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CAPÍTULO 01

Boa noite, tudo bem com vcs?

Nada como um capítulo para começar bem a semana, não acham? Rsss...
Então, dependendo de como minha semana for produtiva, eu posto um na sexta. Mas isso só saberemos na sexta...

Eu não sei se coloco algum aviso sobre a história, mas acho que quem já chegou até aqui, sabe do que ele é capaz. Então mais pra frente se eu achar necessário, eu aviso.

Eu estava com tanta saudades de interagir com vcs! 🥰

Boa leitura!

Eu olhava atentamente para o relatório que Abul me entregou, e tentava encontrar o erro, mas não conseguia.

— Quem fez esse relatório? — perguntei.

— O novo funcionário do departamento. — eu o olhei, e meu fiel servo sorriu. — Pensei em cuidar dele, mas preferi lhe mostrar primeiro.

Vontade de fazer algo eu tinha, mas meu maior intuito no momento era descobrir quem teria a audácia de tentar passar a perna em mim dentro das minhas próprias empresas. Coloquei a folha na mesa e encarei Abul.

— Não faça nada, vamos deixar ele ou quem quer que seja à vontade. — Abul tirou o sorriso do rosto e concordou meio que contra vontade. — Quero descobrir quem esta por trás disso. — encarei meu servo. — Um simples funcionário não teria essa coragem. — olhei no relógio e vi que não poderia me alongar nesse assunto, tinha muito a resolver antes da minha partida para o deserto.

— Farei como quiser.

— Coloque alguém para vigiar nosso amiguinho de perto, e vamos ver até a quem ele nos leva. — o sorriso voltou ao rosto de Abul, e junto eu podia ver o desejo que ele tinha em resolver o assunto. — Faça isso antes da nossa partida.

— Sim, senhor. — ele saiu me deixando sozinho.

Ainda estava tamborilando os dedos na mesa pensando em quem poderia estar fazendo isso, e pretendia voltar ao trabalho para deixar o máximo dos assuntos adiantado. Seria uma viagem curta, no máximo duas semanas, mas gostava de deixar tudo organizado, no entanto a porta foi aberta e quem eu menos esperava ver nessa manhã entrou com o maior sorriso na cara mal lavada que ela tinha.

— Bom dia Mumu. — falou ao se sentar na cadeira à minha frente, colocando o celular na mesa.

— O que faz aqui? — perguntei voltando ao trabalho. Não tinha a menor intenção de gastar meu tempo com essa pirralha, mal agradecida.

— Nossa! Não acredito que você ainda está bravo comigo. — eu não olhava para Melissa, mas tinha a certeza que o bico que fazia era grande. — Ah! Vai, para com isso, eu não consigo ficar muito tempo assim com você. — levantei meu olhar e encarei a pestinha a minha frente.

— Olha que engraçado, eu não tenho o menor problema com isso, então pode dar meia volta e sair. — voltei ao que estava fazendo, e ri internamente com os resmungos que ouvi a seguir.

— Isso não é justo, eu nunca participei de uma competição de cavalos no deserto. — e agora começaria o choro. — Ninguém nunca tem tempo para mim, sempre estão todos muito ocupados. Minha irmã estará ocupada, as voltas com o novo lançamento de uma nova fragrância da tia Jasmim, Jamal vai para Espanha resolver algo para tio Almir. — eu paro o que estou fazendo e olho para ela. — Falando em tia Jasmim, você viu que linda a declaração do tio Zayn ontem à noite? — dou de ombros, fazendo pouco caso do que Zayn fez para a esposa. — Foi tão lindo. — reviro meus olhos.

— O que uma carne mijada não faz, não é mesmo? — me flagro nas palavras que usei somente depois que as escuto saindo da minha boca.

MERDA!

— Carne o que? — ela pergunta curiosa, e dou graças a Allah que ela não entendeu a referência que fiz a uma boceta.

— Nada, esqueça. — passo a mão nos cabelos querendo encerrar essa conversa, e conhecendo a peste como conheço, a única forma que vejo para me livrar dela no atual momento é dando o que ela quer. — Vá arrumar suas coisas, iremos pegar a estrada depois do almoço. — ela me olha com um dos maiores sorrisos que já vi.

