Gêmeos 4
Como o signo de gêmeos é representado?
Para nós, da forma em que o próprio nome é dito, duas feições idênticas. Duas pessoas. Caras metades que estão sempre se olhando e conhecem um ao outro tanto quanto a si mesmos.
Bem, não disse a vocês, mas tive dois namoros em toda minha vida.
E um deles foi...
— Eu também estava na passeata — Aquele jeito descontraído de sorrir, sua barba mal feita, e o alargador na orelha. Com aquela tatuagem de borboletas na bochecha.
— André! Conhece meu namorado Diogo? — O garoto de gêmeos ficou com um semblante envergonhado ao ter se pronunciado a mim. — Perdão por não falar que eu possuo um, mas é relacionamento aberto.
— Diogo...
Ali estava, para estragar minha saída maravilhosa, Diogo... Meu ex-namorado.
Espera, relacionamento aberto?
— Como você está? — Ele me perguntou, com aquela voz que quase sumia em sua rouquidão
— Bem...
— André, vamos nós três para o evento. O que você acha? — O garoto de Gêmeos esboçou animação em sua fala. Ele realmente me queria naquele momento.
Como sou trouxa...
Após caminharmos alguns minutos em direção a um bar, pedimos três latas de cerveja, enquanto deixamo-no ir sozinho ao banheiro, para que finalmente pudesse conversar com Diogo.
— Numa saga pelo amor? — Diogo riu da minha cara descaradamente. Ele sabia como ser tóxico. — Ainda não aprendeu, não é mesmo André? O amor não é algo perfeito, e não existe apenas uma forma de amar...
Diogo também sabia ter razão quando queria.
Ele é a minha outra maldição de gêmeos.
— Você descobriu isso me traindo? — O abrir das latas combinou perfeitamente com o questionamento.
As pessoas ao nosso redor, estavam entretidas com o jogo de futebol que passava na televisão, aqueles típicos bares onde só velhos vão.
— Basicamente... Mesmo não querendo te machucar, mas aprendi que o relacionamento convencional não é algo que me deixe satisfeito.
Não existe apenas uma forma de amar...
Pode parecer estranho, mas fiquei feliz e acariciado por saber daquilo. Mesmo pensando em meu interior que provavelmente era um modo de convivência que não conseguiria suportar.
— Inclusive — Diogo inclinou seu corpo direcionando seus olhares para o banco em que eu estava sentado — Que bunda...
Logo me recordei o quanto ele é babaca.
Mas rimos.
O garoto de Gêmeos saiu do banheiro, os olhares que antes acompanhavam o futebol, agora dilaceram ele como se fosse uma barata. Ele se sentia acuado, com o olhar de medo.
Talvez nem soubesse se defender daquilo.
A realidade daquele que tenta ser aceito como normal é mais dolorosa daquele que tentar ser diferente.
Logo nos erguemos dos bancos e lhe ofertamos a latinha de cerveja, nos abraçando em grupo, deixando o garoto de Gêmeos em nosso meio. Mostrando-o que não estava sozinho.
...
— Então vocês eram namorados? — O caminho até o evento era uma grande conversação sobre meu passado. — Bem, não te culpo André, Diogo é bem babaca mesmo. Mas veja pelo lado bom, ele aprendeu a importância de não magoar as pessoas...
— E André. — Diogo concluiu — aprendeu a se valorizar...
Isso é verdade, julgo que isto fica de lição as pessoas que conheço ou vou conhecer. Não importa o quão "excepcional" seja seu parceiro.
Ninguém tem o direito de machucar você...
O fim da rua chegou, e no atravessar dela... O evento nos aguarda...
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