Doeu
Todas as vezes que me machucaram,
Todas as surras que levei,
Todas as humilhações que sofri,
Todas as vezes que me ofenderam,
Todas as perdas que sofri,
Todos os arrependimentos
E culpas que senti,
Todas as vezes que me despedi
De algo ou de alguém,
Todos as vezes que me senti só,
E hoje ainda dói quando me lembro.

Eu nunca falei disso a ninguém,
Nunca descontei em ninguém,
Nunca devolvi.
Vivi tudo isso sozinha
Sofrendo em silêncio
Afinal, tudo passa
E sempre passava mesmo.
Mas eu era uma esponja
E absorvia o que me atingia,
Coisas boas e ruins.
Aguentei mais do que podia,
Guardei mais do que devia
E hoje eu transbordo.

Transbordo quando choro
Lembrando dos mal momentos,
Ou quando sinto vontade de chorar,
Mas a lágrima não vem,
Fica só uma agonia no peito.
Transbordo quando sinto
Vontade de gritar para todos ouvirem
E saberem como me sinto,
Mas a voz não sai.
Transbordo quando meu corpo gela,
Minhas mãos tremem e suam,
Meu coração bate forte
E minha mente vê problemas que não existem.
Transbordo quando sinto
Uma tristeza sem sentido
Um desânimo repentino
E a única coisa que quero
E ficar só, quieta num canto
Ou apenas dormir
Na esperança de acordar bem.

Me ajuda muito pensar
Que Deus não dá um fardo
Mais pesado do que você pode carregar
E nem te faz carregar esse fardo eternamente,
Tudo sempre passa,
Tudo vai melhorar
E eu vou ficar bem outra vez.

Há muito lixo em mim para descarregar,
Mas quando não houver mais o que transbordar
Eu vou recomeçar
Livre e mais leve.
Talvez ainda seja uma esponja,
Mas procurarei absorver só coisas boas.
E todas às vezes que estiver difícil
Eu vou desabafar de algum jeito,
Tentar dividir com alguém
Porque, independentemente do que eu sinta,
Eu nunca estive,
Não estou
E nunca estarei só.