CAPÍTULO 27
Olá, voltei!
Como vcs estão?
Eu cansada, mas grata. Obrigada pelas orações, aqui está esta tudo bem e se encaminhando... graças à Deus.
Vamos... ler mais um capítulo?
Eu estava andando com Lila pelos corredores do segundo andar quando algo me chamou a atenção. Em uma área destinada a treinos de lutas e mais algumas outras coisas, vi Mustafá ensinando Burcu a empunhar uma espada.
Lila se aproximou também olhando para baixo.
- Não acredito que ele está ensinando Burcu. Ninguém até hoje deu atenção a ele. - eu melhor do que ninguém sabia do que ela estava falando, esse era um dos motivos pelo qual eu não era mais dura com Burcu. Lila se vira com tudo ficando de costas, quando Mustafá tira sua camisa. - Porque ele gosta tanto de tirar a roupa? - sorrio.
- Eu não faço ideia. - falei sentindo novamente aquela sensação gostosa no peito. - Mas tenho que admitir que ele é bem mais bonito sem roupa. - ela me empurra pelos ombros, e acabamos rindo as duas.
- Escutei uma serva dizendo que ele e Lâmia estavam conversando mais cedo. - desvio meu olhar para Lila. - Mas isso não deve ser nada demais, se Lâmia já te insultou na frente dele.
- Exatamente isso é estranho, ela nunca deixou testemunhas, sempre me fez de louca. Porque não se importou com ele ouvindo? - minha amiga deu de ombros.
- Vai ela já está ficando louca e nem liga mais. - eu esperava que realmente fosse isso, porque não consigo imaginar Mustafá se unindo a ela contra mim.
- Bom, vamos tenho que resolver umas coisas com Núria antes de viajarmos.
Eu estava sentada no chão resolvendo algumas coisas por mais de uma hora e sentia minhas pernas reclamando. Não via a hora de terminar e poder ir comer alguma coisa. Lila havia saído para resolver algo, mas notara que ela estava demorando.
- Essas doações eu mando para qual vila? - Núria me mostrou um documento que eu ainda não tinha visto.
- De quem veio isso? - ela deu de ombros e quando pensei em levantar vi Berat na porta me olhando.
- Foi uma doação que fiz. - desisto de me levantar e permaneço onde estou, ele se sente à vontade para entrar no meu escritório. - Minha tia falou que você faz algumas coisas sociais. - ele caminha entre as caixas e passa o dedo em uma delas. - Achei que poderia ajudar. - ele limpa as mãos e me olha com um sorriso que me causa repulsa.
- Agradeço, mas não precisava se preocupar. Inclusive da próxima vez pode procurar Haidar, ele é quem cuida disso. - minto.
Meu primo nem imaginava o que eu fazia em relação as doações que recebia. Mas não queria que Berat achasse uma brecha para se aproximar de mim. Desde a morte do seu irmão, ele anda estranho, e seus olhares para mim me causam arrepios. Ele sorri e se aproxima de onde estou.
- Sempre tão arredia. - me forço a levantar para chamar os guardas, não quero que ele se aproxime. - Já tinha me esquecido desse detalhe. - fico sem entender por que ele fala isso, porque nunca fomos próximos, e quando penso em dar um passo para o lado, minha perna falha e só não caio em cima das caixas, porque alguém me segura.
- Eu sei que você está caidinha por mim, mas não faça isso na frente de estranhos. - ouvir a voz de Mustafá é reconfortante, o que chega ser estranho se tratando da nossa complexa relação. Nem ligo para a piada que ele faz. - Tudo isso é saudades, amor? - ele me puxa para mais perto dele, o que faço com gosto lembrando das imagens dele sem camisa. Ele olha para Berat. - Está precisando de alguma coisa... acho que não fomos apresentados? - Berat o encara, depois olha para mim estudando minha reação, então para a mão de Mustafá que está em minha cintura, e que ele faz questão de apertar mais, quando percebe que Berat está olhando.
- Se precisar de alguma coisa, Ayra, sabe onde me encontrar. - ele começou a sair o que para mim era alívio. Então Mustafá me olhou de forma estranha e voltou a olhar para Berat.
- Se ela precisar de alguma coisa, não é até você que ela irá. - Berat parou ao ouvir as palavras de Mustafá. - E, Berat, se eu ouvir mais uma vez você se referindo a minha esposa ou a mim com essa falta de respeito, eu irei cobrar a punição devida. - Berat sorri.
