Parte V
Com passos apressados caminho do táxi ao velho prédio onde o consultório quase que falido de Doutor Saint se encontra. A acusação disfarçada de Clarice há meia hora, está me atormentando e fazendo meu corpo estremecer em ondas de grandes calafrios internos. Eu realmente posso ter feito aquilo, quer dizer, eu não, eles! Eles podem ter feito aquilo com a pobre garota.
Bato na porta de sua sala e logo o senhor de cabelos brancos e vários anos de sabedoria nas costas abre e me recebe.
— Então, o que o traz aqui novamente meu garoto? - Pergunta se sentando em uma poltrona de couro enquanto aponta para outra bem atrás de mim.
— Hãã... É... Acho que talvez tenha feito algo muito grave, quer dizer... algum deles... - Acomodo-me na poltrona e o encaro. Como irei explicar que talvez tenha assassinado uma pessoa?
— E o que acha que fez? - Ele me observa atentamente.
— Acho que... que... - Engulo em seco- que talvez eu seja o assassino de Dandara, a menina que está em todos... Os... noticiários...
Ele não abre a boca e por um momento longo demais para o meu gosto e isso só me frustra ainda mais.
— Como chegou a isso? Encontrou roupas sujas de sangue pela manhã, ou algo do tipo?
— Não, na verdade só tinha uma frase escrita na minha pare... espera!
— Se lembrou de algo, Dante?
— Vermelho! - Lembro-me da cor da frase em minha parede. Não foi escrita com caneta e sim tinta... vermelha! Como não reparei esse detalhe antes? - Tinha uma frase na minha parede hoje de manhã e estava escrita com tinta vermelha... Oh meu Deus!
— Você acha que pode ser...
— SANGUE! ACHO QUE POSSO TER ESCRITO AQUELA MERDA COM SANGUE! — Explodo. Estou completamente perdido.
— Dante, contenha-se. - Dr. Saint diz com toda calma do mundo.
— De que jeito? - me levanto do assento e começo a andar em círculos, atordoado.
Dr. Saint entrelaça os dedos das mãos e as leva ao queixo.
— Dante, lembra-se de uma vez quando eu lhe disse que quando as coisas parecessem totalmente perdidas para você, poderíamos, se quisesse, apelar para métodos... alternativos?
—Você não está se referindo a...
—Hipnose!
— Você não está pensando em me hipnotizar, está?
— E por que não? A hipnose pode te ajudar a encontrar as respostas que você procura.
— De que forma?
— Fique tranquilo. Você vai descobrir, logo.
Pouco tempo depois deito em um divã com revestimento de cor bege. Obviamente, Dr. Saint me drogou antes de usar suas técnicas de hipnose, para me apagar. No início eu ouvi perfeitamente sua voz, mas ela foi ficando cada vez mais distante.
Escuridão. Minha mente se transforma em uma penumbra sem final, um abismo assustador. Quanto tempo aquela sessão de hipnose duraria?
Por uma fração de segundo penso em abrir os olhos. Se eu abrisse os olhos tudo estaria terminado certo? Errado! De um jeito inexplicável minha consciência estava de volta a festa de ontem à noite. Rapidamente entendo a proposta daquilo tudo. Dr. Saint deve estar querendo que eu siga as evidências do crime. É por isso que estou aqui. É por isso que estou de novo na festa, com todo mundo a minha volta se divertindo como se não houvesse acontecido crime algum. E de fato não aconteceu mesmo nenhum crime. Não por enquanto. Pois vejo que Dandara está viva, a alguns metros de mim, sorrindo, caminhando na minha direção.
O sorriso dela é magnífico, penso, vendo seus passos se aproximarem ainda mais
— Oi Dante!! Está... curtindo a festa? - Ela pergunta e sinto sua fala ansiosa.
— Sim! — Respondo, tenho que admitir que é explicar melhor, ela é a garota que todos querem, há algum tempo pensavam até que ela namorava a Alice, a menina que sempre estava com ela... já que nunca quis ficar com qualquer garoto.
— Então... — Ela começa a falar timidamente — Eu gostaria de conversar com você... eu... posso?
— Claro!! E porque não? - Dou uma risada e a sigo para um lugar mais calmo,
Passo por Vinny e Clarice, ela está conversando com algumas amigas e não gosta nem um pingo de me ver com a Dandara, ! Que estava na porta.
Andamos até o Jardim e meu coração fica a ponto de sair pela boca, eu... eu...eu matei mesmo a Dandara?
— Então... eu quero te perguntar se...
— Prossiga!! - Falo quando ela dá uma pausa
— Se você gostaria de sair comigo
— QUÊ? - confesso que fiquei surpreso. A Dandara queria sair comigo?
— Eu... na verdade eu... gosto de você desde a primeira vez que te vi e me ajudou na loja de conveniências
— Mas isso já tem....
— Sim!!! Já faz mais de um ano - Ela interrompe concluindo o que eu ia dizer.
— Me desculpa...eu...eu ... estou surpreso.... acho que você está um pouco bêbada. Talvez a gente possa conversar amanhã com você sóbria? Eu também estou um pouco bêbado e... Pra ser sincero, preciso digerir... é que eu ainda amo a Clari...
— Mas... Ela...Ela namora o Vinny.
— Hm! Eu sei! Conversamos amanhã. - Falo e volto para a festa, pego uma garrafa de Uísque, me jogo no sofá e continuo a beber
Olho o relógio e percebo que está quase o horário que Dandara foi morta. Olho para o salão e não a encontro, ela ainda está lá fora?
Levanto-me com dificuldade, já estava muito bêbado.
Saio e vejo Dandara com uma garrafa na mão bebendo e chorando... antes que eu chegue até ela, vejo o Vinny se aproximar e conversar, logo depois levantam e seguem para os fundos do prédio...
Sem pensar vou atrás deles e percebo que o Vinny tenta beijá-la a todo custo, passa a mão pelo corpo dela sem vergonha alguma, apalpando onde podia alcançar e ela cede.
" AAA que safado!!! A Clarice precisa saber disso" penso e volto para procurá-la.
Ela não merecia um cara como ele.
Antes que pudesse chegar sinto meu corpo mudar, minha mente lentamente adormecer...
"Onde estou... espera... quem é ele? Sou... Eu?" Espera porque está voltando lá? Eu preciso avisar a Clarice e....
— Dante! Pode me levar para casa? - Era ela, era a Dandara...
Mas como.... Como... Ela estava ali agora com o Vinny...
— Claro Gata!!! Te levo agora!!!— Era eu que tinha dito aquilo, mas aquele não era eu.
— A Clarice está procurando o namorado dela...
— Gata!!! Eu não estou nem aí para Clarice... Eu estou interessado em você.
Estou saindo com a Dandara... Como é possível?
Olho para trás e lá estava ela com o Vinny prendendo-a na parede. Estou muito bêbado para estar saindo com uma Dandara imaginária? Ou... Talvez.... O que estava acontecendo? Aquela também era Dandara.
Clarice estava prestes a dar um flagra... estava caminhando para aquela direção.
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