LXXXIV - Cartas
Opa tutu pom?
Gente, duas coisas, pode ter mais? Sim, mas vamos lá
É... No capítulo anterior eu escrevi o nome Kayla ao invés de Kaira, vou arrumar? Não pq tô com preguiça, mas depois arrumo.
E essa discussão do Gally e da Annie, bem, ia ser pior :v iam trocar insultos e socos, n to nem zoando, mas na hora de escrever o capítulo só... Fluiu assim e eu achei q ficou bem melhor
Eu disse q ia demorar pra postar esse cap, mas eu queria avisar q eu tô no sexto e último livro do Box Perdida, ENTÃO eu vou terminar o livro PRIMEIRO e DEPOOOOIS voh ler essa fic p n me perder mais, e é isso amores
Jdjskske
Amo vcs
Espero que gostem e chorem nesse capítulo 🥰✨❤️ só avisando que revisei igual minha cara ❤️❤️
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— Estão todas mortas.
Afirmou após um longo suspiro cansado pela terceira vez, estava sentada numa das poltronas diante de seu pai, Mattie e Tanya. Após a discussão com Joel, ela viajou pela noite inteira em meio a escuridão e só chegou na base após as 14h, passou as últimas horas dirigindo sem parar ou sequer descansar e agora estava ali informando o que havia feito. O trio a encarava com um misto de emoções, uma mistura complexa de perplexidade, choque e felicidade, mas tudo se resumiu em pura preocupação pela chacina que ela cometeu. Eles estavam em completo silêncio enquanto Annie, que tinha profundas olheiras cinzentas ao redor dos olhos, olhou para cada um deles impaciente. A exaustão estava visível, junto da opacidade de seu olhar e a sombra que estava fixo ali.
Após o silêncio se estender por tempo demais,a jovem moveu na poltrona e estalou a língua:
— Eu iria me entregar, mas… – um suspiro profundo saiu de seus lábios – Bom, agora é basicamente uma guerra. Se elas estavam do lado dele e cooperaram o suficiente, então são culpadas e pagaram com a vida. – e então pigarreou levantando-se em seguida – Eu… Eu vim trazer essa notícia e… E dizer que estou viva e não aconteceu nada comigo. Amanhã de manhã sairei da base e darei início definitivo a essa caçada sem envolver nenhum de vocês, com minha ausência todos ficarão seguros.
— Espera, Annie! – Mattie saltou do sofá com os olhos fixos nela.
Mas sem vontade de manter aquela conversa, a jovem apenas se virou e saiu dali não olhando nenhum dos três, nem mesmo seu pai, nos olhos. Após uma longa ducha fria para retirar qualquer resquício de sujeira e sangue seco e empurrar com custo a comida enlatada, ela rapidamente se dirigiu para seu quarto e se sentou diante da mesa de canto com nada mais que alguns papéis um pouco amarelados e amassados e um lápis pequeno. Após respirar fundo algumas vezes tentando limpar e clarear a mente, ela começou a escrever. Escreveu para Mattie, Lawrence e Gally.
Devia ser quase cinco da tarde, estava exausta e a única coisa que queria era cair na cama e descansar até o dia seguinte, mas as sutis batidas tiraram a atenção das cartas e se voltou para o pequeno corpo da garota que adentrou mesmo sem convite. Os olhos puxados a encaravam com preocupação e um pouco de receio, parecia hesitar em se aproximar muito, mas não durou nada e ela logo parou no meio do quarto.
— O que foi, Anabelle? – Annie franziu o cenho.
— Eu… – ela mordeu o lábio inferior, os olhinhos correndo pelo chão enquanto buscava as palavras certas – Vim ver se era verdade o que Tanya disse.
— E o que ela disse?
— Que… você estava viva e que você tinha voltado. – e então ela dá dois passos em direção a garota e estende um dos braços que estavam escondidos em suas costas – Eu fiz isso para você.
Franzindo o cenho, mas sem falar absolutamente nada, Annie pegou as fitas de couro preto e observou. Não demorou muito para perceber que se tratava de um tapa-olho, um que ocultaria boa parte de seu olho danificado e o estrago ao redor. Ela respirou fundo, mas um sutil sorriso repuxou os cantos de seus lábios e olhou para a garota que parecia um pouco tímida e totalmente incapaz de manter o contato visual por mais de dois segundos.
— Obrigada, Anabelle. – sua voz saiu fraca – Eu realmente precisava de um. E ficou ótimo!
O elogio fez as bochechas da garota ganharem um tom rosado e um sorrisinho brotar em seus lábios, ela assentiu e foi em direção a saída:
— Fico feliz que tenha voltado, senti sua falta. – parando na porta, ela olhou para Annie e riu – E é Isabella!
— Ah, é claro.
Um riso frouxo saiu de seus lábios enquanto a garota fechava a porta e a deixava sozinha. Antes de colocar, ela foi até o pequeno espelho sujo no canto que ficava acima de uma pequena cômoda com uma bacia de água, ao ver seu reflexo sentiu um incômodo no peito e seus dedos deslizaram ao redor da ferida de seu olho. Não era só a ferida que destruía sua imagem, mas a palidez, as olheiras e a falta de brilho no olhar. Se sentiu diferente, como se não fosse ela que estivesse ali no reflexo, mas uma versão mais horrorosa de si mesmo.
Lágrimas salpicaram em seu olho ameaçando cair, após fungar e força-las a voltarem, ela colocou o tapa-olho e se viu de novo. Não gostando do que viu, voltou para a mesa e batucou os dedos na superfície da madeira enquanto via as linhas e os nomes nas folhas. Até que escutou o rangido leve da porta se abrindo e sentiu os pelos da sua nuca eriçarem.
— Você voltou.
A voz de Gally soava fraca, abatida, e a aparência não era tão diferente. Parecia que não dormia há dias e nem se alimentava direito. O aperto no peito de Annie foi tanto que sentiu que sufocaria.
— Eu desisti daquela ideia. – explicou cruzando os braços e apoiando a cintura na mesa.
— Tanya me contou.
— Você tá legal?
— Desde que sumiu, bom… eu não tenho dormido. Não tenho feito nada, na realidade. Não consigo fazer mais isso… eu não consigo. – ele apertou a ponte do nariz com o polegar e o indicador e respirou fundo.
— Sinto muito, Gally.
— Você… você voltou para ficar? Vai voltar a ser nossa líder?
A garganta de Annie se fechou, era difícil até respirar, mas ela sabia que precisava ser sincera.
— Não. Eu não vou ficar. Só vim dizer o que aconteceu com as loucas do deserto e vou embora novamente.
— Então eu vou com você.
— Eu vou sozinha. Você só vai me atrapalhar.
— Isso não foi um pedido, eu vou e ponto.
— Você é do esquadrão de Mattie, precisa pedir para ele se for sair da base!
— Que se Dane o Mattie e todos os esquadrões! Eu treinei por meses, eu lutei e me dediquei por meses para seguir você, para ser do seu esquadrão, e não vou deixar você mudar isso.
— Não tem o que fazer, Gally. O esquadrão está desfeito, não há como você me seguir. Não mais. Aqui dentro, cercado de muros e soldados armados, você estará seguro e salvo.
— Que se dane, isso! Eu não vou permitir que você saia por aí sozinha e aquele fedelho ameace você. Olha só, você prometeu para mim que não ia se afastar, então, por favor, não quebre essa promessa de novo.
Para Annie ficou difícil de engolir, doeu o suficiente recusar o pedido dele para ficar e seria mais difícil ainda se ele pedisse de novo. Não estava com cabeça para nada, as mortes e a briga com Joel minaram todas as suas forças e ali, diante de Gally, que facilmente a desarmava de todas as suas defesas e a deixava exposta como um nervo, era praticamente impossível.
Sabia que, para continuar a vingança, então teria que feri-lo para que ele a odiasse. Não sabia ao certo como faria isso, no fundo não o queria, mas o olhar suplicante junto da memória dele sentado e inconsciente na cadeira quando foi capturado era demais. Não suportaria vê-lo ferido e ela não se perdoaria se permitisse que ele se ferisse ou se colocasse em risco. Ele era o ponto fraco dela e Andrey sabia disso. Ele sabia muito bem.
— E você vai fazer o que? – perguntou, finalmente – Você é fraco, Gally. Incapaz. Não conseguiria derrotar o soldado mais fraco dele, quem dirá fazer algo contra Andrey.
O olhar chocado de Gally a deixou pior do que já estava, seu estômago ameaçou fazer a comida voltar e seus joelhos tremeram, mas tentou ao máximo permanecer firme.
— Eu não preciso que você me atrapalhe nisso, Gally. Então volta para o grupo de Mattie onde você será útil. – finalizou, tentando ao máximo para que a voz não saísse trêmula.
Gally piscou algumas vezes em choque, não conseguia elaborar uma reação nem falar nada e com o passar dos segundos aquilo foi deixando Annie cada vez mais incomodada. Ela respirou fundo e se virou andando lentamente para a mesa, no fundo se visse aquele olhar por mais alguns segundos então desabaria no chão, no fundo queria tocá-lo, sentir seu cheiro e calor, mas em meio a tantos problemas aquilo se tornou quase impossível.
— Eu não sou como eles. – a voz fraca de Gally, mas o suficiente para fazer a garota se virar e encará-lo. O olhar vago fixo no chão deixou seu estômago pior. – Não sou forte como o Eleazar, habilidoso como a Jade e nem inteligente como o Félix. E eu não sou como a Kaira.
— Não mencione ela. – disse entredentes.
— Entendo sua preocupação, eu não sou como eles, mas eu vou mesmo que você não queira. Olha, Annie, eu já perdi muitas pessoas também e não quero perder você.
Annie mordeu o lábio inferior, fechou o olho forçando as lágrimas a voltarem e então respirou fundo se preparando para o que ia dizer. Quando voltou a encará-lo, tentou fixar seu olhar mais frio e insensível, porém o lábio inferior tremeu quando disse:
— Você não faz ideia do que é perder.
A indignação preencheu a face do garoto, pelos olhos Annie pode notar que um filme de memórias passava por sua mente em segundos e, de fato, era isso. Ele se lembrou da clareira, das mortes para os verdugos e tinha vagas memórias de Chuck e dos outros indo embora e ele ficando para trás.
— Todo mundo com que eu me importava morreu ou me deixou. Todo mundo menos você! Não vem com esse papo de que não precisa de mim, porque eu tô pouco me fudendo para isso. Então não me peça para ficar aqui enquanto eu perco você!
A face aos poucos iam ficando vermelha conforme ele aumentava o tom de sua voz, quase gritando com a raiva, Annie o encarou por alguns segundos, limpou a garganta e tentou falar, mas ele a cortou e se adiantou:
— Por favor, trolha, não me peça para perder você também. Eu amo você mais do que tudo e não vou aguentar.
A expressão de Annie mudou para surpresa, todos os pensamentos e ideias sumindo enquanto se focava totalmente nele, era como se a lama e a sujeira que cercasse seus olhos e sua mente simplesmente sumisse e tudo ficasse nítido e então e então se fixasse nele. Era a primeira vez que ouvia aquilo dele, em todos aqueles meses era a primeira vez, até mesmo ela tinha dito duas vezes e não era algo comum. E ali estava ele, dito aquelas três palavras mais importantes enquanto o coração dela disparou como um cavalo.
Suas pernas simplemente se moveram até ele, o envolveu com os braços e colou seus lábios ao dele. Gally não hesitou um segundo, agarrou sua cintura e a puxou para ele retribuindo o beijo com a mesma necessidade desesperada e intensa. Ele a empurrou até a parede, onde a garota colidiu as costas, mas não se importou e continuou deslizando suas mãos. Sentido seus fios dourados grandes e encaracolados, o pescoço, os ombros largos e os braços firmes. O calor que seu corpo emanava e que podia sentir mesmo em cima da roupa, abraçava o seu corpo e o cheiro inebriante consumia ela por inteiro como fogo. Tudo ao redor pareceu não existir mais, o mundo se resumia aos dois ali, se resumia àquele abraço e aquele beijo. A mente de Annie pareceu parar de funcionar e seu corpo agia conforme seu desejo. E ela desejava Gally, como ele a desejava.
As mãos firmes do jovem foram até seu quadril onde a puxou e as pernas dela envolveram sua cintura, ele a guiou até a cama onde caíram e se afastaram para respirar antes de voltar ao beijo intenso.
— Eu amo você. – o garoto sussurrou de novo e de novo entre os beijos
Há semanas Gally desejava aquilo, há semanas queria poder alcançá-la e de alguma forma conseguiu, mas algo no peito dele dizia que não. Que havia conseguido alcançar apenas a superfície. Mas sua mente estava mais focada na boca da garota, como suas línguas se moviam em harmonia, o gosto dela e os gemidos que saíam de ambas as gargantas. Suas mãos avançaram contra as roupas, arrancando as peças com desespero enquanto as atirava em algum lugar do quarto antes de se unirem completamente.
***
Annie dormiu após muito tempo, Gally só conseguiu adormecer horas depois, mas os pesadelos vieram e ela despertou pouco antes do amanhecer. Ela viu Gally de costas completamente adormecido, seus corpos ocultos por um fino lençol, mas Annie sabia o que tinha que fazer e não poderia parar. Não mais. Com cuidado, se levantou e vestiu suas roupas, pegou a carta destinada para ele e então deixou no travesseiro antes de sair.
Pensou que iria doer como o inferno ir embora após Gally odiá-la, mas agora percebeu que estava enganada. Ir embora após ele se declarar, bom… não tinha palavras para descrever aquilo.
Destinou uma carta para Mattie, onde a empurrou por baixo da porta do seu quarto, também para Lawrence, Tanya e Isabella.
E então partiu.
Mattie acordou poucas horas depois, demorou um pouco para perceber o papel no chão e precisou sentar para não cair quando leu.
“Sempre vou te amar porque crescemos juntos e me ajudou a ser quem sou. Eu só quero que saiba que sempre haverá um pedaço de mim em você e sou grata por isso. Seja quem for que você se torne ou onde quer que esteja no mundo, eu te envio amor. Sempre será meu irmão.
Sei que posso não sobreviver a essa vingança, que posso perder a vida e não quero arriscar vocês, mas saiba que desde o momento que nos conhecemos eu vi você em mim e eu em você. Você é minha alma gêmea, o irmão que sempre quis e eu rogo a Deus, se ele existe ou não, para que você conheça Kaira e ela possa ver o mesmo que vi em você. E eu sempre levarei você comigo, principalmente as memórias onde você corria atrás de mim gritando meu nome pedindo para brincar, obrigada por tudo. Eu amo você, irmão.”
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