𝐋𝐗𝐗𝐈 - 𝐀𝐩𝐫𝐨𝐯𝐚𝐝𝐨𝐬
As coisas que ocorreram neste e no capítulo anterior não foram pré-determinadas, na realidade foi algo criado no momento.
Eu pensei: "nos próximos capítulos terá muita cena triste, então porque não extender um pouco mais essas cenas felizes e tranquilas?" Saiu um pouco da quantia de capítulos que eu tinha determinado, maaaaas ainda assim estou feliz. O próximo capítulo será o casamento(que iria ocorrer no capítulo anterior) e a festa, eu iria por neste capítulo, mas optei por me aprofundar e detalhar mais algumas cenas, colocando também algumas falas que antes não tinham e eu gostei de como ficou. De vdd.
Nota: no negócio dos esquadrões sendo selecionados, eu me baseei muito no anime do Asta, Black Clover. É bem no comecinho do anime.
Pedido de ajuda da autora: gente, rapidinho aqui, poderiam me ajudar sugerindo faceclaims pra Isa? Ela é uma garota de uns 12 a 13 anos. Pode ter qualquer aparência.
E o Paulo também, por favor. Só um homem alto(gordo) e bem barbudo. Eu imploro pq n conheço nenhuma faceclaim boa 😭😭
Espero que estejam gostando, de vdd ❤️
Bom, é isso, boa leitura amores
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Eleazar ficou quase duas horas observando todos os anéis que conseguiram encontrar e juntar, eram todos lindos e perfeitos, uns mais chamativos e outros mais simples, mas todos lindos. Não era segredo que o jovem tinha bom gosto e ninguém podia negar isso. O trio estava em volta de uma mesa olhando atentamente os anéis ali postos, Gally e Annie esperando as avaliações do mais velho que parecia olhar tudo com desaprovação.
— Nenhum parece bom. – Eleazar murmurou totalmente insatisfeito.
Gally estava com a mão no queixo, analisando cada um dos anéis, até que puxou um e o observou de perto.
— Que tal esse? – sugeriu, o anel era fino e prateado, mas haviam pequenos detalhes de folhas desenhadas.
— Não. – balançou a cabeça – Não é a cara dela.
— Bom, nós vimos todos esses anéis. – Annie suspirou – E nenhum é a cara dela.
— Tem que ser o anel perfeito.
— Que tal voltarmos a procurar? – Gally sugeriu novamente – A sala é grande, tem muita coisa e com certeza deve ter algum anel a mais perdido por entre essas pilhas de caixas.
Eleazar suspirou derrotado e murmurou:
— Tudo bem. – e com o ar completamente desanimado, ele se virou e voltou a andar pela sala.
Eleazar sempre foi totalmente devoto a Jade e, de alguma forma, era engraçado para Annie vê-lo daquela forma tão abatida. Ele sempre foi forte, brincalhão com piadas horríveis e ideias tão idiotas que beiravam a burrice e ao suicídio, mas era algo novo vê-lo agachado e encolhido enquanto vasculhava uma caixa totalmente cabisbaixo. Um sorriso de lado surgiu em seus lábios, então virou-se para Gally e ele a olhou no mesmo instante.
— Qual sua cor favorita? – ele perguntou repentinamente.
— Bom… – ela pensou por rápidos segundos – Azul.
— Por quê?
Annie nunca teve uma cor favorita e nem se importou em ter, mas um sorriso surgiu em seus lábios enquanto observava as orbes curiosas e azuis do garoto, jamais diria a ele que amava seus olhos e foram eles que influenciaram sua escolha. Vendo a curiosidade do garoto, ela apenas respondeu:
— Bom, porque me lembra do oceano e do céu. Vamos voltar a procurar e ajudar Eleazar.
Dito isso e eles voltaram a buscar, vasculharam cada penteadeira e cada caixa, encontraram diversos outros anéis e outros acessórios, mas não encontraram nenhum que Eleazar gostasse. O homem desistiu e não importava o quanto Annie e Gally tentavam incentivá-lo, ele apenas desistiu, agradeceu a dupla e então saiu completamente triste. Annie suspirou cansada vendo o homem desaparecer, então colocou as mãos na cintura e balançou a cabeça.
— Vamos embora. – murmurou e andou em direção a saída indo atrás de Eleazar.
Gally foi dar um passo, mas olhou uma última vez para a mesa cheia de anéis e notou um em particular. Ele se aproximou e pegou o pequeno objeto brilhoso, aproximou de seus olhos e rapidamente seus lábios abriram em um sorriso. O anel era simples, era fino e tinha uma pequena pedra azul brilhante, mas era completamente lindo. Era perfeito. Rapidamente ele enfiou o anel no bolso e correu até a dupla.
Embora Eleazar estivesse completamente cabisbaixo por não ter encontrado o anel perfeito, ainda assim Annie não deixou de começar os preparativos para o casamento. Rapidamente avisou Tanya que concordou com a ideia de cozinhar, mencionando a possibilidade de fazer um bolo grande e os ingredientes que iria gastar. Annie apenas concordou e saiu logo em seguida. E o próximo a ser avisado foi Gabriel que não pareceu tão contente com o fato de terem ido ao shopping.
— Vocês o quê? – ele exclamou.
— Desculpa, a gente não pegou nada de lá. – apressou-se em explicar. – Eleazar não gostou de nenhum.
— Como ele iria gostar se ele não entende nada? Aqueles anéis são maravilhosos e todos seriam perfeitos para Jade, então por que não me chamaram? Eu poderia muito bem ajudar!
— Não ficou chateado de a gente ter mexido nas suas coisas? – arqueou uma sobrancelha.
— Mas é claro que não, aquelas coisas estão lá para serem usadas e não ficarem pegando poeira. Infelizmente não tínhamos nenhum evento em que pudéssemos usar, mas agora temos e eu vou preparar toda a decoração! Vai ser no shopping, não é?
— Eu não…
— Perfeito! – ele a cortou – Já sabe o dia? Preciso me preparar antes, já tenho em mente os vestidos e roupas que todos usarão…
— Espera aí, vestidos?
— Só preciso pegá-los para lavar, há também os sapatos e os acessórios. Teremos dança também, vou ver algumas músicas perfeitas e românticas e todos nós vamos dançar. Ah, meu grande dia chegou! – ele abriu um largo sorriso e então saiu apressado ignorando os chamados de Annie.
Ela ficou ali o observando se afastar quase que saltitante. Um suspiro saiu de seus lábios enquanto as sobrancelhas estavam erguidas, mas balançou a cabeça e apenas saiu dali. Os outros membros também foram informados do casamento, mas estavam proibidos de contar a Jade e naquela tarde todos se reuniram no escritório do esquadrão. Félix analisava alguns papéis de anotações dos jovens que passaram na seleção, inclusive o outro grupo que também iria participar da última fase, mas não encontrava mais nenhuma coisa suspeita. Tanya observava os mapas atentamente, analisando possíveis locais que seriam alvos de ataque de Andrey, mas era visível que ela estava perdendo sua concentração rapidamente.
Darlan e Jade estavam lendo um livro e Gabriel fazendo anotações em seu caderninho, por alguma razão ele olhava para todos ali e então voltava a escrever. Ele fixou seu olhar em Tanya por alguns segundos, então escreveu algo, mas logo balançou a cabeça em negativa e rabiscou o que havia escrito. Eleazar estava sentado ao lado de Jade, sua mão repousada em sua coxa enquanto ele estava com a cabeça no encosto do sofá muito provavelmente dormindo. O som baixinho do rádio preenchia o ambiente não deixando o silêncio reinar, foi então que Gabriel pulou da cadeira e exclamou:
— Eleazar, posso conversar com você?
Jade deu uma leve cotovelada no homem que despertou num salto, então olhou preocupado para a mulher e ela apenas apontou para Gabriel. Eleazar o encarou confuso:
— Quê?
— Posso falar com você? – repetiu.
— Ah, claro. – ele pareceu confuso de começo, mas logo se levantou e andou até a saída junto do garoto.
Quando a porta se fechou assim que os dois saíram o silêncio voltou a reinar, mas logo foi cortado por uma pergunta repentina de Jade:
— Aconteceu alguma coisa?
— Não. – Annie respondeu rapidamente – Só… Gabriel sendo Gabriel. – a mais velha estreitou os olhos encarando Annie, mas deu de ombros e voltou a leitura – Bom, tenho que ir atrás de Priscila.
Do lado de fora da base, Gabriel e Eleazar andavam em silêncio lado a lado e o mais novo mantinha um leve sorrisinho nos lábios enquanto guiava o mais velho até o térreo de um dos prédios para observarem o movimento dos outros moradores. Todos ocupados em suas funções, ou tirando um tempo de pausa para relaxar e descansar enquanto conversavam animados.
