•Capítulo Quatro•
Simona
— Foi uma honra tê-lo na minha casa. — Mirko disse enquanto andávamos até a saída da casa.
Depois de colocar o anel no dedo da tão doce menina Antonella,fomos para a sala de jantar e já resolvi vir embora. Mas é claro,claro que a imagem do seu lábio machucado nunca ia deixar a minha mente. Mirko é um filho da puta desgraçado,e eu não ia permitir que ele encostasse a mão nela,nunca mais. Foda-se se eu conheci a menina hoje,mas eu não podia deixar as coisas continuarem como estão.
Mirko foi até o pé da escada comigo e Nicola,e assim que ele parou eu parei também.
— Me espere no carro Nicola,eu vou ter uma palavra com Mirko. — Nicola se despediu de Mirko e saiu de perto de nós.
Me virei para Mirko,minhas mãos enfiadas nos bolsos da minha calça social. Ele me olhou com sua falsa expressão amigável,e isso só aumentou a vontade de esmagar sua cabeça com uma pedra,ou um taco de baseball. Quem sabe um dia.
— Mirko. — dei um sorriso perverso a ele,que retribuiu animado.
— O que precisa falar comigo,chefe?
Suspirei,meu ar solene, e me aproximei dele.
— Vi o lábio de Antonella. Está machucado. — ele me olhou cauteloso,percebendo como meu humor mudou. — Não preciso te perguntar,já sei que você bateu nela.
— Ela te contou..
— Não,ela não me contou. — cocei a barba rala por fazer em meu rosto. — Não sou idiota,Mirko. Só quero te falar para não encostar mais nem um dedo nela.
Ele franziu o cenho nervoso. Mirko abriu a boca pra falar,mas o cortei.
— E não ouse me desfiar,Mirko,você não sabe do que eu sou capaz de fazer para proteger o que é meu,e agora sua filha é minha. — enfiei minha mão no bolso de novo e cheguei perto dele,como se fosse contar um segredo. — Se eu ver algum machucado nela,ou ficar sabendo que você a bateu,eu vou arrancar a porra das suas mãos. Talvez você tenha sorte e me pegue em um dia que o meu humor esteja bem..digamos..salgado. Então,não queira saber o que eu vou fazer com você.
Me afastei e lhe lancei mais um breve sorriso sarcástico,então me virei e saí na direção do carro,o deixando lá com a sua cara de bode velho.
Antonella
Coloquei todas as taças em uma bandeja e as deixei em um canto mais afastado da mesa. Então comecei a juntar os pratos sujos do jantar. Não conseguia parar de pensar em Simona. Ele fora tão cuidadoso e cavalheiro comigo que eu ainda estava me perguntando se tudo o que aconteceu foi real. E sim,foi muito real. Ele era o último homem no mundo que pensei que me trataria assim,e agora estava tão ansiosa para vê-lo de novo. Mas isso não iria acontecer até o nosso casamento,até lá,eu teria que ficar aqui nessa casa,e aguentar o pai.
A porta da frente bateu com força,meu corpo todo estremecendo. "Ele está nervoso,ele vai me bater".
Peguei a pilha de pratos e fui na direção da cozinha. Assim que cheguei na porta da mesma,duas mãos me empurraram para a frente. Arregalei os olhos,sufocando um grito quando os pratos se espatifaram na minha frente e caí de joelhos em cima dos cacos. A dor excruciante dos meus joelhos cortados fazendo lágrimas salpicarem em meus olhos.
Olhei por cima do meu ombro confusa e soluçando. Encontrei o pai me olhando com raiva desenfreada. Pisquei as lágrimas fora de meus olhos,me perguntando, por que ele fizera aquilo?
Ele se aproximou de mim e segurou meus cabelos com a mão,me fazendo olhar para ele.
— Sua vagabunda! É melhor ficar de boca fechada se não quer perder seus lindos dentes,a partir de hoje você não sai,nem sequer para o jardim dessa casa! Está proibida de conversar com qualquer pessoa que não mora aqui! — ele me empurrou e caí de lado,o líquido quente do meu sangue descendo pelos meus tornozelos.
Continuei parada,tentando não fazer nenhum som que o irritasse. Ele me olhei com aquela expressão de nojo,e saiu de perto de mim.
Chorando silenciosamente,me levantei,devagar,ignorando os cacos de vidro na pele dos meus joelhos e recolhi os cacos do chão. Me levantei e fui mancando até a cozinha,onde deixei os cacos em uma lixeira e depois fui para a escada.
Estava tão confusa,ainda não conseguia entender porque,de novo,ele fizera isso. Será que Simona o contou? Mas..por quê?
Pisquei,as lágrimas descendo com facilidade pelo meu rosto.
Subi a escada devagar,tentando não fazer barulho. Não queria chamar a atenção de mamãe ou Paolo,que estava queimando em febre.
Assim que entrei no meu quarto,fui para o banheiro e tranquei a porta. Andei até a pia e peguei o pequeno kit de primeiros socorros embaixo dela, no armarinho que tinha ali.
Me sentei no chão devagar,prendendo o ar quando a ardência dos vidros na minha pele me atravessou.
Abri a pequena maleta e peguei o algodão,o álcool e uma pinça. Me lembrei do dia que quebrei sem querer um par de taças e ele me empurrou em cima deles,o que acabou resultando nas cicatrizes nas minhas mãos.
Já foram tantos os dias que eu me enfiei no banheiro e cuidei das feridas que ele causou em mim,que eu não me importava tanto mais.
