Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝐋𝐗𝐗 - 𝐀 𝐛𝐮𝐬𝐜𝐚 𝐩𝐞𝐥𝐨 𝐚𝐧𝐞𝐥 𝐩𝐞𝐫𝐟𝐞𝐢𝐭𝐨

Gostaria de dizer que sou EXTREMAMENTE BURRA pq eu apaguei o TikTok pra liberar espaço e conseguir ajudar minha irmã, só que eu não sabia que apagando o TikTok você perde >TODOS< os rascunhos e tinham vídeos lá que eu guardei pra postar mais pra frente e simplesmente apaguei da minha galeria 😭😭😭😭😭😭😭
"Ah, Nammie, mas tem escrito na aba dos rascunhos que eles apagam quando você exclui o aplicativo"

Amore, mesmo se fosse um cartaz ENORME, com luzes piscando, letreiro BRILHANDO e SETAS GIGANTESCAS, eu NÃO IA LER pq eu sou LERDA NESSE NÍVEL
Enfim, surtos e choros.

E eu digo que SE CONTINUAR APARECENDO música triste na minha Fy, principalmente aquela lá em espanhol "nesta casa não existe fantasmas, são puras recordações", EU VOU ME MATAR SÉRIO N.AGUENTO MAIS, JA N BASTA A DEPRESSÃO Q TO SENTINDO DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS DE INFECYED

Enfim, surtos já surtados e desabafados, eu gostaria de dizer que estou AMANDO o surto e as teorias de vocês no último capítulo. Tô amando ver vocês desconfiando dos membros raposas KKKKKK sério, eu tô amando mesmo KSKSKSKSK

E, bom, o capítulo tem 5k, era pra ter a festa nesse capítulo, mas a autora aqui esqueceu que tinha q colocar essa cena ANTES e que a cena do casamento ia ser NESSE capítulo. E o capítulo só ficou com 5k de palavrinhas, yey. Que lindinho. Kkkkkkk

Queria mostrar TB a Annie em IA, ia postar no cap do próximo arco, mas pq n postar AGR? Né

Mas é isso, a leitura tá agradável, não tem nada triste, então boa leitura amores ❤️

_____

      A música soava animada no carro enquanto Isa, Julia e Luan conversavam no banco traseiro. Aquela tensão de antes da prova parecia ter desaparecido e o casal estava mais à vontade, algo que deixou Annie levemente tranquila. Gally seguia em silêncio, vez ou outra entrando na conversa quando era chamado, mas passou a maior parte do tempo olhando Annie em silêncio enquanto se recordava de seu encontro naquele prédio. 

 — Ah, essa é minha música favorita! – exclamou Isabella – Pode aumentar? – pediu animada enquanto dava batidinhas com a mão boa na parte de trás do banco de Annie.

 — Ah, claro. – Annie ficou surpresa com o pedido e então aumentou, não demorou muito para ouvir a menor cantando.

  — Risin' up, back on the street; Did my time, took my chances; Went the distance, now I'm back on my feet; Just a man and his will to survive.

      Júlia e Luan logo se juntaram à cantoria com Isa e o trio cantava alto no banco de trás, não importava qual música tocava, eles sabiam e cantavam juntos de maneira desafinada e animada. Annie encarou Gally com uma sobrancelha arqueada e o rapaz estava tão surpreso quanto ela, mas logo caíram na risada. O caminho de volta foi o extremo oposto da ida, os três estavam mais tranquilos e relaxados e Gally se recostou no banco, as pálpebras pesando a medida que os minutos passavam.

      Algumas músicas depois e o trio estava cansado, Annie percebeu que Gally estava começando a cair no sono no banco de passageiro e então diminuiu a música, quando Júlia a questionou do motivo a líder apenas apontou com o polegar para o rapaz e então eles entenderam.

 — Ele ficou acordado a noite toda. – murmurou Luan.

 — Sério? – Júlia o encarou surpresa – Pensei que vocês dois fossem ficar vigiando.

 — E íamos, mas ele não me acordou e ficou a noite toda acordado.

 — Então vamos deixá-lo descansar. – disse Annie – Não vamos demorar muito para chegar.

     E, como prometido, eles chegaram quase meia hora depois e Annie estacionou o carro no pátio onde outros dois carros já estavam. Com um suave toque em seu ombro Gally despertou e limpou a fina linha de saliva que tinha escorrido de seus lábios, enquanto seus olhos azuis olharam atordoados tudo ao redor.

