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𝐗𝐗𝐈𝐈: 𝐏𝐨𝐬𝐭𝐨 𝐝𝐞 𝐕𝐢𝐠𝐢𝐚ʳ

       Era cedo, bem cedo, faltava meia hora para que os primeiros feixes de luz solar surgissem no horizonte quando a porta do quarto de Gally foi aberta com violência. Ele despertou num salto, olhou assustado para a entrada enquanto ofegava e só viu uma forma embaçada e escura, além da visão estar borrada nem sequer tinha luz para poder ver melhor.

 — Bom dia, flor do dia. – Era Annie e sua voz estava mais animada do que deveria naquele horário.

 — An… – ele se sentou num salto já sentindo a raiva se apossando de seu ser – Que merda é essa?

 — Essa merda, meu amigo, é o início do seu treino. Tô te esperando aqui fora, vam'bora!

       E com isso ela fechou a porta na mesma força que abriu. Aquilo fez com que se lembrasse da primeira vez que saíram e um calafrio percorreu seu corpo, teriam que lutar contra aqueles monstros de novo? Ou iriam incitar o caos em outro bar? Sentiu seu estômago revirar.

       Tão rápido quanto da primeira vez, ele se vestiu e saiu a encontrando do lado de fora. Dessa vez sem nenhuma corrente prateada em suas mãos. Ele suspirou aliviado.

 — Sete minutos, muito bom. – comentou ela com a voz ainda animada. – Vem, tu precisa se alimentar.

 — O que a gente vai fazer hoje? – perguntou temendo a resposta – Não vamos ter que passar o dia em nenhuma cidade perigosa, não é?

 — Só se você quiser, lindinho. Hoje iremos começar o seu treino, tenho umas propostas bem leves para começo, mas quem irá cuidar do seu crescimento mesmo é outra pessoa. Eu vou só te auxiliar e te ensinar truques de sobrevivência.

 — Por que outra pessoa irá fazer isso? Quer dizer, você é líder de um esquadrão e tal. Você não poderia me ensinar tudo?

 — Tenho meus motivos, confie em mim, você estará muito melhor com eles do que estaria comigo. Quero só dar uma corrida pela cidade e ver o quanto você aguenta, nada além.

 — Sem nenhuma surpresa, não é? Nenhuma brincadeira nem nada do tipo?

 — Ficou tão traumatizado assim? – Annie riu baixinho – Não, cara, só corrida nessa cidade. Aqui tem um pessoal estranho, mas são legais por conhecer a fama do nosso grupo.

       Gally apenas balançou a cabeça em negativa quando adentraram o refeitório, de início pensou que o local estava vazio em vista do horário extremamente cedo, mas uma movimentação perto de uma das mesas chamou sua atenção. Lá havia uma mulher um pouco alta para a média feminina daquele lugar, ela tinha os cabelos presos, mas com pequenas mechas soltas que caiam em ondas e estava organizando os talheres em volta de um prato. Foi só quando se aproximaram bem que ele pode ver sua face, imediatamente sentiu seu rosto corar com violência diante da mulher mais linda que ele já havia visto em toda sua vida. O seu rosto era delicado, a pele suave e tinha um par de olhos verdes e grandes que brilharam quando encontrou Annie.

       Ele a encarou totalmente encantado, nem sequer conseguia desviar os olhos, por sorte Annie notou e o golpeou suavemente na costela com o cotovelo. Isso o fez desviar os olhos e fechar a boca. A mulher se aproximou rapidamente, deu saltinhos animada quando vinha em direção a eles e então seus braços envolveram o corpo de Annie em um abraço apertado. Ela retribuiu e sorriu. Gally se perguntou se ela também o abraçaria, o pensamento fez sua face corar violentamente e o forçou a desviar os olhos.

 — Terminei o café de vocês, Annie. – ela disse revelando uma voz suave e doce, tão angelical que ele poderia ouvir o dia inteiro e jamais iria se cansar. 

 — Muitíssimo obrigada, Tanya. – Annie sorriu – Só você mesmo para acordar esse horário e me ajudar.

 — O que você desejar. – Tanya novamente se aproximou e envolveu a garota com seus braços em um forte abraço que durou poucos segundos – O que você fará hoje? – perguntou quando se afastou.

 — Hoje meu dia vai ser cheio. – revelou sem tanto ânimo na voz – Tenho que ajudar Gally a começar a treinar para a seleção, tô pensando em colocar ele no nosso esquadrão, mas primeiro preciso ver se ele é digno. – explicou apontando para o garoto ao lado e só naquela hora a bela mulher se deu conta de que ele estava ali.

