•Capítulo Um•
Simona
Apenas o barulho do tamborilar dos meus dedos enchem todo o espaço do meu escritório. Nicola,meu Consigliere e único amigo está de pé ao meu lado enquanto espero o último cliente dessa noite.
Estava exausto e a única coisa que eu queria naquele momento era tomar uma taça de vinho relaxando na minha banheira envolto de água morna e uma boa gostosa montando o meu pau.
Era tão simples,as mulheres simplesmente brotavam como água a minha volta. Eu podia ter quantas eu quisesse,na hora que eu quisesse e quando eu quisesse.
Ser o subchefe, — até que — não era tão ruim como eu pensava. No fim das contas,eu tenho mais mulheres do que quando era apenas um aprendiz. Não estava alegre pela morte do meu pai. Não. Ele era um bom homem além de tudo, e foi ele que me ensinou a superar perdas difíceis. Ainda não tinha superado sua morte,mas estava quase lá.
As doses de boceta que eu tinha todas as noites contribuíam um pouco para reagrupar a ordem e disciplina que me era essencial.
Não me julguem por favor, é apenas a minha forma de lidar com tudo o que tenho que administrar.
A porta se abre e Wini, — um soldado da famiglia — coloca a cabeça para dentro da sala.
— Senhor,o cliente está aqui. — aceno para ele mandar o homem entrar e espero.
Me reencosto na poltrona macia e suspiro pesadamente,esperando o homem entrar.
A porta volta a se abrir e Massimiliano,—um cliente regular — entra. Reviro os olhos. Ele sempre tem algum favor para pedir,o velho sempre está se metendo em problemas.
— Massimiliano. — cumprimento sério.
Eu nunca dava brecha para ninguém,nem mesmo para as mulheres que eu comia. Eu era Simona,temido subchefe da Sicília e conhecido por ser cruel,matar sem piedade,sem hesitar.
O velho anda até a mesa com suas pernas trêmulas e inúteis,seus olhos azuis tomados por branco analisando toda a sala. Ele sempre fazia isso,depois se sentava e "esperava" alguns segundos,tentando descontrair,para depois pedir alguma coisa.
Ele se senta na cadeira em frente a grande mesa na minha frente e junta as mãos em seu colo,tremendo levemente.
— O que deseja,velho? — pergunto colocando o cotovelo no braço da poltrona,coçando o queixo.
Massimiliano olha para mim e depois para suas mãos,para mim e de novo para suas mãos. Após alguns segundos,ele finalmente fala.
— Eu preciso de um favor.
Me endireitei na poltrona,colocando as mãos nos braços da mesma.
— Você sabe que não fazemos favores. — descruzo as pernas e bocejo. Porra,estava mais cansado do que pensei. Teria que deixar o sexo para amanhã. — No entanto,se tiver alguma boa quantia ou algo para me dar em troca.
Ele acena rapidamente,suas bochechas caídas balançando como as de um buldogue.
— Tenho uma boa quantia em dinheiro.
Massimiliano não fazia parte da sociedade,como vários clientes, mas como éramos abertos a todos os tipos de públicos,eu era obrigado a aceitar os negócios do velho.
Era isso. Eles vinham até mim e colocavam a cabeça de alguém em prêmio. Morte por encomenda. Não podíamos nos importar se fosse um homem de bem,apenas cumpriamos com o nosso dever. E sempre,sempre Massimiliano se metia em problemas e a gente livrava a sua bunda velha.
— Então fale. Não estou de bom humor para ficar esperando. — respondo com tom de repreensão.
— Este. Todas as informações estão na foto. — disse colocando uma foto na mesa. A entrego para Nicola avaliar. Não era eu quem cuidava da parte de matar,e sim meus homens.
Aceno para ele.
— Quando?
— O quanto antes. — sua voz treme quando ele me interrompe.
— E quando o dinheiro estará nas minhas mãos? — pergunto, traçando a borda da mesa com o indicador.
