Ja depois de ter me arrumado, me encontrava sentado em minha cama em um estado desesperador.
Calmo não seria a palavra certa para o estado de minha mente neste instante.
Eu precisava claramente aliviar a tensão, precisava parar para pensar em outra coisa por um momento.
Porém não conseguiria sozinho, naquele estado não mesmo.

O quarto se encontrava com a luz apagada, em minha cama se encontrava minha mala e nada mais.

Se iniciando com um volume bem baixo, ouço um som de algum piano sendo tocado, um toque calmo, quase impossível de se ouvir.

Me levanto da cama enquanto limpava meu rosto, caminhava até a porta e a abria, na tentativa do som ficar um pouco mais alto. Talvez pudesse ser uma escapatória para os meus problemas por um tempo. Percebo que ao abrir a porta, não adiantou tanto, porém já era o bastante para que eu pudesse o seguir.

Caminho pelos corredores enquanto prestava atenção apenas ao som que sairia de uma daquelas salas.
Ao me aproximar de uma delas, abro a porta bem de vagar para que não incomodasse quem estava tocando. Lá estava Cristina e Emanuel, o mesmo se encontrava tocando levemente o tão procurado piado enquanto Cristina dançava.

Sua dança era mais que improviso. Era arte. Uma mistura de balé com teatro. Um romance, uma nota.
Sua simplicidade e uma lágrima quase que seca do lado direito de seu rosto, denuncia que ela acabara de encontrar o que eu tanto queria; Paz.

A luz do sol já batia na janela, moldando a sombra de Cristina no chão enquanto ela dançava.
O que estava claramente deixando aquela cena mais linda ainda, era ver que Cristina começara a derramar lágrimas. Como se estivesse tirando o sentimento ruim junto delas e deixando a paz ser encaminhada até seu coração.

Ando calmamente de braços cruzados até o piano, onde Emanuel se encontrava e tento não tirar sua atenção.

Depois de um tempo apreciando tal momento, percebo já ter terminado de chorar e um sorriso nasce em meu rosto, me deixando com ânimo o suficiente para bater palma.

Cristina termina de dançar e vem caminhando em nossa direção enquanto sorria.

- Que lindo. Pelo menos alguém aqui está conseguindo encontrar paz.- Comento sorrindo tentando não voltar a chorar.

Cristina solta seu cabelo que já se encontrava cortado novamente como antes e senta em um banco próximo de Emamuel e o piano.

- Viram a Hanna hoje ?.- Cristina pergunta.

- Não... Na verdade não a vejo desde ontem de manhã.- Emanuel responde.

- Ela foi em meu quarto hoje pela manhã... Me entregou uma notícia um pouco... Pesada.- Digo e ponho meus braços acima do piano.

- Qual?.- Emanuel pergunta.- Já era de se esperar... Estava tudo indo para um caminho muito calmo...

- E ainda tem mais coisas para ser desvendadas??.- Cristina pergunta.- Meu deus...

- É...- Digo e dou um leve suspiro.- O tal homem que estava nos perseguindo...[...].- Digo e sou cortado por Emanuel.

- Sim, sim. Ele está naquele lugar, onde fomos resgatar a Cristina, não é?.- Pergunto.

Hesito por um instante, estava indeciso se ao dizer a verdadade, eles me olhariam de outra forma.
Mas que culpa eu tenho?! Eu não sabia que aquele desgraçado era o meu pai biológico. Eu só queria, vingança.

- Lucas. Ele está lá, não é?.- Perguntou Emanuel novamente.

Cristina demonstra ter um pouco de receio pelo que poderia ser a minha resposta.

- Não. Eu... Eu o matei.- Digo depois de respirar fundo e não pensar mais, simplesmente disse a verdade; nada mais importa agora a não ser isto.

Estou cheio de tanta mentira, das verdades ocultas e de tanta bagunça em minha mente.

Emanuel demonstra ficar surpreendido depois da tal notícia ao levantar do banco próximo ao piano.
Cristina fica paralisada, parece não demonstrar nada em seu semblante, quase como uma pessoa em um estado catatônico.

- Oque?? .- Emanuel pergunta.

- É... Eu o matei.- Digo e suspiro.- Eu não sabia... Não foi minha culpa. Eu só queria acabar logo com isto e não correr mais perigo!... Só isso!...- Exclamo.

- Lucas...- Disse Emanuel em um tom baixo.

- E... E também tem mais uma coisa._- Digo e antes de alguém falar qualquer coisa que pudesse me interromper; - Ele se chamava Marlok Gharn... Meu pai biológico e Liz não é minha mãe...

Lucas e Cristina rapidamente se demonstram extremamente chocados com tal notícia, tanto, que não sabiam o que falar.

- Já chega.- Cristina diz me surpreendendo até.- Eu já ouvi o bastante. Onde é que fomos parar?! Isso está indo longe demais.

Abaixo minha cabeça pois não sabia o que dizer, pois por mais que eu fosse forte, não sabia nem mesmo o que poderiam pensar de mim, como dito, isso fôra longe demais.

Depois de alguns minutos tentando digerir estas notícias, Emanuel põe a mão em meu ombro, me consolando, o mesmo diz;

- Não se preocupa cara. Estamos aqui para cuidar um do outro. É para isto que serve os amigos.

Viro meu rosto que se encontra abaixado, olho para o mesmo e sorrio, com algumas gotas de lágrimas em meu nariz.

- A qualquer momento.- Cristina diz e se levanta, caminhando até mim e me abraçando.

Emanuel faz o mesmo e então os abraço, os sentindo quentes e acolhedores, como uma família.

De repente Hanna abre a porta da sala e nos encontra.
A mesma dá um suspiro e corre em nossa direção, dando mais força aos abraços e se juntando à familia.

- Como crescemos rápido.- Emanuel comenta.

- Sim...- Hanna diz já com lágrimas em seu rosto.

Rompemos o abraço e limpamos nossos rostos.

- Um por todos.- Emanuel diz e dá um leve riso, levando sua mão direita para o meio de nós.

O que parece estar se iniciando um novo pacto.

- Um por todos.- Cristina diz correspondendo, sorrindo e pondo sua mão acima da mão de Emanuel.

Nossas vidas sendo ligadas mais ainda.

- Um por todos...- Hanna diz colocando a mão acima das duas mãos no meio.

E nos dando mais força. Para viver.

- Um por todos!.- Digo pondo minha mão acima da deles e sorrindo.

Juntos.

- E todos por um!!.- Dissemos juntos e jogamos nossas mãos para o alto.