— Então você vai me levar? — concordo sem abrir minha boca, porque é bem capaz de eu falar não. — Ebaaa! — ela se levanta começando a pular, dá a volta na mesa me dando um beijo no rosto. — Obrigada, você sabe que te amo, não sabe?

— Não me agradeça, você tem que convencer sua irmã primeiro. — falei afastando a pequena vigarista de mim.

— Eu já deixei Mustafá. — ouço a voz de Izabel. Melissa fica séria no mesmo instante. Olho para o celular em cima da mesa. — Sabe o que eu mais gosto? A facilidade que Melissa tem em te fazer de besta. — Melissa corre para tentar pegar o aparelho, mas sou mais rápido que ela. — Cuide dela direitinho, ou eu arranco suas bolas, para fazer companhia a primeira carne mijada que achar, entendeu? — fecho meus olhos. — Esse é o vocabulário que você usa com ela?

— Bel, você não ta ajudando. — Melissa fala tentando pegar o aparelho de mim, mas desiste quando acerto um tapa em sua mão. — Aí. — resmunga.

— Se você ouviu toda nossa conversa, sabe que eu não quero levar sua irmã a lugar algum. — falo virando de lado para não olhar naquele rosto sardento e pedinte.

Mesmo que eu já tenha aceitado a ideia de levar Melissa nessa viagem, um pouquinho de sofrimento a ela, não fará mal algum.

— Não quer mais vai levar, que eu bem sei. — buffo. — Cuide dela!

— Minha cara Izabel, o conselho correto aqui pelo que vejo seria você me pedindo para tomar cuidado com ela, e não cuidar dela. — Izabel gargalha, e não consigo segurar o riso ao olhar para Melissa, que me encara preocupada. — Prometo me conter todas ás vezes em que quiser torcer o pescoço dela, como nesse exato momento. — a pestinha revira os olhos, mas vejo que solta a respiração que estava segurando.

— Então boa viagem para vocês. Se cuidem. — desligo, e estendo o celular em sua direção, mas não entrego assim que ela pega. Fico esperando uma explicação para ela ter feito o que fez.

— Ela não acreditou quando eu disse que te convenceria a me levar. — ela deu de ombros, justificando sua atitude.

— E, você tinha certeza que me convenceria? — pergunto.

— Você quer que eu negue? —ela sorri. Balanço a cabeça não acreditando.

— Certo, vai arrumar suas coisas. Eu ainda tenho alguns assuntos para resolver.

— Eu já pedi para Abul colocar minhas malas no seu carro. — ela começa sair e me olha. — Vou conversar com tia Jordana, enquanto você termina. Vê se não demora, estou tão ansiosa. — ela sai toda animada.

Assim que Melissa fecha a porta, fecho meus olhos, mas não consigo esconder o sorriso, essa menina está me saindo melhor que a encomenda. A inteligência dela é algo que se bem direcionada e trabalhada, Melissa se tornara imbatível no mundo dos negócios, tudo era uma questão de tempo e ensino. Quando consegui terminar o que precisava e saí do escritório, ouvi vozes vindo do lado de fora da casa. Ao sair me deparo com Melissa discutindo com Abul.

— Você trapaceou, não valeu! — ela estava brava.

— Não trapaceio, você que não presta atenção. — meu servo ria da situação.

— Ela é uma graça. — escuto a voz de minha mãe, e ao olhar para o lado, vejo que ela esta sentada em sua cadeira de balanço. — Ela está empolgada com a viagem, não para de falar um minuto nisso. — me aproximo dela. — Filho, tome cuidado.

— Cuidarei dela, não se preocupe. — beijo sua cabeça e começo a me afastar.

— Não estou preocupada só com ela, mas sim com você. Tive um sonho estranho essa noite. — paro no degrau que ia descer, e olho para ela. Minha mãe fica impressionada com certos sonhos, ainda mais depois que fui baleado, e ela havia sonhado com isso uma noite antes.

— Não se preocupe, vou ficar bem. — ela sorri concordando.

— Que Allah te proteja. — desço as escadas e vou em direção aos carros.

— Tchau tia. — Melissa corre para se despedir de minha mãe assim que me viu descer as escadas. Fui até um dos carros.

