𝐋𝐗𝐈𝐗 - 𝐏𝐚𝐫𝐚𝐛𝐞𝐧𝐬
Nota: 5,4k de palavras e eu não vou cortar o capítulo pra fazer dois KKKKKKK eu gostei do capítulo, eu queria colocar uma ação e desespero a mais, mas goste de como ele ficou.
Nota: eu tô pensando seriamente em ler os livros da Sarah J Maas pq tá aparecendo MT vídeo na minha Fy sem eu nem pesquisar nada. Eu li acotar, os 2 primeiros livros e dropei, só parei msm. Mas por alguma razão eu não gosto da Sarah, deve ser noia da minha cabeça pq eu simplesmente não consigo olhar pra ela e sentir uma coisa boa. Daí isso me faz ficar com uma sensação estranha e ruim na hora de ir ler os livros. SLA.
Alerta: no final do capítulo há um pequeno bate papo, queria conversar com vocês sobre uma coisinha hehe
É isso, boa leitura amores ❤️❤️
______
O ruído do motor do carro era o único som que preenchia o espaço, Júlia e Luís não ousavam falar uma única palavra enquanto estavam sentados no banco de trás, era difícil até respirar, afinal estavam diante da tão famosa líder do esquadrão raposa, Annie. Isabella, por outro lado, estava feliz já que a admirava e a via como uma inspiração e por isso não conseguia dizer nada mesmo que quisesse.
Gally estava no banco de passageiro, pouco se importava com o que iam fazer na prova ou o que iriam enfrentar, toda sua mente e corpo estavam focados na presença de Annie bem ao seu lado naquele momento. Sentia como seu corpo relaxava quando ela estava perto e como sua mente focava nela sem esforço algum. E Annie apenas focava a atenção na estrada enquanto o céu gradualmente escurecia. Uns longos minutos mais e um suspiro pesado saiu dos lábios de Annie, aquilo atraiu a atenção da dupla logo atrás que se retraiu, então a líder apenas disse:
— Sério que vocês não tem nenhuma pergunta? Nada sobre a prova, algum comentário ou até mesmo alguma conversa entre vocês? Sério? Nadinha?
Aquilo causou uma onda leve de risos em Gally, era bom demais escutar sua voz assim, Júlia apenas se remexeu e Isabella deu um pequeno saltinho no banco.
— Por que nos escolheu? – a criança perguntou segurando o banco da frente, o mesmo que Annie sentava, e se aproximou tentando olhá-la.
— Vocês se dão bem, ué. – ela deu de ombros.
— Pensei que as escolhas fossem mais criteriosas. – Luan murmurou baixinho.
— Ah, é? – Annie o encarou pelo retrovisor – Podemos ir até o ponto de Triz e eu peço pra te trocarem de grupo se estiver insatisfeito.
— Não! – ele exclamou alto e rápido demais – Não foi isso que quis dizer, eu estou bem neste grupo e feliz em estar com todos aqui. Eu só achei que…
— Não ache, aceite. – ela o interrompeu antes que ele jorrasse palavras se explicando, mas logo suspirou e relaxou os ombros – Não precisa disso, garoto. Eu não vou morder você, então relaxa um pouco e foca na sua próxima e última prova.
— E se a gente morrer lá? – perguntou Júlia.
— Daí vocês morrem. Que perguntinha é essa, hein?
— Ninguém vai nos ajudar?
— Janaína, vocês receberão um kit de…
— É Júlia! – a corrigiu, mas logo recebeu uma seria encarada pelo retrovisor e rapidamente se contraiu.
— Certo, Júlia, vocês irão receber um kit de sobrevivência quando chegarmos no ponto marcado e daí estarão por conta própria. A única coisa que nós recomendamos é que vocês busquem por abrigo, um que seja de difícil acesso e seguro. Por alguma razão os Cranks são mais ativos à noite, então foquem as forças de vocês para acharem um abrigo antes de anoitecer completamente.
O silêncio voltou a preencher o carro, nem sequer Gally dizia alguma coisa, apenas focou em aproveitar o pouco tempo que tinha tão próximo a Annie. Eles ficaram ali por mais alguns longos minutos, cada vez mais sentindo o carro balançar à medida que o caminho ficava mais irregular.
Eles chegaram quando o sol lançava seus últimos feixes de luz, estavam no topo de uma descida bem irregular para a cidade que não ficava tão longe dali. Annie foi a primeira a descer, enfiou as mãos nos bolsos enquanto via as construções deterioradas e esperava o quarteto sair do carro para dar as últimas instruções. Gally foi o primeiro a sair, o trio ainda seguia no banco de trás cochichando entre si, e então ele andou até a jovem também enfiando as mãos nos bolsos da blusa.
— Você tá bem? – ele perguntou quase que um sussurro.
Annie se virou para ele, um pouco surpresa com a aproximação e a pergunta, quase como se não tivesse visto ou ouvido se aproximar. Ela forçou um sorriso despreocupado e então assentiu sutilmente com a cabeça, depois perguntou:
— Tô bem. E você? Nervoso?
Ele balançou a cabeça lançando um olhar demorado para a cidade que seria sua última prova, então respirou fundo e sorriu de lado:
— Lembro da minha primeira noite numa cidade. – ele murmurou – Deve ser parecido, não é?
— Tirando que não há esconderijos iguais aquele que ficamos e que não vou estar contigo, é.
— Mas você estará por perto, então estou bem.
— Mas eu não vou ajudar se houver algum problema, sabe disso, não é?
— Ainda assim, estou bem.
Annie esboçou um leve sorriso e então voltou a encarar a cidade em silêncio, Gally parou ao seu lado e também olhou para a cidade. O silêncio não foi desagradável, muito pelo contrário, ele estava bem estando ao lado dela, mas havia algo o incomodando. Ele não sabia ao certo dizer o que era, mas algo na garota estava errado e não conseguia captar o que era.
— Fala a verdade. – ele disse repentinamente – Você tá legal mesmo? Aconteceu alguma coisa?
Ela ficou o encarando por longos segundos sem saber ao certo o que responder, então apenas murmurou:
— Mais problemas. Só estou cansada, é isso.
Gally balançou a cabeça mesmo não aceitando ou acreditando totalmente naquela resposta, mas não disse mais nada para não pressioná-la.
— As princesas vão continuar no carro? – Annie de repente gritou virando-se para o carro e se aproximando, então bateu duas vezes no capô – Pra fora! Agora! – e no segundo seguinte o trio se jogava para fora do carro, enquanto isso ela ia até o porta malas e retirava quatro bolsas. Quando voltou à frente do quarteto, respirou fundo vendo os olhares fixos nela e então explicou: – Aqui estão as bolsas de vocês. – e então entregou uma para cada – Há um pouco de comida, um pouco de água, lanternas, corda, kit de primeiro socorro, armas, um único mapa e um único walkie talkie.
Assim que eles pegaram as bolsas, logo abriram e começaram a vasculhar vendo tudo o que tinha, mas não demorou muito para perceberem que não tinha tudo o que ela havia citado.
— Espera, eu não tenho corda nem o kit de primeiros socorros! – exclamou Júlia.
— E eu só tenho uma faca, uma lanterna e uma corda. – disse Luan.
— Eu tenho uma lanterna, uma faca e um kit. – Gally também comentou
— Eu tenho uma pistola. – Isa murmurou tirando a arma de fogo com a mão boa. – O walkie Talkie e o mapa.
— Não temos as coisas que você disse que teríamos. – Luan encarou Annie que voltava a se apoiar no capô do carro.
— Eu disse que vocês teriam essas coisas, não que cada um de vocês teriam. – Annie cruzou os braços os encarando – Cada um de vocês tem água e comida individual, uma lanterna e uma faca, sendo somente Isabela a sortuda de ter uma pistola, mas as outras coisas são únicas. Uma única corda, um único kit com itens escassos e um único mapa.
— Eu quero a arma! – Júlio exclamou virando-se para Isa.
— Tá, pode pegar aí. – a garota se aproximou dele para entregar, mas travou no meio do caminho quando ouviu a voz de Annie.
— Negativo. A arma é de Isa e ficará com ela.
— Mas por quê? – Júlia a encarou.
— Isa está com o braço engessado e só tem uma mão boa, acha mesmo que ela vai estar em total disposição para lutar com uma faca? Além disso, a arma é extremamente útil, mas muito perigosa nesse ambiente.
— A Isa tem uma pontaria perfeita, ela…
— Não é só por conta da mira, Júlia. – Gally a interrompeu – Armas são barulhentas e vão atrair os infectados para cima da gente. – ele se lembrava perfeitamente de como Annie se movia silenciosamente e matava os infectados com a faca sem chamar atenção, e se lembrou de quando usou a arma e atraiu quase todos os infectados para onde eles estavam, mas por sorte tinham aquele esconderijo. – Acho que é bom ficar com a Isa mesmo, ela vai ficar atrás da gente e só vai usar em extrema necessidade.
— Isso mesmo. – Annie sorriu orgulhosa com sua resposta – É uma noção básica nesse ambiente, vocês deviam saber disso, embora eu goste de acreditar que o nervosismo esteja afetando o bom senso de vocês. – ela respirou fundo – Bom, o mapa está com a garota e nela estão marcados a região que vocês vão entrar e onde estão atualmente. – ela olhou para o horizonte e viu o sol desaparecer quase que completamente, lançando seus últimos raios de luz – Sigam para lá, encontrem um lugar seguro e sobrevivam essa noite. Quando der 6 horas em ponto, vou entrar em contato com vocês e então irei buscá-los. Okay? Agora sem mais perguntas ou comentários e vão. A última fase começa agora!
Dito isso ela se virou e foi até o carro, abriu a porta, mas antes de entrar virou-se para eles e disse:
— Boa sorte, fedelhos. E não morram!
Um largo sorriso surgiu nos lábios de Gally ao ouvi-la usar sua expressão, então a viu dar partida no carro e ir embora deixando-os ali. Quando o carro finalmente desapareceu, Júlia e Luan respiraram profundamente como se tirassem um peso dos ombros e pareciam finalmente relaxar. Isa apenas deu uma risadinha baixa.
— Tô toda me tremendo. – Júlia comentou – Ela da muito medo, credo.
— Adoro ela! – Isa exclamou e então se virou para eles – Então, o que vamos fazer?
— Nós seguimos o caminho até a cidade. – Gally respondeu.
— E se ficássemos aqui? – Luan sugeriu. – Não falaram que não podíamos.
— Mas eles vão nos buscar na cidade. – Júlia o relembrou – Provavelmente Annie arrancaria nosso fígado se ficássemos aqui. – aquela frase provocou uma risada surpresa em Gally, pois ele sabia que ela não faria isso, mas era divertido ver o casal tão temeroso assim.
— Sua namorada dá medo, Gally. – Luan o encarou.
— É, eu sei. – e confirmou e começou a andar em direção a cidade enquanto colocava a mochila nas costas.
— Essa noite vai ser a melhor da minha vida. – murmurou o garoto enquanto rolava os olhos e passava a seguir o mais alto.
(...)
Já era possível ouvir os gritos esganiçados dos infectados ao longe enquanto se aproximavam mais e mais da cidade, as construções ali estavam completamente deterioradas e destruídas, apenas os prédios centrais estavam em pé e podiam servir de esconderijo. Os dedos de Gally apertava firmemente o cabo da faca, os nós dos dedos estavam brancos tamanha a força que usavam, seu corpo, assim como o do trio, tremia com o medo que sentiam. A formação seguia com Gally a frente, Júlia ajudando Isa no meio e Luan no final. Por sorte não precisavam usar as lanternas, pois a lua fornecia luz o suficiente para conseguirem ver o caminho – mesmo que a visão da cidade ficasse mais e mais assustadora à medida que se aproximavam por conta das sombras e gritos dos infectados.
Quando chegaram na borda da cidade, eles pararam ao lado de uma grande parede cinza e se encostaram para olhar o mapa e respirar um pouco. Isa suspirou tirando as mechas de cabelo grudadas em sua testa úmida pelo suor, enquanto Luan puxava sua mochila para retirar o mapa e Júlia trazia a lanterna para poder enxergar. Enquanto isso, Gally observava ao redor verificando se era seguro eles ficarem ali por alguns minutos.
— Tá certo. – Isa disse após ofegar levemente – Acho que estamos aqui! – ela colocou o dedo marcando o ponto no mapa.
— Certo. – Julia olhou ao redor, vendo o caminho que tinham vindo e as montanhas que se entendiam ao alto. Não podia ver nada além de sombras e escuridão. – O que fazemos agora, Gally?
— Okay. – ele respirou fundo e se virou – Os prédios centrais parecem estar em melhor estado. Podemos ir até um deles e tentar subir até o topo. Teremos uma vista melhor do alto.
— Mas e se nós subirmos e os infectados nos encurralar? – Luan perguntou.
— E se nós nos trancarmos em algum quarto? Sabe? Empurrar algo pesado e colocar na porta? – sugeriu Júlia.
— É, pode ser. – Gally pensou nessa possibilidade e então um grito estridente ali perto ecoou. – Droga! – sussurrou desesperado – Apague a lanterna e vamos sair daqui!
E com isso eles o seguiram indo por outro lado tentando se afastar ao máximo da fonte daquele grito estridente. Eles andaram por vários minutos, esgueirando-se pelas ruas, encolhendo-se entre os destroços e ocultando-se entre as sombras para despistar os Cranks que apareciam. Todos seguiam um ritmo mais lento, pois Isa não podia correr tão rápido assim e se tentassem acelerar o passo sabiam que algo de ruim iria acontecer.
(...)
Enquanto isso, o grupo de Emily já tinha adentrado um prédio e estavam parados ofegantes em um dos cômodos tentando recuperar o fôlego após uma corrida intensa.
— Temos que ver se o prédio é seguro. – Ângela alertou.
— Obrigada, Miss Óbvio. – murmurou Carmilla.
— Aí, qual o seu problema?
— Sem briga, gente. – Miguel disse em tom alto.
