Almas gêmeas, as existentes
Jimin
Meus gatos me julgavam com o olhar enquanto eu corria de um lado para o outro, quase podia escutar os felinos rindo da minha confusão, porque no lugar deles, eu possivelmente também estaria rindo, afinal arrumação nunca foi o meu forte, e eu sabia que estava mais bagunçado do que agilizando o serviço.
Jungkook havia me ligado novamente, e eu mal pude acreditar em meus olhos quando li o nome dele brilhando na tela do meu celular, mas sim, era ele, querendo me dar mais uma chance para conversarmos, e assim marcamos dele vir até minha casa para que pudéssemos ter essa conversa.
Fiquei bastante surpreso, não posso negar, em meu entendimento ele não iria querer me ver tão cedo, pois toda aquela história sobre almas gêmeas tinha lhe assustado e afastado, porém pelo visto Jungkook tinha pensado melhor no assunto e decidiu que precisávamos esclarecer aquilo de uma vez por todas.
Senti pelo seu tom de voz ao telefone que o Jeon ainda não acreditava em minhas palavras, mas estava tentando compreender tudo aquilo, mesmo ainda sendo cético, o que me fazia ter certas dúvidas até mesmo sobre a minha própria certeza de que éramos destinados, pois a minha clareza sobre aquilo existia por causa das sensações que eu sentia, elas irradiavam por todo o meu corpo, então ele não sentia o mesmo?
Mas se por acaso ele também sentisse, por que Jungkook continuava não acreditando mesmo tendo todo aquele alvoroço de sentimentos? Ou ele não tinha tido nada disso e eu era o único afetado da história?
Chegar nessa conclusão me desesperou um pouco mais, precisei recorrer as pesquisas para saber se era possível apenas uma das almas gêmeas sentir os sinais e a outra não, porém pelo que encontrei, isso nunca havia sido relatado, os dois lados sentiam os vestígios de seu predestinado, podia acontecer de uma das pessoas ter mais revelações e ser mais atormentado por fortes sensações, mas o outro lado nunca ficaria ileso, era sempre algo mútuo.
Isso significava que Jungkook também sentia, certo? Ou o fato dele ser descrente havia lhe causado algum tipo de bloqueio?
Será que seu lobo não era tão comunicativo quanto o meu em relação aquilo? Ou Jungkook simplesmente ignorava tudo isso?
Perguntas e mais perguntas encheram minha cabeça, mas não adiantaria nada ficar ali martelando aquelas questões, eu precisava confrontar Jeon com elas, queria apenas que ele fosse sincero, e sendo almas gêmeas ou não, isso não significava que éramos obrigados a ter um relacionamento amoroso ou qualquer outro tipo de relação, era importante que eu deixasse isso claro a ele também, caso minhas intenções tenham sido assim tão mal interpretadas.
Lendo mais sobre o assunto, encontrei diversos relatos, inclusive de pessoas que não viviam com suas almas gêmeas, alguns por já estarem em um relacionamento sério quando encontraram seu soulmate, outros por não terem sentido a necessidade de ter algo a mais, uns simplesmente se tornaram amigos, e vários até perderam o contato com o passar do tempo.
O fato era, o destino te dava uma opção, que você poderia aceitar ou não, e ter ou não ter uma alma gêmea não definia se você teria uma grande história de amor na vida, eu esperava que Jungkook entendesse que eu não estava lhe cobrando nada, apenas desejava que saíssemos disso num convívio saudável, sem ele chateado comigo e achando que sou algum tipo de babaca, que estava usando essa desculpa para dar em cima dele descaradamente.
— Park Jimin limpando a casa? Isso é algo que eu nunca pensei que veria. — Ouvi a voz de Youngjae soar pela minha sala enquanto eu tentava passar o aspirador de pó debaixo da mesinha de centro.