— Vamos Abul, quero chegar antes do anoitecer. — ele concorda fazendo sinal para os outros homens se organizarem. — Como estão as coisas no acampamento?

— Tudo do jeito como pediu. As tendas já estão prontas, os animais já ambientados. — olhei para o céu e por alguns segundos me peguei pensando nas palavras de minha mãe.

Não fiquei impressionado com o que ela havia dito, mas eu tinha que admitir, estava com uma sensação estranha desta vez. Já participei de inúmeras competições, algumas que duraram o dobro de tempo, mas dessa vez tinha algo que estava me deixando inquieto, e eu não conseguia explicar ou entender.

— Já podemos ir. — Melissa para ao meu lado, segurando dois potes em suas mãos. — Tia Jordana não esquece que eu gosto muito dos doces que ela faz.

— Como poderia esquecer, você fala quase todos os dias deles. — coloco meus óculos de sol e sorrio ironicamente para ela que da de ombros.

— Ela gosta de me paparicar. — me responde com um enorme sorriso. Abro a porta do carro, e ela entra. — E, eu gosto de ser paparicada, união perfeita. — fecho a porta, e quando entro, ela estranha. — Você vai dirigir? — ligo o carro.

— Algum problema com isso? — pergunto colocando o carro em movimento.

— Pelo contrario. — diz toda animada. — Você é mais radical que seu motorista. — Melissa coloca os óculos de sol e sorri. — Me amarro em coisas radicais. — acabo sorrindo. — Mas um Jipe seria mais apropriado para o deserto do que esses carros luxuosos, como essa Land Rover?

— Meus carros são modificados, e adaptados para região que vamos, assim não preciso abrir mão do luxo e conforto. — antes que ela voltasse a questionar mais alguma coisa, liguei o som do carro e a música invadiu o ambiente.

Algumas horas depois...

— Você só pode estar de brincadeira! — paro o carro em frente ao acampamento em que vamos ficar pelos próximos dias. — Isso parece uma pequena cidade, só que as casas são... de pano?

— São tendas. — falei descendo do carro. Ela logo veio atrás.

Olhei como toda a estrutura do acampamento havia sido montada. Eram num total de quatro grandes tendas, sendo uma equipada com uma cozinha, e área para refeições. Outra mais afastada seria usada como estábulo para os animais. As outras duas que ficavam ao centro, seriam os dormitórios. Ao olhar tudo e respirar fundo, me senti livre como há tempos não me sentia.

— Eu trouxe meu saco de dormir, achei que iríamos acampar em volta da fogueira. — sinto frustração em sua voz. Esfrego sua cabeça bagunçando seu cabelo. — Espera, vai ter fogueira pelo menos?

— Abul vai providenciar uma. — Abul se aproxima de onde estamos. — Você pode usar seu saco de dormir dentro da tenda. — ela torce o nariz com o que falo. — Você já dormiu alguma vez no deserto, Melissa? — pergunto olhando-a.

— Não. — me responde, e, sorrio.

— Vai por mim, você vai preferir a tenda. — Abul ri concordando. — Todos já chegaram? — pergunto direto meu servo.

— Sim, senhor.

— Mande Nadia a minha tenda. — ele concorda ficando sério, e começa a se afastar. — Abul. — o chamo. Faço sinal para ele ficar de olhos abertos com relação a nossa pequena hospede.

— Sim, senhor.

Segui direto para a tenda dos animais. Eu precisava dissipar a estranha sensação que estava sentindo desde o momento em que minha mãe havia falado sobre seu sonho. Não sou de ficar impressionado facilmente, ou temer algo que esteja a minha frente, mas eu odiava ser pego de surpresa.

Os dois homens que cuidavam dos animais saíram assim que entrei na tenda. Eles sabiam que eu gostava de privacidade. Fui até onde estava meu cavalo e ele parecia aguardar minha chegada, assim que coloquei minhas mãos nele, ele relinchou balançando a cabeça e batendo as patas no chão.

— Calma amigão. — acariciei sua crina, dando leves tapinhas no seu dorso. — Esta impaciente, eu sei. — continuei fazendo carinho até que ele ficasse mais calmo.

O animal estava mais calmo, mas eu continuava angustiado. O que estava acontecendo comigo?

Sem pensar duas vezes tirei-o de sua baia.

— Vamos, você precisa disso tanto quanto eu. — segui para fora da tenda, sem me preocupar em avisar alguém que estava saindo, montei e comecei a cavalgar sem um destino.

Enquanto eu cavalgava pelo deserto, eu procurava não pensava em nada, somente sentir o vento, olhar a imensidão do deserto e sentir a liberdade que somente um lugar como esse poderia me proporcionar. Liberdade. Sentia como se nada pudesse me atingir. Era incrível a sensação de liberdade que emanava de dentro de mim, ao contemplar as areias sem fim.

Duas horas mais tarde quando voltei ao acampamento, já não existia mais aquela sensação ruim de quando cheguei. Entreguei Eros a um dos servos que eram responsáveis pelos animais, e segui para a tenda da cozinha. Eu precisava tomar um banho. Assim que entrei escutei as risadas e conversas aleatórias entre todos. Alguns pararam assim que me viram entrar, menos Melissa e Abul que ainda estavam discutindo sobre algo.

Olhei para os lados e não vi Nadia em lugar algum. Peguei uma maçã na cesta que estava em cima de uma das mesas.

— Mande Nadia a minha tenda. — falei com Abul que ficou sério e se levantou para cumprir minha ordem. Sai indo em direção a tenda e ouvi passos atrás de mim.

— Onde você estava?

— Lembrando que você não é minha mãe, e mesmo que fosse, não dou satisfação a ela. — entro na tenda e Melissa se senta em uma almofada.

— Tem até ar condicionado aqui, isso não é um acampamento. — sorrio. Nadia entra e se dirige a mim.

— Pronto senhor. — tiro a camisa e sento-me começando a tirar as botas.

— Prepare um banho. — ela concorda e vai fazer o que lhe pedi. Olho para Melissa que me encara com uma sobrancelha levantada. — O que foi?

— Ela gosta de você. — ela fala olhando para onde Nadia foi. Então volta a olhar para mim.

— E, eu gosto de quando você fica de boca fechada.

— Você viu com ela ficou quando você tirou a camisa?

— Não. — não dou atenção para sua conversa.

— Ela ficou igual quando minha irmã olha para o Tigrão. — reviro meus olhos.

— Não diga. — termino de comer minha maçã.

— Você não tem nada a dizer sobre ela gostar de você? — me recosto na almofada.

— Que eu poderia dizer? Que ela tem bom gosto? — me levanto e pego a mão de Melissa a fazendo se levantar.

— Não é sobre isso que estou falando, Mumu. — eu começo a empurrar para fora da tenda. — Você já ficou com ela, não ficou?

— Vai procurar algo para fazer, que não seja cuidar da minha vida. — ela para a minha frente e segura em meus braços.

— Já percebeu como Abul fica toda vez que você se refere a ela? — eu a encaro sem entender. — Vai liga os pontinhos, você consegue. — ela ri quando fico sério. — Isso porque os dois estão de baixo do seu nariz. — ela bate na testa com a mão fechada. — Te espero na fogueira, não demora.

Melissa corre em direção a tenda da cozinha.

Abul e Nádia?

Sério?

— Está tudo pronto senhor. — A voz de Nadia me tira dos devaneios. Me viro e a olho. — O senhor vai querer que eu fique para lhe fazer uma massagem? — isso era uma das coisas as quais ela faz com maestria, mas agora sinto um incomodo ao pensar sobre.

— Não, pode se retirar. — ela me olha sem entender a recusa.

— Tem certeza? — insiste.

— Pareço estar em dúvida? — ela fica pálida sem entender minha atitude. Não a julgo, nem eu estou entendendo.

— Não senhor.

— Ótimo, então saia. — ela baixa a cabeça e sai.

Fico parado por um tempo olhando por onde ela saiu. Nádia e Abul? Balanço a cabeça e sigo para tomar meu banho, deixando o assunto de lado. Até porque não é do meu interesse com quem meus funcionários se envolvem.

Quando saio da tenda me sinto renovado. Ouço vozes e risos, sigo até onde eles estão sentados a volta da fogueira. Quando me aproximo escuto Abul contando uma das lendas do deserto para Melissa que presta atenção.

— Há uma lenda que diz que Allah doou um saco de areia a malak Miguel para distribuir pelo mundo...

— Espera o que é malak? — Melissa pergunta. Me sento ao seu lado.

— Anjo. — respondo e ela me olha interessada na história.

— Então Deus deu ao anjo Miguel um saco de areia? — Abul concorda. — Pra que? — faço sinal para que ele continue.

— Para que ele criasse as praias, as dunas, e os desertos. Porém quando o Diabo viu as belezas que Miguel estava fazendo, ele furou o saco e toda a areia caiu onde vive o povo árabe hoje. E que Allah para compensar o nosso povo por viver em terras que se tornaram não cultiváveis devido ao vento, deu ao árabe o turbante que vale mais que a coroa de um rei, pois ela serve para proteger a cabeça do sol. E deu a tenda ao nômade, o que vale mais que um palácio, pois pode ser transferida de um lugar para o outro de acordo com o tempo, o que garantiu a sobrevivência do povo. — o rosto de Melissa se ilumina.

— Nossa que legal. — ela coloca um dos doces que minha mãe fez na boca e fecha os olhos saboreando. — Eu amo escutar essas histórias sobre o deserto, ainda mais estando aqui.

— O deserto é um lugar mágico. — falo pegando um dos doces do pote que ela segura. — Tem uma tradição que diz que todo homem deveria ir ao deserto para encontrar sua alma, sua verdade individual. — ela me encara.

— Por quê?

— Por que ele simboliza o vazio. — jogo o doce na boca. — O vazio que temos dentro de nós.

— Caramba que sinistro. — todos rimos da sua expressão assustada. — Sabe hoje eu consigo entender o Edmundo. — ela fala com a boca cheia. — Esse doce é maravilhoso. — olho para Abul ele dá de ombros.

— Quem é Edmundo? — pergunto, ela me olha como se eu tivesse duas cabeças. Então ri, olhando para Abul.

— Ele não sabe quem é Edmundo. — Abul permanece sério olhando para ela. — Você também não sabe? — ele nega. Ela fecha o pote de doce. — Ok. — ela olha para todos que estão a volta da fogueira prestando atenção nela. — Susana? — ela continua sua pesquisa. — Pedro? Lucia? Aslan? — ela me encara. — Feiticeira Branca? — volto a negar. Ela se levanta. — Em que mundo que vocês vivem que não conhecem as Crônicas de Nárnia? Fala sério. — Melissa se senta.

— Porque não nos conta? — ela me olha e sorri.

— Para vocês entenderem tenho que fazer uma rápida apresentação de tudo, Edmundo é personagem fictício das Crônicas de Nárnia, uma série de sete livros, na verdade o autor só iria escrever só um único livro. Mas isso é papo ilusório de autor, sabe? Eu conheço uma que só iria escrever um conto de dez capítulos sobre um certo Sheik, e no entanto, olha onde nós estamos? Mas enfim, voltando para Edmundo, ele é irmão de Lucia, Pedro, Susana. E na história eles são transportados através de um guarda roupa, para o país de Nárnia, um lugar maravilhoso, mas que está passando por um terrível inverno causado pela Feiticeira Branca. Em um determinado momento da história, Edmundo foi surpreendido pela Feiticeira, e claro que ela se apresentou muito amável, e ofereceu a ele uma bebida quente, para aplacar o frio. E ela começou a perguntar coisas a ele, e ele besta foi falando tudo. — ela para e bate na testa.

Já notei que Melissa faz isso como uma certa freqüência.

— E o que Edmundo fez que tem haver com o doce?

— Eu só vou falar essa parte para vocês entenderem o que o doce tem haver, porque vocês tem que no mínimo assistir aos filmes, porque é muito massa. — ela se animou, já que todos estavam prestando atenção no que ela falava. — A Feiticeira foi muito astuta, porque ela falou para Edmundo: Mas beber sem comer é triste. E oferta a ele que escolha o que queira comer, e ele sem titubiar escolheu Manjar Turco, porque ele gostava muito, sabe. E como num passe de mágica ela ofereceu a ele uma tigela cheia do doce, o que Edmundo não sabia era que aquele doce era encantado. Quem comesse dele, comeria até estourar. Assim quando o doce acabou, Edmundo quis mais, e mais...

— Ele morreu? — Abul pergunta.

— Não aquilo era só uma isca, porque ai ela fez uma proposta a ele, Edmundo trazia seus irmãos para ela, e em troca a Feiticeira daria quanto doce ele quisesse.

— E, ele traiu os irmãos em troca de um doce? — pergunto.

— Aí você vai ter que assistir pra saber. — ela me responde com um enorme sorriso. Peste.

— Não acredito que ele fez isso. — Abul estava indignado. — Que traidor! Família temos que proteger e não entregar numa bandeja, em troca de doce.

— Mas você tem que enxergar a mensagem por trás das palavras. — Melissa volta a falar. — Eu entendi que a história nos ensina de uma forma simples a caminhada de quem acredita em Deus, de como agradar a Deus e de como até os momentos difíceis são usados por Deus para nos ensinar algo valioso, e nos atrair para perto dEle. — ela fica séria por um momento em silêncio, e quando voltou a falar ela olhou para mim. — A questão não é ser um doce somente, ele escolheu o doce porque ele era uma criança, e aquilo era apetitoso para ele, era o que ele desejava. Mas a questão é sobre as escolhas que fazemos. Os manjares sempre serão apetitosos aos olhos, porque sempre será o que você mais deseja. A questão é: será que vale a pena? — ela pegou mais um doce e mordeu. — Para Edmundo o doce teve um gosto amargo. Gosto de traição.

Melissa baixou a cabeça, e senti nesse momento que ela parecia estar falando de si, e do que aconteceu com ela. Sua família a traiu. Seu próprio irmão a traiu. E eu não gosto nem de pensar o que poderia ter acontecido com ela, caso não tivéssemos chegado a tempo.

— O que aconteceu com aquela menina chata que expulsei da minha tenda? — perguntei batendo na ponta do seu nariz, não queria que ela ficasse presa nessas lembranças. Ela sorriu.

— Eu não sou chata. — ela falou e olhou para onde Abul estava sentado, e segui seu olhar. Ele olhava para Nádia que estava sentada com mais duas mulheres e que conversavam entre si. — Só não sou tão tapada como você. — ela falou e voltei a olhar para ela. E, ali estava a menina de língua afiada que conheço. — Você sabe que isso pode ser a idade, não sabe?

— Vai se lascar Melissa! — me levanto e ela começa a gargalhar.

— Calma, não fica nervoso, pode ser perigoso na sua idade. — mostro o dedo do meio para ela, que mostra a língua para mim.

Fui até a cozinha e servi um prato com comida, e segui para minha tenda. Eu já havia dado ordens de como seria o dia seguinte, então eu poderia descansar. Eu havia adormecido, mas algo me acordou. Não ouvia mais barulho, sinal que todos já haviam se recolhido. Voltei a escutar passos. Peguei a adaga que deixava em baixo do travesseiro, então uma pequena sombra se fez presente a minha frente.

— Você está dormindo? — era a voz da Melissa.

— Estou. — respondi guardando a adaga.

— Se estivesse não teria respondido. — ela falou se aproximando. — Não consigo dormir. — sua voz estava baixa e parecia que ela tinha chorado. — Posso ficar aqui com você?

— Você sabe que não. — falei me sentando e ascendendo uma luminária. Melissa estava abraçada a um travesseiro rosa. Ela ignorou o que falei e se deitou ao meu lado.

— Estou com medo. — confessou.

Lembrei da conversa no momento da fogueira. Com certeza as lembranças do que aconteceu a deixou assim.

— Você ronca? — perguntou mudando de assunto.

— Não.

— Como sabe se você está dormindo? — revirei meus olhos.

— Cala a boca, vira para lá e vê se dorme. — ela sorriu para mim. Apaguei a luminária e voltei a deitar, colocando um travesseiro no meio da cama.

— Sua cama é bem melhor que a minha. — ela falou virando de frente para mim. Apesar de estar escuro, eu sabia que ela estava me olhando.

— Dorme, Melissa.

— Obrigada.

Eu não iria responder, eu sabia muito bem onde isso iria dar, porque eu sabia exatamente a que ela estava agradecendo. Vez ou outra ela soltava um agradecimento sem motivo aparente, e eu sabia que ela se referia a termos salvo do destino que haviam traçado para ela. Silêncio seria a melhor resposta, eu levantaria cedo. 

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