𝐋𝐗𝐗𝐈𝐈𝐈 - 𝐒𝐞𝐪𝐮𝐞𝐬𝐭𝐫𝐨
Primeiramente, gostaria de dizer que fiz o teste da Sarah J Maas e meu parceiro é o LUCIEN e eu tô mega feliz pq amo essa raposa sarcástica q perdeu toda a personalidade no segundo livro
(Ah, mas vc n disse q n gostava da Sarah e de acotar? Sim, mas não do Lucien. Por isso tô feliz)
Nota: daqui pra frente é só pra trás, tô falando sério, pq eu tô CHORANDO com esse capítulo e nos próximos capítulos piora bem mais hehe
Vamo de terapia né Kkkkk
Eu ia postar mais tarde, mas eu tenho umas tarefas pra fazer depois. Vou fazer? Não pq eu sou preguiçosa e desanimada com a vida. Então é isso.
NOTAAAA: a última cena é de Last of Us, no primeiro jogo com o Joel, pq eu sou obcecada nesse jogo e é meu jogo/série favorito da vida ❤️ n é atoa q terá umas boas referências a eles nos próximos cap hehe
Enfim, boa leitura e bom início de depressão ❤️ amo vcs
Obs: eu duvido vocês disserem o que tá escrito em código Morse no começo do cap hehe
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Durante aquela noite, enquanto todos se divertiam curtiam a festa e Annie e Gally se divertiam no apartamento, o walkie-talkie da garota deixado no escritório começou a chiar e um som parecido com apito começou a tocar parando e tocando sem uma forma definida. Era código Morse.
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Ed estava sem tempo, quase não conseguia entrar em contato devido às intensas mudanças no CRUEL, mas naquela noite conseguiu despistar Janson para enviar a mensagem e por conta de todos os acontecimentos ninguém ouviu essa mensagem.
Na manhã seguinte, Annie e Gally ainda estavam deitados na cama, a cabeça da garota descansando no peitoral nu dele enquanto relaxava. E após longos minutos em silêncio apenas curtindo a presença um do outro, ela o chamou.
— Oi? – ele olhou para ela.
— Preciso te contar uma coisa. – Annie se ajeitou na cama apoiando em seu cotovelo para olhá-lo nos olhos – Se lembra durante seu exame? Quando eu disse que, independente do que aconteça, sempre vou acreditar em você?
— Sim, o que tem? – ele se remexeu na cama, agora um pouco mais preocupado que antes.
— Bom… – um suspiro passou por seus lábios enquanto se preparava para contar a verdade – Você é do meu esquadrão agora e precisa saber a verdade, mas precisa me prometer que não contará a ninguém.
— A verdade? Annie, do que está falando?
— Prometa! – exclamou.
Ele a encarou um pouco surpreso, suas sobrancelhas levantadas, mas apenas balançou a cabeça e prometeu:
— Eu prometo que não contarei a ninguém. Okay?
— Se contar eu furo um dos seus olhos. – um sorrisinho inocente surgiu em seus lábios enquanto proferia a ameaça, mas logo seu semblante voltou a ficar sério – Há um traidor em nosso esquadrão. Um dos raposas. Só Lawrence e Mattie sabem dessa informação, bom, agora você também sabe.
— O que? Um traidor? – o choque foi tanto que ele se sentou encarando-a.
— É. Um traidor.
— E quem é?
— Aí que está, eu não sei. Não faço a mínima ideia. Eu confiava a sua vida a eles, mas agora tudo parece borrado e cinzento. Não consigo ver uma razão lógica por trás da traição já que os conheço há anos. Além do mais, ele responde a Andrey.
— A quem?
— Um cara do meu passado. – ela balançou a cabeça – Matei a esposa dele quando era pequena e desde então ele busca vingança. A horda dos cranks foi obra dele e do Janson do CRUEL, os ataques às bases que são nossas e os caras que estavam tentando te matar na prova. Tudo foi obra dele. Tudo.
— Que monte de plong. – ele sussurrou voltando a se deitar na cama enquanto fixava seu olhar no teto tentando digerir toda aquela informação. – Foi por causa dele que você se afastou, não é? – ela assentiu – Que mértila.
