incrível ── disse Delilah, sorrindo amplamente e se divertindo com o desconforto de Bruce. ── Podemos marcar uma aula de culinária para a semana que vem, o que acha?

── Estarei limpando a minha agenda.

Alfred assentiu, sorrindo. Ele se despediu de Delilah e girou nos calcanhares, lançando um último olhar para seu patrão antes de caminhar para a cozinha. Ela não entendia aqueles dois, mas percebia que eles tinham uma boa e consolidada relação.

── Eu gostei dele ── Ela comentou, apontando para Alfred assim que ele se afastou. ── Onde eu encontro um pinguim desses?

── Quer um de presente?

── É muito caro para manter?

── Não tanto, mas talvez você se arrependa quando ele começar a acordar você às 6 da manhã abrindo todas as janelas do seu quarto. Considero caro o estresse que isso me causa ── Bruce respondeu, fazendo-a rir. Delilah revirou os olhos.

── Muito bom saber que você tem senso de humor.

O silêncio entre os dois se estende por um momento, enquanto Bruce abre as portas e a deixa passar. Delilah segura o pote de doces contra o estômago com uma única mão.

── Vou cobrar por esse favor ── Bruce diz assim que Delilah está dentro do elevador, segurando uma das portas com a mão direita, mantendo-a aberta e escorado contra ela.

── Pelos biscoitos? ── Ela indagou com o cenho franzido.

── As autópsias ── Bruce a corrige como se a resposta fosse óbvia e ela estivesse sendo boba. ── Vou cobrar por elas.

A fala dele é o motivo da risada dela, porém para ele não. Parado em frente a ela, com as duas mãos dentro dos bolsos da calça de moletom e apresentando certa seriedade e um humor contido, Delilah percebe que Bruce não estava brincando.

Sua risada passa a morrer aos poucos e o venho dela fica franzido mais uma vez.

── Você está brincando, certo? ── Questionou, esperando que Bruce dissesse que estava.

── Não. ── Respondeu de maneira direta. ── Entro em contato com você em breve para falar sobre esse assunto.

Bruce não deu a ela o direito de responder nem de questioná-lo sobre a finalidade disso, apertando o botão do último andar e afastando-se para que o elevador pudesse fechar as portas e descer. Delilah ficou surpresa, seus lábios ainda estavam entreabertos.

Quando comprimiu os lábios, seus olhos deram piscadas rápidas como se estivesse atordoada, como se fosse um peixe fora d'água. Sua mente inundou-se de questionamentos sobre o que Bruce Wayne poderia querer. Entretanto, pelo olhar que ele a lançou, sabia que não seria nada que lhe agradaria.

AUTHOR'S NOTES.

I. | Capítulo de hoje saiu mais cedo, pois estou testando novos horários de postagem (e porque eu estava ansiosa demais pra postar esse cap. também KKKKKKK). Esse capítulo foi mais leve, serviu para construir um pouco mais a relação do Bruce e da Delilah.

II. | Queria informar a vocês que tenho uma conta no tik tok onde posto meus edits, o nome é @houndwolfz.wp e eu adoraria que vocês fossem me seguir por lá. Tenho postado alguns edits dos batred e alguns spoilers também ;)

III. | Não se esqueçam de votar e comentar! Votos e comentários me motivam muito a continuar essa história e eu amo poder interagir com vocês, saber o que vocês estão pensando e quais são suas teorias.

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