CAPÍTULO 35
Pegando a todos de surpresa, mudei meus planos, e segui com Ayra para a competição. Todos estavam achando que era porque eu estava ansioso pela corrida, mas na verdade eu queria sondar as vilas por aquela região, e essa etapa da competição ser por ali só veio a calhar.
Pensei na breve conversa que tive com o meu cunhado, e por mais sucinto que ele tenha tentado parecer, ele me deu mais informações que imagina. Talvez porque não faça ideia do que já sei sobre sua querida mãe. Será que ninguém desconfiava?
— Realmente o casamento de vocês foi algo que eu não esperava. — ele comentou enquanto estávamos em seu escritório. — Foi uma surpresa. — Sorri.
— Foi uma surpresa para mim também, acredite. — falei me debruçando na mesa olhando melhor o mapa que ele havia colocado ali.
— Eu e Ayra sempre nos demos bem, mas depois que casei fui nomeado para essa vila. — olhei para ele lembrando da felicidade espontânea de Ayra ao ver o irmão. Era evidente o carinho entre eles, mas ela nunca comentou algo.
— Ela nunca fala de você, então fico feliz em saber que se davam bem. — ele me analisa com cautela. Desvio meu olhar e aponto algo no mapa. — O que é isso aqui? Não tem no meu mapa. — ele se aproxima para ver melhor.
— São algumas montanhas que já foram usadas como moradias, mas hoje são abandonadas. — ele explica pegando outro mapa e olhando. — Realmente não estão nesse também. — isso me deixa pensativo. — Porque alguém mudaria a cartografia da região? — eu já imaginava quem.
— Quem monitora essa região?
— Elas fazem parte do perímetro do reino, mas lembro de Haidar comentar que meu pai havia conseguido um acordo com o sheik da região vizinha para que fosse mantida sem habitantes de ambos os lados, já que era uma região muito disputada e muito sangue havia sido derramado por posse ao longo de décadas.
— Um acordo de paz. — constato.
— Isso. — volto a olhar para o mapa, pego meu celular e tiro algumas fotos dos mapas. — Pretende ir até lá?
— Não. — era exatamente isso que eu faria, mas quanto menos pessoas soubessem melhor. — Mas não quero que meu competidor se perca por esses lados, então vou rascunhar sua rota, para que seja mais segura possível. — ele sorriu concordando.
— Karim? — ouvimos a voz de Ayra e olhamos para a porta. Ela está parada com a mão no batente esboçando um sorrisinho angelical.
Estreito meus olhos, sabendo exatamente o que aquela boquinha foi capaz de fazer, e não tinha nada de angelical. Sorrio para Ayra que evita meus olhos a todo custo, sei que está envergonhada e se me olhar ficará vermelha.
— Está precisando de algo? — o irmão vai até ela.
Guardo meu celular colocando as mãos nos bolsos, e observo a cena deles conversando. Claro que quando Ayra me olha, eu esfrego minha língua na parede interna da minha bochecha, simulando o que ela tanto gostou de fazer.
Ela fica nitidamente desconfortável e desvia o olhar. Acabo rindo alto, e isso chama a atenção de ambos. Saio do escritório, batendo no ombro de Karim.
— Obrigado pelas informações. — olho para Ayra. — Não demore, partiremos em meia hora. — ela somente concorda.
Sigo o corredor deixando as lembranças da boca safada da minha esposa de lado. Começo a pensar nesse tal acordo feito entre as duas cidades. Eu precisaria saber quem é o sheik da tal cidade vizinha. Encontro Melissa no quarto mexendo em seu tablete. Me aproximo com cautela, já que percebo que ela está concentrada no que faz.
Vejo que ela está com uma caneta apropriada para desenhos, e está fazendo um sombreado em um retrato de mulher. Não precisa ser gênio para saber de quem se trata, porque os traços de Ayra estão todos ali.
— Se está fazendo isso sem que ela saiba, não é muito inteligente da sua parte fazer isso aqui, não acha? — Melissa quase cai da cadeira. Sorrio.
— Praga! — ela segura o tablet contra o peito. — Que susto. Sua mãe não te ensinou que é feio fazer isso? — ela me olha indignada.
— Na verdade, não. — ela revira os olhos. Me sento na poltrona ao seu lado. — Afinal o que você sabe sobre a mãe dela? — ela me olha e meneia a cabeça.
— Nada, o sultão só quer que eu refaça alguns desenhos, e eu achei essa fotografia perdida no meio das coisas, ela estava toda desgastada e manchada, estou restaurando.
— Mas falou que tem muitas coisas sobre ela no tal quarto. — ela concorda.
