- Poção Polisuco -

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"Tell me lies, tell me sweet little lies.
Tell me lies, tell me, tell me lies.
Oh, no, no, you can't disguise.
You can't disguise."

Little Lies - Fleetwood Mac

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◆ ◆ ◆
「AMBER 」

Quando Draco entrou no banheiro, aproveitei a chance para observar o quarto com mais atenção.

As camas eram grandes, os lençóis bem arrumados e o ambiente todo carregava aquele tom verde típico.

Fiquei encarando por um tempo o copo quebrado e o líquido no chão ao meu lado.

Não sei se foi a melhor maneira de agir com Draco, as coisas estavam começando ficar melhores, e eu estraguei tudo.

O frigobar ao lado de sua cama me fez lembrar das festas que rolam na comunal da Sonserina. Nunca fui a nenhuma, mas sabia que coisas pesadas aconteciam lá, e por isso tenho dúvidas sobre ir na festa que Nott me convidou, que é amanhã.

No canto do quarto, uma mesa chamou minha atenção. Dei uma rápida olhada para a porta do banheiro, só para ter certeza de que Draco ainda não estava saindo.

Comecei a dar passos lentos em direção à mesa, apenas para ver oque os meninos tem estudado ultimamente.

Ao olhar de perto, vi sobre a mesa alguns livros. O que mais me chamou atenção foi o livro de "Poções Avançadas".

Eu não conseguia entender por que alguém estaria lendo sobre isso no próprio dormitório sendo que as provas de Snape foram anuladas devido à sua saída.

Ignorei estes pensamentos com a ideia de que alguém so queria manter a matéria avançada. Ia voltar ao meu lugar inicial quando enxerguei uma única gaveta conectada ao móvel, quase imperceptível.

Talvez tenha sido muito invasora ao abrir a gaveta, mas foi isso que eu fiz nos próximos segundos.

Um cheiro forte tomou o ar. Tossi e abanei a mão na tentativa de fazer o cheiro passar.

Após a minha visão focar novamente, minha boca se abriu em um perfeito O ao me deparar com, no mínimo, dezessete frascos de poções, cada um com um rótulo diferente em sua tampa.

"Felix Felicis, Poção do Esquecimento, Poção Wiggenweld, Poção Murcha" ... Li cada uma atentamente enquanto passava o dedo por elas.

Essas poções são de extrema dificuldade, agora o livro de poções avançadas fez sentido.

Passava o dedo lentamente pelo rótulo de cada frasco quando o meu dedo parou em um em específico.

- Poção Polissuco? - susurrei em um tom baixo, mais por curiosidade do que por necessidade de falar.

Além de ser uma poção super arriscada de se fazer, é extremamente proibida de ser realizada dentro de Hogwarts, principalmente por alunos.

Este era o momento perfeito para dar meia-volta e tentar sair do quarto, fingindo que não tinha visto nada.

Mas como de costume o meu defeito de ser curiosa demais falou mais alto.

Peguei o frasco com cuidado erguendo-o no ar, tentando encontrar alguma pista sobre quem alguém pretendia se transformar.

Olhei ao redor do vidro e meu coração quase parou quando meus olhos focaram. Gravado em uma caligrafia elegante, o nome dele estava ali: Cedric Diggory.

Minhas mãos começaram a tremer. Tudo fazia sentido agora.

Cada gesto, cada palavra dita por "Cedric"... na verdade, tudo tinha sido Draco. Dei alguns passos para trás e acabei esbarrando em algo forte atrás de mim.

- O que está fazendo aí? - a voz do garoto soou atrás de mim, gelando meu sangue.

Virei rapidamente, assustada.

Ele me encarou e em seguida seu olhar caiu para minha mão, onde eu ainda segurava o frasco. Sua expressão, que já não estava boa, se contorceu em pura fúria.

- Por que está mexendo nas minhas coisas? - ele praticamente gritou, avançando em minha direção e tentando arrancar a poção da minha mão, mas eu recuei segurando-a firme.

- Como diabos você explica isso, Draco? Por que você tem uma poção para se transformar em Cedric? - devolvi no mesmo tom, minha voz quase tremendo de indignação mas tentando parecer firme.

- Isso não tem nada a ver com você, sua enxerida de merda! - estendeu a mão mais uma vez para tomar o frasco.

Me afastei novamente.

- Como não? Está claro o que você fez! Você usou a poção para afastar o Cedric de mim. Que golpe baixo, Malfoy! - senti meu rosto esquentar de raiva.

As mãos do garoto se cerraram e sua mandíbula travou.

- E se for, hm? Isso não te dá o direito de invadir o meu quarto e me acusar assim! - avançou de novo, e antes que eu pudesse reagir, agarrou meu pulso com força e arrancou o frasco da minha mão de maneira brusca.

Logo em seguida, ele se direcionou a gaveta e começou colocar o frasco no lugar, e eu continuei falando.

- Como você pode ter o gênio tão ruim assim? - minha voz começou a falhar - Se não gosta de mim, pelo menos deixe que os outros gostem.

Ele não respondeu, mas era nítido o tamanho de sua raiva.

- Pelo oque eu estou vendo aqui, você deve ser igualzinho ao seu pai... - seu rosto se virou para mim rapidamente - Um manipulador medíocre. Ele não teve problema nenhum em mandar matar o Bicuço, não é? Pois você é a mesma coisa, Draco. Vou contar à Dumbledore sobre esse esconderijo nojento e todas as poções que você guarda aqui.

Essas foram as palavras-chave para o rosto dele endureceu ainda mais. Ele deu um passo a frente e voltou a segurar em meu braço, dessa vez com mais força. Senti a pressão dos dedos dele machucando.

- Você não seria idiota a esse ponto, Amber. Você não vai contar nada a ninguém. - murmurou, os olhos carregados ameaça.

- Agora está me ameaçando, Draco? Não tenho absolutamente nada a perder. - me aproximei de seu rosto, o desprezo em minha voz nítido. - Vai fazer o que? Me matar? Vá em frente seria um favor para todos nós, não é? Só cuidado para não sujar as suas mãozinhas com o sangue, não é? "Ah gente, socorro! Me sujei com o sague podre da Amber! Nhé, nhé, nhé..."

Falei com uma voz irritante e fina, como a de um bebê chorão. Draco continuava com a mesma expressão séria, deixando impossível saber o que estava pensando.

Para minha frustração, senti meus olhos começarem a se encher de lágrimas. Eu não queria, não agora.

- Eu tento Draco. Tento fazer a nossa relação ser menos problemática, mas o problema aqui é você... - continuei - E sabe porque você não vai fazer nada comigo?

Perguntei e o seu silêncio veio como resposta.

- Porque você me quer, Draco. - susurrei - Se não, já teria se afastado. Se não, não ligaria nem um pouco para a ideia de me ver feliz com outra pessoa.

- Eu nunca iria querer alguém como você!  - falou como se a simples ideia fosse repulsiva. – Você é patética se pensa isso.

- Então me diz o porque! Me diz porque fez Cedric se afastar!

Por um instante sua expressão vacilou e eu quase acreditei que ele fosse se explicar, talvez até confessar que tudo aquilo tinha sido por mim. Mas a raiva logo retornou.

Então, ele apertou ainda mais meu braço e começou a me arrastar até a porta do dormitório. Tentei me debater e escapar do seu aperto, mas falhei devido à força dele que era muito maior que a minha.

Usando a mão livre, ele enfiou os dedos no bolso e tirou a chave do quarto. Com a maior facilidade do mundo, como se eu nem estivesse ali, ele destrancou e abriu a porta.

Antes que eu pudesse reagir, ele me empurrou para fora me fazendo cair no chão como se eu fosse um cão indesejado. Ele olhou para mim, caída, e naquele instante me lembrei exatamente do motivo pelo qual sempre mantive distância dele.

E sentada no chão, ele bateu a porta na minha cara como se eu não fosse ninguém.

Me levantei após alguns segundos e, sem olhar para trás, voltei para o meu dormitório. Eu me recusava a chorar, de me abalar por ele. A única coisa na minha mente era que eu precisava falar com Cedric. Precisava pedir desculpas por não ter ouvido o lado dele.

O pensamento de que, sempre que eu me sentia observada, era Draco me espiando, me enchia de nojo.

Me deitei na cama com a cara enfiada no travesseiro, meus olhos cheios de raiva, minha cabeça embaçada.

Ele estragou meu aniversário. Já estava um caos devido a execução de Bicuço, que já deveria ter acontecido. Mas esse era o auge.

Me levanto da cama e vou ate minha estante. Lá encontro o meu calendário e um isqueiro logo do lado.

Pego nos dois e volto a me sentar na cama. O dia de hoje circulado com uma caneta vermelha.

Suspiro com os olhos fixados nos números. Ergo o isqueiro e o acendo, fecho os olhos e faço o mesmo pedido que faço todos os anos. Logo assopro o fogo.

- Feliz aniversário. - susurro para mim mesma, e recebo o silêncio que naquele momento doeu mais do que qualquer palavra já dita.

「CORTE DE TEMPO」

A luz entrava pelas janelas, mas eu não me levantei. Apesar de ter prometido a mim mesma que não choraria, foi exatamente o que mais fiz na noite passada. Meus olhos estavam inchados e mal queriam se abrir.

Rolei na cama negando a ideia de sair dali. Essa é a pior sensação que existe.

Olhei de relance para o despertador na cabeceira: 13h45. Bufei e deixei a cabeça cair de novo no travesseiro, cansada demais para me importar com a hora.

Me levantei alguns minutos depois quando Pandora começou a miar provavelmente com fome. Me arrastei até o banheiro, escovei os dentes, penteei o cabelo e troquei de roupa. Ao abrir a porta, Pandora saiu correndo para a área destinada aos animais.

Desci em direção ao sala comunal que, para minha sorte, estava vazia. Domingo sempre deixava tudo parado. Me aproximei de um dos sofás fundos e macios e me sentei, afundando no estofado enquanto tentava me recompor antes de descer para o almoço.

- Bom dia não é, Amber? Meio tarde para acordar. - ouvi uma voz se aproximando

Nem precisei abrir os olhos para saber quem era.

- Oi, Nott. Já estou acordada faz tempo. - respondi ainda largada no sofá sem me dar ao trabalho de parecer convincente.

Ouvi ele soltar um riso fraco e se sentar na poltrona à minha frente.

- Sem querer me intrometer, mas ouvi sua conversa com o Draco ontem à noite. Se quer saber, depois disso ele não deixou ninguém entrar no dormitório, dormimos todos aqui na comunal. - deu uma pausa - Está trancado lá até agora, nem nos deixa trocar de roupa, então acho que mereço uma explicação.

Abri os olhos devagar, me endireitando no sofá.

- Estava ouvindo minha conversa? - perguntei indignada.

- É meio impossível não ouvir quando estão os dois aos berros. - respondeu com ironia.

- Conhece Draco há muito? - perguntei com receio.

- A minha vida toda. - respondeu.

- Ele sempre foi assim?

- Sempre teve esse jeito, mas as coisas pioraram desde que entrou em Hogwarts. A necessidade de mostrar que é o melhor virou uma característica dele - disse confuso. - Por que estas perguntas?

Suspirei e dei de ombros.

- Certo, me conte o que aconteceu então, foi assim tão sério? - perguntou insistente.

- Sim, foi. Bom, eu estava com um pertence dele e fui ao dormitório devolver. Lá, eu meio que joguei um copo de uisqui nele.

- Oque?! - falou se levantando - Gastou um uisqui so pra jogar no Draco!? - perguntou indignado

- Senta que eu não acabei de contar. - falei e ele se sentou bufando.

- Se for o novo que eu trouxe de casa ele vai pagar. - murmurou cruzando os braços

- Enfim, o que aconteceu depois foi pior. Ele entrou no banheiro para se trocar, e enquanto ele estava lá, vi uma mesinha e fui até ela. Tinha uma gaveta meio econdida...

- Espera aí, Amber, deixa eu ver se estou entendendo. Você mexeu na gaveta do Draco? É isso que está me dizendo? - concordei com a cabeça, confusa - Amber, você não entende... o que foi que aconteceu depois disso?

- Bom, tem motivos para ele não deixar ninguém mexer lá, aquela gaveta está cheia de poções, e uma delas é a Polissuco, com o nome de Cedric grafado...

A expresssão de Theodore se fecheu completamente e ele engoliu em seco.

- O que foi, vai me dizer que você sabia disso? - perguntei o fixando.

- Não, tá? Eu não sabia disso, mas não vou falar dele pelas costas. - Nott suspirou e arrumou o cabelos para trás, me lançando um olhar preocupado. - Escuta, Amber. Você fez uma das coisas que o Draco mais detesta, mexeu nas coisas dele. Se quer um conselho, não conte a ninguém o que viu. Eu sei que você deve estar magoada, mas acredite, não vai querer problemas com aquela família.

「Tradução」

"Conte-me mentiras, conte-me pequenas mentiras.
Conte-me mentiras, conte-me, conte-me mentiras.
Oh, não, não, você não pode disfarçar.
Você não pode disfarçar."

Little Lies - Fleetwood Mac

- O quanto eu estava ansiosa para postar esse capítulo não está escrito.

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