— Você ainda não conseguiu encontrar o anel para Jade, não é? – Gabriel perguntou e então Eleazar balançou a cabeça em negativa, visivelmente triste – Acho que isso vai servir. – e então ele puxou um cordão de dentro de sua roupa, um colar que o mais velho nunca sequer tinha percebido que ele usava e nele havia um lindo anel prateado brilhante com uma pequena pedra verde. Gabriel pegou a faca de seu coldre cortando o cordão preto, então puxou a mão de Eleazar e colocou o anel ali – Era da minha mãe, é uma pedra de jade e acho que ela pode gostar desse anel.
Eleazar estava extremamente surpreso com aquilo, abriu a boca para tentar falar, mas apenas gaguejou algumas palavras e não conseguiu finalizar. Ele olhou para o anel em sua mão completamente calejada, era brilhante e lindo e ele podia ver facilmente Jade usando e como combinaria com ela, mas rapidamente recusou e falou:
— Mas era da sua mãe, garoto!
Gabriel apenas balançou a cabeça em negativa e o respondeu:
— Não há problemas. Eu não me lembro da minha mãe, ela morreu há muito tempo e, de qualquer forma, eu ficaria feliz em ver Jade usando esse anel. Ficará perfeito para ela.
— É, ficará mesmo. – ele sorriu e fungou, era possível ver o sutil brilho das lágrimas nos cantos de seus olhos.
— Vai pedir a mão dela quando?
— Hoje, ao pôr do sol.
— Bom, vocês tem… – Gabriel olhou para o relógio em seu pulso e sorriu – Quatro horas. Eu já fui no shopping pegar as roupas que todos usarão, mas falta lavá-las. Vamos organizar todo o casamento e será maravilhoso.
— Obrigado, garoto. – Eleazar sorriu limpando a lágrima de felicidade que escorreu de seu olho.
Enquanto isso, Annie buscava por Priscila por toda a base, mas não conseguia encontrá-la. Perguntou para todos que apareciam em sua frente, entretanto ninguém sabia lhe responder nem sequer tinham a visto e isso causou um desconforto na garota. Vários minutos depois a encontrou saindo do banheiro, uma mão em seus lábios e o olhar perdido, além de tudo parecia pálida.
— Pri! – Annie correu até ela, a desconfiança desaparecendo de seu ser dando lugar a preocupação – Ei, cê tá legal?
— Eu… – ela sussurrou, evitando olhar nos olhos de Annie – Tô, eu tô sim.
— Fala a verdade, o que aconteceu?
Priscila a encarou, os olhos lacrimejando e os lábios trêmulos, então agarrou com força as mãos de Annie e ela pôde sentir quão fria estavam e como tremia. Com a voz trêmula e fraca, ela sussurrou:
— Eu acho que tô grávida.
Annie segurou com força o sorriso que queria surgir em seus lábios, pois já sabia disso graças a Mattie e apenas perguntou tentando parecer o mais calma possível:
— Você tem certeza?
— Tenho, estávamos um pouco embriagados e não… e ele… você sabe. – sussurrou enquanto o rosto corava e desviava o olhar novamente.
— Não se preocupe com isso, sei que você e Mattie vão…
— Espera, eu não falei que ele era o pai. – a garota a interrompeu.
— É que ele… meio que já havia me dito antes. – Annie sorriu.
— Ah, francamente. – Priscila suspirou – E o que faço? O que vou fazer?
— O que sempre fazemos. – Annie deu de ombros com um largo sorriso em seus lábios – Vamos continuar nosso trabalho, quero dizer, você só vai continuar daqui uns anos. A partir de hoje está de folga, mocinha, isso é uma ordem! Quero meu sobrinho se desenvolvendo bem e você completamente relaxada.
— Annie, eu não posso ficar grávida!
— E por que não? – a pergunta não foi respondida, pois Priscila apenas caiu em lágrimas o que fez Annie puxá-la para um forte abraço enquanto esfregava suas costas – Você tá sobrecarregada, eu entendo, mas relaxa. Vou fornecer tudo o que você precisar, Mattie também, além disso vocês serão ótimos pais e essa criança vai ser maravilhosa. Vamos fazer dar certo, entendeu? Vamos fazer dar certo.