— Acho que tudo, só não colocaram o caixão lá porque não seria de acordo com as leis, mas não ficaria surpresa se o encontrasse no meio dos montes de coisas que tem lá. — ela me olha. — Já pensou em perguntar para Ayra sobre? — buffo.
— Ayra não é sincera, e sei que anda escondendo muita coisa de mim. — a pestinha sorri, e levanta uma sobrancelha.
— Está sendo passado para trás por sua própria esposa, e tá tudo bem? Não vai fazer nada? — tiro meu celular da bolso e começo a olhar as fotos que tirei. — Você já está apaixonado, ai que fofo. — ela larga o tablete e bate as mãos, em palmas silenciosas.
— Não estou apaixonado, estou curioso, é diferente. — Melissa ri balançando a cabeça.
— Quando você vai admitir? — ela pergunta.
— Admitir o que? — olhamos para a porta vendo Ayra entrando.
— Que homem é pior que mula empacada. — Melissa fala se levantando. — Olha eu não vou com vocês para o acampamento dessa vez, minha irmã tem uma apresentação importante e quer que eu esteja lá. — ela revirou os olhos. Franzo a testa estranhando porque até mais cedo ela estava empolgadíssima para a viagem. — Ela e Mumu acham que eu sou especialista em velas, por isso sempre querem minha presença. — ela fala sorrindo, e abraça Ayra.
— Vou sentir sua falta. — Ayra a abraça de volta.
— Olha eu realmente espero que não. — ela se afasta. — Eu me sentiria muito mal se soubesse que você teve tempo para sentir minha falta, procurem se ocupar bastante. — ela se aproximou de onde eu estava e piscou. — Se é que me entendem. — fiz cara de paisagem.
E tão logo ela saiu pela porta, Ayra me atirou uma almofada.
— O que você falou para ela? — me acusou de algo.
— Tá louca, mulher? — jogo almofada no chão. — Eu tenho cara de que conversa com uma menina sobre minha intimidade? — me levanto e vou até ela. — O que acontece entre quatro paredes, fica entre quatro paredes. — Ayra me olha sem saber se acredita. — Agora se você admitir para alguém que me ama, eu não vou ligar. — sorrio. — Afinal, é difícil não me amar, não é mesmo?
— Besta. — ela foi se virar, mas segurei em seu braço a impedindo de se afastar.
— Não era isso que você falou ontem. — levanto a sobrancelha sugestivamente. Ela ri. — Já arrumou suas coisas? — ela concorda. — Ótimo então vamos, que temos alguns dias de viagem.
— Poderíamos ir de helicóptero. — ela sugere.
— Chamaria muita atenção, prefiro ser mais discreto.
— Discreto para que?
— Os animais ficam agitados. — não era exatamente isso, mas serviu porque Ayra concordou.
Uma semana depois...
Eu havia conversado com Abul duas vezes desde que segui viagem para essa região erma, tinha que confessar, que mesmo amando a solidão que o deserto me proporcionava, dessa vez o sentimento era outro, saber o que provavelmente acontecia por essas regiões me deixava em alerta a todo momento.
Abul tinha separado alguns homens para andarem por ai atrás de informações, e dois deles já haviam voltado. Não descobriram nada muito relevante, mas ainda faltavam dois homens aos quais eu esperava que me trouxessem boas informações. Entrei na tenda onde fomos acomodados e encontro Ayra se refrescando com um pouco de agua na cabeça.
Diferente do meu outro acampamento, que pude levar mais conforte, esse era bem mais simples. Não tínhamos muitos empregados, não tínhamos ar condicionado entre outras coisas. Mas ela não reclamou nem uma única vez, o que me surpreendeu.
— Hoje está mais quente que ontem. — ela fala se sentando. — Minha pressão deve estar mais baixa. — lhe entrego as tâmaras que fui buscar.
— Coma, se for por questão da glicemia, isso vai ajudar. — ela pegou agradecendo. — Mas se quiser ir embora. — ela me olhou decepcionada.
— Você quer que eu vá embora? — eu queria? Não. Mas não poderia obriga-la a ficar por puro ego, ou desejo.
— Não, mas não é sobre o que eu quero, e sim sobre o que é melhor para você. — admiti em voz alta o que vinha pensando a dias. Demorou, mas um sorriso começou a surgir em seus lábios. Ah esses lábios.
— Eu gosto do deserto, me dá sensação de liberdade. — era o que eu sentia também. — Gosto do silêncio da noite, e gosto de saber que se preocupa comigo. — enquanto ela falava, lembrei de algo que vi em um dos mapas.
— Tem um lugar que eu quero ir. — me levanto. — Vista-se para cavalgar. — o semblante em seu rosto se iluminou. Saio da tenda deixando-a se arrumar, e sigo até onde estão os animais, e peço para o homem que está responsável por eles, preparar a Imperatriz.
Quando saio meu telefone toca, atendo quando vejo o nome de Abul.
— Me diz que tem alguma novidade? Porque dois homens já voltaram e não descobriram nada. — ele ri baixo como sempre faz quando sabe que estou prestas a matar um.
— Saiu o resultado do exame que pediu. — busquei na mente, e lembrei do cabelo de Burcu. — Acharam rastro de estramônio.
— Que diabos é isso?
— Uma planta conhecida como Castanheiro-do-diabo. Usada de forma medicinal, mas em excesso pode causar alucinações, e até mesmo a morte. — começo a tentar imaginar porque a bruxa envenenaria Burcu.
— Certo, ao menos agora sabemos que ele foi vítima, só resta saber para quê? — desligo e vejo Ayra saindo da tenda e vindo em minha direção. — Pronta? — dei uma olhada em suas vestes e ela vestia uma abaya.
— Sim. — ela olhou para minha mão. — Estava falando com Abul? — concordo. — Afinal porque ele não veio?
— Ele está cuidando de alguns assuntos para mim. — ela revira os olhos. — Vamos. — pego sua mão.
Seguimos até a tenda dos animais, montei na Imperatriz e estiquei a mão para ajudar Ayra a montar. Ela ficou olhando para minha mão por alguns segundos, antes de subir o que achei estranho, mas deixei isso de lado ao começarmos a cavalgar.
Já estávamos cavalgando por algum tempo, quando ela se mostrou desconfortável.
— Está tudo bem? — perguntei.
— Sim. — mas notei que ela estava incomodada.
— Não deveria mentir para mim. — parei a égua, e desci deixando somente ela montada. — Quando vai entender isso? — não esperei por resposta, e segui caminhando ao lado do animal. Peguei meu celular, e vi que pelos mapas tinha um ponto de vegetação por perto. Mudei a rota da caminhada e meia hora depois estávamos em frente a um oásis.
— Como você descobre essas coisas? — Ayra desceu da égua visivelmente encantada com o lugar.
— Esse era um ponto onde foi perfurado alguns poços no passado, e como a região foi desabitada por causa do acordo de paz que seu pai firmou. — dei de ombros. — É algo natural.
— Acordo de paz? — me pergunta confusa.
— Não sei da história direito, mas parece que as pessoas brigavam por essa região, e os países envolvidos firmaram um acordo, onde ninguém moraria aqui, como os poços já tinham sido furados, seria natural se formar um oásis. — ela sorriu.
— Eu admiro você, então pouco tempo já sabe coisas que eu nunca fiquei sabendo. — minha vez de sorrir.
— Também sei que seu protegido foi drogado quando tentou se matar. — falo enquanto amarro a égua em um tamareira a deixando na sombra. Quando me viro vejo que Ayra me encara assustada. — Havia rastro de estramônio no sangue dele alguns dias depois de eu ter jogado ele na piscina.
— Como você sabe?
— Usei minha bola de cristal. — ela revira os olhos, eu sorrio. — Mandei fazer análise de um fio de cabelo quando conversei com ele, e me disse que não sabia explicar o que aconteceu e que só se deu conta do que fez quando caiu na agua, eu desconfiei.
— Por Allah! — ela fica apreensiva e pensativa.
— Não se preocupe, eu coloquei gente de olho nele. — falei começando a caminhar em direção ao lago. Era impressionante como a agua desses oásis eram tão cristalinas.
— Porque alguém faria isso com ele? — me sento na sombra de uma tamareira.
— Porque sua querida madrasta faria isso, você quer dizer. — ela concorda se sentando ao meu lado. — Acredito que para te atingir psicologicamente, não sei. — Ayra se senta ao meu lado, visivelmente pensativa, e ficamos em silêncio por alguns minutos, então ela me olha assustada.
— No dia em que atirei em você, eu estava brava com Haidar e tinha discutido com ele minutos antes, e pensei que era ele naquele momento, então tudo aconteceu, e eu só me dei conta do que fiz quando vi você com a mão suja de sangue. — ela me olha. — Eu só não sei como uma arma veio parar na minha mão, eu não lembro.
— A serva de Haidar estava acompanhando vocês naquela viagem? — ela concorda. — Então agora você sabe o que pode ter acontecido. — lembro de algo ao olhar para seu pulso, mesmo que eu não veja as marcas, eu sei que elas estão ali. — Há quanto tempo ela é serva dele? — ela balança a cabeça como se procurasse lembrar.
— Não sei ao certo, alguns anos. — ela me olha. — Porque?