 — Chegamos, Bela Adormecida! – Annie exclamou e então saiu do carro. 

      Todos saíram atrás dela e adentraram a base. Alguns guardas explicaram para Annie onde os outros estavam e eles seguiram até o refeitório, quando chegaram lá havia menos pessoas que quando saíram na noite anterior, alguns estavam com a aparência horrível e olhares apavorados e outros apenas estavam quietos. Todos tinham pratos com comida à sua frente, mas nem todos comiam. Mattie estava sentado com Priscila em um banco no fundo, mas levantou assim que viu Annie e foi em direção a ela.

 — Onde diabos esteve? – ele perguntou em tom preocupado.

 — Nós tivemos um contra-tempo. – explicou, o que não era mentira, afinal a espera do grupo até o ponto onde foram deixados levou mais tempo do que Annie esperava. – O que aconteceu?

 — Três pessoas morreram. – ela sabia que dentre essas três estavam Emilly e Carmila, mas ficou surpresa com mais uma – Um do grupo de Triz. Bom, vamos explicar. – suspirou e então se virou para o quarteto – Vocês aí, vão se sentar, vamos começar a explicação.

      Annie olhou para eles e assentiu com um leve sorriso para que o obedecessem e, quando o fez, eles foram se sentar em uma mesa próxima. Com todos – ou quase – ali, Mattie logo suspirou e tomou a dianteira:

 — Seguinte, pessoal, atenção em mim! – exclamou bem alto, o som de sua voz firme parecendo ecoar no grande refeitório, então todos ali olharam para ele – Parabéns a todos os presentes, vocês concluíram com sucesso todos os exames da Seleção e foram aceitos na base. Foi difícil, exaustivo e doloroso, sabemos disso, mas agora vocês estão conosco e podem relaxar um pouco. As provas deram a vocês experiências valiosas, uma visão de mundo que não teriam no dia a dia e agora estão preparados para enfrentar os perigos do mundo com coragem. Antes de continuar a explicação, gostaria de saber se vocês tem alguma pergunta. – e no mesmo segundo Luan levantou a mão o mais alto que pode, Annie levantou as sobrancelhas nem um pouco surpresa com aquilo, afinal uma vez perdido o medo ele parecia uma metralhadora de perguntas – Sim?

 — E como saberemos qual esquadrão iremos entrar? 

      Gally franziu o cenho enquanto se recordava de Luana falando sobre os esquadrões, mas não se lembrava se havia explicado como eram recrutados. Aquela pergunta o fez ficar curioso e então encarou Mattie atentamente.

 — Em dois dias nós teremos, de fato, a seleção. – ele explicou – Onde nós escolhemos vocês.

 — E como funciona? – Isa perguntou tão rapidamente que pareceu não se tocar que havia dito, então no segundo seguinte suas bochechas coraram violentamente.

      Mattie suspirou, os ombros baixos e o olhar fundo pelas noites mal dormidas, vendo o estado do irmão, Annie se aproximou e colocou a mão em seu ombro com firmeza. Rapidamente tomou a frente e começou a explicar:

 — Com base nas pontuações do segundo exame, vocês serão chamados um por um, sendo assim Gally que foi o vencedor será o primeiro a ser chamado. – explicou olhando todos – Nós três ficaremos diantes de todos vocês, assim que seu nome for chamado iremos levantar a mão caso desejamos vocês no nosso esquadrão. Se mais de um líder desejá-los em seu esquadrão, então vocês terão o direito de escolher qual irão querer. 

 — E se não formos chamados para nenhum esquadrão? – um garoto ao fundo, Miguel, perguntou.

 — Vocês serão designados a tarefas dentro da base, embora não irão ter as tarefas junto dos esquadrões principais, ainda assim estarão sob nosso teto e proteção. Podem ingressar como enfermeiros e aprender com Agatha, como cozinheiros e outras tarefas a mais. 

       O silêncio reinou sob o refeitório, notando os vários sentimentos passarem pelos olhos de todos ali, ela rapidamente continuou:

 — Vocês estão cansados, três pessoas morreram durante esse teste, mas vocês conseguiram e passaram com sucesso. Vão para seus aposentos, se limpem e descansem pelos próximos dias, pois daqui dois dias a vida de vocês na base vai começar. – ela sorriu – Estão dispensados.

