•Capítulo Trinta e Dois•
Antonella
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, olhando para o rosto da mulher que tanto odeio.
Marta franziu os lábios, sua mão dentro do bolso do sobre-tudo recuou e meu corpo inteiro tensionou quando vi a arma prateada, agora apontada para mim.
— Entre, e sem escândalos. — ela ordenou.
Engoli em seco, mas mantive a minha expressão neutra e entrei na cobertura.
Marta veio atrás de mim, pude ouvir o barulho da porta se fechando assim que ela entrou. Todo o meu corpo estava em alerta enquanto eu andava até o meio da sala, minhas mãos abrindo e fechando ao lado do meu corpo.
— Pare! — Marta ordenou, parei e me virei para ela, vendo a carranca no seu rosto. — Quero que pegue o seu celular e me entregue.
Peguei o iPhone na mesinha de centro e o entreguei para ela, evitando olhar nos seus olhos de cobra.
Ela desbloqueou o meu celular e clicou por alguns segundos antes de levá-lo ao ouvido.
— Filho! — meu coração apertou quando a ouvi, a arma continuava apontada para mim, um sorriso cruel em seu rosto. — Oh, espere um minuto.
Ela afastou o celular do ouvido e colocou no viva-voz.
— Pronto, meu querido. — ela falou com um sorriso.
— O que foi, Marta? — segurei a vontade de gritar Simona quando ouvi a sua voz grossa, ele estava sério.
— É do seu interesse, estou aqui na sua cobertura agora.
— O que você foi fazer aí? — Simona perguntou com desprezo.
— Bom, vim dar um fim nesse casamento ridículo, que é o seu afinal. — Simona ficou mudo do outro lado da linha, Marta continuou: — E tenho a sua querida esposa na mira da minha arma nesse exato momento.
— Desgraçada! — Simona berrou do outro lado da linha.
— Eu sou a sua mãe! Quero respeito! — ela disse com zombaria. Minhas pernas ficaram inquietas quando vi o seu dedo acariciando o gatilho da arma.
Olhei para o lado, poderia me jogar atrás do sofá, mas não sabia se ganharia em uma luta corporal com Marta, ela era velha mas era bem constituída.
— Que se dane! Se você encostar um dedo em Antonella eu te mato, porra! — ele vocíferou do outro lado da linha.
— Você acha? Tenho o prédio cercado pelos meus amigos russos, todos esses soldadinhos de merda que estão lá embaixo vão morrer, e você meu querido, vai perder a sua esposinha.
Marta balançou a arma na minha direção, me fazendo recuar um passo.
— Quieta! — ela gritou nervosa.
— Eu vou matar você! — Simona vocíferou do outro lado da linha.
Marta riu com deboche.
— Você não é páreo para mim, é tão frouxo quanto o seu pai. — franzi o cenho ao ouvi-la. — Ah, sim! Você ainda se pergunta como foi que os russos acharam o seu pai? — ela revirou os olhos. — Fui eu. Eu quem o entregou de bandeja para os russos, aquele desgraçado traidor.
Simona continuou calado do outro lado da linha, podia imaginar seus dentes rangendo de raiva.
— Quero falar com Antonella. — foi a única coisa que ele pediu.
Marta bufou, revirando os olhos e estendeu o celular na minha direção. Dei um passo hesitante para a frente e falei, minha voz baixa e trêmula:
— Si-Simona? — ouvi seu suspiro do outro lado da linha.
— Você está bem? — ele perguntou um pouco alterado.
— Eu esto-ou.
— Por enquanto! — Marta ressaltou em voz alta. — Suas últimas palavras para ele querida.
Fitei Marta calada, dando um passo para trás para ganhar tempo e espaço.
— Simona, eu te amo. — falei, sentindo os meus olhos se enchendo de lágrimas. Se não desse certo e algo acontecesse comigo, eu queria que ele soubesse.
— Meu anjo... — sua voz estava carregada de tristeza, eu podia ouvir o barulho do trânsito no fundo, ele devia estar vindo a toda pressa para cá nesse momento.
— Acabou o tempo! — Marta disse recuando com o celular. Ela apontou a arma para o meu peito e sorriu de boca fechada...— Foi um prazer, meu filho. — ...e apertou o gatilho.