Priscila afundou no abraço, deitando sua cabeça na curvatura do pescoço da amiga e soluçando de tanto chorar. Annie apenas sussurrava palavras de conforto enquanto continuava esfregando suas costas, deixando a garota descarregar suas emoções enquanto pouco a pouco ia acalmando.
— Posso dar uma sugestão de nome se for menina? – Annie perguntou e Priscila apenas assentiu levemente com a cabeça – Elysia. Significa “paraíso” ou “lugar de luz”, acho que é um nome bonito se for menina.
Aos poucos Priscila foi se acalmando, o choro diminuiu, mas não se afastaram e a garota encontrou o conforto necessário para aquele momento nos braços de sua líder. Annie respirou fundo, fechou os olhos e riscou a garota de sua lista de suspeitos, Priscila nunca trairia seu esquadrão.
Naquele dia, durante o pôr do sol, Eleazar pediu a mão de Jade em casamento. Ele tinha pedido uma ajuda para Tanya que preparou um jantar especial para os dois, com direito a vinho e velas e até uma música romântica que tocava baixinho no rádio ao fundo. Após isso eles andaram um pouco pela base e foram até o prédio mais alto onde poderiam ver melhor o pôr do sol.
— É lindo. – Jade sussurrou sorrindo enquanto olhava o horizonte, sendo banhada pela luz dourada que fazia sua beleza parecer surreal. Eleazar sentiu seu coração palpitar com força, era como se fosse a primeira vez que a via e seu corpo e cérebro pareciam entrar em choque total.
— Jade. – ele sussurrou – Você é a mulher mais linda e amorosa do mundo, eu sou um puta cara de sorte por ter você ao meu lado. – o sorriso de Jade permaneceu em seus lábios enquanto corava com aquelas palavras – Você é a razão para eu continuar vivo e levantar todas as manhãs, você é todas as razões que eu preciso e mais. Minha vida só começou e teve significado quando eu a conheci.
Jade estava com os olhos lacrimejando completamente emocionada com aquelas palavras, afinal Eleazar não era do tipo que expressava seus sentimentos dessa forma. Claro que todos os dias ele elogiava Jade, principalmente ao acordarem juntos, ele sempre a beijava e murmurava o quão linda era, mas aquelas palavras eram diferentes. Aquela declaração não era tão comum assim. Foi então que ele se ajoelhou diante dela e puxou o anel de seu bolso, ao ver a cena Jade abriu a boca e quase gritou de surpresa e animação.
— Jade, você quer se casar comigo? – ele perguntou.
As lágrimas escorriam por seu rosto sem parar, ela queria falar “sim” mil vezes, queria gritar com toda a força a palavra “sim”, mas o choque, a animação e o choro foram tão fortes que ela não conseguia falar e apenas balançou a cabeça de maneira fervorosa. Após pôr o anel em seu dedo, Eleazar se levantou e a beijou enquanto seus braços envolviam sua cintura e a giravam no ar. Ali, banhados pela luz dourada do pôr do sol, eles riram e choraram de felicidade.
Poucas horas depois Jade apareceu correndo no escritório, abriu a porta com força enquanto ofegava com a felicidade estampada na cara, todos a encararam um pouco surpresa já que uma entrada tão agitada quanto aquela não era bem sua cara.
— ELEAZAR ME PEDIU EM CASAMENTO! – ela praticamente berrou e deu vários pulinhos e gritinhos de felicidade.
— Sério? – Annie perguntou, tentando forçar surpresa.
— Que maravilha, Jade! – Tanya forçou um sorriso enquanto tentava manter o segredinho escondido.
— Finalmente, né gata? – Gabriel falou rindo – Depois de tantos anos o homem foi reagir.
Jade franziu o cenho encarando a reação esquisita de Annie e Tanya, então apontou com o polegar para as duas e perguntou:
— Vocês já sabiam?
Praticamente todos naquela sala começaram a rir, então Annie se virou para a mulher e revelou:
— É claro que sim! Eleazar pediu nossa ajuda com tudo, já estamos organizando a cerimônia e tudo mais.
— Cerimônia? – exclamou arregalando os olhos.
— É, ué. – Tanya arqueou uma sobrancelha – Achou que ele ia pedir sua mão e ia ficar só por isso mesmo? Vamos organizar um banquete, a festa e a cerimônia. Tudo!
Jade levou as mãos até o rosto, novas lágrimas de comoção e felicidade brotando em seus olhos:
— Queridos, vocês… vocês…
— Você merece, Jade. – Annie sorriu – Tudo será perfeito!