Estava grata em sair dessa casa depois dos próximos três meses,eu não o veria e ele não iria me bater mais.
Devagar,e com a paciência que eu tinha de sobra,tirei caco por caco dos meus joelhos. Depois de tirar tudo,molhei o algodão no álcool e limpei os pequenos cortes.
Suspirei pesadamente, me encostando contra a parede do banheiro e olhei para a pequena janela do meu banheiro,para a lua brilhando do lado de fora.
Será que algum dia, Simona vai se sentar comigo na noite,e olhar as estrelas?
Sempre sonhei com um homem que me amasse,que me tratasse diferente do meu pai. E se Simona fosse esse homem?
•
Três meses depois...
— Está ansiosa para amanhã? — mamãe perguntou se sentando na minha cama.
Sorri. Amanhã era o dia do meu casamento e eu não podia estar mais ansiosa do que já estou.
Os últimos meses foram um verdadeiro inferno,e não vi Simona nem um dia sequer depois daquela noite de jantar. Ainda me sentia duvidosa sobre falar ou não para ele o que o pai fez naquela noite. Os cortes em meus joelhos já tinham cicatrizado,mas as cicatrizes ainda estavam meio avermelhadas e irritadas,com certeza ele perceberia.
Mas o que estava me dando mais medo,era a noite de núpcias. Eu sentia que ainda não estava pronta,talvez fosse coisa da minha cabeça e,mesmo Simona sendo um cavalheiro de mão cheia comigo,eu ainda me sentia nervosa apenas em pensar.
— Você está linda,minha filha. Amanhã quando entrar naquela igreja e todos olharem para você,verão o verdadeiro anjo que é. — abaixei a cabeça,sentindo lágrimas queimarem os meus olhos.
Mamãe e Paolo ficariam aqui com o pai,e eu estaria livre dele. Mas..eu não queria deixá-los,Paolo,um menino tão jovem e esperto. Não queria que ele se transformasse no mesmo monstro que o pai é.
— Vocês vão ficar bem? — perguntei colocando a minha mão na dela.
— Sim,minha filha. Não se preocupe. — ela me deu aquele sorriso tranqüilizador,mas só serviu para me deixar mais preocupada.
— Talvez. Talvez Simona possa ajuda-los..
— Não,não coloque seu noivo nisso. Eu vou dar um jeito. — mamãe se inclina e beija a minha testa. — Manterei seu pai longe de você até amanhã,ele está nervoso hoje.
— Não mamãe!
Ela coloca um dedo na minha boca,me calando.
— Por favor,deixe-me fazer isso por você.
Fiquei em silêncio quando ela saiu do meu quarto,lágrimas dançando em meus olhos.
Eu não podia deixar ela enfrentá-lo sozinha. Simplesmente não podia. Era a minha mãe,a única pessoa que realmente me amou.
Que filha eu seria se a deixasse apanhando dele?
Fiquei sentada na minha cama,no quarto escuro apenas ouvindo os barulhos fora da casa. Alguns minutos depois,ouvi o barulho de algo se quebrando,então o grito de mamãe.
Me levantei apressada e saí do quarto. Desci as escadas rapidamente,não deixaria isso acontecer de novo,hoje não.
Fui para a fonte do barulho e assim que entrei na sala vi. O pai em cima da minha mãe,suas mãos em torno do pescoço dela,apertando e apertando.
— Pare! — gritei assustada, vendo os olhos arregalados da minha mãe grudados em seu rosto. Ele não me ouviu,então corri até eles e o empurrei,com todas as minhas forças.
O pai caiu para o lado e eu ajudei a minha mãe a se levantar,me colocando na frente dela.
Ele se levantou calado,seus olhos vermelhos e nervosos em mim.
— Como ousa? — as lágrimas desceram pelo meu rosto como cascatas quando ele se aproximou de mim.
— N-não chegue perto. — gaguejei,já sabendo o que aconteceria a seguir.
— Oh! A cadelinha está tomando coragem? — ele para na minha frente,mamãe continua rígida atrás de mim. Está fraca,ainda respirando com dificuldade.
— Eu vou..v-vou contar para Simona! — eu não esperava o golpe seguinte. Seu tapa atingiu em cheio meu rosto,com tanta força que fiquei tonta,o barulho do estalo se espalhando por toda a sala.
— Desgraçado! — mamãe gritou atrás de mim tentando chegar até ele,mas eu não deixei.
— Você não vai contar nada a Simona,está ouvindo? — disse agarrando meu queixo. — Ou a sua querida mamãe vai pagar pelos seus erros.
Meneei a cabeça e ele me largou.
— Agora eu tenho que descansar,amanhã tenho que estar pronto para ver aquela iconha do seu noivo.
Me virei para a mamãe e toquei seu rosto avermelhado.
— Você está bem? — perguntei,um soluço sacudindo meu corpo.
— Você vai contar a Simona. — disse com determinação.
— Não mamãe,eu não vou. E você?
— Eu darei um jeito. Mas conte a ele.
Neguei várias vezes. Eu não faria aquilo,não colocaria a minha mãe em risco.
— Mas mamãe..
Ela tocou meu rosto,um sorriso puxando em seus lábios.
— Não se preocupe comigo. Eu vou dar um jeito. Eu prometo.
&+✓
Até amanhã meus amores! E tenho uma surpresa para vcs no dia dos namorados eimm!!!❤
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro