Cap: 33 parte 2
Continua....
Jonh Wilker / Mary Dias
— Vou começar pela Emily. Quando eu era criança a Ana morava aqui com a família e conviviamos juntos, Jorge, Emily e eu brincamos pela mansão. Esse foram uns dos poucos momentos que me sentia feliz. — Recordar não é fácil. Eu sou um homen forte mais essas lembranças me derrubam.— A medida que fomos crescendo os sentimentos foram mudando. A Emily não me olhava apenas como criança e eu não entendia muito bem. Um dia ela disse que gostava de mim e queria ser minha namorada. Eu disse que não porque éramos amigos e isso não estava certo. Eu ainda era inocente. Ela se zangou e passou um tempo sem falar comigo. Nessa época eu tinha 11 anos e a Emily 10. Cinco meses depois a minha mãe morreu e depois meu pai. — Esse foi um episódio que eu queria esquecer mais não consigo.
— Quando fiquei sozinho eu sofri demais. Não conseguia dormir, eu gritava, acordava atordoado todas as noites e a Ana sempre vinha até mim e me encontrava ao lado da cama com a cabeça baixa entre as pernas e chorando. — Vejo que ela quer chorar. Se ela tá se sentindo assim imagina como eu estou. — Todos os dias era assim. E a Ana não me deixava só até eu dormir. Eu me isolei ainda mais. Não falava com ninguém e cresci desse jeito. A Ana mandou a filha estudar fora e pagava os estudos dela. Quando a Emily se formou eu já estava formado em advocacia e trabalhando na empresa do meu e o Jorge ao meu lado. Um dia a Ana me perguntou se podia trazer a filha de volta para morar com ela aqui e eu mesmo a contragosto aceitei. Foi uma forma que encontrei de agradecer pelo que ela fez por mim. Eu nunca fui bom com as palavras. Nesse tempo ela ainda era casada. O que eu não esperava era que uma descisão como essa fosse arasar ainda mais minha vida desgraçada. — Mary tenta falar alguma coisa mais não deixo, eu quero que ela me ouça.
— Deixe eu continuar. — Ela assente com o olhar triste sobre mim e isso tá me mantando. Eu não quero que ela sinta pena de mim. Isso não. — Falei pra ela que podia vir morar com ela aqui desde que não falasse comigo, ou fosse ao meu quarto durante a noite. Eu não sabia se a Emily ainda gostava de mim. Quando ela chegou eu não estava em casa. Não queria vê-la. Mais ao chegar do trabalho ela veio ao meu encontro e ao lhe ver, pude notar o quanto ela mudou. Estava linda, diferente, mais isso não me causou nada. Ela falou comigo e eu mesmo irritado por ela está dirigindo a palavra a mim, ouvir ela dizer que nunca me esqueceu e que agora que ela estava adulta queria ter a oportunidade de me fazer feliz... Felicidade... Eu não sabia o que era isso. Eu disse não de novo, mais ela não se deu por vencida. Falei a Ana pra falar com ela, mais não adiantava ela não ouvia. Estava decidida a me conquistar. Foram longos 2 anos. Até que um dia de tanto ela insistir acabei cedendo a um beijo louco no meu escritório. Eu perdi o controle e quando dei por mim a empurei para longe. Mais era tarde demais ela achou que havia conseguido.
Fiquei furioso comigo mesmo. Eu não queria aquilo. Claro que ficava com outras mulheres mais eram casos de uma noite e pronto. A Emily era diferente ela gostava de mim e eu não poderia alimentar aquele sentimento. Eu saí esse dia e bebi um pouco e voltei tarde da noite. Subi pra meu quarto, tomei banho e me deitei. Os pesadelos estavam frenéticos, mais que nos outros dias. Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu via alguém entrar no meu quarto. Era a Emily, mais para mim era ele. Eu tentava me esconder e nada. Ele pegou meu braço e apertava com força e tentava me enforcar com a outra mão e eu queria matá-lo. Eu consegui me soltar dele e fiquei por cima. E lhe apertava com tanta força no pescoço. Eu queria que ele morresse, desaparecesse de vez da minha vida, da minha cabeça e ele me olhava e sorria dizendo que eu era uma desgraça na vida dele e tudo que aconteceu era culpa minha. Eu não entendia nada, quando dei por mim ele sumiu e eu acordei. Quando abri meus olhas ela estava lá. Desmaiada, eu me assustei e sai de cima dela feito um louco. Eu não acreditava que ela estava morta. Era culpa dele. Não minha, isso era o que eu pensava. — A Mary me olha assustada. Com certeza lembrando do dia que fiz isso com ela. E meu peito dói. Eu a machuquei também. Ela está com uma mão no pescoço e a outra sobre a boca e uma lágrima desce pelo seu rosto. Eu não quero que ela sofra por minha causa. Levanto minhas mãos para limpar seu rosto mais me de tenho.
— Eu não sabia o que fazer. Tentei reanimá-la mais nada. Chamei a Ana e ela ficou desesperada, o marido dela apareceu também e me olhava com acusação. Levaram ela ao hospital, mais eu não tive coragem de ir. O que eu fiz foi ficar ao lado da minha cama, como uma criança abandonada e infeliz. E me perguntava porque eu estava passando por isso? — Olho para a imagem a nossa frente. — Eu perguntava pra ele, o que queria e ainda quer de mim. Porque me deixou só. E nunca tive resposta. Nenhuma se quer. Eu fiquei lá naquele quarto durante 3 dias sem sair pra nada. O Francisco batia na porta preocupado e eu não abria. No quarto dia a Ana me chamou. Eu não queria falar com ela. A culpa era minha. Mais ela insistiu e eu abrir a porta. Ela estava triste abatida e ao vê-la não consegui dizer nada. Eu desmaiei aos seus pés. Quando eu acordei o médico já havia ido embora, a Ana estáva sentada na cama ao meu lado de novo. Eu lhe olhava perdido. E ela me disse que não me culpava por nada. Que mesmo sem saber o que aconteceu ela sabia que não foi minha culpa. Eu não disse nada. Fiquei ali feito um mendigo da minha própria existência medíocre. Ela falou que a Emily entrou em coma e os médicos não sabiam quando ela poderia acordar. Isso me doeu. E ainda dói Mary. Depois disso a Ana se separou do marido. Ele me culpa pela filha dele ter perdido tudo e a Ana por ter ficado do meu lado. E ele está certo, eu sou culpado. As vezes acho que ele tinha razão eu sou desgraça mesmo.— Ela está chorando,mesmo assim ela chega até mim e me dá um abraço repentino. Eu não esperava por isso. Fico até sem reação. Ela chora sobre meu peito e uma angústia me toma. Porque ela está assim? Lhe envolvo com meus braços e ela me aperta ainda mais. Um nó se forma em minha garganta e sem querer uma lágrima solitária desce pelo meu rosto. Como ela conseguiu isso? Me fazer chorar. A muito tempo isso não acontecia. Um breve alívio me toma.
— Eu sinto muito Jonh... Sinto muito...— Ela fala com a voz embargada pelo choro.— Por um momento pensei que a quis machucar, mais eu estava errada. Você não teve culpa... Sinto muito. — Ô Mary não diga isso. Eu não mereço você. Mais eu te quero tanto.
— Não sinta. Eu sei o que eu fiz e aceito todas as consequências Mary. — Quando recentemente soube da morte dela, eu não me senti menos pior. Eu me sinto culpado ainda mais. Eu tirei a chance dela ser feliz. A chance de viver. Eu nunca vou me perdoar por isso. Nunca vou perdoá–lo pelo que me fez passar.
— Você precisa se perdoar Jonh e só assim encontrará a paz que almeja.
— Eu nunca terei paz Mary... Nunca. — Ela se desprende do meu abraço e toma meu rosto em suas mãos. As vezes só de olhar pra ela eu me sinto em paz. Ela é minha paz. Mais depois tudo volta.
— Não diga isso. Eu sofro só de ouvir você falar essas coisas. Você não é um monstro Jonh. Você é um ser humano... Errante, falho é isso que nos faz humano e no dia que consegui se perdoar pelo que fez vai se encontrar de novo. E no que depender de mim estarei ao seu lado se assim quiser. — Ela disse isso. Ela não vai embora. Meu coração acelera. Mais ela não sabe de tudo ela acha isso porque não sabe.
— Você é um anjo. — Pego suas mãos com as minhas e fecho meus olhos por um instante. — Isso não é tudo Mary. Tem mais. Você não vai pensar assim quando souber do que eu escondo que ninguém sabe além de mim.
— Eu não quero saber. Só o fato de você se abrir comigo assim já me mostra que você não é um monstro. Você é meu Jonh. — Abro meus olhos e ela me olha tão intensamente que não resisto em lhe tomar os lábios num beijo, feroz. Lhe trago para mais perto de mim e lhe beijo com todas as forças. Ela é meu alívio. Mais aí lhe solto. Ela toma fôlego e fica sem entender o que houve. Eu quero que ela saiba de tudo.
— Mary você não sabe o quanto é bom ouvir isso de você. Mais eu quero que você me queira por inteiro, sabendo de tudo. Não só essa parte de mim. Tudo, entendeu. Só assim vou ter certeza que quer ficar comigo. Eu sou louco por você. Faria qualquer coisa pra te ter comigo, pra te ver feliz, mesmo que me doa te deixar partir. Você ascendeu meu coração. Me fez e faz acreditar que talvez eu não esteja totalmente perdido.
— Meu amor, você não é obrigado a me contar nada.
— Mais eu quero.— Ela me chamar de meu amor me desarma. Ela pode não ter percebido mais essa frase mexeu comigo demais.
— Tudo bem!
— Não é nada fácil te falar isso. Falar de mim pra você. Isso me deixa vulnerável. E não gosto de me sentir assim. Parece que me torno presa fácil. Mais eu estou me entregando a você de todas as formas possíveis. É um peso que agora não vai mais fazer parte apenas de mim. Estou divindo ele com você. Entenda que você não é obrigada a ficar comigo. Eu só quero que saiba que eu quero me entregar ainda mais a esse sentimento aqui no meu peito. E ficarei feliz de verdade se você ficar bem comigo. Não se sentir ameaçada ou com medo ao meu lado. Eu estou com muito medo Mary. Então não tome nenhuma decisão antes de ouvir tudo ok.
— Tá bom. Prometo tentar entender tudo. Me senti insegura no começo mais agora quero que saiba que pode confiar em mim. Eu estou sofrendo junto com você. — Esboço um meio sorriso por ela está se esforçando por mim.
— Sabe porque tenho pesadelos frequentes? — Ela balança a cabeça em negativa. — Eu matei o meu pai Mary. — Jogo de uma vez. Eu não gosto de arrodeios. Falo frio e sem emoção.
— Ó meu Deus. Jonh! — Ela fica sem reação. Não sei o que se passa na cabeça dela agora. Seu olhar parece distante. Analiso ela e não consigo decifrar o que ela acha de mim. Ela se afasta um pouco. Já esperava essa reação. Ela se levanta e fica de costas para mim encarando a imagem dele a sua frente. Eu continuo no mesmo lugar.
— Porque? — Sua voz soa perdida e melancólica.
— Ele matou a minha mãe. Por culpa dele ela morreu. E eu nunca vou perdoa-lo por isso. Mesmo sabendo que minha alma pode queimar no inferno. — Me levanto e chego perto dela sem tocá-la. Falo seco e frio.— Faria de novo se fosse necessário. Eu não me arrependo um só momento disso. Ele mereceu Mary. — Ela permanece de costas. Ficamos um momento em silêncio até que ela se vira e me encara. Seu rosto parece com medo. E isso me assusta. Não quero que ela tenha medo de mim. Ela não fala nada apenas me olha. E eu não sei porque está me olhando assim. — Você não sabe o que é viver com alguém que te odeia, que joga na sua cara que você é a desgraça da sua vida, você não faz idéia dos momentos que eu passei que eu queria sumir. Eu via minha mãe todos os dias sendo humilhada, maltratada pelo meu pai e eu não fazia nada. Isso me deixava mal, pra baixo. Eu não fazia amigos na escola, em lugar algum. Muitas vezes minha mãe me escondia dele, quando chegava do trabalho puto e descontava nela. Ela não merecia. E eu via Mary. As vezes eu chegava em casa e ia procurar por ela e a encontrava chorando no quarto. Mais quando ela me via, limpava as lágrimas me chamava para junto de si e me abraçava. Eu sabia que ela estava passando isso por minha culpa. Quando ela não estava ele me machucava e me dizia que desde que eu nasci a minha mãe só fazia minhas vontades. Deixou ele de lado e por isso me machucava. E eu não dizia nada porque sabia que se eu dissesse ele ia machucar ela. — Falo com tanta dor e mágoa e o que ela faz é só chorar. Viro de costas pra ela não quero mais vê-la chorar por causa de mim.
— Uma noite ele chegou louco. Não sei o que aconteceu. Eu estava aqui com a mãe, ela rezava, e eu ficava sentado ao lado dela sem entender porque ela sempre vinha aqui. E nessa noite ele abriu a porta violentamente... Eu me assustei e ela se levantou e ficou na minha frente. Ele veio pra cima dela e eu de súbito me pus na sua frente. Ingênuo, pensei que podia contra ele. Ele me empurou pra longe e eu cair aos pés dela. Ela me pegou em seus braços e gritava com ele pra se acalmar, enquanto ele a xingava de todos os nomes feios existentes. Que ela era uma vadia, que o estava enganando, que ela não era a mulher que esperava. Ele não estava muito bem. Devia ter bebido. Minha mãe tentava se defender mais ele não dava ouvidos. Ela me olhou e pediu pra me esconder. Eu não queria deixar ela lá. Mais fui um covarde e corri... Tropecei e cai. Eu chorava não por ter caído mais por ter deixado ela sozinha. Me levantei e voltei pra cá de novo, mais o que eu vi foi horrível. Ela estava ensanguentada e ele com as mãos na cabeça segurando um revólver em sua mãe. Eu só fiquei parado. Enquanto ela ainda soluçava. Ela me viu e ao tentar me aproximar ela não deixou, pediu pra mim fugir de novo e foi aí que ele me viu e eu corri. Saí sem rumo, feito um cão e me escondi por dois dias na minha casa da árvore. Era meu esconderijo. Eu estava com medo, sozinho. Eu chorei tudo que tinha pra chorar nesses dias. Eu sofri sozinho ali. Eu voltei pra casa e ele não estava. Quando a Ana me viu eu não tinha emoção alguma. Ela me banhou, cuidou de mim até ele chegar. E durante essa noite ele veio até meu quarto. Eu estava esperando por ele. Eu peguei sua arma que ele guardava no cofre e quando ele entrou no meu quarto eu atirei. O vi cair no chão com as mãos no peito. Me aproximei dele e ao chegar bem próximo eu me olhou e sorriu pegou meu pescoço e começou me enforcar. Eu lutei pra me soltar dele até que conseguir. E antes dele morrer disse: Você é uma desgraça. Tudo é culpa sua. Viva com isso. As suas palavras ficaram em mim. Eu me recuperei e fiquei vendo ele dar seu último suspiro. Eu não senti nada Mary. Nada a não ser ódio por ele, pelo que ele fez comigo e com ela. Ninguém soube de nada. Disseram que ele se matou depois que a mulher morreu. Mais eu sabia da verdade. A arma eu joguei fora. E sai da mansão deixando esse maldito para trás. Eu ia tirar minha vida mais o Francisco não deixou. E desde então minha vida é assim. Uma desgraça como ele disse. Ele se foi mais me atormenta todas as noites. Mais eu não me arrependo Mary. Nem um pouco. — Eu me viro e tento decifrar sua reação. Ele me olha em silêncio.
— Esse sou eu. Isso foi o que eu fiz. Você decide agora se quer ficar ou partir. — Ela não fala nada. E isso tá me deixando apreensivo. Porque ela não fala nada? Seus olhos estão marejados mais sem lágrimas no rosto ela as enxugou. O silêncio é mortal. Parece que há um imenso abismo entre nós. — Fala alguma coisa por favor. — Suplico indo em sua direção. Ela não se mexe. Chego bem perto dela e ela só me olha pensativa. — Esse seu silêncio é angustiante. Eu sei que pode estar pensando que o que eu fiz não foi certo. Mais eu o fiz e não tem como desfazer nada. Eu vou entender caso seja demais suportar estar ao lado de um cara que matou o pai e uma mulher. Não forçarei nada.
— Eu não entendo Jonh. Como um pai pode fazer o que seu pai fez com você. Eu não entendo quem deveria proteger te causou mal. O que eu sei é que sua mãe só quis te proteger. E infelizmente num relacionamento abusivo e sem amor acontecesse esse tipo de coisa. Eu não te julgo pelo que fez a seu pai. Você era só uma criança. Eu sei que na hora da raiva, num momento de perda nós perdemos o sentido, foi isso que aconteceu com você. Eu sinto tanto Jonh. Eu fiquei pensando no meu filho nesse momento de silêncio. E sei que sua mãe faria qualquer coisa por você, assim como eu faria qualquer coisa pelo meu filho. E não se ache um monstro ou que não mereça a felicidade. Eu te ouvi, duvidei por um momento, estou assustada com tudo isso que você falou e viveu...mais eu não quero ficar longe de você. Eu quero te dar aquilo que você não teve. Eu sei que não vai ser fácil mais se você me permitir de diminuir um pouco de sua dor eu digo a você...Eu Mary Dias estou disposta a segurar sua mão e não soltar. Eu quero você Jonh Wilker mais ainda do que antes. Com todas as minhas forças. E juntos encontrarmos o caminho da felicidade. — Eu não mereço essa mulher. Ela me fala com tanto amor, ternura, compaixão que me leva ao céu. Seu olhar é tão penetrante que me faz senti nas nuvens. A tomo em meus braços num abraço apertado e tomo seu rosto em minhas mãos e seus lábios rosados são tomados pelos meus. Agradecendo a ela por me aceitar... Paro nosso beijo e digo sem rodeios o que estou sentindo agora.
— Eu te amo Mary. — E nada mais importa.
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Olá meus amores!
Capítulo forte!
Se gostaram deixe seu voto e comentários.
Comentem o que acharam, se as teorias de vocês estavam certas...Quero saber....ainda tem muita coisa que nem o Jonh mesmo sabe que vai ser revelado em breve...
A história do Jonh e o pai e a morte da mãe ele vai explicando a Mary aos poucos.
Bjsss e até o próximo!
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