    E, dito isso, eles se levantaram e saíram dali. Annie percebeu Isa puxando Gally para fora com animação enquanto chamava Júlia e Luan para irem juntos, o restante também saiu sobrando só Mattie e Annie ali, por alguma razão Priscila saiu sem que ela percebesse.

 — E então? – perguntou baixinho – O que aconteceu?

      Mattie olhou ao redor, então apenas balançou sutilmente a cabeça para que o seguisse e os dois saíram dali. Andaram em silêncio até chegarem na sala de Lawrence, o homem lia calmamente um livro e tudo parecia tranquilo, mas seus olhos foram até a dupla que entrou e então ele fechou o livro jogando-o de lado.

 — E então? – perguntou.

 — Emily e Carmila estão presas. – Mattie revelou – Eu ouvi elas mencionarem o nome de Andrey.

 — E quem morreu? – Annie perguntou enquanto se sentava em um dos sofás ali.

 — Um garoto que estava no grupo de Triz, Caio. Triz não deu muitos detalhes de como ele morreu e nem os outros três sabem como ocorreu. – a explicação fez Annie franzir o cenho desconfiada.

 — Você conversou com o trio?

 — Ainda não. – ele suspirou colocando as mãos na cintura – Mas a menina está assustada, pelo que entendi foi ela quem encontrou o corpo.

 — Certo. – Annie esticou os membros enquanto bocejava – Vou ver se Eleazar conseguiu tirar alguma coisa do espião e depois converso com a garota.

 — Vai fazer tudo? – ele perguntou em tom preocupado enquanto a via se levantando.

 — Sim. – ela arqueou uma sobrancelha e deu de ombros – Preciso ocupar minha mente o máximo que posso e você não tem dormido direito. E quanto ao senhor? – lançou seu olhar para Lawrence.

 — O que tem eu? – ele perguntou.

 — Tá todo quietinho aí, como o senhor está?

 — Estou normal, como sempre. – ele esboçou um sorriso tranquilo. – Por que a pergunta?

 — Você é meu pai, ué. Seu bem estar é algo que me preocupa.

      E enquanto dizia, a garota apenas deu as costas e se dirigiu a saída sem esperar respostas. O caminho até o prédio onde o espião e Eleazar estavam foi silencioso, o sentimento angustiante ainda revirava seu estômago e ela tentava desesperadamente tirar as dúvidas de sua mente. Não queria desconfiar de sua família, de jeito nenhum, então engoliu o bolo que se formava em sua garganta e respirou fundo enquanto apertava o passo de modo que pudesse chegar mais rápido. 

     Eleazar estava em uma sala ao lado de onde Adrian estava preso, ele estava distraído enquanto limpava as mãos sujas de sangue com um pano já bem sujo de líquido vermelho. Embora as mangas estivessem dobradas até a linha de seu cotovelo, isso não impediu que os respingos de sangue manchassem sua roupa e seus braços. Annie imaginou o possível estado da face do espião, deveria entrar inchada como um balão, cheia de cortes sangrando e hematomas. Ela parou na entrada, cruzou os braços e apoiou o ombro na batente da porta, parecia que a mente do homem estava em outro lugar e não ali naquela sala diante de uma mesa com diversos instrumentos de tortura e um refém completamente ferido na sala ao lado.

 — Imagino que ele não tenha dito nada. – Annie comentou fazendo Eleazar olhar para ela – Seu jeito parece bem desanimado.

 — Ah, não… – ele balançou a cabeça enquanto levava a mão direita até os olhos e esfregava as pálpebras, era visível seu cansaço e Annie se questionou por quanto tempo ele estava fazendo aquela tortura. As mãos sujas de sangue deixaram resquícios em seu rosto e Annie percebeu, porém Eleazar parece não ter notado – Ele falou.

 — Ah, é? – ela se aproximou retirando um pano limpo de seu bolso e o entregando, apontando para o rosto para indicar onde estava sujo – O que ele disse?

 — Não muito. – suspirou pegando o pano e esfregando o rosto cheio de cicatrizes – Ultrapassei todos os possíveis limites, mas ele não sabia muito. Aparentemente Andrey tem um grupo de dez pessoas, devem ser adolescentes que ele manipulou e todos eles foram treinados e enviados para te ferir.