Me joguei para o lado, atrás do sofá, a bala passando direto no ar e longe de mim. Marta atirou várias vezes, um tiro atrás do outro. Me arrastei pelo chão, ouvindo Simona gritar alguma coisa no celular que, provavelmente, estava no chão.
Me agachei sobre os pés e apoiei as mãos no chão de madeira, levantando a cabeça sobre o encosto do sofá para ter uma noção de onde Marta estava, — e ela estava bem na minha frente, com a arma apontada para a minha testa!
Antes mesmo que ela atirasse, eu me impulsionei para frente e me joguei contra ela, agarrando seu tronco com os braços e nos joguei no chão.
Um tiro acertou o teto em cima de nós quando caímos, me apressei para os seus pulsos, os prendendo com as mãos, mas Marta era impressionantemente forte.
Ela conseguiu se soltar facilmente, a arma caindo no chão um pouco longe nós. Suas mãos agarraram o meu pescoço, apertando. Sem perder tempo, sentindo seus dedos trancando a minha passagem de ar, espalmei as duas mãos no seu rosto e empurrei para baixo, um chiado rouco saindo da minha garganta quando não consegui puxar o ar para dentro.
Com uma mão vacilante, tateei a mesinha de centro em busca de alguma coisa que eu pudesse usar como arma. A primeira coisa que eu achei foi o vaso de porcelana de tamanho médio que ficava ali, — sempre vazio.
Desesperada para ser libertada das suas mãos na minha garganta, acertei o vaso com toda a força que consegui reunir na cabeça de Marta.
Ela não desmaiou, mas suas mãos afrouxaram ao redor do meu pescoço. Acertei o vaso de novo e de novo e de novo, cada ver mais forte, o sangue respingando do seu rosto na camisa que eu estava usando e no meu rosto.
Gritei extasiada, acertando uma e outra vez o vaso no rosto agora irreconhecível e ensanguentado de Marta, ela estar desacordada não me fez parar em nenhum momento, eu acertava um e outro golpe, a adrenalina correndo solta nas minhas veias, a raiva por tudo o que já passei, raiva por ela ter condenado Simona a uma meia vida de felicidade.
O vaso quebrou, mas isso também não me parou. De punho fechado, acertei um e outro soco no rosto de Marta, estava enxergando tudo vermelho, ódio, raiva, pura raiva. Os gritos roucos saíam da minha garganta a cada golpe, mesmo quando minha mão escorregou em seu sangue eu não parei, continuei uma e outra e outra e outra.
— Antonella! — ouvi a voz de Simona ao longe, longe de toda aquela raiva e angústia que eu estava sentindo. — Antonella, pare!
Fui arrancada de cima de Marta por mãos fortes — mãos que eu conhecia bem. Simona.
Me agarrei ao seu corpo como se ele fosse a minha tábua da salvação, sentindo que estava ficando louca.
Ele me apertou contra ele, me abraçando com força desenfreada e eu não me aguentei, comecei a chorar. Tinha perdido Maggie e agora virara uma assassina! Matei um homem sem nem pestanejar e agora possivelmente matara a minha sogra, traiçoeira e má!
Olhei para o corpo de Marta no chão, seu rosto coberto de cortes e sangue. Alguns soldados estavam na cobertura, vasculhando todo o lugar.
Nicola apareceu no meu campo de visão, ele foi na direção de Marta, se abaixou ao lado dela e tocou a pulsação do seu pescoço.
Ele olhou para Simona e meneou a cabeça negativamente, se levantando com um olhar de pesar.
Olhei para cima, para Simona. Eu matei a mãe dele. A “mãe” dele. Ela podia ser o que fosse, mas era mãe.
Simona baixou o olhar para mim, sério.
— Você está bem? — ele perguntou, mudando de sério para carinhoso em menos de um segundo.
Sua mão tocou o meu queixo com delicadeza e ele o levantou, seu dedão limpando — o que supuz ser sangue — na minha bochecha.
— Eu.. eu não sei.
Olhei para o corpo de Marta, ainda perplexa. O que está acontecendo comigo?
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Até mais gatissímas! ❤
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