— A equipe de limpeza só vem amanhã e estava muito em cima da hora pra chamar diaristas, então eu mesmo estou dando um jeito. — Respondi, sem parar o meu serviço.
— Muito em cima da hora pra quê? — Questionou se sentando no sofá, começando a fazer carinho nos pelos de um dos meus gatos.
— O Jungkook está vindo pra cá. — Murmurei, desligando o aspirador e pegando um pano para limpar os enfeites que havia em cima do rack.
— Sua alma gêmea? — Indagou, surpreso. — Uau, como se resolveram?
— Ainda não nos resolvemos realmente, ele me ligou ontem e a gente conversou um pouco, mas achamos melhor falar pessoalmente, então ele está vindo pra cá hoje. — Falei, sorrindo de lado, estava ansioso.
— Entendi, mas por que não marcou pra ele vir depois que a equipe de limpeza arrumasse tudo? — Questionou em seguida.
— Porque o Jungkook não mora aqui em Seul, ele vai voltar para Busan amanhã. — Disse, dando de ombros.
— Você acha que ele repensou esse lance todo? — Perguntou curioso.
— Acho que ele está mais receptivo, falou que conversou com a mãe dele e ela o fez se sentir mais seguro em relação a tudo isso, Jungkook disse que vai tentar ser o mais compreensível possível e menos mente fechada com esse assunto. — Proferi enquanto passava a flanela delicadamente sobre uma das esculturas que decoram minha sala.
— Beleza então, talvez se você mostrar provas irrefutáveis de que são mesmo destinados, ele aceite que essa é a verdade. — Completou por fim. — Jungkook não acreditou nem vendo as incríveis coincidências entre vocês, então talvez ele precise de ainda mais provas físicas de que isso é uma realidade, não um conto de fadas como ele mesmo alegou.
— Se o Jungkook sente as mesmas coisas que eu, ele já deveria acreditar, não? — Indaguei, me virando para lhe encarar.
— Talvez ele não sinta exatamente as mesmas coisas, depois de descobrir que tudo isso que você vinha sentindo eram os avisos da aproximação do seu soulmate, tudo ficou mais claro, mais forte e intenso, porque você sabe o que significa e acredita muito nisso. — Suspirou, ficando pensativo por alguns instantes. — Acho que as coisas só vão ficar realmente cristalinas para ele, quando ele entender e acreditar.
— Eu comecei a ter essa sensação de que a cor vermelha é a cor da aura dele depois de descobrir que somos almas gêmeas mesmo... — Me dei conta logo após. — Talvez ele também precise ter a certeza, antes de começar a sentir exatamente o mesmo que eu.
— Ou ele já sente e se nega a aceitar. — Sugeriu, o que poderia ser uma verdade também.
— Pode ser. — Assenti concordando. — Será que existe algum modo de ter a certeza absoluta de que uma pessoa é sua destinada?
— Já ouvi falar que existe alguns tipos de testes. — Pegou seu celular e digitou algumas coisas, antes de entregar o aparelho em minhas mãos, me fazendo ver a página de um site que falava daquele assunto: — Aqui, olha.
— São muitas coisas. — Afirmei lendo a lista, tinha uns testes até que bem esquisitos.
— Isso é bom, são várias chances de provar. — Disse otimista.
— Será que ele vai aceitar fazer esses experimentos? — Questionei, arqueando umas das sobrancelhas.
— Se ele realmente está mais aberto a isso como disse pra você, vai aceitar. — Respondeu em seguida. — É algo que diz respeito da vida de vocês dois, certo?
— Sim. — Expressei, mesmo não tão esperançoso quanto o meu amigo.
Continuei a ler aquela lista de procedimentos, rindo de alguns itens que eram bem idiotas, me faziam pensar em que tipo de pessoa acreditava que aquelas coisas provariam que alguém é sua alma gêmea, mas antes de comentar com Youngjae sobre, ouvimos a campainha soar ao mesmo tempo que uma mensagem chegava no meu celular, era Jungkook avisando que havia chegado.