— Você tá no meu esquadrão agora, não vamos nos afastar. Falando nisso… – ela sorriu largamente e começou a tirar uma pulseira de seu braço, era simples com uma corda preta gasta e um pequeno pingente de raposa. Ao retirá-lo, ela puxou o braço dele e começou a colocar – Todos os membros recebem um presente, uma lembrança que pertencem a um lugar e sempre terá alguém esperando por eles. Onde quer que você vá, não importa o quão longe for, eu sempre estarei te esperando. – ela sorriu e beijou sua bochecha – Era da minha irmã, ela o fez, então tome conta disso, okay?
Gally a encarou surpreso, então voltou a olhar para a pulseira triplicando o cuidado que teria enquanto se perguntava o quão importante ele era para ela para receber um presente com um significado tão profundo.
— Posso te contar outro segredo? – ela sorriu – Os nomes de animais surgiram quando eu era criança. Eu vivia com minha irmã Kaira e com outras pessoas, até que um dos meus cuidadores trouxe um livro sobre os animais e seus significados. De cara eu gostei das raposas, elas são astutas e espertas, mas podem ser traiçoeiras. – um olhar nostálgico surgiu no olhar da garota e no tom de voz que usava, como se estivesse se transportando para aquela época – Minha irmã gostava de borboletas, segundo ela era o significado de nossa mãe, mas nunca me contou qual era o nome dela. Nós ficamos tão imersas naquilo que passamos a nos comunicar com esses nomes, ela era a borboleta e eu a raposa. Tanto que em sua faca ela cravou as iniciais “R&B”. Nossos criadores também se interessaram naquilo, Ed ficou com o escorpião porque era seu favorito e Andrey com cobra. Joel dizia que gostava dos corvos, mas eu nunca descobri se ele realmente gostava ou se só respondeu o primeiro animal que lhe veio à mente. Ele não era ligado a nós.
— Quem era Joel?
— Joel… bom… – um semblante triste surgiu em seu rosto ao citar aquele nome – Era meu cuidador. Ele que me criou, me ensinou tudo o que sei, mas por alguma razão decidiu nos entregar para o CRUEL. Kaira e eu conseguimos fugir, afinal com todo aquele treino que recebemos por anos não seria difícil fugir, mas… daí a Kaira morreu enquanto estávamos fugindo e segui por conta própria. Não quis ver Joel nunca mais e, bom, certa parte de mim o culpa pela morte dela. Eu não lembro de tudo, só cenas que ficaram gravadas, mas não tudo.
Gally não soube exatamente o que falar ou fazer, apenas ficou ali lhe observando falar, afinal ela não falava de seu passado com frequência e nem dava tantos detalhes como estava fazendo. Vendo a reação do garoto, Annie sorriu e se sentou:
— Vou escovar os dentes e depois ir preparar a comida, daí a gente volta para a base. Okay?
E, sem dizer mais uma única palavra, ela foi para o banheiro enquanto o rapaz ficou ali deitado ainda observando a pulseira e digerindo todas aquelas informações. Naquela tarde eles voltaram para a base, todos os outros já estavam ali esperando por eles e se perguntavam onde estavam, mas assim que Annie entrou no escritório Jade imediatamente se levantou e a puxou pela mão para fora. As duas andaram pelos corredores, a mais velha guiando-a pelo prédio e indo até o térreo onde podiam ver toda a cidade, o caminho todo Jade ficou em silêncio e Annie desistiu de tentar fazê-la falar no meio do caminho e a permitiu guiá-la até aquele lugar.
— E então? – Annie perguntou novamente – O que aconteceu?
— Eu… – Jade parecia receosa, uma forma que Annie jamais vira nela, mexia os dedos uns nos outros visivelmente ansiosa com o que iria dizer – Vou para minha lua de mel.
— Gabriel disse onde iriam, mas fiquei surpresa que ainda esteja aqui.
— É só que… eu sei que está tudo muito tenso e temos muitos problemas e me sinto a pior pessoa do mundo por pedir algo tão egoísta assim, mas…
— Ei, ei, ei… – ela a segurou pelos ombros fazendo-a olhá-la nos olhos – Calma, tá tudo bem, pode pedir o que quiser.
— Eu amei o casamento, amei o vestido e amei cada segundo. Esses foram os dias mais felizes de toda minha vida e vocês me ajudaram a realizar um sonho que eu acreditava não ser possível há muito tempo, mas eu… – lágrimas brotaram em seus olhos – Quero começar uma família.
A revelação chocou Annie mais do que esperava, pois sabia o que aquilo significava. Apenas engoliu em seco e tentou responder, mas foi interrompida por Jade:
— Eu sei que temos que ir até aquele posto de comunicação, temos que impedir Andrey, mas eu fico pensando que… e se no processo eu morrer? Eu não quero soar egoísta, mas eu sempre sonhei em engravidar e após realizarmos o meu primeiro sonho me perguntei se poderia realizar o segundo. Ter uma casa, filhos com Eleazar e uma vida tranquila.
A boca de Annie secou, ela tentou falar algo, mas sua voz simplesmente não saia. Pensou por alguns segundos, então conseguiu reunir suas forças e responder:
— Tudo bem. Se é o que deseja, então vá em frente. Sabe que tem muitos soldados aqui e se esse é o seu sonho, então vá realizar. Estarei sempre aqui.
Os braços de Jade a envolveram com tanta força que ela perdeu o ar, sentia os tremores nos membros dela e a sua voz embargada pelo choro. Desde que entrou no esquadrão a única coisa que ela e Eleazar fizeram foram ir em missões, uma atrás da outra, sem nunca descansar e mereciam aquilo. Mereciam uma vida tranquila. A dor que Annie sentiu era por não poder contar mais com eles, além de suas habilidades excepcionais ainda confiava neles e agora não podia confiar em ninguém de seu esquadrão. Ela ficaria perdida.
Naquela tarde o casal se despediu de todos e foram para a lua de mel, Annie sorriu durante a despedida, mas por dentro estava quase chorando sem saber o que faria ou quando os veria novamente. Com a mudança dos exames finais, então não demorou duas semanas como tinham planejado e sim em uma semana, o tempo para o ataque de Andrey contra as torres de comunicação ainda seria em duas semanas o que deu tempo a Mattie de enviar um grupo de seus soldados para proteger e planejar uma forma de contra ataque.
Annie não sabia exatamente o que fazer diante daquilo tudo, além do possível ataque de Andrey, não havia novas provas ou informações. As duas amigas, Emily e Carmila, ainda seguiam presas em salas diferentes e se recusaram a falar qualquer coisa. Novamente estava em um beco sem saída, apenas esperando pela próxima catástrofe.
Uma semana tinha se passado desde a saída de Eleazar e Jade, vez ou outra eles entravam em contato, mas Annie apenas dizia o básico e logo encerrava a conversa. Não queria estragar a lua de mel deles. Durante aquela semana, Gabriel se aproximou de Isa e os dois fizeram uma amizade improvável, o rapaz contava sobre suas aventuras e as coisas que encontrava, inclusive os looks que fazia e Isa, por sua vez, revelou um jeito um pouco mais direto de falar as coisas.
— Viu? Está perfeito. – ele disse fazendo poses enquanto mostrava o look do dia.
— Tá horrível. – ela comentou – Não entendi esse monte de correntinha na sua cintura. E esse chapéu? Você sempre está usando ele, por que não tira? Tá todo gasto.
— Isso, garotinha, foi um presente. E quanto ao look, bom, você irá aprender a arte da moda em poucos meses. Irei ensinar tudinho.
Priscila estava mais distante, a gravidez parecia estar afetando mais do que Annie pensou que afetaria, todo o dia ela estava sentada no canto observando todos com a mão em seu ventre. Mattie tentava se aproximar todos os dias, mas nem mesmo ele conseguia. Tanya não tentou muito e respeitou o espaço da amiga, mas sempre dava um jeito de estar por perto e ao lado dela caso precisasse, embora nem fizesse ideia da gravidez. Félix continuou igual, quieto e observador em seu canto, embora seus olhos estivessem mais preocupados em observar Darlan. O menino focou em sua leitura dia após dia, tentava se aproximar mais de Gabriel, mas algo entre os dois havia mudado. Ou somente em Darlan, já que o mesmo percebeu que os sentimentos que nutria não eram recíprocos.
Annie e Gally ficaram mais próximos, à relação que tiveram no apartamento os conectou de uma forma muito mais profunda e intensa, tanto que todos da base sabiam de seu novo relacionamento e nem sequer se aproximavam de Gally.
Paulo ficou focado em treinar Isa a pedido de Annie, ela queria que o mesmo operasse o milagre na garota da mesma forma que ele havia feito com Gally e ele rapidamente aceitou já que não tinha outras tarefas.
Tudo na base seguiu seu curso normal. Até aquele dia.
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Annie dormia profundamente, os pesadelos rotineiros com sua irmã não a incomodaram nas últimas noites, deram lugar ao medo de quem seria o traidor e com isso passou a sonhar com uma forma humanoide sem rosto saindo das sombras e a atingindo com uma faca no peito.
— ANNIE! – Isa gritou a todos pulmões enquanto invadia seu quarto, a garota pulou na cama com a sua faca em mãos pronta para atacar qualquer um – Annie!
Quando sua visão estabilizou, Annie pode ver o rosto apavorado da garota, junto das lágrimas em seus olhos e aquilo fez seu coração palpitar com força e rapidamente se pôr em pé.
— O que aconteceu? – sua voz saiu rouca, mas ainda assim carregava preocupação e seriedade.
— Eles… eles… – ela tentou falar, mas logo caiu em lágrimas. Então apenas agarrou a mão da líder e a puxou para fora do quarto.
Era seis horas quando Annie acordou e Isa a puxou pelos corredores. Elas correram pelos corredores, desceram alguns lances de escadas e novamente voltaram para os corredores. Chegando perto, Annie pode notar o aglomerado de pessoas em volta de algo e rapidamente sentiu seu coração pulsar com força. Rapidamente se soltou de Isa e avançou abrindo caminho entre a multidão, quando chegou ao meio seu corpo congelou com a imagem a sua frente.
Félix com lágrimas em olhos se agarrava ao corpo ensanguentado de Paulo que lutava para viver. Annie se ajoelhou ao lado dele, observou as feridas feitas por uma faca em seu peito e barriga e rapidamente tirou a blusa para estancar o sangramento.
— Calma aí, amigão. – ela disse firmemente – Você vai ficar novinho quando a Agatha chegar. – ela se virou para a multidão – CADÊ A ÁGATHA?
— Já chamaram ela! – um rapaz respondeu.
— Viu, Paulo, agora aguenta firme. Okay? Aguenta firme.
— O levaram… – ele tentou dizer claramente com dificuldade – O levaram…
— O que? Levaram quem?
— Darlan, Priscila, Gabriel e Gally desapareceram. – explicou Félix, as lágrimas ainda escorrendo por seu rosto – O culpado feriu meu pai e os levou.
— Foi… – Paulo tentou falar, mas grunhiu em dor e ofegou com dificuldade.
— Calma, calma. – Annie pediu, desesperada com a situação e a notícia.
— Deserto… As… – ele olhou fixamente para Annie tentando falar, mas o sangue começou a sair de sua boca o fazendo emitir um leve som de engasgo enquanto tentava falar, mas logo sua visão aos poucos foi desfocando e seu corpo foi ficando mole.
E foi às 6h09min que Paulo faleceu. Félix entrou em desespero, balançou o corpo do pai enquanto o chamava, o peito de Annie se afundou enquanto sua mente estava a milhão, Isa caiu em lágrimas e só naquele momento Agatha apareceu correndo abrindo caminho pela multidão. Mas era tarde demais.
Annie se levantou, estava atordoada e apenas agiu automaticamente dando ordens para os soldados e saiu dali lentamente. Seus passos a levaram até a sala de Lawrence, tentava processar tudo aquilo e quando chegou lá, apenas parou no centro e ficou ali. Tentava processar tudo.
A morte de Paulo. O sequestro de Gally. Tudo girava em sua mente como um tornado, aos poucos seu coração começou a pulsar mais rápido, seu corpo passou a tremer descontroladamente e sua respiração ficou ofegante. Tudo ao redor girava deixando-a tonta. Ela tentou andar, mas suas pernas fraquejaram e ela caiu ao chão. Seu tórax começou a doer intensamente à medida que seu coração acelerava, sua mente por um instante pareceu se desprender de seu corpo e sentiu como se estivesse fora da realidade.
Os segundos viraram minutos, os minutos horas e as horas se perderam em sua mente. Não sabia há quanto tempo estava naquele estado, apenas quando Lawrence entrou na sala e a chamou que sua mente foi puxada para a realidade.
— Querida? – ele estava agachado ao seu lado, a preocupação estampada em seu rosto. – O que aconteceu?
— Paulo… – ela tentou falar – Paulo está morto e levaram Gally… Levaram ele… eu não sei para onde.
O homem puxou a filha contra si e acariciou seus cabelos quando viu que ela começaria a chorar. Pode sentir a tensão e os tremores em seu corpo.
— Calma, calma. Vamos encontrá-lo, okay? Respira fundo!
— Annie! – Mattie gritou pela irmã enquanto entrava no local – Aí está você. Os guardas que estavam no portão naquela hora também foram mortos, ninguém os viu entrar e sair.
Ao ouvir aquelas palavras, Annie se levantou desesperada e passou a andar de um lado para o outro enquanto tentava se controlar. Precisava agir de maneira racional, não podia deixar sua mente entrar em pânico, mas toda vez que a visão de Paulo morto em sua frente e de Gally sequestrado surgiam aquela sensação voltava com força.
As mãos agarravam com força a raiz de seu cabelo, os olhos fechados enquanto tentava controlar a respiração e ao fundo Lawrence e Mattie discutiam sobre aquilo. Ela não conseguia ouvi-los, não conseguia prestar atenção em nenhuma de suas palavras, o nome de Gally apenas ecoava em sua mente ao mesmo tempo que tentava imaginar possíveis lugares que o levariam. Qualquer lugar.
— O que está acontecendo? – a voz de Triz entrando tirou-a de seu transe. Annie se virou lentamente focando seus olhos nela. — Que caos é esse?
— Alguém matou Paulo. – Mattie revelou com pesar na voz.
— O velhote? Quem?
— Não sabemos.
— Ele era velho, mas não parecia ter problema com ninguém da base.
— E acreditamos que o assassino também seja o culpado por sequestrar quatro pessoas do esquadrão raposa.
— Sequestrar? Quem foi levado?
— Darlan, Gabriel, Priscila e Gally.
— Céus. – sua voz saiu um suspiro, então ela se virou para Annie – Annie, eu sinto…
No segundo em que se virou foi surpreendida por um golpe forte em seu rosto que a fez cambalear para trás. Ela não entendeu de começo o que havia acontecido, apenas sentiu uma mão agarrar fortemente a gola de sua camisa enquanto outra desferir soco atrás de soco. As vozes de Lawrence e Mattie ao fundo mandavam que parasse, mas Annie não parou. Descontava toda sua fúria no rosto de Triz.
Quando o rosto dela estava completamente ensanguentado, com seu nariz quebrado, o lábio cortado e o olho esquerdo inchado, foi que Annie parou e agarrou com as duas mãos sua gola e a jogou com toda a força contra a mesa central. No segundo seguinte a lâmina de sua faca estava pressionada contra seu pescoço e Triz pode finalmente ver o rosto de Annie retorcido com a mais pura raiva.
— Onde ele está? – ela não gritou, pelo contrário, sua voz saiu em um sussurro rouco que pareceu muito mais ameaçador.
— O que? – Triz gritou – Você tá louca?
— Onde. Ele. Tá. – sussurrou cada palavra lentamente ainda mantendo o mesmo tom ameaçador.
— Eu não sei, eu não sei! – ela gritou – Me solta, sua louca!
— Você sempre teve ligações com Andrey, eu sempre soube! Primeiro a amizade que vocês criaram, depois ele sai e você ocupa o lugar dele e aí todo seu estilo e comportamento mudam. Eu vou perguntar pela última vez… – ela pressionou mais firme a lâmina em seu pescoço e pode ver uma linha fina de sangue escorrendo – Onde ele está?
— Eu juro que não sei do que você está falando. – ela respondeu chorando desesperadamente.
— ONDE ELE ESTÁ? – finalmente ela berrou, mas vendo que Triz não responderia apenas puxou a mão dela e cravou a faca em sua palma com tanta força que a ponta da lâmina perfurou a mesa e ficou presa. O sangue escorria por sua mão enquanto a garota gritava em dor, mas se mantinha imóvel já que Annie a prendia contra a mesa – Eu sei quando você tá mentindo, então fala a verdade ou vou te fazer desejar morrer.
— Eu juro que não sei. – ela disse entre as lágrimas de desespero e dor – Ele não me contou nada, eu te juro. Ele não contou nada. Só Emily e Carmila sabiam, eu juro, só elas sabiam e outros que não eram da base. Ele nunca me contou nada.
— Annie. – a voz pacífica de Lawrence a puxou de volta a realidade e ela o encarou – Já chega.
Annie apenas puxou a faca, movendo-a propositalmente para retirar da mesa só para causar mais dor a Triz e então se virou e saiu da sala. Ela foi até seu escritório, o cabo ainda firme em seus dedos enquanto o sangue na lâmina deixava rastros pelo chão. Rapidamente remexeu todos os papéis até encontrar um mapa, então o guardou no bolso e saiu do prédio.
Ela sabia onde Carmilla e Emily estavam e aquele era o local para onde ia. Aquele prédio era bem afastado da base, o mesmo que usaram para prender Adrian e mantiveram as duas em salas separadas.
A determinação e a raiva ainda estavam presentes no olhar de Annie quando abriu a porta encontrando Carmilla amarrada na cadeira, ela estava péssima, mas ainda assim sorriu debochada quando a viu entrar.
— Me perguntei quando viria. – disse a mulher com voz rouca por não beber água há muito tempo.
Annie não disse uma única palavra, apenas se aproximou e cortou todas as cordas que a prendiam. Carmilla riu surpresa com aquilo então se levantou, estava pronta para fazer uma piada ou algo do tipo quando Annie avançou golpeando-a incessantemente. Socos e chutes foram desferidos com toda sua força, já estava farta de todo aquele cuidado que estava tendo com Andrey e seus lacaios.
Só parou quando Carmilla estava prestes a desmaiar, então seus dedos avançaram contra seus fios de cabelo e a puxaram arrastando-a pelo chão áspero de cimento. A mulher tentava inútilmente se debater, a fraqueza devido a dor a fazia ter movimentos débeis enquanto grunhia e murmurava para que parasse e a soltasse.
Annie continuou arrastando-a pelo corredor até pararem diante de uma porta que foi aberta com um chute por ela, no mesmo seguinte um odor pútrido as atingiu fazendo o estômago da garota se contorcer, mas sua marcará de um ódio frio e puro se manteve inalterável. Emily estava amarrada à cadeira ao lado do corpo apodrecido de Adrian, um pedido feito pela própria Annie, e então arrastou Carmilla até a parede atrás da mulher e a jogou ali.
Annie se aproximou, puxou a faca e a cravou no joelho de Emily que gritou de dor.
— Sabe… – ela se afastou deixando a faca ali – As pessoas costumam dizer que sou um monstro, um demônio e todos os possíveis insultos que podem criar. Bom, eu nunca disse que não era, mas acontece que vocês vieram de novo e de novo tentando destruir tudo o que eu tinha. Eu relevei, eu perdoei Triz por se aliar a Andrey acreditando que ela mudaria, perdoei o próprio Andrey com a esperança de que o passado seria esquecido e que poderíamos viver nossas vidas, mas ele continuou obcecado com essa porra de vingança e continuou vindo de novo e de novo. Só que… – ela sorriu de forma sombria, não havia nenhum divertimento em sua expressão e em seus olhos residia apenas o mais notável ódio – Vocês se esquecem que até um demônio tem limites e vocês passaram de todos eles.
Emily chorava com a dor, tentava ver Carmilla atrás dela e seu estado, o desespero correndo seu corpo novamente depois de ter conseguido se acalmar com o corpo de Adrian que apodrecia ao seu lado, afinal ela também o conhecia. Annie se aproximou, puxou a faca e colocou o cabo na boca dela. Logo em seguida puxou o mapa de seu bolso e o abriu mostrando para ela.
— Marque onde eles estão. – ordenou em um sussurro – Marque e eu deixarei vocês irem, mas é melhor ser o mesmo lugar que o da sua amiga ali.
Emily tremia e suava, os olhos cheios de lágrimas se voltaram para o mapa e ela apontou com a ponta da lâmina e então jogou a faca no chão.
— É aí que disseram que levariam Gally. – revelou – É aí mesmo. Pode checar, ela vai mostrar o mesmo lugar.
Annie lentamente andou com o mapa em mãos, sabia exatamente onde era e de quem se tratava o local.
— Eu não tô mentindo. – Emily murmurou.
Então os braços de Annie envolveram o pescoço de Emily e passaram a enforcá-la, sentindo-a se debater, Carmila tentou se levantar e gritou, mas estava completamente fraca e voltou a cair ao chão. Quando os movimentos da mulher pararam revelando que estava morta, foi então que Annie a soltou e se virou para a outra garota que tentava a todo custo se afastar.
— Ela falou o que você queria! – a mulher gritou com dificuldade – Vá se foder, eu não vou te contar nada!
— Tá tudo bem. – Annie balançou a cabeça e pegou um cano grande e enferrujado que estava no chão – Eu acredito nela. – e então o desferiu com toda a força na garota.
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