— Até porque sou eu que estou decorando e organizando tudo, não é? – Gabriel comentou convencido, o que fez todos ali rirem novamente.
**
Durante a tarde do dia seguinte, todos os jovens da Seleção foram guiados até um prédio e seguiram até um grande salão retangular onde podia se ver apenas fileiras de cadeiras espalhadas. Na parede onde ficava a porta em cada lado havia duas fileiras de cadeiras, nas paredes na esquerda e na direita tinham três conjuntos separados de fileiras de cadeiras. Cada conjunto tinha três fileiras com cinco cadeiras, contabilizando quarenta e cinco cadeiras em cada lado do salão e, ao fundo, havia uma mesa retangular e três cadeiras. Os soldados guiavam os jovens até às cadeiras na porta, quando todos se sentaram os homens foram se posicionar, um em cada canto e ficaram ali prontos para qualquer problema.
O quarteto se sentou junto como de costume desde que se conheceram, Júlia precisava respirar profundamente várias e várias vezes apenas para conseguir se acalmar e mesmo assim parecia extremamente nervosa. Luan não estava tão diferente dela, continuou roendo suas unhas desde que acordara e não parou mesmo quando estavam prestes a chegar na carne, enquanto roía, a sua perna continuou tremendo de maneira ansiosa. Isa era o extremo oposto dos dois, ao invés de estar ansiosa estava, na verdade, animada com tudo aquilo. Quando encontrou Gally naquela manhã, ela apenas disse que não estava preocupada se não fosse escalada para algum esquadrão, já que sabia que seu desempenho havia sido bem baixo. O garoto percebeu que ela mentia, seu maior desejo era fazer parte de um esquadrão, mas parecia tentar lidar com a ideia de que isso não iria acontecer.
— Eu vivi nessa base desde que meu irmão e eu fomos resgatados. – ela revelou durante o desjejum daquela manhã – Ele entrou em um esquadrão e como eu era muito nova fiquei sob sua supervisão. Porém, quando ele morreu, os líderes deixaram eu permanecer e viver na base. Só que… – o olhar distante e triste não passou despercebido para Gally, ela prosseguiu enquanto remexia a comida – Eu queria fazer meu lugar valer a pena. Não ser um estorvo como acabei sendo nas últimas provas, sabe?
Gally não soube exatamente o que falar para consolar sua amiga, então apenas ouviu seu desabafo em silêncio. Agora ali, ele observava enquanto ela exalava animação, parecia se segurar para não pular na cadeira. O garoto, no entanto, estava calmo e tranquilo. Sabia qual esquadrão iria entrar, mas ainda assim conseguia sentir uma leve sensação de satisfação por ter feito por merecer e conquistado seu lugar no esquadrão e na base.
Naquele momento os líderes entraram no salão e seguiram diretamente para as três cadeiras ao fundo, enquanto isso um soldado com uma prancheta falava coisas que pareciam importantes para eles, mas Annie não parecia muito interessada já que virou para acenar para o quarteto e então olhar todo o salão atentamente. Mattie ouvia atentamente cada palavra do soldado, enquanto Triz tinha uma expressão furiosa em seu rosto.
Gally não se importou nada com Triz ou sua expressão furiosa, então virou-se para ver outras pessoas entrando e assumindo seus lugares nas cadeiras à direita. Eram todos membros dos esquadrões, pode ver Jade, Eleazar, Tanya e Darlan assumir seus lugares no primeiro conjunto. No segundo conjunto de cadeiras ele viu Luana, então notou que aqueles eram membros do esquadrão Cobra e no terceiro conjunto estava Harlan, namorado de Luana, e ali estavam os lobos. Luana lançou um olhar furioso para Gally, ele percebeu rapidamente que ela guardava rancor desde a última vez que se falaram, afinal havia dito coisas cruéis, porém verdadeiras, para a garota e ainda saiu no soco com Harlan.
— Soube que Mattie ficou furioso com a briga que vocês tiveram. – Isa comentou notando o olhar demorado que Gally lançava para o casal.
— É, ele ficou bem furioso mesmo. – o jovem desviou o olhar para a menina e se lembrou de como ele agiu tão firmemente na frente de todos.
— Não, ele realmente ficou furioso. Digo… ele puniu Harlan por aquilo.