      Annie cruzou os braços com aquela revelação. Eles já tinham capturado três que eram Carmilla, Emily e Adrian e ainda faltavam sete. Se perguntou se Triz era parte disso e, se fosse, então teriam quatro pessoas. Provavelmente o traidor era um desse grupo e estava no seu clã, ela respirou fundo pensando em formas de descobrir a verdade sem parecer suspeito, mas era difícil desconfiar de sua própria família. 

 — É… Annie? – a voz de Eleazar a puxou para a realidade e ela notou a forma receosa que ele parecia dizer, como se pensasse bem nas palavras antes de dizê-las – Você… você sabe que Jade e eu estamos juntos há muitos anos, não é?

 — Bastante tempo, por quê? 

 — Todos sabem que somos um casal, mas eu queria oficializar isso. Quero pedi-la em casamento e me casar com ela, ter uma cerimônia e tudo o que podemos ter, eu quero que Jade tenha algo normal pelo menos uma vez. – ele revelou e pela primeira vez Annie sentiu o pesar em sua voz, afinal desde que entraram para o esquadrão a única coisa que faziam era sair em missões, uma atrás da outra, talvez algo comum como um casamento e uma festa fossem ideais para aquele momento tenso e sombrio. – Quero dar a Jade tudo o que eu puder, você sabe disso.

 — É claro. – Annie abriu um largo sorriso com aquilo e percebeu o alívio na postura do homem – Do que precisa?

 — Eu queria ajuda para escolher o anel. O nosso shopping deve ter vários anéis e queria ajuda para escolher um. Você pode me ajudar?

 — É claro que vou! Agora vá descansar, pode deixar que eu cuido do garoto. Iremos nesta madrugada, okay? Quando ela estiver dormindo.

 — Não deixar ela descobrir. – ele sorriu, começando a se animar com aquilo – Certo! Que horas?

 — Podemos ir às três da manhã, sem problemas. Agora vá.

     Eleazar sorriu e apenas assentiu saindo logo em seguida. Annie ficou ali sozinha, permaneceu parada olhando para a porta enquanto tentava se animar com a ideia, afinal Jade era sua mãe e ela merecia todas as coisas boas do mundo. Os pensamentos da garota começaram a tomar conta novamente, a sensação de culpa pelo traidor estar presente e por ser incapaz de dar uma vida calma e tranquila para Eleazar e Jade. Se fosse mais atenta, então não os pediria para eles saírem tanto nas missões e os deixaria na base vivendo uma vida tranquila. A culpa era o que piorava a situação e quando a sombra de um ataque de pânico começou a ameaçá-la, ela saiu.

      Adrian estava horrível, completamente banhado em seu próprio sangue e quando viu Annie entrar rapidamente se encolheu na cadeira, tentando a todo custo se afastar dela e temendo o mal que poderia fazer. A reação não a impressionou, os reféns sempre ficavam assim quando tinham visitas de Eleazar, então apenas se aproximou e colocou as mãos no bolso.

 — Quantos anos você tem? – ela perguntou.

     Adrian pareceu reunir forças para responder rápido, mas devia ter perdido um ou dois dentes e sua garganta devia estar extremamente seca. 

 — Dezesseis. – revelou com dificuldade, Annie apenas assentiu o observando atentamente.

 — O que aconteceu para que você viesse aqui a mando de Andrey?

 — Ele disse… que meus pais morreram… por sua causa. 

 — Como seus pais morreram? – Adrian não respondeu, apenas fuzilou a garota com os olhos cheios de lágrimas, mas ela apenas suspirou. Virou-se indo em direção a uma mesa no canto onde havia um copo e uma jarra com água, era uma forma de tortura que Eleazar usava as vezes, e ao depositar a água no copo ela o trouxe para Adrian. – Aqui, beba.

      Quando a jovem aproximou o copo de seu rosto, Adrian apenas a encarou chocado e desconfiado, mas a sede que ardia sua garganta era maior e o fez se aproximar e beber. Embora a dor pulsante, ele praticamente engoliu a água desesperado enquanto um pouco vazava pelos cantos sujando seu rosto.

 — Devagar. – alertou, mas não o fez parar e quando o copo estava seco tornou a perguntar: – E então? Como seus pais morreram?

