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02 | Abismo premeditado

Oi, oi, incomunzites? Acordites? Dêem sugestões de nominho que combina com a história! Como vocês estão???

Queria agradecer muito muito muito demais da conta mesmo pela resposta de vocês ao último capítulo!! Realmente não esperava que receberia tantos comentários e que vocês gostariam tanto da história!! Estou muito feliz e muito animada pros próximos capítulos!!

Enfimmm, esse capítulo é narrado pelo Jimin (o livro é o emoji dele), vocês vão notar que a narração é meio diferente da do Jungkook! Só lembrando: no começo de cada cap é uma música do JK ou trecho de história do Jimin; e no final tem o que as pessoas estão falando nas redes sociais!

Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!

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Controle é como a mais potente das drogas. Consome-se de si, cresce sem findar. Inebriado daquela certeza de que o mundo estava na palma de sua mão, não notara nos passos a compulsão ao abismo.

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Jungkook era difícil. Jungkook seria difícil ainda. Claro como água nascente desde o momento em que Seokjin nos apresentara.

Quando voltara do banheiro àquela noite, eu já sabia tê-lo em mãos. A expressão cheirava a receio amadeirado, misturado à animação cítrica. Uma bagunça, assim como sua forma ambígua de olhar.

Mesmo já sendo meu, ele fugira. Talvez como um pássaro experimentando seu último voo de liberdade.

Sorvi o último gole do meu café, amargo. Apoiei-o na mesa e, por hábito, acompanhei a textura e os vincos da madeira do móvel com o dedo. Respirei fundo. Além do resquício de aroma do café e da umidade fria da manhã, não havia mais nada no ar. Nada novo, ao menos. Decidi entrar numa busca.

O céu coloria-se em tons de vermelho, roxo e laranja. Apesar de sempre acordar antes do amanhecer, a paleta de cores nunca deixou de me tirar o fôlego. A grama do jardim reluzia com o orvalho das primeiras horas do dia e cedia às minhas passadas tão usuais.

O aroma, porém, era o mesmo, assim como dentro de casa. Pão saindo do forno na padaria ao lado, minguando quanto mais eu subia a ladeira em direção ao mirante. Sobrava, então, aquele cheiro característico da manhã. Umidade e frescor. Cheiro de grama amassada sob meus pés e de troncos de árvore molhados.

Sentado no banco de madeira desgastado no topo da colina, suspirei banhado de decepção. Não me aproximara o suficiente de Jungkook na noite passada nem para ter uma amostra de qual era seu cheiro para poder experimentar como seria imaginá-lo misturado ao do café e ao do nascer do Sol. Talvez fosse o quê de novo que faltasse.

Talvez não fosse.

Contudo, eu possuía uma filosofia bem rigorosa com "talvez": pagar para ver. Às vezes, literalmente.

O caso em questão equilibrava-se naquele tênue limiar. Assim que voltei para casa e deu um horário aceitável, mandei uma mensagem a Jungkook convidando-o a ir a um restaurante de comida mexicana. Eu pagaria o jantar, claro. O literal. O figurado, por sua vez, ficava para entrelinhas pouco misteriosas.

Aproveitei a pausa da mensagem para passar outro café, daquela vez junto a um pau de canela. Outra busca fútil de aromas diferentes. O positivo de acordar muito cedo era aquela sensação de tempo infinito, poder tomar mais café sem atrapalhar o sono, saborear a estaticidade momentânea do bairro, ouvir o barulho dos pássaros.

O barulho dos pássaros de manhã era maravilhoso. Soava alto e presente, a ponto de irritar. A ponto de parecer uma cacofonia despropositada. Gostava de me irritar, de perceber. Porque depois, com carros, com propagandas e toda aquela cacofonia propositada à perversidade, todos os barulhos que eram da natureza de direito ficavam imperceptíveis. E, então, vinha a chuva de certeza de que o cantar dos pássaros era muito melhor.