- Se sabe meu nome, sabe quem eu sou. - Mustafá se afastou de mim e deu alguns passos até estar de frente a ele.
- Falei que não fomos apresentados, não que não sei quem você é. - Mustafá olhou para mim, e então colocou as mãos nas costas, e deitou a cabeça de lado voltando a encarar Berat. - E só pra constar, estou pouco me lixando para quem você é. - eles ficaram se encarando e eu não sabia o que fazer, quando pensei em puxar Mustafá, ele chamou os guardas. - Guardas! - três soldados apareceram na porta. Berat olhou os guardas e voltou a encarar Mustafá.
- Peço desculpas por tê-la incomodado, majestade. Se me der licença. - com isso ele faz uma breve reverência e sai pisando duro.
- Por Allah ainda bem que ele foi embora. - Núria fala se sentando em uma cadeira. - Quando vi ele entrando aqui, eu não sabia o que fazer. - ela explica olhando para Mustafá.
- Onde estavam os guardas? - Burcu pergunta, e só então me dou conta de que ele também está presente e atrás dele está Lila.
Olho para Lila que encara Mustafá que ainda está parado no mesmo lugar olhando para a porta. Me aproximo dele.
- Obrigada. - agradeço e minhas palavras parecem tirá-lo de um transe, então ele me olha, e segura minha mão. - O que está fazendo? - saímos para o corredor, e seguimos de mãos dadas. Ele não respondeu minhas perguntas, e acredito que não irá responder caso eu volte a perguntar.
Assim que entramos em seu quarto ele fecha a porta soltando minha mão, e me olha.
- Pelo que exatamente está me agradecendo? Porque eu tenho a sensação que desde que eu encontrei você naquele deserto eu estou te salvando de algo, que eu não faço a menor ideia do que seja, e você tem noção de como isso é frustrante? - ele desabafa colocando as mãos na nuca e virando-se de costas para mim.
- Agradeço por tudo que tem feito. - falo baixo, e minhas palavras o fazem virar e me encarar com fúria.
- Porque não usou da sua autoridade para expulsá-lo?
- Eu iria, você foi mais rápido. - ele parece ponderar e concorda.
- Eu odeio não saber onde estou pisando Ayra. - Mustafá se aproxima o que me deixa incerta do que fazer. - Eu preciso que seja sincera comigo. Realmente não sabe o que move sua madrasta e o sobrinho a fazerem essa marcação cerrada em cima de você? - olho em seus olhos e acabo rindo sem vontade.
- Sei que tudo começou de um jeito errado, mas eu sou sincera quando digo que não sei porque ela me odeia, e muito menos o porquê dessa insistência dela em me casar com o sobrinho. - seguro a mão dele. - Por isso eu sou grata a você por tudo que tem feito. - Mustafá olha para nossas mãos. - Eu também sei que se pudesse voltar atrás teria me deixado morrer. - ele solta nossas mãos e se afasta.
- Me fale sobre o irmão dele. - sua pergunta me pega de surpresa.
- O que você sabe sobre ele? - Mustafá se vira e sorri.
- Além de que você era a prometida dele e que ele morreu? Nada.- fico em silêncio ao lembrar de Baki. - Vocês se conheciam?
- Sim. - concordo sentindo meus olhos arderem. - Teríamos nos casados se ele não tivesse morrido. - Mustafá me encara e para fugir do seu olhar ando pelo quarto.
- Como era a relação de vocês? - ele volta a perguntar.
- Eu não quero falar sobre isso. - abaixo a cabeça não querendo trazer lembranças já esquecidas.
Sinto uma tontura. Coloco uma das mãos na testa, e procuro um lugar para sentar, mas antes que eu consiga dar um passo, sinto meu corpo esmorecer.
- Ayra...
Como dizem, nada é tão ruim que não possa piorar. Consigo segurá-la antes que espatife no chão. Segurando Ayra em meus braços a levo até a cama, e sento ao seu lado.
- Ayra? - mexo em seu rosto.
- Mumu, você sabe se... - escuto Melissa se aproximar. - O que aconteceu?
- Você tem que parar com essa mania de entrar no meu quarto sem bater. - falo ficando de pé. - Não sei, estávamos conversando e do nada ela desmaiou. - Melissa se senta ao lado.