— Meu problema é você! – Carmilla o ignorou completamente – É inacreditável Mattie ter formado esse time, sério! Colocar Emily e eu no mesmo grupo de um fracote como você – apontou para Miguel – e uma burra como você! – disparou contra Ángela.
E, sem dizer uma única palavra, Ângela avançou e desferiu um soco certeiro no maxilar de Carmilla. Como a mulher tinha o corpo robusto, não foi difícil derrubar ela com sua força, mas Miguel rapidamente interferiu e segurou seus braços.
— Sem brigas! – ordenou – Que merda, gente. Se tudo der errado aqui, acham mesmo que os líderes vão vir correndo salvar nossas bundas? Acordem! É, eu sou fraco, e daí? Mas estou lutando pela minha sobrevivência tanto quanto você, então engole essas provocações infantis e vamos vasculhar esse prédio!
— Ele tá certo. – Emily murmurou ajudando a amiga a se levantar – Vamos, Car.
A dupla seguiu em silêncio pelos corredores subindo até o segundo andar, Emily estava preocupada observando e iluminando o caminho a frente enquanto buscava por qualquer sinal de perigo ou algum lugar seguro. Carmilla estava logo atrás, completamente silenciosa enquanto a dor em seu rosto se irradiava por toda a cabeça e apenas seguia a mulher.
— O que foi aquilo? – perguntou Emily em tom baixinho.
— Eu sei lá, eu só… – ela suspirou, o que fez Emily se virar e iluminar o rosto da mulher. Seus olhos estavam úmidos pelas lágrimas que queriam escorrer. – Não aguento mais essas provas. E se nós morrermos? Eu estou tão estressada e tão irritada com esses líderes. Por quê devemos fazer todos esses exames só pra entrar numa base de merda?
— Carmilla, escute, eu sei que você não aguenta mais, mas vamos dar um jeito. Okay? Logo estaremos em casa e o idiota do Andrey vai estar feliz.
— Nem sequer era para estarmos aqui, as informações eram de outro local para a prova.
— Isso não importa, vamos seguir o que nos foi ordenado e vamos sair daqui. Daí não vamos precisar lidar com essa gente e nós…
Um vulto apareceu atrás dela e a golpeou na cabeça fazendo-a desmaiar. Carmilla afastou-se olhando chocada para o corpo da amiga caído ao chão, o coração disparado e a respiração presa na garganta, quando subiu o olhar ficou chocada quando o viu ali, mesmo com a escassa iluminação pode ver quem era:
— Mattie?
— Conversa interessante. – ele murmurou e então a golpeou fazendo ela desmaiar.
(...)
O quarteto andava cuidadosamente pelas ruas escuras daquela cidade, Gally notou que a quantidade de infectados estava aumentando à medida que se aproximavam do centro, até que um grupo de infectados surgiu saindo de uma rua mais à frente, devia ter seis a sete infectados andando juntos, o vislumbre fez eles pararem e rapidamente entrarem no prédio ali ao lado
Gally e Luan entraram na frente, miravam suas lanternas enquanto as facas estavam bem firmes em seus dedos prontos para atacar qualquer infectado que surgisse, enquanto Júlia e Isa estavam logo atrás deles. Eles adentraram o mais rápido possível sem fazer muito barulho, quando viram as escadas nem sequer pensaram e subiram parando só no terceiro andar, foi quando Isa se aproximou e se esgueirou em uma janela para ver onde estava os infectados.
— Isa! – Júlia chamou seu nome o mais alto que podia num sussurro, mas a menina não se virou e continuou olhando.
— Tá tudo bem! – finalmente a menor se virou e andou até eles – Os infectados passaram direto.
— Certo. – Luan suspirou e olhou para o corredor, então adentrou o primeiro cômodo e os outros o seguiram – Acho que podemos ver se há algum lugar seguro para ficar nesse prédio.
— É, eu concordo. – Gally sussurrou. – Eu vou verificar os andares de baixo se há mais infectados, você verifica esse e deixa as duas seguras. Okay?
— O que? – Isa o encarou – Vamos todos olhar o lugar, quanto mais gente olhando mais rápido acaba e a gente pode ver um lugar bom.
— Não com você nesse estado.
— Eu ainda posso lutar!
— Isabella, isso não é discutível. Você vai ficar aqui e quando terminarmos de verificar os andares, nós todos vamos buscar algum lugar.
— Gally, mas…
— Eu não vou deixar você morrer! – exclamou mais alto do que queria – Nem mesmo se tivesse com todos os membros inteiros e intactos eu deixaria você sair daqui, então fique com a Júlia e espere. Okay?
— Ele tá certo, Isa. – Júlia sussurrou em tom calmo – Nós vamos ficar aqui, okay? Agora vão e sejam cuidadosos.
Isa encarou Gally sair junto de Luan e não pode evitar de sentir-se inútil e um fardo, engoliu o bolo que se formou em sua garganta e se sentou naquele chão imundo e suspirou. Julia agachou-se ao lado dela e colocou a mão em seu ombro tentando confortá-la de alguma forma.
Luan e Gally se separaram. Luan seguiu pelo corredor daquele mesmo andar enquanto Gally seguia para o andar inferior, a lanterna e a faca bem firmes em suas mãos, seus passos eram lentos à medida que descia os degraus preparado para qualquer coisa que viesse. O segundo andar estava silencioso, andou pelos cômodos verificando cada um e encontrando apenas destruição e sujeira, mas nenhum infectado. Ele respirou fundo vendo que aquele andar estava limpo e seguiu para a escada novamente, mas o ruído gorgolejante que vinha de baixo o fez recuar e entrar na primeira sala.
Os passos arrastados denunciavam que havia mais de um infectado subindo as escadas, eles grunhiam baixinho enquanto se moviam pelo corredor, enquanto isso Gally se manteve quieto naquela sala. O corpo estava tenso, o coração a mil e a respiração quase completamente travada na garganta. Era a primeira vez que enfrentaria os infectados sozinho, das últimas vezes teve muita ajuda, mas a sensação do pavor que sentiu da primeira vez parecia querer corroer seu interior novamente. Ele respirou fundo quando os dois passaram direto pela sala que estava, então engoliu o medo e tomou coragem para esgueirar-se pela porta e vê-los andando pelo corredor.
O infectado mais a frente, uma mulher com pouquíssimos tufos vermelhos de cabelo na cabeça, continuou andando pelo corredor enquanto o segundo infectado, um homem sem o braço direito, virou e entrou em uma sala. Gally aproveitou o momento e se aproximou, os passos completamente silenciosos e cuidadosos, seus olhos estavam fixos na mulher enquanto se aproximava da porta e quando parou se esgueirou e viu o infectado de costas. Ele segurou o cabo da faca com força enquanto prendia a respiração, então entrou no cômodo e se aproximou do homem lembrando-se do que Annie havia feito naquela noite e com um golpe rápido conseguiu perfurar a nuca do infectado. O sangue preto e pútrido saiu da ferida quando puxou a lâmina, o odor empesteando toda a sala o que fez o estômago de Gally se retorcer e arder, mas antes que pudesse gorfar ele rapidamente segurou o corpo do infectado e o deitou cuidadosamente no chão.
Gally não teve tempo para pensar no cheiro nem em como havia conseguido matar aquele infectado da mesma forma que Annie, apenas se virou e saiu da sala a tempo de ver a mulher entrar em outra sala. A passos rápidos, mas cuidadosos, ele se aproximou enquanto a faca suja com o sangue preto pingava pelo chão. Quando esgueirou-se para vê-la e a viu do mesmo jeito que o homem, então entrou cuidadosamente, mas não percebeu os cacos de vidro na entrada e acabou pisando neles causando um ruído que parecia alto demais em todo aquele silêncio. A mulher se virou e grunhiu quando o viu, então avançou o atacando e ele conseguiu esquivar de seus golpes e em reflexo a golpeou com um forte soco que a empurrou alguns passos para trás. O sangue preto começou a escorrer de seu nariz agora quebrado, a linha preta deslizava e sujava seus lábios desfigurados e seus poucos dentes podres. Gally reagiu no mesmo segundo, avançou e enfiou a faca em seu olho, no mesmo segundo a infectada parou de se mexer e caiu ao chão com um baque surdo quando ele puxou a faca.
Ele respirou fundo, sentindo seu corpo tremer com a tensão e adrenalina que tudo aquilo lhe causava, mas um ruído atrás dele o fez se virar já atacando o que fosse e para sua surpresa seu braço foi bloqueado. Sentiu um golpe em sua perna para fazê-lo cair, mas conseguiu reagir e usar um dos ensinamentos da Jade para virar a situação. No segundo seguinte ele agarrou a gola da camisa de quem fosse e o derrubou no chão, as costas dele bateram com força no chão e pode perceber que todo o ar de deus pulmões saíram. Ele reprimiu o desejo de matá-lo também, como havia feito com os dois infectados, já que estava sob efeito da intensa adrenalina e tensão, mas apenas prendeu suas mãos e acendeu a lanterna ficando surpreso com quem estava ali abaixo dele.
— Annie?! – ele exclamou mais alto do que gostaria, seu coração pulsando completamente descontrolado agora.
— É… – ela gemeu com um fraco sorriso – Me pegou bonito.
(...)