E eu me desesperei um pouquinho...
Ok, talvez bem mais do que um pouco.
Voei pela sala pegando qualquer peça de roupa que havia esquecido ali e também os produtos de limpeza que ainda estavam jogados, arremessando tudo dentro de um pequeno armário, talvez não coubesse aquele tanto de coisas de uma vez só, mas dei um jeito de amassar os objetos e quase estourar as portas do armário quando fechei, só esperava que ele não explodisse tudo pra fora.
— Como eu estou? — Indaguei enquanto passava as mãos pela roupa, tentando me ajeitar.
— Desesperado. — Youngjae afirmou, se aproximando para arrumar meus cabelos com seus dedos. — Respira, arruma esse cabelo e vai atender a porta, aja normalmente.
— Você vai ficar aqui? — Questionei e ele riu.
— Não, vou sair pela porta dos fundos. — Disse, após arrumar a confusão que meu cabelo deveria estar. — Agora se acalma antes que ele te ache maluco.
— Valeu. — Falei ironicamente enquanto meu amigo saia de cena ainda rindo do meu nervosismo.
Fui enfim atender a porta, Jungkook estava parado em frente com uma cara de quem não tinha ficado nada feliz com a minha demora, mas tentei disfarçar a minha própria inquietude e o convidei para entrar, torcendo para minha voz não sair falha e gaguejada.
Todo o meu corpo parecia ter entrado em alerta assim que soube da presença dele, podia sentir minha pele se arrepiando, enviando calafrios por todo o meu tronco, era uma verdadeira bagunça no meu interior, porém ele parecia pleno.
— Como está a Minhee? — Perguntei enquanto tentava me recompor, felizmente Jungkook nem tenha visto, mas tropecei nos meus próprios pés enquanto fechava a porta depois dele entrar.
— Está bem, minha mãe ficou cuidando dela. — Respondeu, indo se sentar em meu sofá.
— Entendo. — Murmurei nervoso, me aproximando. — Você quer água? Um café?
— Não, obrigado. — Negou com um aceno de cabeça. — Vamos conversar aqui mesmo?
— Você prefere que seja no meu escritório? — Sugeri apontando em direção ao corredor da casa.
— Não, daria um clima muito sério. — Disse, rindo soprado.
— É verdade. — Falei enquanto também me sentava, porém na poltrona ao lado.
— Você ainda está certo de que sou seu soulmate? — Ele indagou, seus olhos desviaram para os quadros em uma das paredes, não parecia querer me encarar enquanto tocava naquele assunto.
— Sim! — Exclamei, afirmando. — Por que você não acredita?
— É difícil pra mim, eu... — Suspirou antes de concluir. — Pensei ter encontrado minha alma gêmea uma vez, e quando ficou claro que eu estava apenas me iludindo, me senti muito mal, me culpava por tudo ter dado errado, foi complicado, eu te contei um pouco sobre isso ontem.
— Entendo que tenha ficado descrente depois de tudo. — Afirmei em seguida. — Mas você não sente nada com a minha presença? A sensação de estar perto do seu verdadeiro predestinado é completamente diferente de qualquer outra coisa que já tenha sentido.
— Não confio muito nas coisas que sinto desde que achei ter encontrado minha alma gêmea pela primeira vez. — Respondeu, mirando seus olhos em um dos meus gatos, que tinha se aproximado dele curioso.
— E as coincidências entre a gente? — Apontei mais uma prova.
— E se forem apenas isso? Incríveis coincidências? — Questionou, agora já fazendo carinho nos pelos do felino, que parecia estar curtindo bastante a atenção que recebeu do visitante.
— Jungkook, coisas assim só teriam uma chance em um milhão de acontecer. — Retruquei, seu nível de descrença era absurdo, ou talvez ele apenas não quisesse confessar o que sentiu também.
— Eu sei, mas...