- Você a insultou?
- E desde quando insulto causa desmaios? - ela me encara. - Eu não a insultei. - falo contrariado. - Não tive tempo, na verdade. - Melissa me olha feio.
- Vou falar com Lila, ela deve saber o que fazer. - Melissa sai em disparada e não demora para que a serva de Ayra entre no meu quarto.
- Ela não comeu nada, e eu estava indo busca-la quando vi Berat indo para a sala dela. - ela se aproxima de Ayra e coloca a mão em sua testa. - Melissa faça um favor, ao lado da cama de Ayra tem um pote de balas, traga para mim. - Mel faz o que Lila pediu.
A serva me encara.
- Obrigada por ter atendido meu pedido de ir até o escritório dela naquele momento. - ela fala sobre ter me pedido para interferir na visita surpresa de Berat.
- Você realmente se preocupa com ela. - ela concorda sorrindo.
- Ela é uma pessoa especial para mim. - aqui eu escuto algo que realmente me interessa.
- O que você seria capaz de fazer para proteger sua amiga? - ela me encara desconfiada.
- O que quer dizer com isso? - me aproximo dela.
- Eu preciso de alguém para ser a serva de Haidar já que a dele sumiu, e ela não pode ser leal a Lâmia. - ela estreita os olhos.
- Mas isso seria quase que impossível, é a sultana quem escolhe as servas para servir a realeza, ela não me escolheria, na verdade só estou aqui por causa de Ayra e Haidar.
- Disso cuido eu, só preciso saber se posso contar com você? - ela abre a boca para responder, mas Melissa volta com o pote em mãos.
- Aqui. - Lila desvia o olhar para Melissa e vai cuidar de Ayra.
Ela pega um dos saquinhos que achei estranhos no dia em comi algumas dessas balas. Ela corta a ponta com os dentes e abre a os lábios de Ayra, derramando o liquido meio rosa dentro da boca de Ayra.
- O que é isso? - pergunto.
- Mel de rosas, as vezes a glicemia dela baixa porque passa horas sem comer.
- Eu até passaria horas sem comer se fosse eu a ter que fazer a comida, ou se minha irmã tivesse que cozinhar, mas aqui ela tem quem faça, porque não come nos horários? - Melissa se sentou ao lado de Ayra e arrumou seus cabelos.
- Ela se ocupa com os afazeres e vai deixando de lado, e na maior parte do tempo, perde o apetite por conta de algo que acontece. - Lila explica me encarando, e Melissa me olha séria. Levanto as mãos me fazendo de inocente. Ao menos dessa vez.
- Só isso aí resolve? - pergunto.
- Sim, logo ela acorda.
- Mande servir o jantar no quarto. - peço para Lila.
- O que pretende? - sorrio com a curiosidade da Melissa.
- Comer. - falo me virando e me encaminho para a porta. - E se não for pedir muito. - abro a porta e faço sinal com a mão. - Fora!
Ela sai fazendo um bico e quando Lila vai sair, eu fecho a porta antes. Ela se assusta.
- Preciso saber se aceita? - ela desvia o olhar. - Sei que posso não ser a pessoa que você confiaria cegamente, mas sou sincero quando digo que não quero o mal para Ayra. - ela dá um meio sorriso e olha na direção da cama, onde Ayra está deitada.
- Se for para protege-la, eu aceito. Agora não faço ideia de como vai fazer isso. - minha vez de sorrir.
- Quanto a isso não se preocupe. - ela concorda e olha mais uma vez para Ayra. - Cuidarei dela.
- Eu sei que cuidará, porque por mais que suas palavras sejam duras, seu olhar diz outra coisa quando está olhando para ela. - fico surpreso por ela ter percebido algo que eu tenha ignorado até o momento. - Se precisar de qualquer coisa, é só mandar me chamar.
- Farei isso se for preciso. - ela concorda e eu abro a porta. Melissa ainda está parada no corredor com os braços cruzados, me encarando com a cara fechada. - Vá fazer as malas vamos sair cedo. - fecho a porta.
Vou até Ayra e fico a observando por alguns minutos, e acabo lembrando de algo que Zayn me falou. Aproveito que ela está desacordada e procuro em seus pulsos, e assim que puxo a manga do vestido e tiro algumas pulseiras do lugar, vejo uma cicatriz.
Ela realmente tentou se matar.
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