Gêmeos 5
Do mar revolto de pessoas que dançavam em transe, ao ambiente lotado de pessoas que iam até o balcão de uma adega pedir cerveja. Aquele ambiente estava realmente cheio.
Não cheio de pessoas, cheio de vasos. Alguns quebrados, outros frágeis e barulhentos, mas sempre vasos.
A batida lenta da música ampliava a quantidade de whisky que havia consumido.
Realmente. Não queria nem estar aqui.
— André? — Uma voz familiar tocou em meu ombro — Você ainda está aqui?
Nitidamente minha cara de viajado não colabora, mas eu realmente estava ali?
Pergunta difícil de responder.
— Você é muito gostoso — Foi a única coisa que saiu de minha boca — sabia que a lua é um pedaço da terra devido a colisão dela com outro astro do mesmo tamanho que...
— É — O garoto de gêmeos riu — Você está aqui...
— Eu não tô me sentindo bem — Obviamente não, meus olhos enchem de lágrimas de uma emoção que eu nem sabia.
Ah não.
Não pode ser.
Não acredito que isso está acontecendo.
— Você está chorando André?
É isso meu caro leitor, estou emotivo e bêbado.
Me escorei nos braços do garoto de Gêmeos, aquele que a alguns minutos atrás atiçava meu líbido. Agora era como um garçom tendo que ouvir dos meus chifres.
Chorava sem entender.
— As pes-ssoas são vazias! — não tinha controle das frases — E eu tô com tesão.
É muito ruim beber e não ter controle do que quer falar, especialmente quando não quer falar nada.
O álcool é o verdadeiro remédio que te força a falar as verdades.
E se minha verdade era que eu estava triste e com tesão. Além de ser uma lástima. Era a verdade.
Ele me levou para algum canto, me ofertou água, me deixou sozinho, com outras pessoas.
Mas voltou.
— André, você não tá bem, é melhor ir para casa... — Conseguia sentir a carícia de suas mãos.
— Mas eu quero ficar com você...
Ele deu um ele sorriso — Você não quer ficar comigo André. Apenas que mostrar para si mesmo que pode fazer isso. — Foi uma porrada que me deixou mais acordado que beber água — É nítido que você não é muito aberto para relacionamentos poliafetivos, e tá querendo jogar a seco na sua garganta que pode ser.
— Mas...
— Mas nada, você é um amor de garoto, isso é nítido. Só tem que aprender que não precisa fingir que as coisas não doem, incomodam... Cada um tem a sua forma de amar, e isso que você está fazendo consigo mesmo não é amor.
Bêbado.
Não ciente.
Me lembrei que meu Ex, Diogo, disse a mesma coisa.
Puta merda... Quando iniciei uma sessão de auto amor?
Ambos pareciam aqueles caras incentivadores de palestras que não ganharam nada na vida e tão te ensinando a ganhar.
Mas diferente deles, estavam certos.
Antes de amar alguém, eu tinha que descobrir, não a me amar, até porque fazia isso muito bem. Mas como amar.
Um pouco mais sóbrio, pedir um carro por aplicativo, e esperei ele chegar.
— André — Diogo me chamou — Você já vai? — Expressou certa melancolia ao me encontrar fora do evento.
— Vou, tenho que aprender a aceitar algumas coisas.
— Pensei que teríamos algo mais quente.
Por salvação, o motorista chegou em dada hora.
— Não vamos ter Diogo, por dois motivos — abri a porta — Uma é porque eu tô muito bebado — E por fim me sentei. Abrir com delicadeza a janela daquele carro. Enchi meus pulmões — A outra é que... — olhei para sua virilha — Você não é muito favorecido né. É muita bunda pra pouca coisa. Beijos.
O carro saiu, e me senti a pessoa mais fabulosa do mundo.
Pude ver Diogo rindo no espelho da porta.
A última cena da noite.
Nunca consegui me despedi do garoto de Gêmeos.
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