— Por brigar comigo? Pelo que me lembro, ele puniu Harlan por não responder as perguntas dele. – Gally arqueou uma sobrancelha e lançou um olhar confuso para Mattie que ainda conversava com o soldado.
— Também. Ele tinha dado a função de lavar a louça e os banheiros sozinho por um mês, mas daí ele pegou Harlan contando mentiras sobre você. Mattie não ficou nada feliz e intensificou a punição anterior, ainda aplicou novas. – Isa suspirou – Acho que Mattie se importa contigo, sabe? Do jeito dele. Harlan ainda está cumprindo a punição, mas praticamente implorou para vir ver a Seleção e Mattie aceitou para ele calar a boca.
— Como… Como você sabe disso?
— Sou fofoqueira. – ela deu de ombros.
Gally arqueou as sobrancelhas e suspirou, então uma voz masculina chamou a atenção de todos e ele se virou para olhar o soldado com a prancheta falar.
— Certo, pessoal, primeiramente gostaria de parabenizar a todos aqui por terem concluído com sucesso todos os exames. – ele pigarreou limpando a garganta e então olhou a prancheta – Infelizmente, algumas pessoas morreram nesses exames, mas vocês conseguiram e hoje iremos descobrir para qual esquadrão vocês irão. Iremos chamar com base na pontuação que os líderes deram a vocês no segundo exame, começando pelo finalista, Gally. – e então todos se viraram para ele – Levante-se e venha até aqui.
Gally levantou-se em silêncio, Isa dava pulinhos de felicidade em sua cadeira enquanto Júlia e Luan lançavam olhares ansiosos para ele, mas o jovem apenas ignorou tudo e se dirigiu até o lado do soldado. Os dois olharam para os líderes, então o homem perguntou:
— E então, líderes?
Annie e Triz levantaram as mãos juntas, Mattie nem se deu ao trabalho já que sabia que o garoto pertencia a sua irmã. Annie lançou um olhar intenso para Triz, tentou ocultar sua fúria, mas não conseguiu. Não era como se Gally fosse para o esquadrão dela, ela sabia disso, mas um leve sentimento de possessividade se formou dentro dela naquele instante vendo que sua irmã ainda parecia ter interesse nele e não conseguiu controlar.
— Os esquadrões Raposa e Cobra estão interessados em você, rapaz. – o soldado disse – Qual quer se juntar?
— Raposa. – ele respondeu tão rápido que mal deu tempo do soldado finalizar a pergunta, então apenas o guiou até o conjunto de cadeiras do lado esquerdo e mandou que se sentasse.
Naquele momento, Jade e Eleazar explodiram em gritos, os quatro aplaudiam a entrada do garoto, sendo oficialmente uma raposa naquele dia. Gally sorriu com aquilo, os olhares todos focados nele, mas não se importou nem um pouco. A Seleção seguiu seu curso, Lucas foi chamado logo em seguida e foi para o esquadrão de Mattie, e então todos os garotos eram selecionados para os esquadrões Cobra e Lobo. Annie não fez menção de sequer levantar a mão uma única vez, nem pensou na possibilidade, apenas ficou lá encarando todos com cara de tédio e diferente de Mattie e Triz, ela não tinha nenhum papel com anotações ou nomes de integrantes que pudessem ser interessantes. Ela apenas olhava tudo com extremo desinteresse.
Júlia e Luan foram para o esquadrão Lobo, Gally se sentiu aliviado por aquilo já que não os queria no esquadrão Cobra ao lado de Triz. Então chegou a vez de Isa, Gally se remexeu na cadeira observando atentamente quem iria escolhê-la, ela era a última e com a pontuação mais baixa, além disso estava com o gesso em seu braço e era a mais jovem de todos ali. Quando o soldado perguntou aos líderes, ninguém levantou a mão e ela seria a única que não iria para algum esquadrão, a garota manteve o sorriso firme, mas de onde estava Gally podia ver sutis lágrimas e o olhar de frustração.
— Certo. – o soldado anunciou – E com isso, Isa não será escalada para nenhum esquadrão, então…
— Espera. – Annie chamou sua atenção, então quando todos a olharam ficaram surpresos que seu braço estava levantado – Ela fica no meu esquadrão.
A surpresa ficou estampada em todos na sala, afinal não era a escolha comum de Annie, até mesmo o soldado demorou para processar aquilo. Entretanto, no conjunto de mesas com os membros antigos dos raposas, eles explodiram em palmas e gritos eufóricos. Eram os únicos que comemoravam a adição de algum membro, os outros apenas batiam palmas. Eleazar juntou os dedos na boca e assobiou bem alto.
Isa olhou para Annie, depois para os membros que comemoravam sua entrada, para Gally que aplaudia sorrindo e então voltou a olhar a líder. Seus olhos encheram de lágrimas e começou a dar pulinhos e gritinhos de felicidade. Mattie se levantou e chamou a atenção de todos, os ânimos aos poucos se acalmando, então anunciou:
— Agora vocês fazem parte de um esquadrão, todos vocês têm deveres e regras a seguir para com seu esquadrão e com a base. Os novatos serão levados pelos membros antigos para que eles lhe expliquem melhor a função que terão daqui para frente, vão!
E com isso todos se levantaram, os membros antigos dos esquadrões foram até os novatos e os cumprimentaram parabenizando-os. Jade abraçou Gally com tanta força que ele ficou sem ar por alguns segundos e Eleazar deu um tapa tão forte em suas costas que quase caiu para frente.
— Parabéns por entrar. – Jade também abraçou Isa com cuidado visando não machucar mais seu braço engessado. – Estamos felizes por estar em nosso esquadrão agora.
— Obrigada! – Isa arregalou os brilhantes olhos enquanto a admiração que sentia pela mulher fazia com que seu ser fosse atingido por uma avassaladora felicidade, seus lábios se abriram em um largo sorriso enquanto olhavam para todos ali.
— Parece que não vou mais me livrar de você, tampinha. – Gally murmurou com um sorrisinho enquanto a olhava. Não podia negar a surpresa pela decisão de Annie, mas estava feliz por Isa ficar em um esquadrão.
— Que azar, hein. Vou te atormentar pelo resto da sua vida.
— Agora vocês são oficialmente do meu esquadrão. – Annie se aproximou com as mãos enfiadas no bolso e uma expressão tranquila em seu rosto.
— O que a gente faz agora, chefe? – perguntou Isa completamente animada.
— É… – Annie franziu o cenho visivelmente desconfortável com aquela palavra – Me chama de chefe não, eu odeio isso. Mas, para a felicidade de vocês, Jade irá apresentar o funcionamento do esquadrão e tudo o que fazemos. Tudo bem?
— E depois?
— É… depois a gente vê o que faz. – balançou a cabeça, o cenho novamente franzido.
— Bom, vamos, queridos? – Jade perguntou e a dupla apenas assentiu seguindo-a para fora, Isa quase pulando atrás dela.
— Tô surpreso que aceitou a garota. – Tanya murmurou cruzando os braços vendo o trio se afastar.
— É. – Annie deu de ombros – Gally gosta dela e eu também, a menina tem coragem.
— Se você diz. – ela balançou a cabeça e sorriu – Bom, eu tenho que ir, tenho um banquete para planejar.
— Boa sorte.
Após Tanya sair de perto deles, Mattie chamou por Annie e ela percebeu que ele estava com Triz e o soldado com prancheta. Seu olhar ainda estava cansado, mas parecia um pouco tenso e aquilo preocupou a garota que se aproximou deles rapidamente.
— O que aconteceu? – perguntou enquanto se aproximava.
— Uma finalista, Gabriela, não compareceu à seleção. – o soldado explicou.
— Foi a garota que estava no grupo de Triz. Sabe onde ela está?
— E por que eu saberia? – a garota respondeu rispidamente enquanto dava de ombros.
— Ela ficou no seu grupo na última prova.
— E daí? Eu só fiquei responsável por ela durante a prova, depois disso não mais. Se a garota não quis comparecer o problema é dela e não meu. – e ao dizer isso a garota saiu a passos largos.
Mattie apenas suspirou cansado enquanto a viam se afastar. O soldado também se afastou dizendo que tinha anotações para fazer, então Annie murmurou vendo todos ali saírem:
— Eu procurei a garota pela base toda e não a encontrei.
— Foi embora ou está se escondendo? – ele perguntou em um sussurro.
— Ou morta. Triz deve ter feito algo, sei só de olhar pra cara dela.
— Bom, não podemos fazer nada a respeito e ainda temos o próximo grupo de jovens para examinar. Vamos?
— Vocês, né? Porque ali não tem ninguém interessante.
Mattie balançou a cabeça e os dois seguiram em direção a saída.
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