•Capítulo Trinta•
Antonella
— Não se preocupe comigo, vou sair com Maggie hoje. — tranqüilizei Simona, estávamos na porta da cobertura e ele insistiu para mim ficar em casa, apesar de tudo o que ele me disse sobre o meu pai e o que ele falou com Simona, eu não conseguia acreditar que Maggie me faria mal.
— Antonella, você não entende... — coloquei a mão na sua boca, rindo com a sua cara de nervoso para mim por tê-lo interrompido.
— Eu entendo, muito. — tirei a mão da sua boca devagar, não querendo que ele voltasse a falar de novo. — Mag nunca faria isso, eu tenho certeza. Ela é a minha única amiga.
Simona resmungou alguma coisa, desviando o olhar do meu como um menino emburrado fazendo birra para a mãe. Não consegui me conter e comecei a rir dele. Simona voltou a me olhar, as sombrancelhas franzidas para mim.
— Desculpe, desculpe. — me apressei quando ele abriu a boca para falar, eu sabia bem o quão chato poderia ser Simona dando um sermão. — Não vou mais rir de você.
Cruzei os dedos na frente do seu rosto, meus lábios recuados em uma linha única enquanto eu segurava a vontade de rir.
— Você está ficando muito sapeca, menina. — vocíferou, me puxando para ele.
Suspirei ao sentir o seu corpo duro pressionado no meu. Ainda era tão intenso que eu me perguntava se me cansaria daquilo, e realmente, tinha muito medo disso acabar acontecendo, mesmo que eu achasse um tanto impossível, Simona era a personificação da beleza masculina. Fora feito exatamente e sob medida para mim.
Passei os braços pelo pescoço dele, pressionando mais o meu corpo contra o dele.
— Você está me deixando assim. — beijei os seus lábios lentamente, olhando para eles, minhas mãos massageando o pescoço musculoso.
Suas mãos desceram pela minha cintura, passando devagar pelo meu quadril até o meu bumbum. Simona o apertou com as duas mãos, me pressionando contra ele. Levantei o olhar para os seus olhos, encontrando-os azuis como safiras brilhantes sob a luz do dia, tão claros e chamativos.
Ele desceu os lábios para os meus, me beijando com fome, moendo contra a minha barriga com fervor. Muito relutante, afastei os meus lábios dos dele e o abracei forte, deixando um beijo em seu peito — em cima do coração, — por cima do paletó.
— Você tem que trabalhar, garanhão. — minha voz estava rouca, irreconhecível, tomada pelo desejo que crescia rapidamente dentro de mim.
Ajeitei a gravata de Simona, não olhando em seus olhos porquê sabia que se olhasse me perderia ali, nele, e passaríamos a tarde inteira fazendo amor.
Simona beijou a minha testa, minhas mãos apertaram o tecido do paletó em cima do peitoral forte.
— Vou tentar voltar mais cedo hoje, quero passar mais tempo com você.
Suspirei pesadamente, também queria passar todo o tempo possível com ele.
— Nós vamos. — assegurei antes de me afastar dele. — Agora vá, antes que eu o prenda aqui.
Ele riu da minha brincadeira e abriu a porta, piscando para mim antes de sair e fechá-la atrás dele.
Mordi o lábio, segurando aquela vontade imensa de segui-lo.
•••
— Confesso que me sinto um tanto estranha com esses homens nos seguindo, mesmo que de longe. — Maggie disse enquanto andávamos pela calçada movimentada do centro de Palermo, atrás de nós, a uma distância considerável estava os dois seguranças que Simona obrigou a nos seguir.
— Não vou falar que te entendo porquê estou muito acostumada com isso. — olhei para ela e lhe dei um sorriso, desviando das pessoas que passavam em sentido contrário ao nosso. — Depois de muito conversar com Simona, consegui fazer com que ele reduzisse o número de seguranças.
Normalmente teríamos cinco nos seguindo.
— E a nossa tarde das garotas? — exclamou, lançando os braços para cima. — Foi para o ar! E por quê? Ah sim, tem dois marmanjos nos seguindo, então não dá para ser uma tarde das garotas!
