CAPÍTULO 15
Sextou!!
Eu estava dominada pela raiva, e queria descontar em Mustafá todas as minhas dores. Mas a forma como ele dominou meus pulsos, e me prendeu a ele, fez com que eu perdesse qualquer raciocínio lógico no momento.
Sentir o seu corpo colado ao meu, sentir seu cheiro, fez o meu reagir de forma estranha. Sentia minha barriga se contorcer, minha respiração ficou ofegante, e as palavras fugiram da minha boca assim que olhei em seus olhos.
Olhos tão negros quanto uma noite sem lua. Uma escuridão que provavelmente escondia muitas coisas as quais eu não seria capaz de lidar. Sua expressão estava carregada, ali eu soube que era uma força quase que incontrolável e se viesse para cima de mim eu não suportaria.
Não precisei fingir que ele me dominava, seria burrice da minha parte não aceitar algo que estava tão evidente. O que eu mais odiava era perder o controle das reações do meu próprio corpo. Não tinha como esconder que meus mamilos estavam turgidos, e tive a certeza que ele também havia notado quando seus olhos se prenderam ali por alguns segundos.
Engoli em seco, esperando o que viria a seguir. Posso dizer que senti medo, porque a sua expressão era perigosa, até mesmo cruel, se levando em conta que ele jogou Burcu na piscina ciente que ele não sabia nadar.
Como eu poderia tentar ir contra a uma força que me subjugava de uma forma tão natural?
Então sua expressão deu uma suavizada quase que imperceptível, se eu não estivesse atenta aos seus olhos, não teria visto. Agora estavam fixos em meus lábios, e então seus olhos encontraram os meus e ali senti que nos perdemos por meros segundos. Isso o deixou tenso e a mim também. Senti meu rosto esquentar e sabia que ele notava, só não saberia que era por um sentimento estranho que ele despertava em mim.
— Vou considerar isso que acabou de fazer como uma demonstração de carinho. — falou baixo com voz rouca, e senti minhas bochechas queimarem. Então ele sorriu. — Mas nunca mais me ignore como você fez. — Mustafá soltou minhas mãos, e me deixou completamente incerta de como agir quando arrumou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Estarei te esperando no quarto para terminarmos nossa conversa. — falando isso ele saiu.
Ele saiu.
Soltei o ar que estava prendendo inconscientemente.
Por Allah!
— Eu não sei se o agradeço. — à voz de Núria ao meu lado me despertou do mundo paralelo que eu ainda me encontrava.
— Eu também não sei. — respondi num fio de voz. Ela segurou meu braço.
— Você está bem? — eu não fazia a menor ideia. Lila apareceu ao nosso lado.
— Ela vai ficar, afinal seu irmão deu um baita susto em todas, nós. — minha serva se apressou em responder. — Eu vou levar Ayra para o quarto, e você cuide do irresponsável do seu irmão. — Lila ouviu o que Mustafá havia falado, por sugerir que eu fosse para o quarto.
Me virei para elas.
— Eu estou ótima. — sorri, escondendo o que estava sentindo. — E, não vou para o quarto. — minha serva estreitou os olhos em minha direção. — Tenho muita coisa para fazer. — olhei para Burcu que estava chorando sentado no chão e me aproximei dele. — Como você está?
— Eu estou vivo. Graças a Allah eu estou vivo. — ele levantou as mãos para o céu. Acabei sorrindo.
— Então não quer mais morrer? — perguntei, ele negou. — Fico feliz, porque se eu somente sonhar que algo assim está passando pela sua cabeça, eu mesmo te mato entendeu? — ele arregalou os olhos em minha direção e abriu a boca surpreso.
— Você só está casada há alguns dias com ele e já está agindo igual? — ele se levantou. — Eu não quero mais morrer, só quero ir para meu quarto e fazer minhas orações. — então ele saiu correndo e sua irmão foi atrás.
Sorri.
— Você dá muita moleza para ele, Ayra. — Lila falou ao meu lado, me lembrando as palavras de Haidar. — Seu primo tem razão as vezes.
— Somente as vezes.
— Você não vai para o quarto? — neguei. — Ayra.
— Eu preciso me recompor. — falei olhando para ela. — Eu não sei o que aconteceu aqui na verdade. — minha amiga sorriu. — Me sinto estranha.
— Eu acredito que não foi só você. Ele também saiu bem perturbado daqui. — eu poderia considerar as suas palavras, mas existia muita coisa no meio do caminho.
— Não me importo como ele saiu daqui. — falo respirando fundo. — Eu não vou para lá agora.
— Você quer eu mande um guarda avisar ele?
— Não. Ele vai arrumar o que fazer até me encontrar novamente.
Ela pareceu incerta, mas não disse mais nada. E isso era tudo o que eu precisava pelas próximas horas. Silêncio. Eu precisava me encontrar. Esperei que Mustafá fosse atrás de mim, ou ao menos mandasse alguém a minha procura, mas isso não aconteceu. O que só reforçava minha tese que espaço era o melhor no momento para nós dois.
— Já passou da hora do almoço, não quer realmente que eu peça algo? — já era a quarta vez que Lila me perguntava a mesma coisa.
— Não. Eu já estou terminando aqui e vou querer um banho de banheira. — mexi meu pescoço, sentindo uma dor horrível. — Acho que toda a tensão do dia se concentrou no meu pescoço e ombros.
— Então não demore, vou indo preparar seu banho e já peço para levarem alguma coisa no seu quarto. — sorri e concordei.
Ela saiu e eu aproveitei para pensar em algo que Mustafá perguntou.
"Como ele entrou aqui?"
Parecia uma pergunta banal, mas não era. Essa parte do jardim era fechado para os homens, somente meu pai e Haidar tinham acesso, mas ambos evitavam em respeito as mulheres que aqui poderiam estar. Era um jardim particular somente para as mulheres da família.
Família.
Lâmia.
Mas o que ela ganharia com isso?
Senti meu estomago roncar e eu estava cansada. Eu precisava perguntar a Burcu como ele entrou aqui. E o que aconteceu para que ele agisse dessa forma. Agora por hora, eu iria cuidar de mim.
Xinguei a mim mesmo em silêncio enquanto me encaminhava para o quarto. O que eu havia acabado de fazer? Eu sabia exatamente o que tinha acontecido, eu simplesmente medi minhas palavras porque a vi submissa sob meu domínio.
Desde quando isso mexia comigo desse jeito? Ou desde quando me importei como uma mulher se sente referente a mim? Se sentia medo ou desejo, as vontades delas nunca foram levadas em conta.
Mas bastou encarar aqueles olhos para me sentir perturbado. Notar que talvez o medo estivesse refletido neles simplesmente fez minhas barreiras desmoronar. Eu não poderia deixar isso acontecer novamente.
Saber que Ayra me deseja, é um ponto a meu favor, e seria algo que eu poderia usar quando quisesse. Somente isso. Estava andando a passos largos e prestes a subir as escadas, quando fui interceptado por dois guardas. Ambos colocaram suas espadas na minha frente me impedindo de passar.
— Posso ao menos saber o porquê disso? Ou mais uma vez serei levado a prisão sem justificativa? — nenhum dos dois sequer se moveu, mas então ouvi uma risada baixa, e quando me virei vi a madrasta de Ayra.
Era só o que me faltava.
— Você ainda não tem permissão para acessar o jardim. — e aqui eu tive a confirmação que precisava. Aquela área realmente era privada. — Eu poderia fazer algo. — sorri, entendendo o jogo dela.
— Poderia. — repito. —Mas não vai. — falo baixo a encarando. — Porque teria que explicar como aquele garoto foi parar lá e com uma faca em mãos. — seu semblante não mudou e seus olhos pareciam conter algo a mais que não conseguia entender. Medo não era, porque isso era algo que eu identificava facilmente nas pessoas. — Não sei qual é o seu joguinho, mas eu não estou interessado. — lhe dei as costas na esperança de ter encerrado o papo, mas os dois passos que os guardas deram em minha direção me fizeram entender que a conversa não tinha acabado.
— Você está aqui porque convenceram que um casamento por amor seria mais benéfico para todos. — me virei. — Meu sobrinho era o pretendente escolhido. — sorri.
— É eu soube. — falei sem muito interesse. — Mas fazer o que, não é mesmo? A vida é cheia de surpresas. — ela me analisava.
— Você não queria estar aqui. — ela afirmou.
— Não eu não queria. — falei sabendo que algo viria a seguir.
— Talvez eu possa te ajudar. — eu não era ingênuo em pensar que esse encontro havia sido por acaso. E suas palavras deixavam claro o perigoso rumo que a conversa me levaria. Eu tinha que tomar cuidado com minhas palavras.
— Não consigo imaginar com o que exatamente? — o que falei a fez sorriu.