— Que tal a gente fazer umas experiências? — O interrompi, fazendo Jungkook me olhar confuso.
Percebi então que Jungkook realmente não sentia as mesmas coisas que eu vinha sentindo, todos os sinais vieram primeiramente para mim, não sei por qual razão, e mesmo depois de nos encontrarmos, o ômega ainda não era atormentado por toda as sensações estranhas, como eu era.
Sim, ele sentia alguma coisa, talvez várias, porém não na mesma intensidade do que eu, e juntando isso com o fato dele estar bem descrente quanto a real existência de almas gêmeas, apenas o faria entrar num loop de negações e dúvidas, e eu precisava saná-las, o fazer acreditar no que já era claro para mim.
— O quê? — Jungkook perguntou arqueando as sobrancelhas.
— Veja. — Disse, pegando meu celular, ainda com aquele site aberto e mostrando para ele. — Meu amigo encontrou essa lista de testes, as pessoas podem fazer para comprovar que são almas gêmeas.
— "Ficar em perigo pra ver se a outra pessoa vai sentir que você está precisando de ajuda"? Que maluquice é essa, Jimin? — Me questionou após ler alguns itens ruins que haviam ali.
— Ok, eu sei que tem umas coisas bem idiotas na lista, mas umas são até que interessantes. — Argumentei, apontando para outros testes que eram mais fáceis e não colocavam a vida de ninguém em risco.
— Tudo bem, não temos nada a perder mesmo. — Ele falou, dando de ombros.
Era óbvio que aquelas provas eram unicamente para ele, eu não precisava mais de nenhuma comprovação para ter certeza, até mesmo a comida feita por ele me causava reações, não necessitava sair fazendo um monte de experimentos, mas Jungkook talvez estivesse preso na fase de negação.
— Podemos tentar "A prova do choque". — Sugeri, mostrando aquele item.
— Choque? — Questionou franzindo o cenho.
— É, dizem que quando almas gêmeas se tocam pela primeira vez, sentem um choquinho nas pontas dos dedos. — Expliquei e ele assentiu compreendendo.
— Não lembro o que eu senti quando te cumprimentei com um aperto de mão ontem. — Murmurou, após ficar pensativo por alguns segundos.
— Não lembro de ter sentido um choque, só... Foi apenas um arrepio estranho. — Falei sincero. — Acho que eu estava muito nervoso, nossas mãos estavam suadas.
— É verdade. — Confirmou, voltando a ler a lista. — E essa aqui sobre sonhar sonhos iguais?
— Essa noite sonhei que tinha voltado para a escola, mas eu não conhecia ninguém da minha sala. — Proferi não dando muitos detalhes, tinha sido um sonho comum de qualquer forma.
— Acho que sonhei com borboletas, algo assim. — Disse, não dando muita importância.
— Já tive um sonho com você antes mesmo de te conhecer pessoalmente. — Declarei e Jungkook me olhou curioso.
— Sério? — Indagou ao me encarar.
— Sim, antes da gente se conhecer ontem, eu tive um sonho estranho que chegou a me tirar o sono, eu via seu rosto, você tentava falar alguma coisa, e eu acordava. Isso se repetiu várias vezes. — Os olhos dele naquele sonho pareciam tão intensos que foi a única coisa que consegui pensar pelo resto da noite.
— Você já tinha visto meu rosto antes, na casa do Tae tem várias fotos minhas, e também você assistiu a entrevista que eu dei para aquele telejornal. — Contestou em seguida.
— Jungkook, nós dois sabemos que não foi apenas por isso. — Expressei baixinho, receoso de sua reação.
— Bem... — Murmurou, mas não disse mais nada, nossos olhares se perderam pelas paredes da casa, e encarar um dos quadrinhos pendurados nas mesmas, me fez lembrar de algo...
— Quero te mostrar uma coisa. — Falei, me levantando.
— O quê é? — Questionou, com aquele mesmo olhar curioso de antes.
— Vem comigo, está no meu ateliê. — Expliquei, fazendo um sinal para que ele me seguisse.
Jungkook foi atrás de mim ainda meio receoso, eu esperava que a qualquer segundo ele tirasse um spray de pimenta do bolso e apontasse na minha direção, mas quem pode culpá-lo? Eu ainda era um completo desconhecido para si, em quem ele não confiava ainda.
Entramos no meu ateliê em seguida, me apressei para abrir as cortinas de deixar a luz natural iluminar o cômodo, Jeon entrou timidamente, olhando para todos os lados com curiosidade, enquanto eu me aproximava do quadro que havia pintado no dia anterior e o virava de frente para Jungkook, o mostrando a pintura.
— Sou eu? — Ele indagou, olhando de surpreso para o quadro.
— Sim, mas se não tiver gostado, eu posso desfazer ou te dou ele e você faz o que tiver vontade. Me desculpe por não ter pedido permissão, é que seus olhos estavam tão vivos na minha mente, que quando me dei conta, já estava os colocando na pintura e... — Comecei a tagarelar, entretanto a sua voz veio para me interromper.
— É lindo! — Jungkook exclamou.
— Oi? — Questionei, ainda perdido e surpreso com sua reação.
— Não precisa fazer nada com ele, eu adorei. — Afirmou se aproximando mais do quadro, o encarando de forma encantada, o que me fez sorrir abertamente. — É tão bonito.
— Obrigado. — Eu poderia acrescentar dizendo que o meu modelo tinha ajudado bastante, mas ele poderia achar que era uma cantada fajuta, então preferi parar no agradecimento mesmo.
— Quando percebeu que essa era sua vocação? — Jungkook perguntou, agora começando a andar pela meu ateliê, observando os detalhes.
— Desde muito cedo, acho que nasci amando desenhar e pintar, me lembro que adorava fazer umas esculturas com massinha de modelar também... — Contei, soltando um riso nasalado. — Um dia a brincadeira virou profissão, mas continuou sendo divertido.
— Eu queria ter podido seguir apenas na fotografia. — Jungkook comentou, um sorriso triste surgiu em seus lábios.
— E por que não seguiu? — Indaguei, mesmo que desconfiasse do porquê.
— É uma área difícil e extremamente competitiva, você deve entender isso melhor do que ninguém. — Assenti, com certeza eu o entendia. — A fotografia acabou se tornando apenas um hobbie.
— Suas fotos são lindas, as que vi na casa de Taehyung me deixaram impressionado, você tem um bom olho. — Disse sincero, seu rosto se iluminou no mesmo instante.
— Obrigado, Jimin. — Agradeceu, e nós dois ficamos sem graça após isso.
Tentei quebrar o clima, sugerindo que voltássemos a testar as coisas que havia na lista, Jungkook aceitou e fomos para a sala, retornando aos experimentos estranhos que recheavam aquele site, e o resto da tarde de foi assim, alguns testes eram estranhos, outros engraçados, mas o final era sempre o mesmo, não funcionava realmente.
Entretanto foi exatamente o fato de não estarmos encontrando resultados que deixou as coisas mais divertidas, Jungkook foi o primeiro a começar a gargalhar das besteiras que estávamos fazendo, eu o segui, mais constrangido do que achando graça, mas ri também.
O riso em conjunto realmente aproxima as pessoas, deixa o clima mais leve e as coisas fluem melhor, de repente nem nos focávamos mais na lista de testes, e sim em conversar sobre assuntos diversos, eu servi café para a gente e levamos o papo por longas horas, e de repente também o fato de sermos ou não almas gêmeas não importava mais.
— Que tal tentarmos pensar na mesma coisa ao mesmo tempo? — Brinquei, sugerindo mais um dos experimentos.
— Isso funciona mesmo? — Ele indagou, rindo divertido.