Maggie parecia indignada, e isso me fez rir.
Já era início de noite, por volta das sete da noite e decidimos jantar fora, já que passamos o dia inteiro na rua, fazendo compras e fofocando. Encontrei em Maggie uma amiga — uma amiga de verdade, — e não conseguia imaginar, nem acreditar que ela era a traidora no meio de nós. Poderia dizer que ela estava sendo um tanto que “a minha primeira guarda-costas”.
— Relaxa Mag, eles estão fazendo o trabalho deles.
Entramos no restaurante, ele estava pouco movimentado, era mais um estilo lanchonete do Texas, tocava uma música Country e tinha aquele cheiro de panquecas e bifes de hambúrgueres grelhando.
— Uh! É disso que eu preciso! — Maggie exclamou quando fomos para uma das mesas perto da janela.
Nos sentamos em um dos sofás vermelhos e a garçonete veio nos atender.
— E vocês? — ela perguntou simpática, segurando um bloquinho em uma mão e uma caneta na outra.
— Hambúrguer. — pedi, colocando os cotovelos na mesa.
— Eu também quero um Hambúrguer. E por favor, traga suco de morango natural. — Maggie olhou para a garçonete com um sorriso. — Para as duas.
Segurei a risada que ameaçou sair pela minha garganta quando a garçonete saiu com as sombrancelhas levantadas e uma cara de “uou”.
— O que foi? — Maggie perguntou de cenho franzido.
— O que foi? Você é um tanto metida, Mag!
Maggie colocou a mão no peito, fingindo estar ofendida e se recostou no sofá.
— Me magoou, de verdade.
Rimos juntas e aproveitamos o nosso jantar, pedi um X-búrguer para a viagem — para Simona especificamente e me levantei, dizendo a Maggie que iria no banheiro.
— Não demore! — ela disse enquanto eu me levantava.
Revirei os olhos e saí andando, ouvi o barulho do sininho quando a porta da lanchonete se abriu, mas não vi quem entrou, pude ouvir apenas a voz de um homem perguntando a uma das garçonetes onde ficava o banheiro, ele tinha um sotaque forte.
Fui para o banheiro feminino e fiz meu xixi, lavei as mãos e as sequei com papel toalha que estava disposto ao lado da porta.
Já ia abrí-la quando a mesma foi aberta e um homem entrou. Arregalei os olhos, segurando o grito quando o estranho agarrou o meu pescoço com uma mão, enquanto isso atrás dele a porta se fechou.
Fiquei parada, quieta, respirando pesadamente. Se tinha uma coisa que eu aprendi, era a não irritar uma pessoa quando ela tinha todo o controle sobre a sua vida.
A mão do cara na minha garganta apertou mais forte, abri a boca para puxar o ar mas ele não entrava.
Em um movimento rápido, o homem me empurrou na parede ao lado da porta, minha cabeça bateu no suporte do papel-toalha e a dor latejante se espalhou pela minha nuca. Mas não fiz nenhum som, apenas fiquei quieta.
O homem disse alguma coisa, supuz ser russo pois não entendi nada, e quando não obteve uma resposta ele apertou mais o meu pescoço, proibindo qualquer passagem de ar.
Sentia o desespero cru me encher. Esse não era o meu pai, que me batia e depois me largava para ir curar as minhas feridas, não, esse é o inimigo, autêntico e disposto a “realmente” me matar.
Minhas mãos subiram instantâneamente para segurar o seu antebraço quando tudo começou a girar ao meu redor, um barulho seco saindo da minha garganta enquanto sentia a consciência indo embora.
Foi quando o homem foi arrancado de mim.
Caí no chão fraca, sugando o ar desesperada, sentindo os meus pulmões arderem e ao mesmo tempo incharem aliviados ao receber o tão precioso ar.
Ouvi o barulho de briga e quando me sentei e olhei para cima fiquei completamente perplexa ao ver Maggie aos socos com o homem.
Ela parecia imbatível, concentrada, desviando de vários golpes do homem.
Ele grunhiu de raiva e se jogou contra ela, os dois foram para o chão em um baque surdo. As mãos de Mag estavam no pescoço do cara, apertando com força enquanto o mesmo estava em cima dela, desferindo um soco atrás do outro em seu rosto.
Me amaldiçoei por não conseguir ficar em pé, minhas pernas ainda muito bambas.
Maggie não se deixou abalar pelos golpes, ela empurrou o quadril para cima contra o do homem e agarrou os dois pulsos dele, lançando o homem para trás. O mesmo bateu contra a parede, saindo de cima de Maggie. Ela se levantou em um giro fluido e não perdeu tempo, indo para cima do homem. Seus saltos não impediram em nada quando ela o segurou pelos cabelos e acertou socos consecutivos, um atrás do outro, no rosto do agressor.
Mas sem esperar sua reação, ele se jogou contra ela de novo, bem no instante em que consegui me levantar e os dois caíram no chão novamente. Ouvi o ofego de Maggie quando bateu com força no chão, e muito rapidamente, vi o brilho prateado de uma lâmina, segundos depois o guinchado que saiu da boca de Maggie quando o homem enfiou a lâmina na barriga dela e a torceu, o som bizarro fazendo os meus ouvidos doerem.
Olhei com os olhos arregalados para a faca enterrada no abdômen de Maggie, seus olhos vidrados nos do homem com determinação.
Ele tirou a lâmina e a levantou no ar. Corri até ele, chegando por trás e quando ele impulsionou a lâmina para baixo, eu a agarrei, sentindo a queimação familiar do corte limpo na palma da minha mão, mas não recuei, arranquei a lâmina da mão do cara e quando ele virou — por puro reflexo — eu a enterrei em sua garganta, meu coração batendo forte no meu peito enquanto o horror me tomava, o sangue quente descendo como rio da sua garganta, os sons estranhos que saíam da sua boca.
Recuei com um grito quando sangue explodiu da sua boca, manchando a frente da minha blusa e larguei a faca.
O corpo do cara caiu para o lado e pude ver Maggie.
O horror desapareceu no mesmo instante quando bati os olhos na minha amiga.
Ela respirava com dificuldade, o sangue saía abundantemente do seu abdômen, manchando o belo vestido rosa que a vestia tão bem.
— Oh meu deus, Maggie! — exclamei me jogando ao lado dela, não ligando por estrar ajoelhada na poça que o seu sangue formara.
Mag olhou para mim, os olhos castanhos tão alegres a poucos minutos atrás agora estavam tão...mortos.
— Socorro! Ajuda aqui! — gritei desesperada, o bolo se formando tão forte na minha garganta que eu tossi, as lágrimas se derramando dos meus olhos com facilidade. — Mag, aguente Mag. — implorei, pressionando a mão no seu ferimento.
— Irmãzinha... — falou, sua voz fraca e baixa. Solucei, sentindo o desespero me invadindo.
Chorei alto, como uma criança enquanto ela me olhava. Seus olhos castanhos se encheram de lágrimas, lágrimas de tristeza, que escorreram pelas laterais do seu rosto em linhas finas.
— Oh Maggie. — me abaixei em cima dela, a abraçando. — Por favor, não vá. Fica comigo, com a sua irmã.
— Eu estou com você...— murmurou baixo. Afastei assustada, bem a tempo de ver a vida deixar os seus olhos. — Cuida da Julia, cuida da minha irmã.
Foi a última coisa que Maggie disse antes da cabeça dela tombar para o lado e seus olhos perderem o foco.
— Maggie! Maggie! — gritei desesperada, balançando o corpo mole de Mag.
Os soldados entraram alarmados pela porta do banheiro rapidamente, me afastando do corpo inerte e sem vida Maggie. Só pude gritar, desesperada, uma dor estranha se espalhando dentro de mim.
— Adrenalina! — um dos soldados gritou. O outro correu para ele com uma seringa na mão, se abaixando ao lado do outro perto de Maggie enquanto eles tentavam reanimá-la.
Fiquei ali em pé, toda ensanguentada, as lágrimas correndo pelo meu rosto enquanto os olhos sem vida de Maggie me fitavam.
🏃 Até🏃mais🏃meninas!🏃
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro