•Capítulo Oito•
Antonella
Simona abriu a porta da cobertura que ele mora no centro de Palermo e eu entrei, suspirando maravilhada.
As paredes eram de um branco morto,meio creme,e o chão de madeira marrom. Mais a frente,um único degrau que levava para uma área com parede de vidro. Era tudo interligado,a sala enorme com a TV de tela plana e sofás marrons, e uma perede-meia que separava a sala da cozinha.
Simona arrastou nossas malas para o centro da sala,e atrás,pude ver o início da escada que sumia no teto.
— Vou te mostrar o meu quarto..— olhei pra ele confusa,achei que dormiríamos juntos. Ele levantou as sombrancelhas. — Nosso quarto. Me desculpe, é que estou tão acostumado a morar sozinho.
— Ah,isso é normal. — falei,dando-lhe um breve sorriso.
Ele meneou a cabeça e pegou a minha mala de novo,indo na direção da escada. Fui atrás dele e parei quando ele parou.
— Pode ir primeiro. — ofereceu com um sorriso.
Por que eu vi aquela centelha de malícia no sorriso dele?
Não querendo rejeitar,passei por ele e comecei a subir as escadas. Ele também começou a subir atrás de mim,e assim que cheguei no início dei uma olhada sobre meu ombro e quase caí de volta quando encontrei o olhar dele. Mas os olhos dele não estavam no meu rosto,não,Simona estava encarando a minha bunda.
Segurei a saia do vestido apertado contra as coxas assustada. “Ele estava olhando a minha bunda! ”. Por que isso estava me deixando com vergonha,eu sou a mulher dele, não é mesmo?
Engoli em seco e parei no pequeno corredor com três portas,uma do lado direito e duas do outro lado.
Simona não escondeu seu sorriso quando passou por mim e parou na frente da porta da direita,e única também. Ele fitou a maçaneta e a abriu.
— Você quer..?
Me apressei em respondê-lo.
— Não obrigada. Estou atrás de você. — ele assentiu,um sorriso malicioso em seu rosto.
Simona entrou no quarto e eu o segui. Ele apertou o interruptor de luz e assim que o lugar estava claro dei uma boa olhada ao redor.
O quarto estava “completamente” vazio. O único móvel era a cama box com cabeceira almofadada escura e tinha também a grande TV tela plana na parede da frente. Uma única janela estava na parede ao lado da cama,mas muito afastada já que o quarto era enorme.
Duas portas estavam no canto,o que indicava que uma era o banheiro e a outra,o closet,já que não tinha nenhum guarda-roupas no quarto.
Simona colocou as malas no chão ao lado da cama e desabotoou a camisa social. Desviei o olhar dele e fui me sentar na cama—que impressionantemente,estava muito perto dele.
Era como se o meu corpo não obedecesse a minha mente,que dizia para ficar longe dele.
Olhei pra ele de novo,não tinha como manter meus olhos longe. Ele tirou a camisa e a jogou no canto da cama também,tirou os sapatos com os próprios pés e andou pelo quarto.
— Você está com fome? — perguntou enquanto ia até a porta do quarto.
— Eu..— franzi o cenho. Desde quando eu não conseguia falar? —..um pouco..mas pode deixar que eu preparo algo para comer.
Me levantei com pressa e passei por ele,abrindo a porta.
— Você está com fome? — perguntei antes de sair.
— Um pouco. — respondeu,me imitando. Levantei às sombrancelhas. Eu não gosto que as pessoas me imitem. — Vou estar no meu escritório, você pode levar a comida lá pra mim,por favor?
— Sim..mas,onde fica? — perguntei.
— É a última porta do outro lado do corredor.
Meneei a cabeça e saí do quarto.
— Tudo bem,eu levarei pra você. — sem esperar uma resposta,desci a escada rapidamente para o andar de baixo.
Fui para a cozinha,e quando entrei nessa devidamente,vi que era maior do que a meia-parede mostrava. Suspirei maravilhada. Era linda,toda branca,com azulejos brancos no chão e uma janela na parede atrás do fogão com armários inóxidados.
Fui para os armários,e meu queixo caiu com a quantidade de comida enlatada que tinha lá,e muito macarrão instantâneo também.
Peguei três pacotes do macarrão instantâneo e fui fazer o nosso “jantar”.
Assim que ficou pronto,eu procurei por pratos,achando dois com o fundo—fundo—e coloquei uma boa quantidade em um,e menos para mim. Eu estava acostumada a comer pouco,as vezes o pai me castigava assim,não me deixava comer,e depois de tanto tempo,acabara me acostumando,meu estômago se rebelava quando eu comia muito.
Não achei uma bandeja,então peguei os pratos com os garfos e subi a escada com eles. Quando cheguei na porta que ele disse ser o escritório a empurrei com o joelho—já que estava encostada—e entrei.