     Adrian se ajeitou na cadeira, os pés e as mãos presas com força de modo que machucavam sua pele, tentou ficar confortável e apenas respirou fundo. Olhou-a com o olho bom, afinal o outro estava completamente inchado, e então murmurou:

 — Briga de bar. Andrey disse que foi em uma briga de bar e que você causou o alvoroço todo. Ele disse que você sempre frequentava aquele bar, então eu passei a ir de vez em quando e às vezes te encontrava lá. Eu estava presente no dia em que você levou aquele garoto da sobrancelha preso em uma coleira, vi quando você atiçou o homem e a briga começou, foi ali que eu percebi que Andrey estava certo. 

      Annie apenas o escutava em silêncio, após deixar o copo de volta na mesa ficou o escutando. Ela lembrava perfeitamente do dia, mas nunca sequer gerou brigas e desentendimentos nos bares. Aquela com Gally foi a primeira. Claro que já esteve envolvida em várias, mas nunca causou uma briga.

 — Sabe o que eu acho? – ela murmurou, a voz rouca – Que Andrey matou seus pais e o fez acreditar que fui eu.

 — E por que ele faria isso? Você matou a esposa dele!

 — É, não posso discordar disso, mas ainda assim ele misteriosamente encontrar você depois que eu supostamente matei seus pais é um pouco forçado. Vai me dizer que os outros do seu grupinho também tiveram parentes mortos por minha causa?

 — Nem todos. – a garota revirou os olhos com a resposta.

 — Seguinte, Adrian, não fui eu quem matou seus pais. Sinto muito pela perda, mas eu não fui a responsável. Andrey mentiu por querer vingança. – ela suspirou cansada – Eu gostaria de poder ajudar, de poder tirar você dessa e dar uma vida melhor, mas é visível em seus olhos que você voltaria para o colo dele. Então… – ela puxou a arma do coldre – Queime no inferno, fedelho.

      Ele tentou gritar, mas o tiro ecoou por todo o prédio e foi seguido de um silêncio ensurdecedor. Sem dar tempo a si mesma para pensar, ela apenas se virou e saiu dali. Precisava encontrar a garota do grupo de Triz, mas assim que foi ao seu dormitório não a encontrou lá. Passou a manhã toda vagando pela base em busca da mesma, até chegou a perguntar para algumas pessoas, mas ninguém a viu. Após horas procurando, ela apenas desistiu e foi para um lugar que há muito não ia. Quando chegou, viu o homem sentado enquanto lia um pequeno livro, a visão foi um tanto quanto inesperada para ela, mas logo pensou que o tédio devia ter sido o responsável.

 — Você, lendo? – Ela arqueou uma sobrancelha enquanto cruzava os braços.

 — Annie? – Paulo se virou, surpreso ao ouvir sua voz.

 — Oi, Paulo. – um sorriso tranquilo surgiu em seus lábios – Como tem passado?

 — Bem, bem. – ele fechou o livro e a encarou – Os últimos dias estão sendo bem chatos, não há nada para fazer.

 — Ah, Paulo, em dois dias você terá muita tarefa. – ela sorriu – Gally conseguiu terminar o último exame.

 — Sério? – ele ficou surpreso e um largo sorriso abriu em seus lábios – Sabia que ele ia conseguir. Afinal, você sempre tem razão, não é? – ele riu com a piada interna.

 — Sabe, Paulo, acho que não mais. – sua voz saiu baixa, apenas um sussurro fraco enquanto seus olhos começavam a arder forçando-a a piscar rápido para não chorar.

 — O que disse? – ele a encarou confuso, mas sem deixar aquele semblante feliz sair de seu rosto.

 — Acho que você venceu a aposta, afinal.

 — O que quer dizer? – seu sorriso desapareceu no mesmo instante – O que aconteceu?

 — Só problemas e mais problemas. Mas, mudando de assunto, você e Félix tem se visto muito?

 — Claro, todo dia como de costume.

 — Ele está bem? – ela notou Paulo franzir a testa e tentou agir normalmente – Estamos sob muita pressão do grupo de Andrey, parece que ele vai atacar uma das nossas bases de comunicação, então fico preocupada com o bem estar de todos.

 — Ah, Annie, ele está bem. Tem agido um pouco estranho ultimamente.

       Annie franziu a testa e seu peito doeu com aquele comentário.

 — Estranho, como? – foi difícil perguntar, tanto que suas palavras saíram apenas um sussurro fraco.

 — Ele tem falado muito sobre esse Darlan. – suspirou – Não fala toda hora, mas vira e mexe comenta alguma coisa. É sempre: “Darlan fez isso. Darlan falou aquilo. Sabia que o Darlan fez tal coisa”. Tô achando que meu filho é gay.

 — Mas o Félix é gay, Paulo! – ela o encarou confusa.

      Paulo franziu a testa olhando-a com uma clara confusão em seus olhos, ele abriu a boca para discordar, mas ficou mudo por alguns instantes enquanto se recordava de Félix revelar aquilo. Quando finalmente se lembrou sua expressão se suavizou e ele ficou tranquilo:

 — É verdade. É que ele nunca falou de ninguém que acabei esquecendo disso. – e então caiu na gargalhada, algo que puxou Annie e a fez começar a rir. – Mas se ele estiver apaixonado por esse garoto, então fico feliz!

      Um largo sorriso surgiu nos lábios de Annie e eles continuaram a conversar. Poucas horas depois, ela se despediu e foi para seu quarto onde se jogou na cama adormecendo em segundos por estar exausta.

*

      E lá estava ela de novo, naquele mesmo lugar, o cheiro de queimado inundando suas narinas e fazendo suas vias nasais arderem como o inferno. O homem alguns metros à sua frente trajava as vestes dos soldados do cruel, em suas mãos segurava com firmeza uma pistola e a garota estava sob sua mira.

      Nem sequer conseguia pensar naquilo, sabia que morreria ali e aquilo simplesmente congelou seu corpo, o medo e o pavor preenchendo seu interior enquanto olhava fixamente para o soldado. De repente alguém a empurrou com força e ambos caíram no chão arenoso e cheio de pedregulhos, as pequenas pedras feriram e cortaram sua pele fazendo todo seu corpo doer e arder, no mesmo instante em que foi empurrada o som de tiro reverberou por todo o local e preencheu seus ouvidos.

*

     O som do tiro a despertou em um salto, estava ofegante e suando, o coração batia contra seu peito de maneira descontrolada enquanto a mente ainda parecia confusa com as imagens da lembrança e a visão do seu quarto. Levou quase dois minutos inteiros para conseguir despertar completamente, foi quando se sentou, passou as mãos pelo rosto enxugando o suor e esfregando as pálpebras como se quisesse tirar os vestígios de sono de seu corpo. Podia sentir seus membros rígidos, os músculos doíam como se tivesse ficado na mesma posição durante horas, mas pouco se importou com a dor e o mal estar que estava sentindo e apenas olhou para o relógio. Era quase 2 da manhã e tinha um compromisso com Eleazar em uma hora.

      Sem esperar mais, ela apenas se levantou e arrastou os pés para o banheiro enquanto bocejava longamente. A exaustão ainda presente em seu corpo, mas não poderia descansar naquele momento. O sonho que teve foi um vislumbre do dia em que sua irmã morreu, sonhava sempre com aquele dia, em como estava sob a mira do soldado e Kaira a empurrou para salvá-la e foi atingida. Era para Annie estar morta, não Kaira. 

      A água fria escorria por seu corpo como um bálsamo, limpando a sujeira e o suor mesmo que ainda estivesse com suas vestes, infelizmente por mais purificante que fosse aquela água ainda assim não limpava seus pensamentos. Ficou ali por alguns minutos, até finalmente retirar as roupas e começar a se limpar adequadamente.

      Assim que terminou, retornou ao seu quarto e se sentou na cama, o silêncio reinando por todo espaço do quarto e fora, nem sequer conseguia ouvir os barulhos do lado de fora. Era como se o mundo estivesse dormindo, tudo e todos silenciados, e aquilo foi desesperador, pois não havia nada que sua mente poderia agarrar naquele momento e as dúvidas corrosivas começaram.

 — Certo. – murmurou para si mesma enquanto apertava o nariz entre o polegar e indicador.

      Ela engoliu em seco e fez o que estava evitando fazer naqueles últimos dias. Pensou em cada um de seus companheiros e em quem poderia ser o traidor.

      Tanya não falava muito de seu passado, mas o pouco que sabia sobre era que ela cresceu com a avó e a mãe em uma casa grande. Nunca falou como perdeu a avó, mas havia mencionado que sua mãe havia sido infectada e ela acabou fugindo de casa recusando-se a matá-la. Dias depois foi capturada pelo grupo de homens onde passou pelo inferno até ser salva por Annie.