— Aqui diz que na maioria dos casos sim. — Respondi, dando de ombros.
— Então tá, vamos tentar. — Jeon disse, se virando de frente para mim. — Pensa numa fruta.
— Pensei. — Afirmei em seguida.
— Qual foi a fruta? — Jungkook questionou unindo as sobrancelhas.
— Morango.
— Maçã.
— Olha ai, nós dois pensamos numa fruta vermelha.
— A minha maçã era verde.
— Aish... — Resmunguei, e isso só o fez rir mais. — E se a gente encostar as testas?
— Isso é uma piada? — Jungkook indagou, se afastando um pouco e me encarado com desconfiança.
— Não, está falando aqui. — Expliquei, lhe mostrando a tela do celular.
— Cara, isso é ridículo. — Murmurou, voltando a rir.
— Eu sei. — Expressei, soltando um riso nasalado.
— Fazer o que, vamos tentar. — Proferiu dando de ombros e se aproximando mais de mim.
Foi aí que travei.
Fiquei parado feito um paspalho enquanto o moreno se arrastava pelo assento do sofá até estar bem perto de mim, frente a frente, e meio incerto ele se inclinou para frente, encostando sua testa na minha, fazendo nossos narizes se esbarrarem e o cheiro do seu perfume praticamente me hipnotizar.
Me senti idiota por estar todo trêmulo, em pleno os meus trinta e dois anos estava agindo como um adolescente prestes a perder o bv, e ele notou isso, uma risadinha escapou por seus lábios, mas não comentou nada, talvez estivesse tão nervoso quanto eu.
— Agora vamos tentar com cores. — Jungkook sugeriu primeiro.
— Tá bom, falamos juntos a cor que pensamos. — Falei e ele concordou.
Contamos até três e falamos em uníssono:
— Azul. — Jungkook disse.
— Vermelho. — Eu murmurei mais baixo.
— Por que vermelho? — Sua pergunta também soou sussurrada, como se eu estivesse próximo de lhe revelar um segredo.
— Porque eu estava pensando em você. — Assumi, dessa vez sem receio ou timidez alguma.
— Não entendi. — Ele disse, confuso com minha resposta.
— Não sei direito, mas desde que nos conhecemos pessoalmente, sempre que penso em você, minha mente é tomada pela cor vermelha, acho que é a cor da sua aura. — Contei a ele, esperando não ter alguma reação negativa como respostas.
— É a cor dos olhos do meu lobo. — Jungkook afirmou, o que me deixou surpreso, mas agora tudo fazia mais sentido.
— Mesmo? — Questionei, ansioso para que ele me mostrasse.
— Sim. — Falou ao mesmo tempo que fechava suas pálpebras e as abria novamente, revelando o intenso rubro de suas íris.
— Caramba... — Murmurei embasbacado, o fato de nossas testas ainda estarem unidas deixava seus olhos parados exatamente de frente com os meus, aquelas duas chamas vermelhas que queimaram por dentro, o carmim de suas íris era único. — Azul é a cor dos olhos do meu... — Afirmei, o mostrando também o intenso índigo de minhas íris.
Jeon pareceu arfar quando os olhos de nossos lobos se encontram, nós dois sabíamos que mostrar a cor dos olhos de seu lupino era uma coisa íntima demais, eu mesmo nunca tinha visto a cor dos lobos de meus amigos e apenas uma vez na vida vi o de meus pais, mas Jungkook se sentiu seguro em me mostrar tão rapidamente, assim como me senti com ele, isso dizia muito.
— Quando seu rosto vem na minha mente, eu vejo tudo azul em seus olhos, em sua roupa, em tudo. — Ele proferiu, até que enfim sentíamos algo igual.
— Então agora a pouco você estava pensando em mim? — Indaguei, sorrindo de lado.
— Eu ainda estou. — Sua voz saiu rouca e baixa, seu tom me arrepiou.
— Mas eu estou bem aqui na sua frente. — Proferi, rindo soprado
— Eu queria que estivesse mais perto ainda. — Novamente, o tom grave de sua voz me pegava desprevenido.
— Por quê? — Perguntei e seus olhos piscaram devagar antes dele soltar uma risadinha.
— Meu lobo sente uma necessidade estranha de estar bem perto de você. — Confessou, num tom ainda mais baixinho.
— Só o seu lobo? — Eu precisava saber de uma vez.
— Não, eu também sinto.
— Jungkook... — Seu nome saiu de meus lábios quase como uma lamúria. — A gente não precisa desses testes.
— Eu sei. — Afirmou ao mesmo tempo que sua mão veio até meu ombro.
— Então por que eu sinto que você só veio aqui porque queria uma prova de que não somos almas gêmeas? — Indaguei em seguida, ele apenas sorriu, pelo visto eu tinha acertado.
— Porque seria mais fácil se você não fosse. — Sussurrou, subindo sua destra até meu pescoço, a deixando pousada ali, sua derme estava quente, o toque era tão carinhoso que me fez ter vontade de fechar os olhos
— Eu sei, mas não podemos mudar a realidade. — Falei, também deixando uma de minhas mãos chegar até ele, meus dedos circularam sua nuca delicadamente, eu queria o puxar ainda mais para perto, mas não fiz.
— Você demorou muito para aparecer na minha vida. — Disse, deixando seu polegar acariciar meu maxilar.
— Eu não sabia que precisava procurá-lo antes, mas se eu tivesse a certeza de que você estava lá fora em algum lugar, teríamos nos conhecido há muito tempo. — Continuei a falar, as pontas de nossos narizes já trocavam um beijo de esquimó bem lento, eu quase podia sentir meus lábios formigarem em ansiedade.
— Só me beija logo, Jimin!
E eu o beijei, com toda o anseio que me tomava, nossas bocas se juntaram com tanta fome que foi surpreendente nossos dentes não terem se chocado, suas mãos agarraram minha blusa com pressa e seus lábios mornos se prenderam aos meus num beijo que não tinha calma alguma.
Senti minha boca ser invadida por sua língua no segundo seguinte, arfamos juntos enquanto uma bagunça acontecia dentro da minha cavidade bucal, ele guiava tudo e eu ia no embalo, sentindo meu peito esquentar rapidamente, assim como todo o resto do meu corpo.
Jungkook veio trazendo tanto desejo para aquele beijo que quase fez eu me perder em seus movimentos, nossas línguas se entrelaçaram calidamente enquanto suas mãos desciam pelo meu tronco, em toques leves porém intenso o bastante, esse homem sabia muito bem o que e como fazer.
Minhas unhas arranhavam sua nuca lentamente, isso arrepiava sua pele e os atos de seus lábios sobre os meus se tornavam mais apressados e impacientes, logo seus dentes já mordiam meu lábio inferior, arrancando de mim um gemido rouco, ele pareceu gostar da reação que teve, pois fez de novo, agora chupando minha boca sem timidez alguma.
O puxei para o meu colo, o ômega suspirou desejoso, agarrando meus cabelos e os puxando para cima, ainda devorando meus lábios num beijo instigantes demais, suas pernas agora abraçavam meu quadril, deixando nossos corpos grudados, sentindo todo o calor alheio.
Não sei onde aquele beijo teria nos levado se não tivéssemos sido interrompidos por um grande barulho, nos fazendo quebrar o contato para ver da onde aquilo vinha, logo nossas gargalhadas quebraram o silêncio que tinha coberto o ambiente, quando nos damos conta de que o pequeno armário, onde eu havia escondido todas as bagunças, tinha aberto suas portas e expulsado tudo que havia lá dentro, fazendo uma zona maior ainda por toda a minha sala.
Jungkook acabou me ajudando a organizar tudo logo após...
~♥~
hehehe
o próximo é o último :'')
até <3
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