— Assim que o serviço for feito.
Levanto meus olhos para ele ameaçadoramente.
— O que quer dizer com isso? — pergunto,minha voz fria. O velho treme e posso jurar que está batendo os dentes enquanto olha para mim. — Você está insinuando que não cumprimos com o nosso dever?
Ele arregala os olhos e nega rapidamente,sua cabeça quase saindo do pescoço com a força que ele a balança.
— Tenho que te lembrar que,na última vez que você pediu nossos serviços,demorou para pagar? — descanso os cotovelos na mesa na minha frente,flexionando os músculos dos meus braços enquanto estalo meu pescoço. — Acho que não,não é mesmo, Massimiliano?
— Não,não. — diz rápidamente.
O dispenso com um aceno de mão. Quando o velho já está abrindo a porta eu o paro quando falo:
— Não demore dessa vez. Trinta dias,você tem trinta dias para me pagar ou um dos meus homens baterá na sua porta.
Ele concorda e sai do meu escritório.
Bufo, me recostando na poltrona. Minha coluna começava a doer,estava sentado nessa merda a horas.
— Chega por hoje. — falo levando a mão ao rosto,pressionando os olhos com os dedos.
— Já foram todos. — Nicola fala.
Ouço atentamente enquanto ele dá a volta na mesa e se senta em uma das cadeiras na minha frente.
— Ótimo. Vou para casa descansar. — antes que eu me levante Nicola fala.
— Você está ficando velho,precisa se casar.
Cerro o maxilar. A idéia de me casar me causava calafrios. Ao meu ver,um casamento era algo sério,e eu não queria nada arranjado,na verdade,eu não queria me casar,nunca. Mas,como todos os homens da máfia,sabia que essa hora chegaria. Estava evitando o quanto podia,passei anos sozinho e agora Nicola realmente falou uma das coisas que eu mais temia.
— Não é hora. Estou muito novo ainda. — Porra nenhuma,faria 36 este ano e porra,não tinha uma única "mulher" com idade suficiente para se casar comigo. Apenas essas menininhas adolescentes que por anos os pais jogaram em cima de mim.
— Simona,você precisa estabelecer o respeito entre nossos homens,não demorará muito e eles estarão se perguntando porque você,um homem feito,ainda não se casou. — e ele tinha um ponto.
Passei a mão nos cabelos e me recostei na cadeira bufando.
— E o que você tem em mente? — perguntei olhando para ele com uma sombrancelha levantada.
— Mirko De Riva,um dos nossos capitães está a procura de um noivo para a sua filha. Vários rapazes mais jovens,novos Made Man estão interessados..
— E o que eu tenho haver com isso? — interrompo-o.
Nicola revira os olhos. Se fosse qualquer outro eu arrancaria pelo menos o mindinho da mão dele para mostrar mais respeito a mim,mas Nicola não,era meu amigo.
— Deixe-me terminar de falar,okay? — dou de ombros. — A filha dele, Antonella, está com dezoito anos.
— Não sou um pedófilo. — resmungo olhando para o lado.
— Ah não? — olho para ele com uma carranca quando ouço o seu tom. — Estou me lembrando da menina Mariá.
Juntei as sombrancelhas carrancudo. Porra,ele tinha que falar sobre isso?
— Não era você mesmo que estava tão "disposto" a se casar com a menina? Pena que Giuseppe foi mais rápido,não é mesmo? — bati a mão na mesa nervoso.
Caralho,ele tinha que me lembrar dela? Claro,era uma menina doce e educada,e porra,eu queria enfiar meu pau nela. Qual o problema disso,um homem não podia mais ter suas fantasias? Mas isso já foi,agora ela está casada e quase ganhando um filho de Giuseppe "fodido" Accappatollo.
— Devo-o lembrar que ela é apenas um ano mais velha que Antonella?
— Cale a boca, Nicola. Porra,ou vou arrancar a sua cabeça fora!
Ele gargalha e se recosta na cadeira.
— Vamos lá. A menina é tão linda quanto Mariá,diria que até mais. — ele me olha com uma sombrancelha levantada e um sorriso em seus lábios. — As outras mulheres mais velhas ou são viúvas e transtornadas pelo casamento passado,ou mães. Você não quer isso,não é mesmo?
Mais um ponto para Nicola. E não,eu não queria uma mulher louca e nem cuidar de filhos que não são meus.
— Foda-se,não! — me levantei e fui até a grande janela do meu escritório. A abri um pouco e deixei o ar bater em meu rosto enquanto eu relaxava. — Você já viu essa menina?
— Sim! — sua voz está animada quando ele diz. — Estonteante!
— Bem. A última coisa que eu preciso é de uma adolescente cheia de acne e com aparelho nos dentes.
Ele ri alto ao ouvir o meu comentário.
— Ora. Não. — ele para ao meu lado com aquele sorrisinho cínico. — A pele dela é branca e limpa,e seus cabelos cheios e grandes. — Ele olha para mim. — Você irá gostar.
Reviro os olhos e saio de perto dele.
— Porra,espero que sim.
•
Assim que entro na cobertura onde moro no centro de Palermo,jogo meu paletó em cima do meu sofá e subo o único degrau até a parede de vidro. As luzes da cidade piscam logo abaixo e o vapor sobe do mar mais ao longe. Suspiro sentindo a calma em meu corpo. Finalmente estava sozinho.
Agora tinha que ligar para Mirko e fazer a proposta do casamento. Ele não iria recusar,era muito idiota para isso.
Vou para a grande cozinha e abro a geladeira,de onde tiro uma garrafa de uísque e bebo direto do gargalo.
Pego o meu celular em meu bolso e vou até o número que Nicola me passou. Tomo mais um gole do meu uísque e clico no número. Coloco o celular em meu ouvido e espero,ouvindo o barulho irritante da chamada. Ela cai e eu franzo o cenho. Por que o caralho do homem não atende o celular? O celular foi feito para isso,não é mesmo? Para atender.
Clico de novo e espero enquanto chama. No quinto toque ele atende.
— Mirko De Riva. — fala com aquela voz de pato.
— Mirko. — a linha fica em silêncio e eu rio.
— Se-senhor. É uma honra conversar com o senhor.
Reviro os olhos. Como é falso. Diz isso me bajulando apenas por medo.
— Algum problema em atender o celular, Mirko? — pergunto com a minha voz fria,mas rindo internamente.
— Não! Estava tratando de assuntos importantes. — posso ouvir ele andando apressado.
Estreito os olhos. O que ele deveria estar fazendo?
— Certo. — vou direto ao ponto. — Fiquei sabendo que está a procura de um noivo para sua filha.
A linha fica silenciosa de novo. Olho para o celular e vejo que a ligação não caiu.
— Mirko! — repreendo.
— Me desculpe,senhor. Sim,estou a procura de um noivo para se casar com a minha filha. — sua voz está mais animada agora. — Alguém importante para a minha filha?
— Eu. Estou ficando velho e preciso me casar,no momento,sua filha é a única alternativa.
— Claro! O senhor quer vir até a minha casa conhecê-la? Será uma honra tê-lo como genro.
Vou até o sofá e me sento,passando o braço pelo encosto.
— Me poupe das suas bajulações. Mas sim,amanhã é um bom dia para conhecer a menina.
— Acertaremos tudo amanhã então. — diz animado. — Minha mulher fará um jantar as sete para nós. Espero o senhor.
— Tudo bem.
Desligo o celular sem esperar que ele me responda e o deixo no sofá ao meu lado. Bebo mais um gole do meu uísque e descanso a cabeça no encosto do sofá.
Fecho os olhos e descanso,porque porra,eu não acredito nisso ainda. Eu vou me casar.
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Até amanhã meninas! ❤
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