       Jade nunca contou sobre sua vida antes de ser capturada pelo mesmo grupo e Annie nunca entrou nesse assunto, mas a mulher já devia ter quase 30 anos. Além disso, ela era como uma mãe para todos e sempre tão amorosa, então qual seria o sentido de trair os raposas? Além disso, sempre afirmava sua lealdade e ser sempre uma raposa, então não havia algo que fizesse Annie desconfiar dela – ou talvez se recusasse a acreditar já que Jade era a única figura materna que teve em toda sua vida.

      Eleazar também nunca contou com detalhes sobre seu passado, apenas que ficava migrando de grupo em grupo e nunca se fixando, às vezes roubava seus próprios companheiros e fugia e seguiu assim por alguns anos até ser traído e deixado para morrer. Ele tentou roubar Annie e fugir quando se conheceram, de certa forma a garota nunca colocou muita expectativa de ele ficar em seu grupo, mas quando o homem conheceu Jade, foi que tudo mudou e ele se tornou tão devoto a ela que faria tudo o que a mulher mandasse. Então se Jade saísse ele sairia também.

     O pai de Félix era Paulo, então era difícil vê-lo tendo alguma ligação com Andrey, afinal Paulo era extremamente leal a Annie e Félix era leal ao seu pai. A lealdade de Paulo começou quando a garota resgatou seu filho, salvando-o antes de ser devorado e o homem sempre foi grato a ela por isso.

      Já era 2h45 quando ela olhou para o relógio, então um suspiro pesado e exausto saiu por seus lábios sendo seguido de um bocejo, então se levantou e saiu do quarto sem terminar suas análises. Outra hora o faria, mas era difícil duvidar de Gabriel e Priscila. Darlan era novo no grupo, então teria um pé atrás com o garoto até conseguir revelar o verdadeiro traidor. Ao invés de seguir para o estacionamento, Annie fez um desvio e entrou em um quarto, o jovem dormia profundamente quando ela entrou e nem se mexeu quando se sentou ao seu lado na cama.

 — Gally. – ela sussurrou enquanto colocava a mão em seu ombro e o balançava gentilmente – Ei, Gally, acorda.

      Ele se remexeu lentamente, um gemido arrastado e rouco saiu de sua garganta enquanto abria os olhos e se apoiava nos cotovelos. Esfregou as pálpebras enquanto tentava despertar e levou um certo tempo até conseguir despertar o suficiente para encarar Annie e mais ainda para sua visão se estabilizar e conseguir vê-la mesmo com a pouquíssima iluminação.

 — Annie? – ele sussurrou, a voz rouca e falhada – Tá fazendo o que aqui?

 — Ta afim de dar uma voltinha? – ela perguntou com um leve sorrisinho nos lábios.

      Ele a encarou confuso, o cenho franzido enquanto as pálpebras ameaçavam fechar novamente puxando-o para a inconsciência, mas o mesmo se manteve firmemente acordado tentando processar o que ela havia acabado de propor.

 — Voltinha? – perguntou enquanto se sentava.

 — É. Fora da base, sabe? – ajeitou-se na cama para poder olhá-lo nos olhos – E aí, topa?

 — Eu… – o jovem se virou e olhou o travesseiro, um bocejo longo saindo de seus lábios mostrando que ele estava exausto.

 — Vamos, vai ser divertido. – insistiu.

       A verdade era que Annie estava um pouco receosa de deixá-lo na base sozinho, levá-lo por alguma razão parecia a melhor opção e se Eleazar estivesse levando-a para uma armadilha, pelo menos ele estaria ao seu lado e ela não ficaria tão preocupada assim. 

 — É, claro, claro. – ele balançou a cabeça tentando tirar o forte cansaço e então puxou a coberta de suas pernas. – Vou me vestir.

 — Vou te esperar no estacionamento, okay? Seja rápido. – ela depositou um beijo estalado em sua bochecha e então se levantou saindo dali rapidamente.

(...)

 — Annie? – a voz de Eleazar soou trazendo-a de volta à realidade – Tudo pronto?

 — Ah. – ela desencostou de seu carro e descruzou os braços enquanto olhava ao redor – Só falta uma coisinha. E Jade?

 — Dormindo igual uma pedra. – ele sorriu largamente – Precisamos ser rápidos, ela pode sentir minha falta a qualquer momento e despertar.

 — Só um segundo. – olhando para o relógio, pode notar que eram 3h15min e nada de Gally aparecer.

 — Por quê? – ele perguntou contornando o carro e abrindo a porta de trás para jogar a mochila.

 — Cheguei! – Gally exclamou ofegante enquanto corria até eles – Desculpa, quase voltei a dormir.

 — Gally! – Eleazar exclamou e foi até ele jogando um de seus braços ao redor de seus ombros – Caralho, moleque, você passou na seleção! Em dois dias será do nosso esquadrão, tô tão feliz e orgulhoso por você.

 — Ah, valeu. – o garoto sorriu enquanto coçava a nuca, os fios visivelmente úmidos por ter lavado – Para onde vamos?

 — Shopping. – Annie exclamou enquanto entrava no banco do motorista – Vamos logo, princesas.

     O shopping em questão era o mesmo que usaram na noite de jogos e tudo estava exatamente igual quando o deixaram da última vez. Annie foi até os geradores ligando as luzes de todo o lugar, então Eleazar adentrou e começou a vasculhar em tudo o que podia, enquanto isso a garota parou o observando com as mãos no bolso, Gally logo atrás dela observando o homem com curiosidade, um suspiro baixo saiu de seus lábios e ela exclamou:

 — Não há anéis aí, Eleazar!

 — E onde tem? – virando-se para ela.

      Ela apenas gesticulou para que a seguissem e foi o que fizeram, eles adentraram mais a fundo no shopping e indo até uma área mais afastada. Seguiram pelas escadas até os andares inferiores, parecia mais com o subsolo já que a areia tinha quase engolido o shopping completamente, então seguiram por um corredor escuro em silêncio. Gally não se recordava daquela área, tampouco Eleazar, tinham áreas que eles não iam muito por não ter nada relevante e aquela era uma delas. Não comentaram nada, nem sequer fizeram perguntas para a garota que guiava o caminho escuro iluminando com sua lanterna, então pararam em frente de uma porta e entraram em uma sala completamente empoeirada e escura. Annie desligou a lanterna assim que eles entraram, virou o interruptor e várias lâmpadas se acenderam revelando uma sala enorme com várias caixas cheias de coisas, vários cabides e diversos manequins com roupas. Também havia vários espelhos, mesas espalhados nos cantos e bancos e sofás por todo o canto.

 — Nunca vi esse lugar. – murmurou Eleazar varrendo tudo com o olhar, um pouco surpreso e confuso – Deixe-me adivinhar, Gabriel? 

       Annie assentiu olhando tudo.

 — Quando ele revelou a obsessão por roupas, então eu limpei essa sala para ele. – deu de ombros – E disse que se ele quisesse, poderia encher com as coisas que ele encontrasse nas viagens dele. Há roupas, sapatos, livros, acessórios de todo tipo e tudo o que ele gostou e se interessou em todos esses anos. Eu sei que ele não vai se importar se pegarmos uma coisa ou outra, principalmente se for um anel de casamento.

       Eleazar abriu um largo sorriso animado enquanto observava tudo com fascínio, afinal eram muitas coisas acumuladas.

 — Ah, eu amo aquele moleque! – exclamou e então foi até uma penteadeira rapidamente abrindo as gavetas, encontrou colares, brincos e anéis, muitos anéis. O vislumbre disso fez Eleazar gargalhar animado – Aí, sim, Porra!

      Eleazar ficou tão absorto na busca pelo anel perfeito que começou a falar sozinho, Annie o deixou ali enquanto andava pela sala olhando tudo de forma um tanto desinteressada, Gally foi até ela e sussurrou:

 — Então, Jade e Eleazar vão casar?

 — Vão. – Annie sorriu de lado – Vou ver se consigo organizar uma festa e vou tentar avisar os outros membros do esquadrão sem deixar Jade desconfiar de nada. Pode dar uma olhada nas coisas se quiser, fique a vontade.

       E sem esperar resposta do rapaz, ela apenas se virou e começou a andar entre os cabides de roupas e manequins vestidos. Até que algo chamou sua atenção em uma caixa e se aproximou para ver o que era, para sua surpresa era uma câmera e estava em bom estado, sem pensar muito apenas se virou para Gally e o chamou tirando uma foto no instante em que ele se virou. A foto saiu impressa, ela retirou e observou a imagem surgir e um sorriso brotou em seus lábios.

 — Jesus, joga isso fora. – Gally pediu.

 — Nunca. – ela sorriu colocando a câmera no lugar, se afastou balançando a foto no ar enquanto sorria – É minha agora. – e então se virou ainda sorrindo o que fez Gally revirar os olhos.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro