La Notte Che Ci Siamo Incontrati
Chegamos ao último capítulo D:
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
Mas calma, tenho uma novidade boa pra vocês ;)
Boa leitura!
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Três meses podem parecer um curto espaço de tempo para sua vida mudar, mas para Pâmela foram suficientes para se reorganizar e se adaptar à sua nova realidade.Com um novo coração — ironicamente retirado da pessoa que tanto lhe fez mal —, ela entrou em uma nova fase da vida. Fez exercícios e passou por diversos testes para assegurar que tudo estava bem com o órgão; por sorte, os resultados foram positivos.Enfrentou especulações da justiça, que investigaram se ela teria sido cúmplice do justiceiro ou do traficante. Se Rodrigo estivesse vivo, com certeza a defenderia de tais acusações absurdas. Aliás, Pâmela não pôde comparecer ao enterro do amigo devido à recuperação da cirurgia.A mídia também não facilitou sua vida. Frequentemente, sua casa era cercada por jornalistas, fotógrafos e curiosos. Seus pais estavam exaustos de ter que expulsá-los e implorar por paz para a filha. Foram obrigados a se mudar para um local mais afastado para encontrar tranquilidade.Após a recuperação e a liberação para retomar sua rotina, a primeira coisa que fez foi pintar novamente os cabelos de alaranjado. Devido ao tratamento e à baixa imunidade, fora orientada a não fazê-lo até estar completamente recuperada.Ela também foi autorizada a trabalhar. Sem maiores demoras, conseguiu um emprego em um shopping — algo que também não apreciou, principalmente por ter perdido seus finais de semana livres.Agora, após o início das aulas, ela precisaria correr para alcançar o conteúdo perdido. O primeiro dia de aula do último ano seria estranho, tanto pelo ocorrido que todos deveriam saber quanto pelo fato de retornar após um mês do início das aulas.Como se não bastassem os olhares de pena e julgamento de seus familiares durante a Ceia de Natal (ela foi liberada na véspera para estar com a família), agora enfrentava os mesmos olhares vindos de seus colegas.Ganhara uma nova chance de viver, mas não conseguia decidir se realmente valera a pena. Estava novamente trabalhando em um lugar que odiava, cursando algo que não sabia se realmente gostava, sem amigos nem namorado. Sua vida fora exposta na TV de forma sensacionalista. Fora criticada, elogiada, apoiada e denegrida.Tentava seguir em frente, mas as últimas memórias não eram agradáveis. Seus pais mudaram o turno no trabalho para lhe dar mais atenção, mas isso só a sufocava mais. Sentia-se presa na monotonia mais uma vez.Sentou-se na última fileira, de frente para a lousa. Carolina se acomodou do outro lado da sala, o mais distante possível. Quando seus olhares se cruzaram, a morena abaixou a cabeça e, em seguida, seus novos amigos se acomodaram perto dela.A ruiva sentia vontade de chorar. Era horrível estar sozinha naquele ambiente onde todos a encaravam e cochichavam sobre ela. Ninguém havia se sentado perto de sua redondeza, o que a incomodava ainda mais.[x]A aula começou quando uma garota que ela nunca tinha visto antes bateu à porta pedindo licença. Tinha um visual marcante: pele clara, cabelos e olhos negros, e várias tatuagens. Vestia uma camisa xadrez, calças jeans escuras e um chapéu.O professor iniciou a explicação da matéria, mas era difícil se concentrar. Seus pensamentos estavam tumultuados e embaralhados. Seus pés balançavam no ar e suas mãos tamborilavam a caneta sobre o caderno.A novata sentou-se ao seu lado e a tirou de seus devaneios ao chamá-la:— Oi. Será que pode me emprestar uma caneta? Acabei esquecendo.— Claro! — respondeu com um sorriso amarelo. Abriu o estojo, pegou a caneta e a entregou.Alguns minutos se passaram, e a garota a puxou para o mundo real novamente:— Essa aula está chata, né?— É... — levantou uma das sobrancelhas, estranhando a atitude.— Quer dar uma volta?— Com certeza!Levantaram-se e deixaram os materiais na sala.No corredor, a colega se apresentou:— Meu nome é Cindy. Já te conheço pelos jornais!— Ah, normal... — forçou um sorriso. — Você é nova na faculdade, certo?— Sim, sou do Rio. Minha mãe se mudou para cá e eu transferi para essa faculdade. Mas, na real? Odeio esse curso!— E por que continua nele?— Ah, porque uma amiga da minha mãe disse que é bom, dá futuro, enriquece... Ela até prometeu me indicar para alguns lugares quando eu me formar. — revirou os olhos. — E você, gosta do que faz?— Ainda não sei.— Não sabe??? Estamos no último ano e você ainda não decidiu? — falou em voz alta.— Minha vida passou por muita coisa recentemente. Nem sei mais se o que eu gostava ontem, ainda gosto hoje.— Sinto muito pelo que aconteceu... — disse Cindy. — Mas que tal comer uma coxinha ali na cantina? Estou morrendo de fome![x]O tempo voa rapidamente. Pâmela e Cindy se tornaram grandes amigas e confidentes. A morena sempre compartilhava seu sonho de ser atriz e morar no México. Apesar de ter certificado e experiência, era difícil conseguir algo nessa área no Brasil. Além disso, não tinha o apoio da família.Em uma noite, Pâmela foi dormir na casa de Cindy depois de muita insistência da amiga com os pais. Conversaram sobre vários assuntos até que uma ideia surgiu:— Aí, Pam... — chamou Cindy. — Como está seu espanhol?— Acho que posso falar algumas coisas. Por quê?— Vamos para o México? — perguntou Cindy, tragando seu cigarro e soltando a fumaça pela janela.— Você está maluca, amiga? O que vou fazer lá?— Para ser vendedora aqui, você pode ser lá também, meu amor! — explicou Cindy, arrancando risadas da amiga.A partir daquele momento, Cindy não conseguiu tirar a ideia da cabeça.[x]Depois de desentendimentos com os pais, pressão no trabalho e na faculdade, Pâmela começou a considerar a ideia como viável. Por um período, juntou dinheiro na poupança e, finalmente, comunicou à amiga que havia tomado a mesma decisão.Fizeram as malas, tiraram passaporte e embarcaram em um voo só de ida com destino a Guadalajara, abandonando tudo o que tinham em uma jornada de autodescobrimento e novos desafios.Isso foi o suficiente para fortalecer a amizade. Agora, além de amigas, dividem uma vida juntas, se encaixam e se completam. Descobriram que o amor pode estar nas pessoas mais inesperadas.[x]Na sua cela solitária, com benefícios concedidos após oferecer propina aos carcereiros, Thiago assistia à televisão. Por muito tempo, isso fora uma tarefa difícil, pois qualquer canal que passasse, Pâmela aparecia.Finalmente, haviam começado a esquecer um pouco dela, e Thiago nunca se perdoaria por ter permitido que ela fosse acusada de ajudar a ele ou ao Ave da Noite.Outro tema que a mídia adorava explorar era a morte de Rodrigo. Mesmo após o depoimento de Pâmela, que afirmava que foram Elaine e Daniel os responsáveis, insistiam em culpá-lo por querer ajudar um fora da lei.O torpor chega para todos, e Thiago não era exceção. O homem, agora aparentando mais idade do que realmente tinha, exibia uma barba grande e os cabelos seguiam o mesmo ritmo. O abatimento estava estampado em seu semblante, e a solidão o consumia.Numa tarde mais movimentada que o normal, um dos carcereiros que sempre fora facilmente corrompido o arranca de sua cela, vendando-o. É algemado e guiado por um longo corredor.É colocado de joelhos, quando ouve uma voz grave ecoar em um ambiente aparentemente vazio:— Aí, mano, você sabe rezar? Se souber, então comece! — sua cabeça pesa com o impacto de algo batendo contra ela.[x]Elaine está sentada em um confortável banco acolchoado de uma lanchonete na Califórnia. Pintou seus cabelos de preto e fez cirurgias plásticas para modificar seu rosto, a fim de não ser reconhecida, o que estava até então sendo bem-sucedido.A garçonete trouxe seu suco. Elaine agradeceu com um sorriso simpático. Evita falar muito, pois seu inglês é básico, e apenas pediu a conta.Um homem negro, de alta estatura e com cabelos e barba grisalhos, a cumprimenta. O olhar intenso e prolongado dele a incomoda. Ela passa seu cartão internacional, digita a senha, mas o sistema demora a processar.Suas pernas balançam nervosas quando a máquina apita. Respira aliviada. Ao pegar seu cartão de volta, ele segura em seu braço.— Eu sei quem você é... A brasileira mais procurada dos últimos meses! — diz ele em inglês.— O que quer comigo? — arregala os olhos e fala em tom baixo.— Que tal um encontro casual hoje à noite? — dá uma piscadela. — Gosto de romances proibidos. — morde o lábio inferior. — Com direito a tudo! — conclui em português.Ela bufou.— Tinha que ser brasileiro para ser tão interesseiro, né? — comenta, arrancando uma gargalhada dele. — A que horas nos encontramos? — pergunta em inglês.— Às 8 da noite. Em frente à Disneylândia.Ela dá um sorriso sem graça, sai de lá pisando fundo, irritada.[x]É uma noite calorosa e iluminada em Guadalajara. Cindy fuma na sacada do quarto, observando a vista que a casa oferece. Pâmela se aproxima, parando ao seu lado, observando o céu estrelado e a lua cheia.Cindy estende a mão direita, oferecendo o cigarro. Pâmela sorri, aceita e dá um trago. Depois, Cindy vai ao banheiro, deixando Pâmela sozinha com seus pensamentos."Como está Thiago?"Rápidos flashes de memórias compartilhadas invadem sua mente. É impossível conter o sorriso que se forma em seu rosto.Lembra-se da promessa feita no dia em que se entregou. Encarando o céu, aquele luar e aquelas estrelas que parecem tão próximas, ela pensa que, em algum lugar, ele pode estar olhando na mesma direção.Na noite de vento gélido, o homem continua a sofrer as agressões de outros presos, movidos por vingança e pela diversão proporcionada pelos seus gritos de dor.Seu corpo implora por socorro, sem poder reagir. Vomitou tudo o que havia comido, cuspido sangue e perdido dentes. O que mais eles queriam?Sentindo que seu fim se aproxima, reflete sobre como gostaria de ver o firmamento pela última vez. Pensa em como sua amada está em casa, se também olha para o mesmo céu. Mal sabe que ela agora observa o infinito de outro lugar.Gosta de imaginar que um dia veria a lua e os outros astros com mais clareza do que os céus poluídos de São Paulo. Um sorriso lhe escapa ao lembrar da noite em que conheceu Pâmela e o céu estava límpido como poucas vezes vira na capital. Inércia é uma palavra pequena, mas com múltiplos significados. Pode se referir à Primeira Lei de Newton, à Teoria da Relatividade ou ao Princípio de Inércia citado no Código de Processo Civil. No entanto, ela usou essa palavra para descrever como sua vida estava antes de conhecer o homem que lhe ensinou tantas coisas.Diante daquela magnitude divina, em sua solidão com o universo, fecha os olhos e agradece mentalmente por tê-lo conhecido. Sem ele, sua vida nunca teria deixado de ser inerte.Enquanto o homem dos seus sonhos pressente a chegada de sua morte, sem sequer ver o rosto de quem o entregará a ela, pensa nas palavras que gostaria de dizer à menina dos seus olhos."Querida Pâmela,Sinto sua falta..."
E elas terminam em reticências, pois seus pensamentos nunca foram concluídos, devido ao golpe final que amassara seu crânio.
"I had all and then most of you
Some and now none of you
Take me back to the night we met"
(Lord Huron - The Night We Met)
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