— Pelo que sei hoje você passou a manhã tentando sair daqui, e não conseguiu. Mas basta uma única palavra minha e tudo o que você quer será feito. — e ali estava a isca.
Ironicamente eu estava me vendo na história que Melissa havia contado do menino que traía os irmãos em troca de doce. A única vantagem aqui era que eu não tinha irmãos, bom tinha uma irmã, mas ela estava muito bem cuidada, e eu não gosto de doces.
Mas a liberdade é algo que no momento realmente me parece algo bem doce.
A diferença é que eu sou bem mais esperto do que o tal garoto.
Sorri para minha quase sogra.
— Não sei quem é o fofoqueiro da vez, mas não sei do que está falando. — meu tom de voz deixava claro minha falta de interesse no assunto. — Mas vou guardar suas palavras. Quem sabe um dia eu precise. — ela não ficou surpresa com minha resposta, até parecia esperar.
— Muito bem. Esperarei ansiosamente seu retorno, porque sei que aqui você não terá a quem recorrer. — ela fez um sinal para os guardas e quando eu olhei para trás não havia ninguém.
Eles sumiam numa facilidade de dar inveja. Continuei meu caminho e assim que fechei a porta do quarto eu tinha uma certeza, eu precisava de ajuda se queria descobrir alguma coisa. Esperei por Ayra, e para surpresa de zero pessoas ela não apareceu. O que de certa forma foi bom. Assim pude tomar um banho, colocar as ideias no lugar e pensar no que fazer.
Eu ainda estava só de roupão quando a ideia de ter câmeras e escutas no quarto me surgiu. Eu precisava falar com Abul, colocar bloqueadores aqui seria algo com urgência a se fazer. Peguei meu telefone ciente que deveriam ter clonado ele, então eu teria que ter cuidado com o que eu falaria. Ele atendeu no segundo toque.
— Como foi a corrida? — meu servo ficou em silêncio, muito provavelmente pela falta de informação a meu respeito, e quando consigo falar com ele pergunto sobre a corrida. — O gato comeu sua língua? — ele riu.
— É bom falar com o senhor novamente. — acabei sorrindo também.
— Digo o mesmo, mas então como foi a corrida?
Ele me atualizou e disse que apesar de tudo nosso competidor ficou em segundo lugar, assim conseguiu se classificar para a próxima etapa que ocorreria no próximo mês.
— Ótimo, só me faltava perder o investimento que fiz. — pensei por um momento. — Como estão as coisas nas Empresas? Alguma novidade?
— Não senhor. — eu sabia que mesmo que tivesse, ele não me falaria por telefone. — Está precisando de alguma coisa? — eu tinha que pensar, como conseguiria que algumas coisas entrassem sem passar por Haidar.
— Só o básico. — ele entenderia o que seria.
— Entendo. — ele ficou em silêncio e então uma ideia me surgiu.
— Tenho algo especial que quero que traga. Você vai saber o que é quando encontrar. — desliguei e logo disquei outro número. Ela atendeu no primeiro toque. — Pela agilidade devo acreditar que esperava por uma ligação minha?
— Mumu? — falou o apelido que eu tanto odiava de forma receosa.
— Melissa. — escutei um resmungo.
— Como você está? — pergunta cautelosa.
— Com saudades, você poderia me fazer uma visita?
— Não sei, você está estranho. Você nunca sente saudades de ninguém. — torci o dedo na boca ao mordê-lo para não falar algo pior. Respirei fundo.
— Melissa, venha me fazer uma visita. — ela ficou em silêncio.
— Porque assim, eu... — ela ficou em silêncio. — Você está morrendo? — fechei meus olhos.
— Não, mas estou tentado a te matar quando te encontrar. — ela expirou profundamente.
— É você mesmo. — escutei sua risada. — Vou pensar no seu caso e te aviso. — ela desligou antes que eu pudesse falar algo mais. Eu tinha a plena certeza que estava pagando por meus pecados ainda em vida.
Recebo tantas perguntas sobre o casal que até esqueço de responder...
Sobre a idade. Mustafá tem entre 31 e 32 e Ayra 26. Porque entre? no início lá na história do Sheik ele tinha 28 e se eu não me engano, mas não tenho certeza... se passaram 3 anos desde então.
Acho que as piadas da Melissa sobre ele estar velho, gerou essa dúvida kkk
E outra, talvez a foto que usei para ela, não sei, acharam que ela seria velha para ele 😅
Relaxem está tudo sob controle, ou não kk
Foto da princesa
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