Então, era bom me irritar com pássaros. Muito melhor do que me irritar com carros. Até mesmo colocara uma pequena vasilha com ração no quintal de casa para atraí-los. O canto singular de um bem-te-vi me guiou até o quintal. Bebi o café devagar, assistindo a três bem-te-vis alimentando-se, mergulhando no pequeno chafariz de jardim e sacudindo as asas.

Os pássaros continuaram lá, até depois do último gole na minha xícara. Até depois da minha tentativa de trocar algumas palavras desconexas com eles, apenas para entender qual tipo de reação teriam à minha voz — quase nula. Após valer no máximo quatro graus de inclinação da cabeça do bem-te-vi mais comilão, abandonei a tarefa.

Jungkook não tinha me respondido ainda.

E eu queimava de curiosidade.

Ele dormia até tarde? Respondia devagar? Passava a manhã sem mexer no celular, como eu? Não que eu tivesse seguido a regra daquela vez. Eu acharia agradável compartilhar tal característica com meu namorado falso.

Havia apenas uma justificativa que não era uma opção: ele não querer me encontrar. Não, não havia dúvida. Eu estava certo, muito certo, de que Jungkook queria. Por poucos motivos racionais, mas por todos os instintos pouco confiáveis existentes dentro de mim.

Sorri e adentrei meu escritório. Usaria da curiosidade para escrever uma cena romântica. Eu queria um romance. Falso, mas queria. Decerto, condizente comigo.

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Jungkook me respondeu pouco depois do meio-dia, quase como se fugisse de um convite para o almoço, mesmo que a proposta houvesse sido um jantar. Passei mais um café — o último, eu me prometera — para apreciar devidamente cada entrelinha da curta palavra — e porque o passaria para finalizar o almoço de qualquer forma, só me entretia a busca de motivos para romantizar até míseros detalhes.

Ele só mandara um "ok". Sem pontuação alguma que pudesse dar pista de seu estado de humor, milimetricamente seco. Fez-me rir. Às vezes eu me esquecia de como era delicioso instigar outrem. Talvez fosse meu esporte favorito.

Como eu já tinha enviado o local e o horário — para desencorajar o "não" —; aproveitei para enchê-lo de memes de cunho duvidoso. "É para ficarmos íntimos de verdade, namorado", escrevi ao fim. Ele reagiu com um emoji de polegar para cima. Passei os últimos goles do café pensando onde ele aprendera algo tão hétero e se ele realmente achava que tal emoji me desencorajaria.

Faltavam muitas horas para o encontro, mesmo que eu o tivesse proposto para o mesmo dia; não gostaria de dar tempo para Jungkook perder a curiosidade. Faltavam muitas horas, mas abri as portas do meu enorme guarda-roupa de madeira pesada e escura carregando uma alegria vibrante, empolgada, da cor laranja. Pelo mesmo motivo, separei uma calça daquela cor, com estampas de laranjas e limas.

O resto das peças de roupas atraíam minhas mãos sozinhas, nunca fui muito criterioso sobre tais escolhas. Elas apenas soavam certas para mim — quando não se procura defeitos no que você é e gosta, eles não vão aparecer. Logo eu avaliava no espelho as calças laranjas em contraste com a bata roxa estampada de losangos e com as várias pulseiras verde-água. Eu gostava do que via, então sentei, com aquele laranja dentro de mim, para escrever algo.

Precisaria me distrair com uma cena diferente. Meu bom humor não combinava com a cena de morte do meu personagem favorito.

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Nenhuma morte, mas várias horas depois, eu me encontrava enfiado no metrô. Havia poucas coisas que eu detestasse mais do que dirigir, e menos que eu amasse mais do que caminhar. Minhas pernas e o transporte público sempre me foram suficientes; sem contar que o transporte público rendia muitas histórias.

Passei a maior parte do trajeto conversando com uma senhora que viera reclamar da minha forma de vestir e acabara instigada a contar as suas desventuras de adolescente rebelde que se recusava a usar o uniforme da escola. Ela conquistara o finado marido daquela forma, e eu mantive para mim o comentário de que provavelmente ele só tinha se aproveitado da situação de forma criminosa, como adultos tipicamente faziam com adolescentes.

Quando perguntei da infância dela, tive respostas mais interessantes. Crescera em uma família típica de pescadores, possuía vários hábitos e lendas para contar. Apesar de uma enxurrada de perguntas tentar fugir de meus lábios insistentemente, fui apenas incentivando a conversa aos poucos. Pessoas às vezes não gostavam de muitas perguntas — e às vezes eu as fazia mesmo assim para provocá-las, mas não era o caso da senhora. Era o caso do Jungkook — e, na maioria das vezes, tinham muito mais coisas para falar do que eu era capaz de perguntar. Aprendi cedo que minha existência era demasiado pequena para resvalar no tamanho do universo e que minhas perguntas poderiam obrigá-lo a caber na pequena caixinha da minha ignorância.

Por quinze minutos, foram-me oferecidos os segredos do mar. As nuvens certas. A sensação no fundo do estômago de que aquele não era um bom dia para pesca, e sim para respeito. O cheiro de maresia, a aspereza das mãos que amarravam e puxavam redes e cordas. Foram quinze deliciosos minutos, coroados por um "meu filho, compre uma camisa branca. Ficaria tão bonita em você. Desse jeito, você fica parecendo gay" logo antes da senhora descer em sua estação. Típico de mim, ter sempre de experimentar amargor após a doçura.

Não puxei mais conversa; as pessoas ao meu redor pareciam muito comprometidas em colocar os fones e fechar os olhos. Quando desci do metrô, deixei-me ser guiado até a saída pela multidão, pelo vento dos túneis e pelo desejo por ar fresco. Eu deveria ser capaz de localizar o restaurante depois de duas ruas.

Encontrei-o sem dificuldade: chamativo e festivo. Uma casinha com paredes coloridas repletas de ilustrações de caveiras mexicanas, pinhatas e sombreiros. Na frente, uma grande faixa de areia e cascalho dava caminho à entrada, adornado com cactos e lírios-mexicanos. A iluminação ficava por conta de lâmpadas coloridas de bulbos redondinhos e transparentes, emaranhados em cada detalhe do local. Sorri, às vezes eu me surpreendia com meu próprio talento de achar bons restaurantes pela internet. Sorri mais , pensando se seria do agrado do meu quase-namorado; prestes-a-ser-namorado.

Eu definitivamente sairia daquele restaurante como namorado de Jeon Jungkook, o cantor indie sofrência. Não podia esperar por tal acontecimento.

Como eu havia chegado quinze minutos antes do marcado — ter de chegar aos lugares com pressa nunca fora de meu afeto —, pedi uma mesa para dois à atendente solícita que me abordara na entrada. Embrenhando entre as mesas do restaurante, passei ao lado de uma com Jungkook sentado a ela, com uma cara distraída de tédio. Quando levantou o olhar para mim, observou-me por alguns segundos, sem enxergar. Quando me viu, de fato, saltou da cadeira.

Apesar de eu estar surpreso, minha reação soava branda frente à dele: piscou algumas vezes para mim, verificou o horário no celular e enrubesceu a ponto de se equiparar com os desenhos de pimenta da decoração interna do restaurante. A jovem ao meu lado pareceu desorientada, então eu lhe disse:

— Parece que meu namorado chega ainda mais adiantado que eu nos lugares. Vou ficar nessa mesa mesmo, obrigado pela ajuda, doce.

— Não sou seu namorado! — Jungkook grunhiu, ainda vermelho como o cheiro de chilli no ar, enquanto eu sentava na cadeira frente a ele. Eu duvidava muito de que a atendente, já bem longe, tivesse ouvido o balbuciar atrapalhado. Uma pena, perdera talvez o acontecimento mais fofo do dia.

Sorri e o encarei. Ele parecia ter notado o quanto corava. Também parecia especialmente irritado com o fato. Continuei sorrindo, para atrapalhar seu processo de recomposição. Jungkook me despertara o interesse desde a primeira vez, mas cada uma de suas reações me deixava mais instigado — a conhecê-lo e a provocá-lo, claro.

— Mas é pontual demais para quem não tem intenções de ser meu namorado em breve. — Deslizei minha mão pela mesa. Ele escondeu a dele atrás da mesa e pigarreou. Seu rosto continuava quente, então sorri mais. — Não precisa ficar sem graça por eu ter descoberto que chegou adiantado. Não sei se percebeu, mas cheguei cedo também.

— Não tô sem graça por estar adiantado. Isso só quer dizer que sou responsável.

— Hm... Diria mais que está interessado em mim. Não é o fim do mundo, estou interessado em você também.

Supunha eu que Jungkook aceitara a inevitabilidade das bochechas coradas. Revirou os olhos e pegou um dos cardápios que já repousava na mesa, usando-o para cobrir o rosto.

Como meu objeto de atenção favorito chafurdava na timidez, aproveitei para reparar nos arredores: piso de taco, papel de parede de pimenta à esquerda, parede branca com uma aplicação rústica de massa à direita, com sombreiros pendurados. Mesinhas de madeira da mesma cor do chão cobertas por um pequeno tecido de variadas cores, parecendo um xale. Cheiro de pimenta e queijo no ar, música alegre tocando ao fundo, num volume que muito me agradava — alto o suficiente para notar, mas não para me impedir de coletar detalhes da voz da minha companhia. De fato, eu me sentia muitíssimo satisfeito com o restaurante.

— Gostou do restaurante? — perguntei.

— Não sei, não comi ainda. — A voz soava distante por trás do cardápio, mas o fato dele não abaixá-lo nem para me responder me arrancou uma risada.

— Então você não vai saber o que acha de mim até me levar para cama? Que namoro complicado...

Jungkook enfim espiou por cima do cardápio, parecendo constrangido e confuso ao mesmo tempo. Logo acrescentei:

— É só uma piada, lindo. Você pode considerar as investidas para te levar à cama reais a partir do terceiro encontro. É uma regra de ouro.

Ele resmungou, só por resmungar. Era fofo vê-lo sem palavras. Quando notou meu sorriso em sua direção, baixou o cardápio, chamou um garçom e pediu um burrito e um mojito cheio de pressa.

— E o seu pedido, senhor? — o garçom me questionou. Pude ver Jungkook entrar em pane ao notar que não esperara eu fazer minha escolha. Sorri para ele. Ele ter se achado rude era fofo, mas ao mesmo tempo, o fato dele ser tão transparente fazia eu me preocupar quanto ao tempo de duração do relacionamento ainda inexistente.

— Quero o que vende mais, não tenho nenhuma restrição alimentar. — Aproveitei para dar um sorriso sugestivo ao garçom: queria ver como ele e Jungkook reagiriam.

— Fajitas com extra de chilli, guacamole e sour cream, seria isso?

— Claro, e qual drink é interessante aqui? — Apoiei a cabeça na mão e joguei o cabelo para o lado, pois o sorriso não parecia ter sido o suficiente.

— Minha recomendação pessoal é a michelada, mas tem pimenta. — O garçom enfim sorriu de volta. Deixei meu olhar voar até um broche com o nome no peito. O uniforme era uma graça: um avental colorido de caveiras mexicanas por cima de camisa e calça pretas.

— Confio em você, Chungho. — Ofereci-lhe uma piscadinha. — Obrigado pelas sugestões, querido.

Chungho corou e sumiu em direção à cozinha. Encontrei-me ponderando se eu lhe parecia descarado por flertar na frente de outro homem, ou instigado pela minha cara de pau. Talvez até o final da noite eu soubesse da resposta.

Voltei o olhar ao Jungkook, tentando notar suas reações. Não parecia bravo, nem ofendido. As bochechas continuavam escarlate. Eu queria tocá-las, só para apreciar a quentura contra os dedos.

— Você não é um restaurante — resmungou Jungkook de repente.

— Como?

— Você não é um restaurante. Sabe... pra eu saber o que eu acho de você só depois de... Enfim.

Não consegui me impedir de gargalhar. Ele pareceu revoltado com minha resposta, mas eu me sentia aliviado. De fato, eu não esperava que o tal livrinho aberto fosse ignorar por completo minha cara de pau de tão concentrado na piada anterior. Começava a parecer promissor.

— Olha só! E o que acha de mim, lindo?

— Não tá merecendo saber.

Dei de ombros, mas puxei meu caderno de dentro da minha bolsa, registrando o questionamento de meu pouco merecimento era consequência do meu flerte descarado ou pelas minhas piadas. Algum dia iria descobrir, se tudo desse certo. Normalmente dava para mim, em relacionamentos. Tinham a duração exata do meu desejo.

— Então as aparências não são suficientes para você? — retruquei, acomodando o caderno debaixo de mim sob o olhar de interesse e graça de Jungkook.

— Como? — ele quem questionou daquela vez, e me alegrou ouvi-lo falar como eu o fazia. Ele pareceu notar e complementou com um: — Quê?

— De um restaurante. — Soltei mais uma gargalhada, sem querer. Minhas mãos formigavam de vontade de pegar o caderno de novo, mas algo me dizia para não fazê-lo de imediato. — Não achou esse simpático? Gosto da decoração.

— Mas o importante de um restaurante é a comida.

— Não seria a experiência como um todo? Para parecer um evento especial, o local deve se diferenciar de uma casa qualquer, não?

— Bem, pra mim, os eventos mais especiais e com a comida mais gostosa foram na minha casa.

— É próximo da sua família?

— Sim, muito. Minha mãe é perfeita, mas meu pai quem é o melhor na cozinha. E você?

— Eles são daqui?

— Vai ignorar as minhas perguntas?

— Sim.

— Mas o acordo não era você me dar material de volta também? Assim é injusto.

— Então o acordo está vigente? Somos namorados?

Jungkook arregalou os olhos, eu dei risada. Poucos segundos depois, Chungho chegou com nossas bebidas, resgatando Jungkook da saia justa e me servindo com mais zelo do que seria costume. Eu adorava a conspiração do mundo ao meu favor.

— Chungho, querido, eu posso ficar com esse descanso de copo? — Apontei o disco colorido, decorado como um sombreiro visto de cima. Continuava fofo mesmo molhado do copo gelado.

— Fica com esse, nunca foi usado... — o garçom sussurrou e me estendeu um descanso de copo idêntico de forma discreta. Eu lhe dei mais um sorriso antes de esbarrar propositalmente em seus dedos para pegar o objeto e guardá-lo na minha bolsa.

Chungho sorriu para mim e foi embora. Jungkook continuava sem demonstrar muita reação.

Curioso com a michelada — vermelha, opaca, de cheiro ácido e com a borda do copo repleta de sal —, tomei um gole sem cerimônias. Jungkook aproveitou para ocupar a própria boca com o mojito também.

— Aceita um gole, lindo?

Empurrei o copo pela mesa em direção a ele. Jungkook o observou por tempo o suficiente para se exasperar com a própria indecisão e tomar um gole revoltado. Todo ato dele me agradava.

— E aí, é de seu gosto?

— Esquisito, mas interessante. Acho que não beberia de novo.

— Entendi... Não vai me oferecer o seu?

— Não.

Caí na gargalhada de novo. Porque mesmo tentando provocar de volta, Jungkook não carregava a firmeza necessária na voz. Mesmo assim, muito, muitíssimo interessante. Perscrutei a expressão de revolta e gostei muito do que vi. De novo. Homens básicos nunca foram de meu agrado — e Jungkook definitivamente era pouco inspirado nas vestimentas, de camisa branca e uma calça jeans simples —, mas sua simplicidade parecia uma forma de dar mais destaque às nuances de suas feições.

— Você é fofo — comentei. — Como faço para merecer um selinho até o final desse jantar?

Jungkook quase engasgou com o mojito. Virou a cara para o lado, sem me oferecer respostas. Aquilo só me divertiu mais, então aproveitei a visão com mais alguns goles da michelada até nossos pedidos chegarem.

Comemos em silêncio. Ao menos, de fala. Eu aproveitei para experimentar o cheiro dos pratos, mordiscar com calma a fajita e os complementos, avaliar a textura do prato de cerâmica, notar a forma de Jungkook mastigar — com dificuldade por lotar a boca de comida, como uma criança o faria —, roubar um pedaço do burrito e deixar um pedaço da minha fajita no prato dele.

De pratos vazios, voltei a questionar:

— E então, gostou?

— Sim, a comida é ótima.

— Não do restaurante, lindo. Isso ficou claro, você fez careta o suficiente comendo. Estou falando de mim e da minha proposta.

— Ah, tá.

Ele continuou sem falar mais nada por um bom tempo, então continuei:

— Ei, lindo, não precisa levar tão a sério, sabe? Eu sei que eu te interessei o suficiente para te dar um pouquinho de inspiração, e acho que ainda consigo te mostrar mais um pouco. Quando não for interessante mais, nós terminamos. O namoro e o acordo.

— O que você quer de mim?

— Você já sabe: histórias.

— Você já parece ter muito mais histórias do que eu, não sei se vou ser tão útil assim para você.

— Você está subestimando o poder dos detalhes. Todo mundo tem uma história para contar. No metrô vindo para cá, aprendi sobre a cultura dos pescadores de uma senhora que só parecia antipática. Também descobri que ela era homofóbica. Várias nuances.

— Você... — Jungkook parou a frase no meio para respirar fundo e recostar as costas melhor na cadeira. O garçom recolheu as louças. — Você tá atrás de fama? Não sou tão famoso assim, você sabe.

— Ah, lindo! — Meu tom era de entendimento. E, de fato, fazia bem mais sentido. — Se meu objetivo com relacionamentos fosse fama, eu já teria utilizado de outras oportunidades que apareceram durante minha carreira. Não ficaria esperando por um convite de um jornalista para uma festa onde então me encontraria com um cantor indie cujo trabalho não conheço. Não que eu tenha algo contra sua música ou nunca tenha ouvido falar de você: sei que está sendo humilde e que é um artista premiado...

— Tudo bem... Também não conheço seus livros.

— Acho melhor assim. Mas concluindo: não faria sentido eu ter traçado um plano destes por fama. Só quero histórias com um colega de profissão.

— Não temos a mesma profissão.

— Temos, sim. Contamos histórias. De formas diferentes, mas contamos.

— Ah, o.k. — concordou à contragosto. — Faz sentido.

— Mas vamos ser sinceros: como eu falei na festa, podemos fazer uma jogada de marketing incrível em cima disso também. Conseguimos boas histórias e aumentamos nossa base de fãs. Você topa? Acho que vai ser divertido.

— Se parar de ser divertido, nós paramos?

— Paramos.

— Sem drama?

— Sem drama. Sou muito bom em apenas desaparecer da vida dos outros, pode confiar.

— Não tem nada de confiável em você.

— É verdade, mas é meu charme, não? Se você me entendesse, não toparia esse acordo.

— Ainda não sei porque tô topando, pra falar verdade... É tudo muito...

— Incomum?

— Isso é eufemismo. É tudo muito esquisito.

— Você precisa ler mais comédias românticas. Namoro de mentira é um tropo narrativo bem popular.

— Você já escreveu?

— Não. Em geral, o casal de mentira sempre se apaixona, sofre horrores e, por fim, vira um casal de verdade cheio de amor, com casa própria, crianças e cachorros. Não me agrada.

— Sofrer, casais de verdade, casa própria, criança ou cachorros?

— Hm... — Dei uma piscadinha malandra; Jungkook torceu o nariz em resposta. — Que questionador da sua parte. Mas já que estamos quase firmando o nosso acordo, eu respondo para te dar um gostinho: não gosto de casais "de verdade" e de finais felizes. É besteira, um final preguiçoso.

— Por quê?

— Só te conto depois de um beijo, lindo.

Jungkook deu de ombros e terminou o mojito dele, parecendo pensativo. Tinha quase certeza de que estava prestes a aceitar.

— Vai ser irônico, não acha? — ele disse.

— O quê?

— Se a gente se apaixonar no meio desse processo depois de todo esse discurso.

— Ah, se a gente se apaixonar, escreve sobre isso também. Nada como um bom clichê.

— Pensei que não gostasse de clichês.

— Gosto se for bem escrito e se o final não for aquele feliz clássico. Na paixão e no sofrimento, eu me garanto. Vai dizer que você não fatura bem quando termina com os outros?

— Sim, mas... A ideia do acordo não é o término não ser dramático?

— Você foi dramático quando terminou com seus ex?

Jungkook pareceu pensar sobre o assunto antes de acenar a cabeça de um lado para o outro. Ofereci-lhe um sorriso.

— Nem eu, lindo. Eu só desapareço. Desaparecerei assim que você pedir, com ou sem paixão. Enquanto isso não acontecer, vamos nos inspirar e lucrar em cima disso. Disso e do final.

— Você parece ter talento em ganhar dinheiro.

Dei uma risada antes de me ocupar com o final da minha bebida. Aproveitei o fato de que o garçom passava ao lado para dar uma piscadinha e pedir a conta.

— Talvez. Mas então, lindo... Estamos combinados de sermos musos um do outro sem términos tempestuosos no final?

Jungkook sustentava uma expressão de pura descrença. Como se estivesse confuso com a inevitabilidade da próxima fala:

— Combinado.

📖

Jéssica
@jessnolagodobuscape

Gente do céu! Não só o Jimin foi a fotografado em uma festa de celebridades depois de um tempão sumido, mas agora tem mais fotos dele com o tal do Jungkook em um restaurante? Será que vem aí? Espero que sim, o divo merece amor, estou animada!

gigi tem personalidade forte

@gigiliteraldemais

em resposta a @jessnolagodobuscape

que ele mantenha as mãos bem longe do meu protegido! ele não é "tal do Jungkook", ele é >>o Jungkook<<!!! Nunca ouviu falar, cadela? Artista mais novo a receber o prêmio de revelação indie da Multisnow! Debutou no Hot Top 10 nacional da ViuBorda com o primeiro álbum! Faz música desde criança!

Jéssica

@jessnolagodobuscape

em resposta a @gigiliteraldemais

Cala a boca, surtada.

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Como eu amooooooooooo a narração do Jimin todo cheio das firulas!!! É meio conflitando com o jeito maluquinho dele, né??? O que acharam da primeira narração do príncipe??

Ah, não esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual foi sua parte favorita? A minha é o Jungkook sendo pego chegando super adiantado pro encontro! hsuahsua nem queria, né?

Ahhhh! Lembrando que a rede social na qual sou mais ativa é o instagram (sou a callmeikus lá também) e, além do dia a dia escrevendo fanfics! Às vezes falho porque sou uma proletariada numa jornada de 44h semanais e muitas horas extras, mas eu tento!

Beijinhos de luz, amo vocês, e até sexta dia 03/05 às 19:00!

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