Simona estava sentado atrás de uma grande mesa de madeira,em uma poltrona preta que parecia bem confortável. A parede a minha direita era de vidro,que dava para ver todas as luzes da Sicília embaixo e o mar que a rodeava.
As paredes eram de um marron claro,o chão acarpetado da mesma cor,só que um tom mais escuro. A sala era grande,tinha a mesa de Simona,um armário que parecia ser de arquivos e papeladas na parede da porta,e um pequeno sofá de dois lugares de couro na frente da parede de vidro.
Simona escrevia alguma coisa no que pareciam documentos,um óculos de aro preto em seu rosto,o deixando mais lindo do que já era. Mas agora sua mão segurava a caneta a poucos centímetros do papel e ele me olhava. Não parecia nervoso,mas eu não queria arriscar também.
Ignorei o fato dele estar sem camisa e andei até a mesa,colocando o seu prato na frente dele.
— Me desculpe entrar sem avisar,eu não consegui bater,estava com as mãos ocupadas. — me apressei em falar. Olhei para o outro prato na minha mão. — E-eu só achei macarrão instantâneo e comida enlatada,então..— suspirei. Estava tão nervosa que estava começando a confundir as coisas. — Ah,me desculpe.
Ele me olhava com uma expressão divertida. Aquilo também me confundiu,o pai sempre ficava nervoso quando eu fazia algo do tipo.
— Não precisa se desculpar,você não fez nada demais. — disse suavemente,um pouco difícil com a sua voz grossa.
— Eu..eu posso jantar com você? — perguntei, apontando a cadeira almofadada na frente da mesa.
Ele sorriu,empurrando os vários papéis para o lado com um sorriso. Me perguntei se ele sorria na frente dos outros,os membros da famiglia,ou se era só para mim.
— Você não pode,você deve. — ele apontou a cadeira.
Coloquei o prato em cima da mesa e me sentei na cadeira,me ajeitando. Simona não desgrudou os olhos de mim,me senti envergonhada,tendo toda a atenção dele.
— Eu..você. Você poderia pedir a algum dos seguranças para comprar comida? — balancei a cabeça,as palavras soaram maldosas e eu não queria que ele entendesse assim. — Quer dizer. Comida,sem ser macarrão instantâneo e enlatados.
Estava encarando o prato na mesa,não queria ver quando ele se irritasse comigo.
— Vou pedir. — disse antes que o silêncio caísse sobre nós.
Comemos em silêncio e,assim que terminamos,eu juntei as mãos no meu colo,como fazia todas as noites na minha antiga casa. Tinha que me adaptar a idéia de que não estava mais lá.
— Então,você gosta de cozinhar? — Simona perguntou de repente.
Olhei pra ele,vendo como estava interessado.
— Eu costumava ajudar a cozinheira a cozinhar. Era uma forma de me desligar do..resto. — mordi o interior da minha bochecha.
— Ninguém nunca cozinhou pra mim,nem mesmo a minha mãe. — fiquei surpresa com a sua revelação,e ainda mais,por ele estar falando da vida pessoal dele comigo.
— E-eu vou cozinhar pra você. — levantei uma mão,—como sempre fazia quando estava confusa—,e a bati de volta na outra mão. — Se você quiser, é claro.
Ele sorriu pra mim.
— Eu vou adorar. — seus olhos desceram do meu rosto para o meu busto, então até o meu prato.
— Percebi que você come pouco. — comentou,apoiando os cotovelos na mesa.
Mordi o lábio nervosa,batendo a costas da mão na outra em meu colo.
— Eu não como muito.
Ele sugou a bochecha e estreitou os olhos ligeiramente.
— É um hábito?
Olhei para as minhas mãos batendo em meu colo,ficando muito nervosa. Sempre ficava assim quando o pai me batia,mas não sabia o porquê estar ficando assim com ele, talvez,seja porque o meu passado estava me incomodando. Óbvio.
— Eee..mais ou menos. — juntei as sombrancelhas.
Por que ele estava perguntando aquilo?
— Defina “mais ou menos”.
Suspirei.
— “Ele” me deixava de castigo. — minha voz saiu baixa,mais baixa do que previ.
— E isso incluía te deixar sem comer? — perguntou,sua voz séria,não mais suave,e muito menos brincalhona.
— Sim. Na maioria das vezes,quando ele não me batia,ele me proibia de comer.
Ele ficou em silêncio por um bom tempo,até achei que não ia falar mais nada. Mas então ele disse:
— Vá se aprontar para dormir,eu vou levar os pratos para a cozinha.
Sem esperar mais nem um segundo,me levantei e saí do escritório,indo “me aprontar,para a noite”.
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Acho que a maioria de vocês já viram a minha surpresa de dia dos namorados. Bom meninas, é isso mesmo,fiz um conto da Pietra e do Enrico,da gravidez dela e vou postá-lo todo agora. Espero vocês em “O bebê do Capo”,já disponível no meu perfil! Mais tarde volto aqui com mais capítulos para vocês! ❤
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