Annie estacionou o carro em um ponto distante de onde havia deixado o quarteto, mal sequer conseguia pensar claramente em alguma coisa, então apenas desligou o motor e recostou no banco enquanto fechava os olhos. Sua mente vagava em tudo, todos os problemas, Andrey estando mais obcecado pela sua cabeça, o vírus que estava evoluindo e indo para o ar e o traidor de seu esquadrão. Quando a dúvida voltou novamente para sua mente, ela fechou os olhos com mais força e respirou fundo sentindo os olhos queimarem, seu coração acelerou e a respiração começou a ficar mais e mais acelerada. E ali, completamente sozinha, ela desatou a chorar.
O esquadrão Raposa foi a família que ela criou após a perda de sua irmã mais velha, todos ali eram importantes para ela e tinham passado por tantas coisas, boas e ruins, que os laços que conseguiu criar eram quase tão profundos quanto os laços que tinha com Kaira no passado. Jade era o mais perto que tinha de uma mãe, Eleazar às vezes tentava ser sério e ter um jeito responsável, mas sua personalidade caótica o fazia ter as ideias mais impossíveis e insanas que Annie adorava embarcar e o via como seu melhor amigo. Tanya, Gabriel, Priscila, Félix e até Darlan eram como seus irmãos. Todos ali eram importantes para ela. Como poderia aceitar a ideia de que algum deles estava a traindo? A simples ideia a deixava desesperada, sua mente nem sequer conseguia pensar naquela possibilidade sem ter um ataque de pânico.
O fardo estava pesando em seus ombros de novo, então apoiou a testa no volante enquanto o choro se tornava mais intenso, as lágrimas escorrendo livremente por seu rosto enquanto os soluços saiam do fundo de sua garganta e causando mais e mais dor em seu peito. E se alguém se ferisse por conta disso? A culpa seria dela. Se alguém morresse pelo traidor? A culpa seria dela.
Embora tentasse desesperadamente esboçar uma imagem séria, alguém cujas ações não são baseadas em suas emoções, no fundo ela não conseguia. Era emotiva, sabia disso, e extremamente sentimental quando se tratava das pessoas que ela gostava e se importava. Eles eram seu ponto fraco e Andrey sabia bem disso. Ela devia saber que ele daria um jeito de destruir sua família, assim como ela havia matado sua esposa quando criança, mesmo que essa memória nunca surgisse em sua mente mesmo que tentasse.
Após longos minutos ali sentada, descarregando aquela dor que parecia se intensificar e não diminuir, o chamado de Mattie no rádio a trouxe de volta para a realidade.
“Annie, peguei elas. Estou levando para o ponto de interrogação. Vou deixar meu braço direito cuidar da dupla, okay?”
Ela rapidamente limpou as lágrimas, respirou fundo e então respondeu:
“Entendido, Mattie.”
Ao dizer isso, ela apenas ligou o motor e deu meia volta com o carro voltando para a cidade. Correu pelas ruas, matou um infectado aqui e outro ali, continuou buscando até uma cabeça em uma janela chamar sua atenção. Era Isabella. Ela esperou o grupo de infectados passar, então se virou e seguiu até a entrada vendo os dois infectados entrando. Considerou matá-los, afinal não queria que ferissem Gally, mas também queria ver o que ele iria fazer e apenas os seguiu cuidadosamente.
Viu quando eles subiram as escadas, viu quando Gally saiu da sala e matou o primeiro infectado e não pode conter o sorrisinho de orgulho com seu crescimento. Chegou a tempo de ver o finalzinho da luta com a última infectada, então se aproximou lentamente para pegá-lo de surpresa e sorriu quando ele a ouviu e a atacou. Facilmente se defendeu e tentou derrubá-lo, porém ele foi mais rápido e a derrubou com força o que a deixou surpresa. Embora a dor do impacto e de todo seu ar sair, ela estava feliz com aquilo.
— Annie?! – ele exclamou chocado enquanto mirava a lanterna em sua direção deixando-a um pouco cega.
— É. Me pegou bonito. – ela sussurrou em um gemido e rapidamente foi puxada por ele ficando de pé.
— Tá fazendo o que aqui?
— Ah… – ela esfregou os olhos esperando a visão voltar a estabilizar – Cê sabe, só andando por aí.
— Só andando por aí? Isso incluí em me atacar por trás?
— É. – ela deu de ombros enquanto a visão voltava ao normal – Você está bem melhor que antes, garoto. Estou impressionada.
— É sério?
— Seríssimo, mas… – o sorriso que ela esboçava aos poucos foi desfazendo e a tristeza voltou aos seus olhos – Queria falar uma coisa contigo.
— O que foi? – ele notou a mudança em sua expressão e se aproximou segurando-a nos ombros, ficaram a centímetros de distância enquanto Gally a encarava com uma preocupação gritante em olhos – Annie, me conta, o que aconteceu? Me deixa te ajudar, por favor.
Um suspiro saiu de seus lábios ouvindo sua voz tão calma e acolhedora e vendo seus olhos azuis tão preocupados e amorosos. Suas mãos fortes seguravam firmemente seus ombros e por um segundo sentiu que se não fossem por elas, então seus joelhos iriam fraquejar e iria desmoronar no chão. Sem pensar muito no que diria, Annie apenas se aproximou e selou seus lábios em um beijo, havia tanta necessidade e desejo por aqueles lábios que quando finalmente os sentiu uma lágrima escorreu de seus olhos quando os fechou. Seu corpo entrou em choque e sentiu um arrepio por toda sua espinha.
As mãos de Gally saíram rapidamente de seus ombros e agarrou sua cintura puxando-a para ele, segurou-a com força enquanto retribuía a mesma intensidade a necessidade dos lábios da garota. O desejo ardente que reprimia desde que fora afastado por necessidade. Aquilo era tudo que ele queria e precisava, estava tão cansado da distância que facilmente queimaria o mundo por Annie se precisasse, apenas para que não tivessem que se afastar novamente. Toda aquela tensão, o medo e a adrenalina que estava sentindo evaporaram com o toque e o beijo da garota, seu corpo era inundado por um desejo de continuar ali por horas, a paz e a calma que ela lhe transmitia eram surreais e ele não se importou em estar no meio de uma cidade repleta de infectados, tudo estaria bem se estivesse com ela ao seu lado
Ela abraçou seus ombros mantendo a mesma intensidade, suas mãos agarrando os fios longos de seu cabelo enquanto arfava levemente entre os beijos, então a falta de ar os atingiu e tiveram que se afastar, mas apenas um pouco enquanto mantinham seus corpos colados. Annie encarou aqueles olhos azuis intensamente e então murmurou baixinho:
— Independente do que aconteça daqui pra frente, eu sempre vou acreditar em você. Entendeu?
Gally apenas assentiu com um movimento enquanto apertava sutilmente sua cintura e a perguntou:
— Mas o que aconteceu? O que está acontecendo?
— É difícil explicar, bem mais do que gostaria, mas eu só queria que soubesse disso. – e então eles ouviram passos firmes andar pelo corredor e sabiam que Luan estava atrás de Gally, Annie rapidamente segurou seu rosto com as mãos em suas bochechas e o beijou novamente, mas dessa vez mais rápido – Toma cuidado, okay? Quando você entrar no meu esquadrão, não vou deixar que saia do meu lado, okay?
Sem esperar respostas, ela se afastou de seus braços, andou de forma firme até a janela e pulou de lá sem olhar para trás. No segundo que sua figura desapareceu então Luan apareceu na porta, sua lanterna iluminava tudo, desde Gally até o corpo da infectada.
— Cara, você é incrível. – ele suspirou. – Vamos, encontramos uma sala perfeita.
Gally engoliu em seco, sua mente ainda girando em torno de Annie, então apenas assentiu e seguiu o garoto. Estava um pouco anestesiado, sua mente ainda voltava em Annie, ainda sentia seu toque, seu cheiro e seu gosto e logo sentiu falta daquilo. A sala em questão era grande e tinha armário bem pesado, quando os quatro estavam lá dentro, os dois jovens o empurraram até a porta e então ficaram presos ali. Eles se sentaram, beberam água e comeram, Gally apenas bebeu água já que tinha perdido a fome, a felicidade do encontro com sua garota sendo substituído pela preocupação. Com isso ele não dormiu, então decidiu ficar de vigia por algumas horas e combinou com Luan de que ele seria o próximo, mas as horas passaram e Gally permaneceu acordado.
Quando deu seis horas o walkie talkie começou a chiar despertando todos ali, Luan ficou confuso com a claridade que entrava pelas janelas, mas não disse nada. E então a voz de Annie soou pelo rádio:
“Bom dia, princesas! Espero que estejam vivos e acordados, porque não vou ficar esperando vocês acordarem para ir buscá-los.”
Gally rapidamente pegou o aparelho e respondeu:
“Estamos bem acordados aqui.” Ele sorriu enquanto dizia.
“Ah, isso é ótimo, e aí, a noite foi boa?”
“Foi mais tranquila do que pensei que seria, pensei que teríamos alguma ação ou coisa do tipo, mas estamos todos vivos e bem.”
“Isso é música para meus ouvidos, garoto. Agora me digam onde estão que vou ir buscá-los.”
“Não se preocupe, vamos encontrar você no mesmo lugar que nos deixou.”
“Tem certeza?”
“É, eu tenho sim.” Ele sorriu “Vamos chegar aí rapidinho.”
“Então não demore muito, garoto. Eu estou faminta e quero comer a comida de Tanya.”
“Então somos dois.” Ele riu “Estamos indo.”
“Okay, no aguardo.”
E com isso ele desligou o aparelho e sorriu para o grupo. Isa apenas bufou ainda deitada e murmurou:
— Posso dormir mais cinco minutinhos?
Luan riu daquilo e Gally apenas balançou a cabeça sorrindo. Não demorou muito para que eles estivessem prontos para ir embora, então saíram do prédio e seguiram pelas ruas agora vazias até o ponto de encontro. Devem ter demorado quase uma hora inteira para voltar, pois o sol estava mais brilhante, mas conseguiram e viram Annie parada encostada no capô com os braços cruzados.
— Demoraram! – ela exclamou, mas sem tirar o sorriso dos lábios. – Mas eu sou uma pessoa muito legal e esperei por vocês. – ela lançou um olhar para Gally que sorria.
— E aí, nós passamos? – Luan perguntou, ofegante.
— Parabéns, princesas. Vocês passaram pelo exame da Seleção. – o anúncio fez Isa e Julia dar pulinhos de alegria, Luan deu um tapa nas costas de Gally que riu – E em dois dias vocês terão o último estágio.
— Último estágio?
— Vão ver. – ela sorriu – Agora vamos que estou faminta!
— Annie! – Isa a chamou com um largo sorriso enquanto se aproximava do carro.
— Oi? – ela se virou encarando a menor.
— O que fez a noite toda?
— Bom… – ela lançou um olhar para Gally e então voltou a olhar para Isa com um largo sorriso – Eu dormi. Agora vamos, princesas.
_____
Bate papo com a autora s2
Antes de mais nada queria agradecer todo o apoio, carinho, votos e comentários. Vocês são INCRÍVEIS, sério, eu amo vocês demais!
O Arco Seleção está chegando ao fim, ele é o maior da fanfic e os próximos arcos não serão tão grandes assim, e com os últimos capítulos venho dizer que o traidor será revelado e queria falar sobre isso.
Pra começar, não, não é a Triz! Pode soar como spoiler, mas acredito que eu já tenha mostrado que ela tem sim ligação com o Andrey e não é ela. O traidor infelizmente é um dos Raposas…
Falando um pouco da escolha desse personagem, bom, eu pensei e imaginei cada um sendo um traidor. Pensei nas possíveis motivações que teriam, o que levou eles a trair a Annie e, principalmente, seu passado. Cada um tem um passado já definido e mesmo assim eu pensei na possibilidade da Jade ser, ou da Priscila, ou do Gabriel e por aí vai.
Como eu tinha dito antes, os raposas tem um passado, mesmo eu não contando sobre, menos um. E por mais que eu tentasse formar um passado, eu não conseguia e absolutamente NADA vinha, eu só olhava praquele personagem e ficava “Quem é tu, fi??”, daí essa revelação do traidor caiu como uma bomba no meu colo e justamente se encaixou naquele personagem que NÃO tinha passado.
— às vezes eu penso que não sou eu quem crio, parece que os anjos ou o universo vão me jogando umas respostas e eu fico tão chocada e surpresa quando descubro algo da minha própria fic SKSKSK —
E essa abertura que encaixou e a estória e passado simplesmente fluíram na minha mente me deixando com dor no coração, porque eu amo esse personagem e é um dos meus favoritos, mas essa pessoa vai seguir um caminho muito doloroso e vai ser triste o final do arco – já alertando.
Essa pessoa agora tem um passado que vai ser revelado no final do arco, no último capítulo, e tem uma forte motivação e ainda por cima tem MUITA ligação com Andrey. É por isso que digo que não é a Triz, porque ela tem sim ligação, mas o traidor em si tem uma ligação muito mais forte com ele.
Além disso, uma das razões que me levaram a não pôr a Triz como traidora, mesmo ela sendo uma já que tem ligação com Andrey, é que eu não vejo ela tendo uma motivação realmente forte, sabe? A Triz, no meu ponto de vista, é uma adolescente com mente de criança e a razão que a levou se aliar ao Andrey foi muito rasa, e embora tenha sido rasa, já adianto que o Andrey é extremamente manipulador e sabe mexer com as pessoas. Mas não é como se ela quisesse “matar” a Annie, o motivo dela é bem besta na real porque, como havia dito, ela tem um jeito muito infantil ainda. Fora que, bom, eu não ia me sentir satisfeita colocando ela já que não iria ser um “plot” muito impactante, fora que, né… ia ser muito óbvio.
Então… O(a) traidor(a) será revelado(a) no último capítulo. Certo? Certo! Tão preparados? Hehe ksksks
Gente, pelo amor de Deus, me falem quem vocês desconfiam. Eu tô muito em dúvida se deixei muito óbvio ou se vai ser um plot forte.KKKKK
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro