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05 | me come inteiro


Oi, oi, incomunzetes!!! Como vocês estão??? Ansioses pro lançamento à distância dos tannies??

Estou com um pouco de saudades, confesso 🥺 não tenho conseguido conversar muito com vocês pelas redes por causa da minha vida pessoal e tô com um medinho de não estarem gostando tanto de Incomum  Acordo! Mas é bola pra frente, ver se eu organizo minha vida aqui, e continuar postando aqui 💜  

Só lembrando que esse capítulo é narrado pelo Jungkook (o CD é o emoji dele!). Pra variar, no fim do capítulo tem bomba 👀

Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!

»»💿««

com seu olhar

jeito de tocar

(ah!)

você me come inteiro

quero me banhar

de um prazer certeiro

então imploro

de novo

faceiro

(vem, vem)

me come inteiro

💿

— Desse jeito, nossa revelação bombástica não vai ser tão bombástica assim — murmura Jimin em meu ouvido, mas não parece averso. Não, nada averso.

Sentado em meu colo, agarrando meus cabelos de um jeito preguiçoso e me encarando com uma manha contagiante; Jimin fala do mal lavado. Tudo bem, eu que puxei ele para o meu colo para início de conversa. Mas detalhes, apenas detalhes.

— Hm... — Eu o beijo na bochecha, já à espera do resmungar de sempre. Só então eu o beijo na boca. Apesar da madrugada estar prestes a dar as caras, ele ainda tem gosto de café. — Acho que já dá pra anunciar, né? Faz uma cota já e meio que tá na cara.

— De fato, temos talento em fingir nosso namoro. — Com o rosto apoiado em meu ombro, ele ri; e sentir o hálito no pescoço faz meus pelos arrepiarem. Se não estivéssemos em público, talvez eu perdesse o controle bem aqui. — Só mais um pouco...

— Por quê?

— Você foi convidado para uma festa recentemente?

— Ah, fui. Um jantar no Tocabanana Palace, do nada. Você vai tá lá?

— Eu quem consegui seu convite. — Levanta o rosto só para dar o típico sorriso convencido dele, como se todo o universo tivesse nascido para saciar suas vontades. Depois de tantos dias, comecei a me convencer que Jimin tem motivos, e muitos, para acreditar nisso. Ele penteia meu cabelo para trás da orelha com os dedos. — Vou te apresentar aos produtores de O Cúmplice de Aldebaran...

— A série?

— Uhum... E temos que terminar a noite com um contrato assinado, para você fazer uma das músicas da trilha sonora da segunda temporada. — Sua língua escorrega devagar pelos lábios fartos e vermelhos de tanto beijo. É difícil prestar atenção. Minha mão se acomoda na cintura dele, por baixo das sobreposições de camisa. Tem sido meu lugar favorito, uma curva perfeita de se apoiar. — O time de marketing já está louco por isso, mas os produtores estão resistentes porque a playlist já tinha sido fechada. Por isso, vamos esperá-los se embebedarem primeiro, certo? Peça que Heeyeon já deixe o contrato pronto para assinarem.

— Precisa mesmo deixar o povo bêbado? Seria meio burro não me chamar, nossos fãs já têm 100% de certeza que vai acontecer — é o que digo; até aqui, sob controle. Mas sou obrigado a respirar fundo quando Jimin se acomoda melhor no meu colo e apoia a mão na minha coxa.

— Então! Considere uma camaradagem da nossa parte... — As palavras saem com luxúria da boca dele. A mão antes apoiada na minha coxa, apoia-se mais em cima. E fica lá, brincando com o botão da minha calça, com minha paciência e com minha sanidade. Jimin me testa, acho que por ver que a cada joguinho dele, fico mais competitivo. — Não há de ser tão difícil, já os estou amaciando há tempos. A estreia vai ser na segunda semana de julho, consegue fazer uma música nesse tempo?

— Claro. — Também escorrego a mão para baixo, se é essa a brincadeira. Deixo minha mão se enfiar no bolso de trás da calça dele. — Se a gente assinar esse contrato, fecho o arquivo em uma semana.

— Ótimo. E aí, podemos nos assumir umas duas semanas antes da estreia, que tal? — Deixa beijos suaves em meu pescoço. — Sua música já vai estar confirmada e divulgada; os rumores, mais vivos que nunca. Alavancamos tanto a série quanto sua música com isso.

— Como sempre, um gênio do marketing. — Dou uma risada rouca. Não consigo nem pensar em uma forma de ganhar a disputa. Já estou desesperado, e Jimin sente meu desespero muito bem com a mão traiçoeira.

— Pois é, sou um homem de vários talentos. — Ele ri de volta e me fricciona com cuidado por cima da calça.

— Sério? Acho que conheço poucos... — Em vez do bolso da calça, aventuro a mão por dentro do tecido espesso de tweed. Jimin se ajeita em meu colo, para que eu possa tocá-lo mais. — É assim que você trata seus namorados?

— Não meus namorados. — Ele alinha o rosto ao meu. Com um olhar impiedoso e inescapável, ele me devora. — Especificamente você, lindo.

— Ah, é? E o que me torna tão especial assim? — Dou um sorriso e espero que essa minha tentativa corajosa vingue, pois não tenho mais como me segurar.

— A mentira — responde, com o sorriso se alargando.

Uma das mãos dele agarra meu cabelo e me puxa para um beijo lento, tortuoso. Ele sempre beija assim. A outra mão, a mais profana, brinca em abrir o zíper. Nos beijamos mais e mais. Meu zíper desce. O fato de ser um local público não me incomoda mais; é uma varanda privativa, talvez seja mesmo para fazer coisas tipo essas.

Uma luz branca ofusca minha visão por um milésimo de segundo. Um flash. Como um veado prestes a ser atropelado, fico imóvel. Jimin se levanta do meu colo com uma naturalidade chocante. Coloca-se em minha frente, apesar de não ter nada meu exposto. Ainda. É por pouco, e tenho de agradecer à impaciência do paparazzi — e a minha paciência e a do Jimin, lentos até demais.

Jimin fecha meu zíper e me puxa de pé. Nós dois damos as costas para de onde veio o flash e deixamos a varanda. Com as portas atrás de nós fechadas, resta à nossa vista apenas uma grande escadaria de madeira coberta por um tapete vinho. Talvez o único tapete sobrevivente depois que conheci Jimin.

Quando me dou conta do que aconteceu, encaro-o com o coração acelerado. Eu o encontro impassível, com um sorriso manso e inabalado. Um agradecimento escala minha garganta; um pedido de desculpas por tê-lo puxado para meu colo (ele avisou que era uma má ideia fazer qualquer coisa mais... atrevida, porque não parávamos de ser manchete em site de fofoca).

Mas o agradecimento morre mesmo antes de nascer. Algo em mim diz que não é uma boa ideia.

Algo na expressão impassível de Jimin delimita uma linha.

Coço a nuca, o tesão baixou tanto que parece o preço da tal da NFT depois que o povo saiu do país das maravilhas. Mesmo assim, pergunto:

— Quer ir lá pra minha casa?

— Já está tarde. — Jimin ri, galante, e se inclina para me dar um selinho. — Não seria decente da minha parte, sou um homem de família.

— Mas já passou do terceiro encontro.

— Mas é a partir do terceiro encontro que se pode acreditar nas minhas investidas em te levar para cama. Simples.

Depois da dar uma risada, ele desce as escadas. Não olha para trás.

-💿-

— Vai falar nada? — resmungo. Meus ombros repuxam. Hoseok, meu produtor musical, ouviu as músicas do meu próximo álbum faz uns bons minutos, mas não falou nada até agora. E não parece o silêncio que ele usa quando gosta da música.

— É um álbum pra marketing?

— Sim, tem problema?

— Pra gravadora, não. Se dá dinheiro... — Recosta na cadeira e dá de ombros; Hoseok não é dono da gravadora, mas é tão responsável por ela que é quase como se fosse. Escolhi uma pequena para não ter chances de ter minha liberdade artística cerceada (e porque sou meio ruim lendo contratos, e sei que os das grandonas costumam ser mais abusivos (mas eu deveria ter lido o contrato da Sunshine Records mesmo assim)). Hoseok ainda encara a mesa de som do estúdio como se ela fosse dar uma resposta. — É pra você? Como um artista?

— Não. Sei que não é o melhor álbum do mundo, mas fui eu que fiz. Tenho um certo apego, como todas os outros.

— Certo, então... — Ele desliza a cadeira de rodinhas até o computador, onde as faixas demo que eu trouxe esperam sua parcela de atenção.

— Desembucha, o que é?

— Quer ouvir mesmo? — pergunta, de um jeito muito sério. Mas me convenço: por que eu não conseguiria ouvir?

— Não preciso ouvir pra saber que tem algo de errado.

— Digamos que... Min Yoongi vai estraçalhar você com esse álbum.

— E quando ele não faz isso? Ele foi o único que não gostou de "nada novo", e ele fez questão de pegar no pé até de "Personalidade Forte", que é só um single. O cara me detesta.

— Não detesta você, detesta sua música — Hoseok diz, com certo cuidado.

— Que é a mesma coisa — retruco, devagar. Não estou com raiva. Não costumo ficar. Sinto minha cabeça pulsar e minha respiração perder o ritmo; talvez esteja passando mal. — Mas fala direito comigo... Qual o problema desse álbum pra você, Hoseok?

— Ele parece uma reciclagem. As melodias tão meio desconexas das letras... — comenta. E é verdade, reciclei umas melodias que tinha na gaveta. — Não sei, Jungkook. Eu te conheço. Semana passada, você me mandou uma demo foda. Cadê ela? Cadê essas outras músicas?

— Essas outras músicas são pra um outro álbum. Não vou conseguir terminar ele a tempo.

— A tempo de quê?

Da premiere de O Cúmplice de Aldebaran. Jimin não pode ser o único responsável por todos os exorbitantes benefícios publicitários e crescimentos de impressões em nossas redes sociais. Preciso fazer algo; tenho que valer o contrato, o nosso relacionamento.

— Da jogada de marketing — explico. Hoseok faz uma careta.

— Tem certeza que essa jogada de marketing não passou dos limites? — pergunta, meio baixo. E só vai baixando ainda mais a voz quando completa: — Essas coisas que saíram na internet... Tão fazendo sua caveira, cara.

— Aham, tão me infernizando por ser gay, sendo que nunca estive no armário. O que tem de novo?

— Uma foto tão íntima... Você vazou de propósito?

— Claro que não, né? Claro que tô achando uma merda também, essa galera é muito escrota — bufo. Quando penso no jeito que escreveram do Jimin... Quando penso que nem eu nem ele trocamos uma palavra sobre, como se nunca tivesse acontecido, quando lembro do silêncio logo depois do incidente, algo na minha garganta borbulha. Um resfriado? — Mas deixa pra lá, o que isso tem a ver com meu novo álbum?

— Tudo bem, cara. Vamos produzir esse álbum. Boto fé que vai vender bem é só que...

— Vai me aconselhar que eu maneire no marketing?

— Não posso opinar sobre isso... Sou só seu produtor musical.

— Então vai dizer pra que eu não esqueça o artista que sou?

— É, algo assim.

— Eu sou isso aí mesmo. Min Yoongi mesmo faz questão de encher toda vez, não? Sou fútil, só gosto de brincar com melodias e letras, e que até uma criança brincando com LEGO cria coisas mais legais do que eu.

— Você não deveria falar isso com tanta calma.

Minha cabeça vai estourar. Também noto que meu coração, acelerado. Talvez sejam princípios de infarto. Mesmo assim, ou talvez por causa disso, digo:

— É porque é verdade. Não ligo mais pra opinião dele. Não é um problema, é só quem eu sou.

O artista que sou.

-💿-

Nunca vi antes uma livraria que não estivesse em um shopping. É interessante, até. As portas automáticas de vidro fazem um contraste maneiro com a calçada asseada e arborizada.