— Porque tentou se matar? — seu rosto fica pálido em questão de segundos, e ela desvia o olhar.
— Não sei do que está falando? — seguro em seu pulso, ela tenta puxar, mas a impeço afastando a manga da abaya e as pulseiras.
— Disso! — mostro as marcas a ela. — Ou já esqueceu? — ela puxa a mão e dessa vez eu a deixo ir. Não quero constrange-la.
— Eu queria ter esquecido, mas não. Só não gosto de lembrar e não gosto de falar sobre. — ela me encara. — Pode ter sido ela, então. — responde depressa demais para que eu consiga acreditar, mais parece uma desculpa oportuna. — Vou me refrescar, está muito calor.
Ela se levanta, e começa a tirar a roupa, e para minha surpresa, ela não usa nada debaixo da abaya. Estreito meus olhos, irritado com sua ousadia, e ela sorri.
— Não há ninguém aqui além de nós. — ela fala caminhando em direção a agua.
— Espero que não mesmo. — comento olhando para os lados, observando toda a vegetação em volta e me levantando em seguida. — Não trouxe nada mais que algumas balas e uma faca. — tirei minhas roupas.
Ayra riu da margem.
— Acredite, não precisará usar nenhuma delas. — ela espirrou agua em minha direção quando me aproximei. — Não comigo.
Aqui eu começava a duvidar de sua afirmação, porque matá-la era exatamente o que passava pela minha cabeça todas as vezes que ela tinha essas atitudes ousadas. A agua estava uma delícia. Mais à frente ela mergulhou molhando todo o corpo, e quando emergiu a visão que tive me atingiu em cheio.
Seus cabelos estavam mais escuros, o que destacava o tom da pele, e a cor dos olhos. A agua escorria do seu cabelo fazendo o percurso, passando pelo lindo rosto até chegar aos seios que estavam acima da água.
Eu já estava mais que excitado, porque independente da nudez, estar perto dela ultimamente era motivo para isso acontecer. Minha vontade era de ir até ela e matar meu desejo, mas não o fiz. Me sentei na margem, onde a água batia no meio da barriga, e sorri.
Vi frustração em seus olhos, e isso me fez soltar uma leve gargalhada. Joguei a cabeça para trás e fechei os olhos. Senti a água se mover e logo senti suas mãos em minhas pernas. Ayra se sentou em meu colo.
Me movi a ajeitando melhor. Movimento que fez com que nossos sexos se esfregassem, e ela soltasse um gemido baixo. Era incrível como ela se entregava ao prazer, parecia outra pessoa. O que eu gostava, afinal essa Ayra somente eu conhecia.
— Gosto de ouvir seus gemidos.
Confessei acariciando sua barriga, e meus olhos foram diretos para seus seios que estavam na altura perfeita para eu abocanhá-los. Foi o que fiz. Um por vez. Sem pressa. Degustando da maciez de sua pele.
Suas mãos foram para meus cabelos. Outra coisa que eu estava me acostumando, com suas caricias em minha cabeça, eu não falava que gostava, mas não a impedia de fazer sempre que desejava. Só aproveitava.
— Mustafá... — eu gostava de como meu nome saia com urgência de sua boca, quando ela estava excitada ao extremo e não sabia o que fazer para amenizar a inquietude.
Levantei uma de minhas pernas o suficiente para que ela pudesse se encaixar direito em mim, e quando sua carne cobriu a minha, eu perdi parte do controle. Segurei em seus cabelos da nuca, e a movi para que pudesse beijá-la.
Nossas bocas se conectavam com tanta naturalidade, com o encaixe perfeito. Aqui eu confesse que nunca fui dado a beijos. Sempre achei algo desnecessário no meio do sexo, mas com Ayra é totalmente diferente, eu necessito sentir seu gosto. Seus lábios se movendo contra os meus.
Ela começa a se mover lentamente em meu colo, e a fricção proporcionada é lenta e torturante, mas deliciosa. Ficamos assim até não termos mais folego e eu paciência. Nos movo, e a coloco deitada.
— Aí! — ela geme rindo. — Gosto quando perde a paciência. — ela fala tirando meus cabelos do olhos. — É a certeza que você me deseja tanto quando eu te desejo. — falando isso, ela volta a me beijar.
Quando nossas bocas se separam novamente, foi somente para que ela pudesse gemer e se entregar as sensações do orgasmo. O meu veio em meio ao momento que admirava suas feições. Me entreguei ao prazer, sentindo uma paz que nunca havia sentido.
Eu sabia que muitas coisas tinham mudado, mas encontrar paz no meio de tudo que estava vivendo, era realmente uma surpresa.
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