𝐢𝐱. A ERA DE OURO
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𝐈𝐍𝐄𝐅𝐅𝐀𝐁𝐋𝐄
[ CAPÍTULO NOVE ]
‖ A ERA DE OURO
QUINZE ANOS SE PASSARAM. As crianças (que já não eram mais crianças) eram responsáveis pelo reinado de maior prosperidade de toda a existência de Nárnia; tornaram-se governantes respeitáveis e conscientes, sempre fazendo o melhor pelo reino e alcançando resultados tão bons que fizeram com que aquele período ficasse conhecido como Era de Ouro. Com certeza, os quatro reis e rainhas jamais viriam a ser esquecidos pelos narnianos.
Pedro havia crescido para se tornar um homem alto e forte, muito bonito. Tinha um coração de leão, e batalhara por seu povo mais vezes do que poderia contar; era gentil e daria sua vida para proteger as terras de Nárnia. Ninguém poderia negar que o rei fazia jus ao título que recebera de Aslam ─ O Magnífico.
Susana se tornou uma mulher bonita, com longos cabelos escuros que estavam sempre soltos e chegavam quase aos pés. Sempre sorria, e ainda que fôsse uma exímia guerreira, evitava tomar parte em guerras. Era uma diplomata, e reis de todos os reinos vizinhos sonhavam em tê-la como esposa, tão encantadora era. No entanto, Susana ─ a gentil ─ nunca se sentiu minimamente tentada em aceitá-los. Era feliz em seu reino e casaria-se apenas por amor.
Edmundo ficara conhecido como o melhor espadachim de toda Nárnia. Tornara-se também um homem alto e bonito, muito sábio nos conselhos de Estado, e costumava ser o responsável por fechar acordos entre Nárnia e outros reinos. Como Susana, era um diplomata, e dava duro para evitar que guerras acontecessem; quando falhava, no entanto, não pensava duas vezes antes de se juntar à Pedro nos campos de batalha. Gostava de ter sempre sua coroa na cabeça; ela servia para lembrá-lo de que merecia estar ali, de que era digno. De que era Justo.
A pequena Lúcia era agora uma linda jovem mulher, conhecida pelos narnianos pela simpatia, fé e bravura. Era adorada por todo o povo, e todos os príncipes queriam torná-la sua rainha; nenhum conseguira realizar tal desejo, no entanto. Como dizia o título da mulher, era Destemida, e se fôsse só mais um pouquinho corajosa, seria, de fato, uma leoa.
E por fim, havia Elizabeth, a guardiã dos bosques narnianos. Carregava sempre sua lança, e era conhecida pelo coração genuíno. Mais tarde, foi esclarecido o motivo de o rinoceronte não tê-la matado durante a guerra contra a feiticeira branca, anos antes; animais reconhecem bons corações, e aquele rinoceronte não havia tido dificuldades em perceber o coração de ouro da menina.
Betty gostava de andar com os pés descalços e sua coroa de louros dourados na cabeça; gostava de sentir a grama sob seus pés, e embora tivesse recebido a mesma educação que os outros, não era uma rainha. Podia deixar certas formalidades de lado, como sapatos. As florestas de Nárnia sempre estiveram seguras sob a vigilância da menina e sua lança, que nunca falharam em espantar intrusos mal intencionados. Era corajosa e gentil; ajudava Susana a tomar decisões de Estado, e estava sempre entre Edmundo e Pedro em meio a batalhas.
─ Os senhores não vão acreditar no que vi! ─ exclamou, com a voz alegre ao encontrar os quatro irmãos na beira do mar, próximos ao castelo.
─ Nos diga, e talvez possamos acreditar! ─ Pedro pediu, e a menina levantou uma sobrancelha.
─ Acabo de voltar dos bosques, e estou certa de que acabo de ver... ─ iniciou, fazendo suspense. Lúcia aguardava ansiosa, e Susana tinha um sorriso curioso nos lábios. Pedro esperava paciente, e Edmundo tinha um sorriso discreto enquanto observava a alegria de sua noiva. ─ O veado branco!
Ah, sim! Edmundo e Elizabeth estavam noivos há alguns meses. Ninguém duvidava de que aquilo fôsse acontecer; Pedro costumava dizer que, desde a primeira vez que se encontraram, sabia que o irmão gostava da menina do nariz arrebitado e dos cabelos loiros pálidos. E, conforme foram crescendo, seus sentimentos tornaram-se ainda mais claros para todos, embora teimassem em tentar os esconder.
Foi em um dia ensolarado, quando um charmoso lorde da Arquelândia visitou Cair Paravel para pedir a mão da guardiã em casamento, que Edmundo finalmente admitiu seus sentimentos. E então, os dois não demoraram a ficar noivos; já se conheciam há tempo demais, o suficiente para ter certeza de que era o que queriam fazer.
─ O veado branco! ─ Lúcia repetiu, maravilhada, com um sorriso enorme surgindo. ─ O mesmo das lendas!
─ Se o encontrarmos, podemos realizar todos os nossos desejos! ─ Edmundo completou, com a voz mais calma do que a da irmã, e ainda com um sorriso leve no rosto. ─ Podemos ir em sua busca, ou temos compromisso, irmã?
─ Estamos livres pelo resto do dia ─ Susana esclareceu, já seguindo Lúcia para o castelo, enquanto riam. ─ Vamos procurar pelo veado!
Pedro não se demorou a começar a caminhar, tentando acompanhar as duas irmãs. A verdade é que estavam todos bastante ansiosos para descobrir se a lenda era real, ou apenas uma lenda.
─ Não teremos sua companhia? ─ Edmundo questionou, vendo a noiva caminhando até a beira do mar, molhando os pés e sorrindo para o horizonte. Ele se aproximou, sem se importar de encharcar as beiradas das calças, e a mulher subiu os olhos para encontrar os seus. ─ Vai me dizer que não acredita nas lendas, mesmo depois de tudo o que vivemos?!
─ Ah, eu acredito sim! ─ respondeu, se virando de frente para o menino. ─ Mas não há nada que possa pensar em desejar; tenho ótimos e verdadeiros amigos, um título do qual me orgulho, concedido pelo próprio Aslam, vivo no melhor lugar de todo o mundo...
─ E está noiva do rei mais bonito de Nárnia ─ o homem completou, divertido.
─ E estou noiva do rei mais bonito de Nárnia. Do homem que amo ─ ela concordou, sorrindo. ─ E que está atrasado para ir buscar pelo veado.
Edmundo, franziu o cenho, aproximando seus rostos.
─ Depois de tudo o que disse, minha guardiã e rainha, tenho que admitir que também não saberia o que desejar.
─ Sei que conseguirá pensar em alguma coisa, Ed. ─ Betty falou, levantando uma sobrancelha. ─ Peça por manjar turco infinito!
O homem, por sua vez, balançou a cabeça negativamente, soltando uma risada. Então, aproximou-se mais ainda da noiva e depositou um beijo estalado em seus lábios, se afastando logo em seguida.
─ É uma ótima ideia!
Edmundo fôra coroado em nome dos bosques do ocidente, e Elizabeth era a guardiã dos bosques. Era uma feliz coincidência, e perguntavam-se se Aslam já sabia do que aconteceria quando os concedeu tais títulos.
Enquanto se afastava, deixando a mulher sozinha na praia admirando o horizonte, Edmundo riu para si mesmo. Não pediria por manjar turco, e sim por uma longa vida de felicidade ao lado de Betty e seus irmãos. De resto, nada mais importava. Tudo estava bem.
Quando a noite caiu, Betty ainda estava sentada na areia, observando as ondas calmas. De repente, sentiu uma pontada de preocupação; já era tarde, e os quatro ainda não haviam retornado.
No castelo, também não havia sinal dos irmãos. Seus quartos permaneceram vazios, e Betty demorou a dormir, pensando se estavam a salvo; até chorou, um pouco. Quando acordou, de alguma forma a preocupação e angústia haviam sumido, sendo substituídos por um sentimento já conhecido pela menina ─ segurança e esperança, como se as nuvens pudessem ser feitas de algodão doce e a chuva pudesse ser de açúcar ─, sentimento aquele que conhecera pela primeira vez na presença de certo Leão.
─ Aslam ─ murmurou para si mesma, enquanto saía pelo castelo a sua procura. ─ Ele está por aqui!
Ela o encontrou na mesma praia que havia o visto ir embora, quinze anos antes, e o abraçou fortemente, já sentindo lágrimas em seus olhos.
─ Você está tão grande! ─ foi a primeira coisa que conseguiu dizer, acariciando sua juba. ─ E senti tanto sua falta!
─ Vou parecer maior a cada vez que nos encontrarmos, minha criança ─ o Leão contou, com um sorriso sábio. ─ E não há motivo para sentir minha falta; estive sempre os vigiando. E fico feliz em dizer que fizeram um maravilhoso trabalho.
A mulher sorriu, e seu coração se aqueceu ao pensar nos outros. De alguma forma, agora sabia que estavam bem.
─ Onde estão, Aslam?
─ Não se preocupe com isso, ainda vão se encontrar novamente. ─ Ele assegurou, e o sorriso da menina se tornou maior. ─ Mas, por agora, Nárnia precisa de uma rainha.
Betty arregalou os olhos, e Aslam sorriu. Daquele jeito, parecia tanto com a garotinha de quinze anos antes que era como se o tempo não tivesse passado.
─ Não está falando de mim, está? ─ ela engasgou, o olhando. ─ Pela juba!
─ E de quem mais seria? ─ questionou, enquanto caminhavam pela areia. ─ Esteve sempre próxima aos maiores reis de Nárnia, os ajudando de perto. E, assim como eles, desempenhou um grande papel garantindo a segurança de nossos bosques. Acredito nunca ter visto as árvores dançarem tanto!
─ Mas Aslam, serei uma boa rainha? ─ ela fez a pergunta que tinha em mente desde o dia em que aceitou o pedido de Edmundo. Mesmo sem nunca ter verbalizado seus pensamentos, tinha inseguranças quanto a seu possível reinado.
─ Recebeu seu título em nome das criaturas, dos bosques, dos mares e dos ventos de todo o território de Nárnia. ─ Aslam continuou. ─ Acha que errei em confiar-te tudo isso?
Foi quando a mulher endireitou a postura, sentindo-se, finalmente, confiante. Ali, ao lado de Aslam, soube que era sim capaz de fazer um bom trabalho.
─ Não, senhor.
Sua coroação ocorreu naquela mesma tarde, e assim como da primeira vez, todos estavam lá; os castores, Tumnus, que agora era um fauno de meia-idade, Baguete, Oreius e mais outras muitas criaturas, que ansiavam por ver a guardiã se tornar uma rainha.
─ Em nome de cada espírito da natureza, cada flor e cada árvore que cresce em Nárnia, saúdam a rainha Elizabeth ─ Aslam nomeou, e comemorações foram ouvidas. ─ A Genuína! A guardiã de Nárnia, a protetora dos bosques, e agora, rainha.
Dessa vez, Betty recebeu sua coroa pelo próprio Aslam. Havia feito um único pedido, no entanto: queria permanecer com sua coroa de louros, e sendo assim, usou uma formada por flores ─ dos bosques que defendia ─ em sua coroação. A Senhora Castor não pôde esconder o choro; se lembrava do dia que serviu chá a todas as cinco crianças, e agora, havia visto todas as cinco receberem coroas.
E então, ao mesmo tempo que Betty era presenteada com algo que sempre sonhou, desde que era um criança, os Pevensie caíam para fora de um guarda-roupa, estranhando suas aparências. Eram crianças novamente!
─ Uma chuva de açúcar! ─ a nova rainha exclamou, girando com os braços abertos.
─ Aproveite, pois é a única vez que isso acontece! ─ Aslam esclareceu, lançando um olhar para o Papai Noel, ali perto.
Foi uma tarde inesquecível, e embora sentisse falta de seus amigos, Betty sabia que tudo acabaria bem. Sabia que os encontraria novamente.
Algum dia.
E vamos de Betty virando rainha, amo??? Espero que tenham gostado do nosso penúltimo capítulo ♡
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