Tenho em mãos os exemplares da Heeyeon. São três, e cada um deles é bem pesadinho. Como nunca fui muito de ler (a única coisa minimamente complexa que meu cérebro faz questão de se interessar é música), me parece inacreditável alguém conseguir colocar tanta palavra em papel. Existe mesmo tanto a se contar?

Um vento gelado corta por mim e me apresso a entrar. Quando atravesso a cortina de ar, sou recebido por uma lufada morna, um burburinho moderado e muita informação. O lugar tem tantas estantes, tanta coisa, que fico meio tonto; combina com o meu motivo de estar ali.

Apesar do labirinto de paredes cheias de livros, não é difícil descobrir onde está Jimin: um fluxo massivo de pessoas forma o caminho até ele. Eu o encontro de pé, abraçando e sorrindo, curvando-se (porque ignora a presença da cadeira) para assinar livros com uma caneta metálica esquisita. Não mais esquisita que suas roupas, claro: suéter azul de pássaros embaixo de uma jaqueta rosa neon e acima de uma calça de veludo laranja. As roupas de Jimin fazem eu me sentir meio homem hétero: alheio ao nome ou à percepção das cores que não sejam primárias, incapaz de usá-las. É meio engraçado. Como sempre, nossa pulseira prateada de namoro está em destaque no pulso.

Entro na fila. É longa, mas não tenho muito mais o que fazer no dia, Heeyeon o reservou para Jimin. Tenho uma leve impressão de que ela quer muito seus exemplares assinados (quando a apresentei a Jimin em um jantar no meu apartamento, ela não os tinha por perto para pedir um autógrafo), mas não posso dizer que fico triste em ter uma desculpa para estar no mesmo recinto que ele.

Depois que superei o desconforto de agir diferente perto do Jimin (e o burburinho daquelas fotos passou), consigo aproveitar nosso acordo ao máximo. Enfim, posso superar o álbum "nada novo", porque é tudo diferente. Jimin estava certo desde o princípio: já rascunhei mais letras e melodias do que em qualquer relacionamento meu; minha mesa de som fica cada vez mais interessante aos meus olhos. E, pela primeira vez em tempos, volto a brincar com meus outros instrumentos, tipo meu violão. Até minha mãe parece mais alegre com isso e sempre reporta ao meu pai. O violão era dele antes de ser meu (não que tenha sido um presente tão sentimental, já que meu pai é baterista e vive me chamando de "modinha" por preferir os instrumentos de corda; mas certamente meu pai fica feliz quando me vê empolgado com música).

Agora entendo um pouco do apelo dos museus e da arte. De tanto passear por eles, como uma forma de exibir nosso relacionamento não-tão-secreto ao público, sinto algo. Nenhuma interpretação esperta ou entendimento profundo, só sinto. E acho que isso ajuda na música também. Tudo ajuda, na verdade: Jimin, os lugares onde Jimin me leva, as conversas para as quais Jimin me traz. Ele é como o universo condensado em um único homem: às vezes é até opressor; mas, na maioria delas, é irresistível. Acostumei com o tapete sendo puxado. Agora sinto que voo em cima dele, tipo o Alladin.

A sensação de voo permeia cada aspecto do nosso não-namoro. O charme e a diversão nascida de cada provocação não diminui mesmo com o passar das semanas. Cada beijo dele parece mais gostoso. Mesmo sendo um nerd completo, é óbvio que Jimin tem sua parcela de experiência. Talvez ele seja um nerd de relacionamentos também. Todo toque, toda forma de segurar meu cabelo ou meu ombro, o jeito dele pressionar o corpo contra o meu e provocar aos poucos... Enfim, parei de me incomodar com o quanto gosto de me agarrar com Jimin faz uma semana: se é para fingirmos namoro, pelo marketing (e que marketing!), sentir atração é positivo. De qualquer forma, só atração não é o suficiente para atrapalhar nosso término quando nossos assuntos estiverem resolvidos.

Encaro as capas duras e coloridas em minhas mãos, também expostas em pedestais ao longo da fila. É fantástico demais para meu gosto: sou mais do dia-a-dia. O miolo está estufado, repleto de post-its e anotações. Olho a parte de trás, mas não sou impelido a ler a sinopse (mal leio placas). Mas sou impelido a caminhar até as trilogias à venda. Compro o box de uma vez e entro de novo na fila.

Algumas pessoas me encaram, mas se mantêm discretas. Os fãs de Jimin são diferentes dos meus, em vários aspectos. A resposta deles às minhas músicas é mais mansa, mais contemplativa (ou pelo menos é na internet), e parece que o temperamento segue o exemplo. Fico imaginando a reação deles se eu lançar a música para a série de O Cúmplice de Aldebaran. Melhor ainda, quando eu lançar o álbum sobre Park Jimin, a pessoa.

A fila, além de longa, é demorada. Me percebo buscando distração com as coisas ao redor, minhas mãos estão cheias demais para que eu pegue o celular. Meu olhar desce até a sinopse dos livros que as ocupam e as palavras acabam surpreendentemente rápido. Mundos inexistentes não me interessam, mas gosto de ver dois homens como protagonistas românticos em fantasias (meu irmão é um nerd e sempre me obrigava a assistir coisas como Senhor dos Anéis. Sam e Frodo sempre gritavam "gays!" para mim, mas nunca deram um beijinho sequer. E, apesar de nunca ter ligado para o papel dele na história, Legolas foi um dos meus primeiros crushs de infância, de uma época que eu não percebia que a tal "admiração" era atração por outros homens. Quando cochilava nos filmes, acordava só para ver o elfo, o único que me tirava reação. Acho que meu irmão foi o primeiro lá de casa a sacar que sou gay, mas também não dificultei o trabalho dele).

— Pensei que você fosse escritor, não pedreiro — resmungo quando chega minha vez e deixo os livros caírem dramaticamente na mesa. Para o caso de Jimin não entender a piada (mas ele sempre entende), completo: — Quanto tijolo...

Jimin dá uma risadinha. Ele parece feliz, ali. Não que ele não pareça sempre, nunca o vi de mau humor, mas é diferente. É difícil de explicar. Os olhos por trás das lentes estão mais suaves, tipo quando está num museu.

— Imagino que esses aqui sejam os da Heeyeon, certo?

Ele se senta, ajeita os volumes com esmero e pega o primeiro. Ao abrir a capa, encontra um post-it e dá uma risadinha. Guarda antes que eu possa ler.

— O que tá escrito aí?

— É uma mensagem para mim, não para você — responde, todo... plácido (acho que Jimin me contamina com adjetivos esquisitos. Nem é para eu saber o que é um adjetivo!). De perto, vejo que a caneta estranha é tinteiro. Até o bico é de metal. Esquisito, mas desliza de uma forma bem legal e chique na página. A letra dele é bonita, mas claro que seria.

— Mas eu que trouxe os livros até aqui! — reclamo, mas já nem consigo colocar revolta direito na minha voz. Gosto de vê-lo ali, escrevendo em livros como se já tivesse nascido fazendo isso.

— Se não leu antes, descuido seu. Não tenho nenhuma responsabilidade sob isso.

Mantém abertas as capas dos livros de Heeyeon, esperando a tinta secar. Quando olho dos livros coloridos e fantásticos para ele, só consigo pensar: "tal pai, tais filhos".

— E esses aqui, são para quem? — Aponta o box novinho em folha.

— São pra mim.

— Olha só... É isso mesmo que estou vendo? Meu querido namorado comprando um livro meu?

— Você já ouviu minhas músicas, então... Enfim... — Coço a nuca. A ponta das minhas orelhas ardem. Percebo algumas pessoas atrás espicharem o ouvido para nossa conversa. De fato, será bem pouco bombástica nossa revelação bombástica. Jimin já está com o primeiro volume do meu box aberto, em frente a ele.

— A timidez realça sua beleza — diz, saboreando cada palavra. Quando se inclina para escrever uma dedicatória, acompanho-o para ler o que está escrevendo. Jimin ri e usa a capa do livro para esconder. — Você vai ler em casa, querido.

— Por quê?

— Porque estou escrevendo atrocidades e baixarias que não competem a essa bela livraria e a essa bela ocasião — responde, muito sério, o olhar de raio-x cortante debaixo das lentes grossas dos óculos. Não acredito em nenhuma das palavras, mas deixo que escreva a dedicatória sem mais tentativas de fisgar uma parte.

Sinto-me quente, não sei por que exatamente. São apenas palavras, e é apenas Jimin. Meu coração está meio acelerado no peito; uma sensação estranha, lembra o princípio de infarto pós conversa com o Hoseok, mas ao mesmo tempo não lembra (tantos jeitos de um coração se acelerar, tenho que descobrir qual dos jeitos é realmente é um infarto, tenho histórico familiar). Talvez seja o nervosismo de estar deixando nossa revelação-não-tão-bombástica assim ainda mais óbvia.

Ele escreve e escreve. Se demora em cada livro. Sinto a fila se impacientar atrás de mim, mas talvez eu esteja inventando. Quem sabe? Quando termina, Jimin desliza os livros para um canto da mesa.

— Só espera a tinta secar um pouquinho para não borrar — diz. Levanta-se, aproxima-se e me puxa para um abraço. O mesmo que deu em todos os leitores antes de mim. O mesmo que dará para todos depois. Mas é esquisito, é diferente. Agora que penso nisso, é a primeira vez que Jimin me abraça, apesar de termos ensaiado fazer coisa bem pior. Correspondo, envolvido nesse seu cheiro permanente de café. — Obrigado pela visita, foi bom te ver assim.

— Hm... — Titubeio. E, como sempre, não gosto de titubear. Já que estou perto de seu ouvido, murmuro com cuidado o resto: — Tem planos depois daqui?

— Por quê? Quer me mostrar seu gato?

— Não tenho gato.

— Lindo, você é mais esperto que isso... — Ele ri, doce. Mais leve do que o normal.

— Ah, tá. Quero mostrar meu gato, sim.

— Tenho interesse em vê-lo. Aqui deve demorar mais umas duas horas, te mando uma mensagem quando acabar?

— Pode ser... Posso esperar por aqui?

— Esperar por duas horas? Não sei se valho tanto tempo.

— Não tenho mais nada pra fazer. Acho que vai ser bom pros boatos. — Dou de ombros e tenho dificuldade de pegar tanto meus livros quanto os da Heeyeon juntos. Uma moça prestativa que vi repondo uma prateleira mais cedo me oferece sacolas grandes e me ajuda a acomodar os livros lá. — Obrigado.

— Tudo bem. Não leia a dedicatória — ordena Jimin. Depois, vira-se para a moça, com um sorriso gentil no rosto. — Hanni, você poderia ajudá-lo a ficar confortável, por favor?

A garota me guia pela livraria. Quanto mais a gente anda, mais impressionante ela parece. Corredores e mais corredores de livros do chão até o teto, um paredão mesmo. No final, há um pequeno balcão com cara de cafeteria. Ao redor, mesinhas fofas. Um pouco mais distante, poltronas macias. Vejo algumas pessoas lendo nessas poltronas e entendo o objetivo do lugar.

— Obrigado, Hanni.

— Disponha!

Procuro uma poltrona um pouco mais escondida. Acho que umas três pessoas me reconheceram. Como todo mundo está lendo, encaro os livros na sacola.

Bem, quem sabe eu seja capaz de ler. Ou "se está em Roma, faça como os romanos". Algo assim. Quem é bom com esses ditados é meu pai.

-💿-

Eu deveria ter oferecido um copo d'água. Ou talvez pedido um jantar. Mas assim que a porta do apartamento fecha atrás, estou beijando Jimin.

O começo é devagar e gostoso, do jeito de sempre. Mas essa noite nos acelera. Sei lá, deve ser o gato imaginário.

É rápido. Tão rápido que esbarro meu nariz em seu óculos várias vezes. Ao me afastar, percebo as lentes manchadas do suor da minha pele e, devagar, tiro-os do rosto de Jimin. Ele me encara firmemente, quase sem piscar. O bom é que já me acostumei.

A pausa é aproveitada para que nos acomodemos no sofá. Apoio os óculos na mesinha de centro. Jimin fica diferente; será que sem as lentes para me proteger, o olhar dele vai me ofuscar? Bem, logo vou descobrir.

Ele afunda ambas mãos no meu cabelo, afoito. E eu o puxo para meu colo, ávido. Ele me beija tão bem; desde o devagar até o rápido. A língua quente serpenteia pelos meus lábios. Encontro a minha com a dele. Minhas mãos arrancam o casaco rosa para afundar na cintura macia mais à vontade. O toque do suéter é suave, mas estou certo de que a pele é melhor.

— Uma camisa preta e uma calça de moletom cinza... — comenta e deixa um risinho escapar pelo nariz. — Poderia ter me dado algumas camadas de roupa a mais, não? Gosto da incumbência de tirá-las uma a uma.

— Não gosta da ideia de me ver pelado tão rápido assim?

Jimin conecta os olhos aos meus com um ar de pura satisfação. Em meu colo, está um pouco mais alto; olha-me de cima e incendeia meu corpo. O sorriso lascivo, então...

— Ótimo ponto, lindo. Gosto muito da ideia de vê-lo nu o mais rápido possível.

Levanto com Jimin no colo. Ele arfa, animado e sorridente, e agarra meus ombros com força (e dá um beijo em meu pescoço que quase me faz investir ali, no chão). Nos levo ao meu quarto.

Quando Jimin cai de costas na cama, morde os lábios e me encara como se eu fosse a pessoa mais deliciosa do mundo. Confesso que me sinto um pouco nesse momento.

Estou prestes a deitar por cima, a colar nossos corpos. Só a ideia é o suficiente para me enlouquecer. Mas Jimin empurra meu peito com a mão, mantendo-me sentado.

Obedeço-o e observo-o ficar de joelhos no meu colchão. Quando ele se vira de costas, com os dedos descendo o cós da calça aos poucos, sinto que é uma pegadinha. O sorriso provocativo é o mesmo de sempre, então fica difícil provar minha hipótese. O pedaço da cueca que aparece é laranja; mas até aí, quero transar com Park Jimin, espantaria-me uma boxer preta.

Enquanto vai descendo a calça (também laranja), sou preenchido por uma nostalgia. Reconheço as chamas. E reconheço a fenda, centralizada na parte de trás da cueca. Sem pensar, solto:

— Nem fodendo que você tem uma cueca de Olho de Sauron.

— Nossa, lindo! Confesso que não esperava que você pegasse a referência! — Gargalha alto. Com a calça estacionada nas coxas, joga-se para trás e se senta na cama. Com um ridículo tom todo fofinho, completa: — Não aceitaria meu olhinho de Sauron?

— Tá tentando me desencorajar a te levar pra cama? — pergunto, meio desacreditado, meio morrendo de vontade de rir.

— Você entendeu tudo errado! — retruca, com as sobrancelhas ralas franzidas em uma falsa expressão de mágoa. — Tenho muito interesse em experimentá-lo na cama, mas mais que isso: quero testar suas reações. Questão de prioridade, entende? Sou comprometido com meu trabalho. Vamos lá, lindo, reaja!

— Fico só imaginando... quantos caras você já broxou?

— Nem te conto! — O sorriso gigantesco no rosto dele é de puro orgulho. Escaneio-o por inteiro: não há uma mísera partícula de vergonha. É um cara de pau.

— Bem. — Dou de ombros. Seguro suas pernas e o puxo para meu colo. Deslizo meu nariz pela bochecha macia e quente. Jimin ri abafado e oferece mais o rosto. — Não quero fazer parte dessa estatística.

Quando nossos lábios enfim se tocam, Jimin me arranca um suspiro (insatisfeito) pois se afasta e retruca em uma voz manhosa:

— Ah, lindo, mas você vai fazer parte de qualquer forma; só que virou um número para o lado dos que não broxam. Sei que é artista, mas aprender matemática básica não vai te fazer mal.

— Você não vai facilitar, né? — Agora sou eu quem afasto o rosto. Encaro-o. É, Jimin está muito alegre, vestindo uma convencida expressão de desafio enquanto traça meu peito com a ponta dos dedos.

— Certamente não. O que você sente sobre isso? — provoca.

— Vontade de transar logo — respondo, sem pensar duas vezes. Acho que Jimin gosta da resposta, porque ri e segura meus ombros. — Vamos, chega de gracinha.

— Que impaciência! — Apesar de fingir mágoa no tom de voz, ele tira a calça de vez e se acomoda de novo em meu colo, de frente para mim. O peso de sua bunda (de seu Olho de Sauron...) contra mim é delicioso. Ele rebola devagar. — Como você gosta?

— Você tá perguntando pra fazer em mim ou só pra me estudar?

— Descubra!

— Gosto de ser cavalgado. — É mentira. Não que eu não goste, mas a escolha é só porque quero algum tipo de vingança e deixá-lo com todo o trabalho parece uma boa opção.

— Hm... Será que devo acreditar em você?

— Descubra! — respondo, no mesmo tom dele. Jimin gargalha.

Puxo a barra do suéter de pássaros. A visão após jogá-lo longe é ainda melhor do que esperava, apesar das expectativas não estarem nem um pouco baixas (dói um pouco admitir esse último fato).

Jimin é cheio de curvas, pintas e perfeições. Parece tão deliciosamente quente e macio que minha mão não consegue se conter de explorar toda a pele. Nem meu olhar.

— Talvez eu faça um teste... — ele sussurra, colado ao meu ouvido.

O cheiro de café me invade de novo. As mãos pequenas tiram minha camisa com facilidade e depois empurram, com uma firmeza excitante, meu peito para baixo. Deito. Anseio o próximo passo de Jimin.

As mãos estão firmes em meus ombros. Ele se ajeita melhor no meu colo, e eu faria de tudo para não estar com o tecido da calça nos separando. Pelo menos é moletom. Por cima, o rosto de Jimin é emoldurado de um jeito novo pelos cabelos ruivos. É bonito. Lindo, na verdade. Os lábios grossos estão vermelhos e úmidos. As bochechas coradas. Um pingente de lua pendula sobre mim. Busco o fecho para tirá-lo.

— Pode deixar aí — Jimin diz. Não há irritação em sua voz, mas recuo na hora.

— É importante pra você? — Fico até sem saber onde por minhas mãos. Jimin gargalha e me faz segurar sua bunda.

— Não, uso só para não esquecer de ser esperto.

Não sei se pergunto mais detalhes. De toda forma, Jimin se adianta e simula uma cavalgada em mim. Meu corpo o quer; inegável e irremediavelmente. Gosto de ver que o de Jimin quer também (me quer), gosto de notar todo aquele desejo se delinear no tecido da cueca (nesse momento, estou com tanto tesão que até ignoro que é laranja).

Gemidos fogem da minha boca. Mesmo com tão pouco, é muito bom. O calor, o peso, a força do aperto em meu ombro. Exploro seu corpo devagar, e os arfares de quando meus dedos deslizam em lugares mais sensíveis são deliciosos. Quase doces. Jimin na cama é ainda mais paradoxal: firme e decidido, mas também meigo e delicado.

O ritmo acelera, e eu o interrompo. Quero mais e de outro jeito. Jimin ri quando o jogo para o lado e fico por cima. Seus puxões no cós da minha calça são tão insistentes que a deslizo pelas pernas como se fosse uma ordem. Com a ponta dos dedos, ele contorna minha ereção, mordendo os lábios cheio de um assanhamento descarado ao sentir parte do tecido já embebida do meu tesão.

Eu o beijo. Na boca, a princípio. Mas desde o início todas minhas intenções são as piores, então começo a traçar um caminho até seu pescoço. Ele é sensível ali, sinto a pele macia arrepiar contra meus dedos. Desço mais, pelos ombros. Jimin nunca geme; ele arfa, se arrepia e se contorce; fica com as bochechas vermelhas e os lábios deliciosos entreabertos. Lambo os mamilos. As pernas dele apertam meu quadril, e eu afundo meus dedos na cintura desenhada. Jimin é delicioso, demais.

Desço e desço, sem deixar nenhum pedaço de pele escapar de meus lábios. Ele resmunga e arfa. Sobe os quadris, tentando se aliviar em mim. Deixa-me louco para me aliviar nele também. Apesar de autoinfligida, tanto eu quanto Jimin parecemos gostar muito da tortura.

Roço os lábios por cima do último pedaço de tecido que o cobre. Ele já está impaciente, as sobrancelhas franzidas imploram. Levanta os quadris de novo, mas dessa vez não é para se aliviar. Eu o livro da cueca. A visão de Jimin, ali, nu sob mim, é arrebatadora.

— Tira — meio pede, meio ordena. A voz soa doce e obscena, como a de um anjo prestes a cair. Seus dedos contornam o elástico de minha cueca. O polegar acaricia entre meu umbigo e o início da virilha, seguindo os pelos ali. Eu arrepio. E eu tiro. — Gostoso.

Jimin fala com tamanha sinceridade que me sinto queimar inteiro, mesmo sem nenhum toque. Quero pressionar nossos corpos um contra o outro, mas Jimin me come com os olhos, devagar. Analisa. E eu deixo. Eu quero. Então, espero.

É delicioso, quero dar o troco, fazê-lo se sentir assim; mas já olhei tudo o que tinha para olhar e mesmo assim não consigo parar. Sinto que o devorado sou eu, mesmo quando eu quem olho.

Jimin se senta para subir a ponta dos dedos pela minha coxa. Não faz sentido o quanto ele me enlouquece. Afundo meus dedos nos fios laranjas e meio ásperos. Deito por cima. Suspiramos e pressionamos os quadris um contra o outro, numa afobação de quem quer mais.

— Você não é muito bom nessa brincadeira, não é mesmo? — Jimin ri, mas também suspira. Empurra-me para o lado, até eu deitar de costas, e senta em cima de mim. Deus. Eu nem nunca exclamo "Deus", ainda mais nessa situação, parece impróprio, mesmo sem ter fé. Mas é isso: Deus! Veio aí minha redenção tardia à onomatopeia. Jimin se encaixa tão bem, preciso até respirar fundo. — Não queria me fazer cavalgar em você? Agora já tomei como um desafio, lindo.

Ele sorri de um jeito tão lascivo. Não combina com o tom de voz doce e casual. Quando ele desliza para frente e para trás, me pressiona e me oferece a visão de seu corpo e de sua ereção ondulando sobre mim, não aguento mais. "Meu Deus!", penso de novo, e da minha boca escapa mais um gemido. Busco com a mão a gaveta da mesa de cabeceira. Jimin me ajuda a tirar uma camisinha e o lubrificante de lá.

Ele se levanta um pouco para se preparar. Ao mesmo tempo que o calor da pele contra a minha faz falta, e o nosso suor abundante esfria com o clima ameno do início do inverno; eu aqueço ao olhar Jimin, seus dedos habilidosos e seu jeito delicioso de arfar acima de mim. Uma gota do lubrificante pinga de seus dedos no fim do meu quadril, e me faz desejar por mais. Minhas mãos passeiam pelo corpo de Jimin: frente das coxas, trás das coxas, bunda, torso, mamilos, fim do abdômen... Envolvo sua ereção com a mão.

Impaciente (ou talvez meio desesperado), Jimin me cobre rápido com o preservativo. Eu o masturbo mais devagar. Ele me segura e, com cuidado, acomoda-se em mim. Meu Deus. Do Céu. É isso. Em todas situações e posições, Jimin é quente e macio. Delicioso.

— Tenho um segredo para contar, lindo — Jimin suspira ao subir e descer devagar.

— É? Qual? — Não sei como respondo, me sinto bem longe das palavras e perto demais dos gemidos.

— Acho que você mentiu sobre suas preferências, mas a verdade é que gosto bastante de ficar por cima... — Ele puxa o cabelo para trás, e alguns fios realmente ficam ali devido ao suor. O contorno do corpo é lindo, me hipnotiza. Mas, então, ele se inclina para frente, espalma as mãos no meu peito e dá um sorriso que me estremece por dentro. — Mas não se preocupe, tenho a impressão de que você vai gostar também...

E gosto. Porra, como gosto.

Gosto do peso dele contra meu peito, gosto de como ele acelera e depois volta a rebolar devagar, torturante. Gosto de como consigo experimentar sua pele de várias formas de onde estou. Gosto de segurar seu quadril e ditar um pouco do ritmo. Gosto de questionar a religião a cada vai e vem. Gosto da sensação quente e suada contra nossos corpos e, acima de tudo, gosto dos sons que fazemos. Gemidos, arfares, pele com pele. Poderia ser uma música.

Jimin contrai. Assim como ele, estou no limite. Sento para alcançar seu pescoço com minha boca e ele arfa de um jeito ainda mais manhoso. Subo minhas mãos por suas costas para pressioná-lo contra minha barriga, para senti-lo se esfregar ali. Um sorriso de satisfação teima em permanecer em meus lábios quando o sinto segurar meu cabelo com ambas mãos, com desespero embebido em cada um dos movimentos apressados e ao mesmo tempo lânguidos pelo orgasmo que ameaça a nos tomar.

Sou o primeiro. O gemido quase arranha minha garganta, de tão gutural, de tão indomado. Acho que chamei por umas cinco divindades diferentes na minha cabeça, sairei profundamente religioso dessa foda.

Jimin me puxa ainda mais contra ele. Rápido e vacilante.

Deus, ele é tão lindo assim: por um fio.

Sinto seu calor escorrer pela minha barriga, assim como seu rosto o faz em meu pescoço e as mãos pequenas pelos meus braços. Jimin se desmancha por inteiro. É como seu corpo suspirasse, assim como ele faz.

Permanecemos desse jeito por um bocado de tempo. A respiração demora a regular. E mesmo regulada, o calor e o toque continua delicioso. Eu não quero ser quem vai interromper isso. Mas entendo que interromper é importante, então meio que espero que Jimin o faça logo, para que eu volte a ser ateu.

Ele o faz. Depois do que eu queria, mas antes do que eu desejava.

Arruma os cabelos ruivos desgrenhados. Limpa um pouco do suor com o braço. Sai da cama e volta com os óculos no rosto e um papel higiênico em mãos. Ele me limpa com cuidado, e, ateu de novo, volto a nutrir dúvidas sobre quais são os próximos passos. Sobre o que vai acontecer.

Um suspiro, um anseio e um temor me acompanham quando o vejo deitar de novo na minha cama. Ainda nu, ele puxa um lençol para se cobrir. Se acomoda como fosse seu lugar de direito. E, de fato, parece seu lugar de direito: do lado esquerdo da cama, perto da mesa de cabeceira que tem um abajur e um livro que minha mãe deixou para me incentivar a ler como se eu fosse uma criança de sete anos que odeia a escola (eu fui), mas jura que é como "os jovens decoram a casa".

Pisco, raciocinando. Preciso falar algo, mas o quê? Acomodo-me debaixo dos lençóis, mas do lado direito. Pergunto-me se Jimin é do tipo que gosta de ficar agarrado depois de transar, ou se é o oposto. A verdade é que ele não se aproxima nem se afasta.

— Ah, tinha esquecido de te contar! — falo. É uma esperança. É um assunto possível. — Montei um álbum sobre nós, acho que vai dar um marketing legal.

— É mesmo? — Ele se vira de lado para me olhar, braço apoiando a cabeça. Não sei se seu tom é animado, preguiçoso ou provocativo. E eu nunca achei que desse para confundir esses três tipos de tons.

— Sim, tô pensando em chamar de "parafraseei", acho que faz sentido com o fato de que você é um escritor — explico. Estico-me para pegar meu celular no bolso da calça já jogada em algum canto do quarto. — São só demos, o.k.? Melodia caseira e voz, precisa de produção ainda.

— Nunca ouvi uma demo antes, só meus demônios internos mesmo, que curioso! — Jimin parece se divertir. Assim que abro a pasta com os arquivos mp3, ele rouba o celular da minha mão e começa a ditar os títulos: — "cor e cheiro", "o seu cabelo", "me come inteiro"... Lindo, errei nossas posições hoje?

— Não, não. Só achei que assim geraria mais polêmica mesmo, tentei pensar na repercussão enquanto fazia o álbum, pelo marketing.

— Está dizendo que você tem cara de ativo, eu de passivo e quer reverter as expectativas? — Ele ergue uma sobrancelha só. Nunca soube fazer isso. Nem piscar com um olho só, apesar dos meus fãs jurarem que sim. Ao menos, eu tento.

— Não fui tão longe assim! — Solto uma risada apressada e meio esquisita. — Só que muitas músicas masculinas, quando falam de sexo, sempre colocam o cantor na posição de "vou tacar o piru". Queria uma música masculina que me coloca na posição do "bota".

Jimin tem a expressão neutra enquanto me avalia de baixo a cima. Apesar do lençol me envolver, sempre me sinto nu ao seu olhar. Não sei se está decidindo o que acha da minha justificativa ou se me testa. Por um segundo, fico meio agoniado, pensando se as músicas não são boas o suficiente para nossa farsa. Para Jimin.

— Então, próxima vez eu que como para dar veracidade, é isso? — solta, no tom provocativo de sempre. O sorriso volta a fazer morada no rosto redondo, um suspiro imperceptível escapa de mim.

— Só se você quiser, claro.

— Ah, lindo, eu faço questão! Gosto da sua justificativa. Vamos ver... — Ele volta a atenção à tela do celular. — "sou seu bardo" e "me faz encantado". Não sou muito bom com títulos, mas pareceu bem temático. Gostei.

— Os títulos são o de menos, né? O que conta é a música.

Jimin concorda acenando a cabeça e dá play na primeira faixa. Meu coração acelera. Hoseok não gostou. Agora, não sei nem se eu gosto mais. Por algum motivo, Jimin gostar significaria algo, mesmo que eu não queira.

O álbum todo tem menos de vinte minutos, mas cada um deles demora uma eternidade para passar. Parece demorar mais do que ser maquiado e vestido para algum show ou um programa, que sempre me tira do sério e me faz xingar a relatividade do tempo, Einstein, ou qualquer outra explicação que o rato de livros do meu irmão já deu ao efeito. Jimin não comenta nada, nem ao menos abre a boca. O suor quase seco do sexo volta a escorrer, só que frio.

— De fato a repercussão vai ser muito boa — diz, alguns longuíssimos segundos após o silêncio instaurado pelo fim da última música. Talvez não tão longos. Talvez só dois, e eu esteja os expandindo. — Gênio do marketing!

Eu o olho. Ele sorri, como sempre.

Não me convence.

Um fato sobre o qual estou quase certo em relação a Jimin é que ele não mente. Ele bem disse que não mentia. Mas não é só isso: ele omite, foge com risadas e piadas ou, como é o caso, come pelas beiradas. Não fala o principal.

Nasce em mim a certeza de que Jimin não gostou do álbum, assim como Hoseok não gostou, assim como eu deveria não gostar.

Mas ao contrário dos meus namorados verdadeiros, meu namorado falso não parece ofendido com nada que escrevi ali, como acordado. Nada sobre o toque áspero dos fios em "o seu cabelo", nem sobre a bagunça que ele é em "cor e cheiro". Jimin não parece ter sentido nada negativo, o que é bom. Mas também não sentiu nada positivo, o que não deveria me incomodar.

É um álbum de mentira. Não escrevi nada com sinceridade, como Jimin sentiria algo? Não entendo esse calor subindo pelo meu corpo inteirinho, até minhas bochechas e orelhas.

Toda essa reação me confunde. Não é tristeza nem raiva, apesar de parecer: o sangue agitado, o coração esquisito; mas é tão diferente. Quero que não seja nada. Quero pular para a parte em que eu lembro desse momento com um certo ranço.

Mas não sou transportado no tempo (até porque os segundos, nesse instante, parecem mais uma tartaruga). De repente, identifico a sensação com uma clareza assustadora. E me assusta.

O que eu sinto é vergonha.

💿

DorivalLeão
@dorivaleao98231423134

QUE FALTA DE VERGONHA! ONDE ESSE PAÍS VAI PARAR? SÃO ESSES DEPRAVADOS QUE OS JOVENS OUVEM E LÊEM? @820_official @sunset_records_music JÁ ESTOU CHAMANDO MINHA FAMÍLIA INTEIRA PARA BOICOTAR! NO MEU TEMPO, VIADO SABIA SEU LUGAR


JuscéliaPereira
@jp2314743234

em resposta a @dorivaleao98231423134

QUE FALTA DE VERGONHA! ONDE ESSE PAÍS VAI PARAR? SÃO ESSES DEPRAVADOS QUE OS JOVENS OUVEM E LÊEM? @820_official @sunset_records_music JÁ ESTOU CHAMANDO MINHA FAMÍLIA INTEIRA PARA BOICOTAR! NO MEU TEMPO, VIADO SABIA SEU LUGAR


gigi tem personalidade forte
@gigiliteraldemais

@jeonjk97 eu quero um posicionamento agora!!! q fotos são essas? cadê o respeito a nós, seus fãs durante esse tempo todo? nojo! muito nojo! não pensei que você fosse assim


ethan JIKOOK MERECE RESPEITO
@ethanluvsjk

em resposta a @gigiliteraldemais e @jeonjk97

que ele fosse assim como? gay? algm q sente tesão? ouviu as músicas e as entrevistas direito? nosso ídolo tem uma foto íntima >vazada< e vc tá pirando c ele?? tá pior do q os bots dos conservadores #jikookmerecerespeito


gigi tem personalidade forte
@gigiliteraldemais

em resposta a @ethanluvsjk e @jeonjk97

para de se meter onde vc não é chamado. vc n é nada mais q um peso morto no fandom e acha q sua opinião d merda vale alguma coisa. nós, os verdadeiros fãs, merecemos respeito!! o jk n pode manchar a imagem dele assim, dps de tanto q fizemos pra deixar ela limpa sempre


ethan JIKOOK MERECE RESPEITO
@ethanluvsjk

em resposta a @gigiliteraldemais e @jeonjk97

q limpeza de imagem é essa... você vai limpar o jk pra fora dele mesmo. isso é só higienização! #jikookmerecerespeito


Jéssica JIKOOK MERECE RESPEITO
@jessnolagodobuscape

em resposta a @ethanluvsjk

Amg, não adianta conversar com esse tipo de gente. Vai passear e olhar o céu. Usa seu tempo melhor e fica bem! #jikookmerecerespeito

»»💿««

Ai socorro, esse capítulo tem muita coisa rolando aaaaaaaaaa prá prá prá nada como uma vergonha pós-transa, né?

Ah, não esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual foi sua parte favorita? Nesse capítulo eu tenho vários favoritos! Mas como uma das primeiras coisas que eu escrevi, (antes mesmo de virar um capítulo, ou antes mesmo de Incomum Acordo ser uma história) é o Jimin tentando broxar o Jungkook com a cueca dele kkkkkkkkkkk

Ahhhh! Lembrando que a rede social na qual sou mais ativa é o instagram (sou a callmeikus lá também) e, além do dia a dia escrevendo fanfics! Às vezes falho porque sou uma proletariada numa jornada de 44h semanais e muitas horas extras, mas eu tento!

Beijinhos de luz, amo vocês, e até sexta dia 02/08 às 19:00!

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