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3 | Raízes Vermelhas

"Nessa terra onde eu nasci

Tudo aqui me chama

Sou daqui."

Sou Daqui – Paulo Ricardo


O segundo ensinamento daquela semana havia começado bem cedo. Todos os jovens guerreiros da aldeia estavam postos em um grande círculo e aguardavam ansiosos pelos próximos passos que seriam dados pelo chefe da tribo. O sol mal havia rompido o horizonte, e um nevoeiro leve pairava sobre a terra, quase como se o próprio espírito da manhã estivesse se preparando para testemunhar o evento. 


Touro Sentado, o venerável chefe da tribo, havia saído de sua tepee com uma dignidade serena, e seu olhar experiente observava com interesse a excitação juvenil. Aquele velho sábio ainda lembrava com clareza de sua própria juventude, um tempo quando seu nome era diferente, e sua ânsia por se destacar era tão palpável quanto a de seus jovens discípulos.


Enquanto o restante da comunidade ainda estava imersa no sono da madrugada, alguns curiosos se espreitavam por entre as frestas das tendas, seus olhos brilhando com a curiosidade enquanto tentavam espiar o que acontecia do lado de fora. O cheiro fresco dos carvalhos misturava-se ao ar, intensificando a sensação de que a natureza estava imbuída no espírito daquele momento. Os índios estavam despojados das habituais vestes de couro, usando apenas as couraças que cobriam suas partes íntimas e cocares de cores vibrantes que enfeitavam suas cabeleiras escuras e abundantes.


Alce Negro, mais uma vez, foi o último a chegar, atraindo o olhar severo do avô. Ele suspirou ao lembrar da promessa não cumprida no dia anterior, uma promessa que o Grande Espírito parecia sempre interromper com suas visões durante suas meditações nas montanhas. Embora o próprio avô tentasse ser compreensivo, Alce sabia que suas constantes ausências e os transe que experimentava sempre colocavam-no em desvantagem. O peso da expectativa e a realidade de seu fracasso começavam a se tornar uma carga pesada.

Touro Sentado se aproximou dos jovens índios com a mesma serenidade e autoridade que sempre demonstrava. Seus olhos percorreram cada um dos Sioux com uma avaliação perspicaz. Ele sabia que nem todos eram grandes guerreiros e esperava que esta lição fosse uma oportunidade para os jovens descobrirem outros meios de provar seu valor, além da força bruta.


– A lição de hoje é: A natureza não é para nós, ela é parte de nós. – As palavras de Touro Sentado ecoaram no ar, causando murmúrios de confusão entre os jovens que tentavam entender o significado profundo da declaração. – Lutem, índios. A manhã será longa. – Com essa ordem enigmática, o chefe voltou a se sentar em sua tenda, deixando os jovens a decidirem seu próprio destino.


A escolha de quem começaria a luta não foi difícil. Trovão de Fogo, com sua postura imponente e músculos definidos, imediatamente tomou a frente e desafiou os índios a enfrentá-lo. Muitos, com um senso aguçado de autoconservação, recuaram, evitando um confronto com o guerreiro mais forte da aldeia. Trovão se deleitava com a demonstração de medo e desdém dos outros, saboreando a sensação de ser temido. Seu comportamento presunçoso e arrogante irritava seu primo, Alce, que via a situação como um desafio pessoal.


Alce avançou, determinado a enfrentar o primo e provar seu próprio valor. O desafio de Trovão, ao chamá-lo de "Alcinho", apenas alimentou sua determinação. O que antes era um simples confronto agora se transformava em uma prova de coragem e resistência. Alce não se deixou intimidar pelas provocações e encarou o primo com um olhar resoluto.


– Eu lutarei com você. – Alce declarou, sua voz firme, provocando um novo burburinho entre os outros índios. Trovão riu da ousadia do primo, achando que a batalha seria uma vitória garantida para ele.


– Melhor procurar um oponente à sua altura, Alcinho – Trovão sibilou, sua voz carregada de sarcasmo.


– Tem medo de perder? – Alce desafiou, a frustração e a determinação misturadas em suas palavras.


Trovão, com um olhar desdenhoso, inclinou uma sobrancelha e cruzou os braços, esperando que Alce recuasse. Quando percebeu que o primo estava resoluto, ele se preparou para a luta, considerando-a uma oportunidade de ensinar uma lição ao sobrinho.


Os dois se posicionaram no meio do círculo onde outros jovens guerreiros já lutavam. A luta estava em pleno andamento, com alguns lutadores sendo rapidamente derrotados. Alce, determinado a mostrar sua habilidade, iniciou o confronto com um ataque rápido. Contudo, Trovão, apesar de ter sido pego de surpresa inicialmente, rapidamente usou sua força superior para repelir o primo. O impacto fez com que Alce caísse com força no chão, seus arranhões na terra vermelha servindo como um lembrete doloroso de sua falha.


Apesar das tentativas de Alce, Trovão permaneceu praticamente imutável. Alce lançou socos e tentou vários golpes, mas Trovão parecia absorver tudo sem ceder um centímetro. Cada golpe de Alce parecia mais um teste de resistência do que uma ameaça real. O cansaço começou a se instalar em Alce, e, exausto, ele achou que havia alcançado sua vitória ao ver o rosto do primo ensanguentado e avermelhado. Sentindo-se triunfante, ele se virou para os outros, ignorando a ameaça latente.


No entanto, a vitória foi curta. Trovão, recuperando-se rapidamente, aproveitou a oportunidade para desferir um golpe final. Alce foi jogado ao chão novamente, a dor intensa ao bater a cabeça contra os pedregulhos fazendo-o perder temporariamente a consciência. Quando acordou, foi ajudado por outros índios, e viu Trovão se aproximar com um sorriso de triunfo.


– Nunca vire as costas para o seu inimigo, Alcinho – Trovão sibilou com um tom de escárnio – Aprenda a escolher suas lutas. – Com essas palavras, ele retirou-se, deixando Alce em um estado de humilhação e frustração.


Alce sentiu a vergonha queimar profundamente enquanto os outros olhavam com pena. Seu orgulho ferido o levou a afastar-se das índias que tentavam ajudá-lo e seguir em direção ao rio. Seu avô certamente ficaria desapontado, e ele temia as possíveis lições que viriam.


O rio, ainda parcialmente congelado, ofereceu um contraste agudo com a dor que Alce sentia. A água estava fria como gelo, mas ele mergulhou de qualquer maneira, buscando uma forma de alívio. À medida que nadava, a sensação de frescor ajudou a acalmar sua mente turbulenta, e ele procurou a paz nas profundezas do Missouri.


A tranquilidade foi abruptamente interrompida quando o Grande Espírito se manifestou. Alce sentiu seu corpo congelar, como se o rio se transformasse em pedra. O tempo parecia ter parado, e ele foi envolvido por uma sensação de calma absoluta.


𒀱


Alce estava de volta aos estábulos do sobrado desconhecido. O ambiente estava cheio de uma tensão palpável, e o som de passos pesados e uma tempestade se formando fora refletiam a agitação interna que ele sentia. Escondido entre pilhas de feno, ele conseguiu vislumbrar as botas pretas e o uniforme militar do homem que estava conversando com um outro homem. A conversa, ou melhor, a discussão, girava em torno de cavalos e de um plano militar.


– Quantos cavalos ainda faltam? – O homem perguntava, sua voz cheia de impaciência e autoridade.– Não sabemos, senhor – Respondeu o outro homem, sua voz carregada de preocupação. – As fêmeas estão no cio. Se retirarmos todos os garanhões agora, perderemos um ano inteiro sem uma nova prole.– Preciso que eles estejam prontos antes que a primavera chegue... – O homem continuou, seu tom amargo e imperativo revelando a urgência do seu plano. – Temos que ir até o Oeste de Montana... atravessar o Missouri e então chegaremos ao Norte... – A conversa seguia, cheia de detalhes sobre o avanço da ferrovia e a preparação para uma expansão militar.– Estaremos prontos, senhor. Até o fim do inverno, um exército inteiro de cavalos estará à disposição de vossa tropa.


Os dois se dispersaram, o homem que parecia ser o mais alto escalão subindo para o andar acima, enquanto o outro continuava com suas tarefas. Alce, ainda escondido, sentiu um frio na espinha ao ouvir o tom depreciativo usado para descrever seu povo.


– Aqueles peles vermelhas, aborígenes de merda! – A palavra "merda" foi proferida com um desdém que feriu profundamente o coração de Alce.


O índio tentou se afastar da cena, sentindo seu sangue ferver com raiva e tristeza. A sensação de impotência era esmagadora, e o desejo de retornar ao seu lugar original era intenso. No entanto, as imagens e palavras que haviam presenciado não podiam ser ignoradas. A compreensão da magnitude do desprezo e da crueldade que estava sendo planejada contra seu povo era aterrorizante.

Os dois homens continuaram discutindo, agora sobre a arrecadação de fundos para a ferrovia e a necessidade de expandir os trilhos até o Norte. O planejamento estratégico, embora distante da compreensão imediata de Alce, era um vislumbre das forças que estavam se movendo contra a sua gente. A sensação de que algo muito maior e mais sombrio estava em jogo era palpável e aterrorizante.


Alce tentou se concentrar para entender melhor o que o Grande Espírito estava tentando lhe mostrar, mas a intensidade das visões e a frustração pela sua própria impotência começaram a se misturar. Ele sentiu uma força que o puxava para fora da cena, e o ambiente dos estábulos começou a se dissolver em névoa.


𒀱


Então, como se o gelo ao redor dele tivesse derretido, Alce emergiu do rio, com a água fria espirrando ao seu redor. Ele respirou profundamente, sentindo a frescura do ar como se fosse um presente. A visão das raízes que emergiam do fundo do rio e se entrelaçavam em seus tornozelos trouxe uma nova sensação de consciência e conexão. As palavras do Grande Espírito ainda ecoavam em sua mente.


"Alce... lembre-se de suas raízes, são vermelhas como esta terra. São a sua natureza, fazem parte de você."


Ele observou as marcas vermelhas nas suas pernas, como se fossem um símbolo de sua ligação com a terra e sua identidade. As palavras e a visão eram um chamado para reconhecer a conexão profunda entre ele, sua tribo e a terra que habitavam. Era uma lembrança de que, apesar das adversidades e da força opressiva dos invasores, a verdadeira força vinha de sua origem e sua herança.


Com essa nova compreensão, Alce sentiu um renovado senso de propósito. O medo e a frustração se transformaram em determinação. Ele sabia que precisava enfrentar as dificuldades com um novo entendimento e uma força interior mais profunda. As raízes vermelhas que agora estavam marcadas em seus pés simbolizavam não apenas sua conexão com a terra, mas também a resiliência e a força de sua ancestralidade.


Enquanto se levantava e se preparava para retornar à sua tenda, o frio ainda o envolvia, mas era diferente agora. Era um lembrete constante do que ele estava lutando para proteger e da importância de sua missão. As visões e as palavras do Grande Espírito haviam fornecido uma clareza que ele não tinha antes, e ele estava determinado a usar esse conhecimento para enfrentar os desafios que estavam por vir.


Alce sentiu que sua jornada estava apenas começando e que o caminho adiante seria cheio de provas e desafios. Mas com a sabedoria e a força que agora carregava, ele estava pronto para lutar não apenas por si mesmo, mas por todo o seu povo, pelos seus ancestrais e pela terra que sempre havia sido sua.

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