 — A-ah, oi. – o garoto disse meio sem jeito chamando a atenção dela, sentia que seu rosto ainda estava vermelho e quente e aquilo o deixava mais nervoso ainda. Quando ela se virou para olhá-lo tudo mudou, a expressão terna e amorosa que tinha juntamente com o brilho de seus olhos mudou totalmente e o desprezo e nojo se instalou ali. Era como se estivesse vendo a coisa mais repulsiva e nojenta em toda sua vida e aquilo foi como um banho de água fria para ele. – Eu sou… Eu sou Gally.

 — Tanya. – respondeu de maneira seca, mas quando ela se virou para Annie o brilho em seus olhos voltou e o sorriso se alargou novamente – Vou deixá-los agora, você tem muito o que fazer hoje. Amo você. – e num rápido abraço elas se despediram e Tanya andou em direção a saída.

 — Vamos comer. – disse após ficarem a sós, quando Annie notou o olhar do garoto fixo na saída e sua expressão, ela apenas suspirou e se encaminhou para a mesa enquanto dizia: – Não fique chateado com o modo que ela te tratou, Tanya tem certo… problema com os homens. Geralmente não confia neles e tem certa repulsa por eles.

 — Mas por que não? – ele perguntou cabisbaixo enquanto se sentava. Não sabia o que sentir naquele momento 

 — Ela teve problemas com eles no passado, hoje em dia mantém distância deles a todo custo e age assim com qualquer um que se aproxime.

 — O que aconteceu? – Annie só balançou a cabeça e enfiou uma colher cheia na boca.

 — Assunto de outro dia. Coma.

       Mesmo confuso, ele comeu. Não conversaram muito enquanto comiam, Annie não tinha muito o que falar e sabia que ele estava encantado com Tanya, afinal quem não estaria? Sentiu que devia avisá-lo daquilo, mas já era tarde e naquele momento em particular seria difícil uma interação longa entre os dois. Ela terminou primeiro sua refeição, bebeu o último gole de água e esperou que ele terminasse enquanto o observava 

 — No que está pensando? – ela finalmente quebrou o silêncio.

 — Muitas coisas. – deu de ombros.

 — Diga-me uma delas.

 — Tô pensando no labirinto. – revelou colocando a colher no prato agora vazio e então pegou o copo e bebendo tudo – E das semelhanças e diferenças entre aqui e lá.

 — Entendi. – ela se levantou juntando os pratos e pegando os copos – Me espere aqui, quando voltar vou querer ouvir quais são elas.

        Ele apenas concordou. Annie levou os pratos, após limpá-los e guardá-los ela retornou o encontrando ainda sentado enquanto brincava com seus próprios dedos. O chamou e passou a conduzi-lo pelos corredores até a saída, uma garota baixinha com uma enorme arma em seu corpo sorriu para Annie quando abriu os portões para que saíssem. O movimento na base estava começando, o céu estava mais claro, mas o sol ainda não tinha surgido no horizonte. Eles pararam no meio da rua e a garota começou a se esticar.

 — O que está fazendo? – perguntou, curioso.

 — Ora, me alongando! Estou toda travada e iniciar um dia de exercícios sem preparar e alongar o corpo é burrice. – explicou – Vamos, alongue-se, vai ser uma longa corrida. A não ser que queria ficar todo dolorido ao fim do dia.

 — Sinto que vou terminar todo dolorido de qualquer forma. – murmurou baixinho.

        Ele deu de ombros e fez o que ela havia dito. Após ambos estarem devidamente alongados e com os corpos aquecidos, ela o encarou com um sorriso de canto e então começou a correr. Seus passos eram até que lentos, um pouco mais rápidos que uma caminhada, mas consideravelmente mais lentos que uma corrida de verdade. Contudo, Gally não reclamou e apenas a acompanhou enquanto passavam por ruas estreitas e sujas. Umas tinham roupas velhas e trapos pendurados e outras eram recheadas de obstáculos dos quais Annie passou sem problema algum.

        Após quase uma hora daquele jeito eles finalmente pararam, Gally ofegava com a testa úmida de suor, já havia perdido as contas de quantas vezes enxugou com o dorso da mão e não demorava muito para que estivesse úmida novamente. Annie tirou de sua mochila uma garrafa de água e jogou para ele, o rapaz bebeu longos goles quase acabando com toda a água e seu modo provocou leves risos na garota.

 — E para onde estamos indo? – quis saber enquanto fechava a garrafa e a devolvia.

 — Está um pouco longe, só fizemos uma pausa para você recuperar o fôlego. – dizia enquanto colocava a mochila de volta nas costas – Quer fazer uma pausa de quinze minutos?

 — Não. – ele sacudiu a cabeça – Estou bem, podemos continuar.

 — Não precisa bancar o durão, rapaz. Veja os sinais do seu corpo, descanse um pouco e depois voltamos. Não quero carregar seu corpo até um lugar seguro quando acabar desmaiando.

 — Já disse, estou bem. O labirinto era mais complicado que isso e a saída era bem mais distante, então estou bem em continuar.

 — Você nunca me contou sobre esse labirinto. – a jovem virou voltando a correr com Gally a seguindo – Vou querer saber sobre como era lá, pode ser?

 — Por mim tudo bem.

       Eles seguiram correndo por mais meia hora quando Annie novamente parou, tirou novamente a garrafa e jogou para Gally que bebeu, mas dessa vez sem tanta sede quanto da primeira vez. Ela também bebeu e retirou um pote de dentro o entregando ao garoto.

 — Com fome? – ele balançou a cabeça negando – Okay.

 — O propósito da nossa corrida, qual é? – entregou a garrafa.

 — Nenhum, em particular. Confesso que quero ver seu estado quando voltarmos, mas só quero te levar a um lugar. – revelou enquanto se sentava no chão, Gally a seguiu sentando ao seu lado. – Vai ser um lugarzinho de merda, mas será importante. Eu juro.

 — Sem cranks nem brigas de bar?

 — Só um lugar para sentar e conversar enquanto aproveitamos a vista. – ela sorriu enquanto limpava algumas gotículas de suor que escorriam em suas têmporas – Uma dúvida rápida: o que está achando daquele grupo?

 — É bom. – avaliou olhando um ponto aleatório – Tipo, a galera é meio louca e estranha, mas no geral é bom. É legal ver que eles são unidos, quero dizer, eu vi caras saindo no soco durante a noite e no dia seguinte estavam no refeitório rindo enquanto comiam. Uns são meio babacas, outros assustadores, mas tem umas pessoas bem gentis e legais. 

 — Acho que a situação do mundo faz com que as pessoas se unam, principalmente quando estão no mesmo grupo. 

 — Isso faz com que eu me questione: como você parou nesse lugar sendo imune? O CRUEL deveria ter encontrado você, não é?

 — Eles até tentaram, durante toda minha vida fui perseguida até em lugares distantes, mas de um jeito ou de outro eu fugia. Encontrei Lawrence com dez anos, ele me acolheu e eu segui com ele desde então. 

 — E seus pais?

 — Eu nunca… conheci meus pais. Tive uma pessoa que cuidou de mim, mas ela não era sequer presente e só me ensinou o básico para sobreviver. O resto ficou por minha conta. – ela se levantou.

 — E quem era?

 — Ninguém importante, vamos?

       Gally se levantou e eles seguiram correndo por entre a cidade, cada vez mais o fluxo de pessoas aumentava e lotavam as ruas de modo que Annie seguiu por ruas menores mesmo que passassem por pessoas mal encaradas e obviamente perigosas. Gally não se sentiu ameaçado, quer dizer, sentiu medo no começo, mas depois sumiu quando viu Annie logo a sua frente e sabia que ela não deixaria nada ruim acontecer com ele.

      Ela parou em frente a uma enorme parede, devia ter por volta de quatro a cinco metros e era repleta de buracos. Aquela parede estava bloqueando o caminho em que estavam seguindo e deveriam seguir por outro, mas os únicos dois caminhos que tinham era o que haviam seguido e outro que estava com um grupo de nove homens maltrapilhos e com objetos visivelmente perigosos em mãos.

 — Ah, Annie? – a chamou – Vamos voltar? Não temos como seguir daqui.

 — O que? – ela o encarou tirando a atenção do muro e então viu o grupo de homens – Me avise se eles começarem a vir em nossa direção.

 — E o que você está fazendo?

 — Avaliando.

 — Avaliando o que, mértila?

 — Isso.

      No que disse, ela enfiou as mãos nos buracos da parede e então começou a escalar com extrema facilidade. Escolhia com exatidão os pontos firmes e subiu em poucos segundos até ficar em cima no muro, olhou para Gally que a encarava perplexo pela facilidade e então mandou que subisse.

      Gally tentou, mas suas mãos acabavam escorregando e ele caia, algo que gerou boas risadas em Annie. Ele limpava o suor das mãos na calça, tentava subir e então escorregava caindo de novo. Na terceira vez ele caiu sentado no chão, levantou e bateu a sujeira da calça, já estava irritado e suas mãos e dedos estavam vermelhos e ardendo. Annie suspirou com aquilo, jogou-se lá do alto e aterrissou ao lado do garoto. Ele ficou envergonhado com aquilo, virou para dizer que estava tudo bem, que iria conseguir e só precisava pegar o jeito, mas o olhar da garota estava fixo nos homens ali perto.

 — Senti as intenções deles, então é melhor eu ficar aqui em baixo. – ela sussurrou tão baixo que Gally quase não escutou, então virou-se novamente para ele e suspirou – Você precisa firmar as mãos e os pés, não deixe todo o seu peso nas suas mãos que vai acabar caindo mesmo. Tenta de novo.

 — Intenção? O que quer… – ele se calou quando ela lhe lançou um olhar mortal.

 — Sobe logo.

       Gally não se opôs, voltou a tentar subir enquanto Annie o instruiu a cada movimento. Sua mão direita escorregou novamente, mas tinha a outra mão e seus pés firmes o suficiente para não cair. Novamente se firmou e se impulsionou, então finalmente alcançou o topo e conseguiu subir. Quando olhou para baixo vendo a altura optou por ficar sentado, temia se levantar e perder o equilíbrio. A queda dali poderia causar um ferimento feio, não gostaria de machucar a perna ou quebrar um braço, pior seria se batesse a cabeça.

 — Se afasta um pouco que agora eu vou subir.

      Annie disse e então se jogou contra a parede, os movimentos eram rápidos e precisos e se mantinha firme na escalada. Não demorou muito para chegar ao topo, foi tão rápido quanto da primeira vez e então estava em pé ao lado de Gally que permaneceu sentado.

 — Sabe, humildade é algo que existe ainda no mundo. – o garoto comentou.

 — Você estará fazendo isso com extrema facilidade em poucas semanas, confie em mim. – ela sorriu de lado e andou em direção às construções em que aquele muro se conectava – Vem.

       Eles seguiram dessa vez em cima das construções, algumas estavam bem deterioradas pelo tempo e Gally se concentrou em seguir pisando exatamente onde Annie pisava. A cidade ali era mais no centro, bem longe da base, e as construções não tinham mais de três andares. Eles podiam ouvir o som das conversas, das pessoas gritando ou das boates que tocavam músicas tão altas que o chão tremia mesmo estando longe. 

       Gally se lembrou daquela cidade onde foram, não parecia tão perigosa quanto aquela, mas o cenário era idêntico. A única diferença era que tinham mais pessoas jovens, até mesmo algumas crianças, mas nada muito diferente. Eles seguiram por uns quinze minutos pulando de telhado em telhado, Gally quase caindo vez ou outra, mas recusando a ajuda da garota por orgulho. Eles chegaram até um prédio alto, era um dos poucos em pé naquela parte da cidade e então entraram. Logo de cara viram alguns homens sentados em cadeiras espalhadas pelos cômodos, todos armados e com expressões bravas, mas seus olhares se relaxavam quando viam Annie entrar. Aquilo fez o garoto entender que eles eram membros do grupo em que estavam, mas também o fez questionar: qual era a imagem que eles tinham de Annie? Uns tinham medo e outros admiração, mas qual era a razão disso tudo?

       Eles seguiram até o último andar e entraram em um dos quartos, não tinha ninguém ali e era bem mobiliado. Havia um sofá grande na sala que parecia bem confortável, além de várias estantes com livros e cadernos. Na parede havia uma grande abertura que dava para a varanda, mas o rapaz não foi olhar e se ocupou em observar os outros cômodos. Tinha um quarto com cama de casal, uma cozinha e um banheiro com ducha e vaso.

 — Que lugar é esse? – perguntou voltando para a sala e encontrando Annie parada na entrada da varanda.

 — Um posto de vigia. – respondeu – Vem cá. – ela foi em direção ao lado de fora e o rapaz a acompanhou a encontrando ali parada, apontando para um ponto no horizonte – Tá vendo aquilo ali?

       Gally se aproximou e olhou em direção, seus olhos se arregalaram quando viu aquilo. Estava tão preocupado em seguir os passos de Annie, de não cair em nenhum buraco e não escorregar que não percebeu todo o cenário a sua volta. Nem mesmo aquela enorme parede cinza escura da qual se aproximavam cada vez mais, agora ali perto notava a grandeza daqueles muros que se estendiam até os céus.

 — Mas que mértila é essa? – sussurrou, chocado.

 — Aquela "mértila" é o CRUEL, meu amigo.

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