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ᴄʜᴀɴɢʙɪɴ ɪɴ ᴍʏ ᴅʀᴇᴀᴍs

Bang Chan conseguia sentir a ventania bater em seu rosto, trazendo o cheiro agradável de grama molhada, sentia o sentimento de calmaria que vinha após uma enorme tempestade. Pingos de água escorriam das folhas esverdeadas das árvores, caindo em pequenas poças. Tudo era tão real que conseguia ser inimaginável.

Porém, o mais real entre tudo isso, era a ansiedade crescente em seu peito, muitas vezes atrapalhando o australiano na árdua tarefa de respirar e de tentar se manter parado.

Ele estava à espera de alguém.

E esse alguém havia acabado de chegar.

Como ainda caía leves pingos finos de chuva, ele estava com uma longa capa de chuva preta. Ao perceber que sua presença tinha sido notada pelo mais velho, abaixou o capuz da capa, deixando com que o seu cabelo ficasse cheio de gotas de água grudado nos fios e em seus cílios. Ele caminhou até o australiano, ficando embaixo da árvore da qual os dois sempre se encontravam, não importando o clima ou o dia.

Seo Changbin era mais baixo do que o mais velho, tinha cabelo castanho escuros e os olhos seguiam a mesma tonalidade, apesar de ser mais baixo, tinha músculos aparentes que deixava sua silhueta bem mais chamativa e "máscula", o que era um contraste e tanto com a sua personalidade, que conseguia ser extremamente fofa aos olhares do australiano. Mas em toda a sua aparência, tinha algo que conseguia ser um pouco assustador inicialmente, uma cicatriz no pescoço, longa e fina.

Era um assunto do qual o Seo odiava falar, mas já tinha contado em um momento de desabafo, um momento em que ele necessitava muito ser ouvido por alguém, momento em que ele precisava que alguém estivesse ao seu lado.

A cicatriz tinha sido feita pelo seu próprio pai, que o atacou em um surto de raiva durante uma embriaguez.

— Atrasado como sempre, não é? — o Bang zombou um pouco.

Não que ele se importasse com os atrasos diários de Changbin, era algo que ele já havia se acostumado há muito tempo.

— É que estava chovendo — ele respondeu dando de ombros.

— E você estava dormindo?

— Exatamente.

Com a confirmação do coreano, os dois riram juntos por um tempo, sendo o único som do ambiente, com exceção das gotas de água.

— Vai chover de novo. — Changbin comentou olhando para o céu nublado — Acho que nosso cronograma foi meio cagado com isso.

— Tudo bem. — Bang Chan respondeu, recebendo um olhar confuso do mais baixo — Bom, não sei você, mas para mim, mesmo que só fiquemos conversando aqui, continua sendo um momento especial.

— Uau, mais meloso do que eu imaginava! Acho que escolhi a pessoa errada para me apaixonar, esqueceu que sou emo?

— Você admitiu assim tão facilmente que é caidinho por mim? — Bang Chan colocou a destra em cima de seu peito, em gesto de surpresa, logo depois puxando o mais baixo para os seus braços, desferindo beijos em sua bochecha, enquanto ouvia as reclamações do Seo.

Tentou segurar sua risada, mas não teve sucesso, segurar um sorriso ao estar na presença do menor era sinônimo de impossível. Ele tinha esquecido como era sentir esse sentimento, quando tinha conseguido ser tão feliz por simplesmente estar ao lado de outra pessoa, que mesmo tendo conversas sem sentido algum, conseguia deixá-lo alegre e com o coração mais acelerado do que nunca.

Um simples sorriso voltado para si era o suficiente para fazer com que ele visse luzes vermelhas de alerta piscando em sua cabeça, fazendo com que ficasse tonto e o deixasse como um bobo automaticamente. Seo Changbin tinha esse efeito sobre si.

Mas tudo isso tinha um enorme problema: era um sonho, somente um fruto da sua mente.

Porém, o australiano preferia ignorar isso por hora e ser feliz durante a presença do Seo.

— Eu trouxe algo para você hoje. — Changbin diz colocando sua mão em seu bolso, tirando um medalhão dourado — Achei que você iria gostar, mesmo sendo algo… Meio brega?

Bang Chan pegou o medalhão com cuidado e o analisou curioso e feliz. Ele era dourado, mas tinha detalhes em prata que faziam a forma de uma pequena rosa, a corrente era um pouco delicada, mas parecia resistente. Ao abrir o pingente oval, ele se deparou com uma foto sua e de Changbin que haviam tirado nesse mesmo local há um mês atrás.

— Não era para abrir enquanto eu estivesse aqui… — ele disse encabulado — Mas já que abriu… Gostou?

— Claro que gostei, qualquer coisa que venha de você eu vou gostar — ele deu um selinho rápido no Seo, sorrindo de forma com que suas covinhas ficassem bem aparentes.

— Até um soco?

— Quebrou o clima agora — Bang Chan reclamou.

Mas apesar disso, a felicidade do Bang não conseguia disfarçar o quanto ele estava animado com o medalhão, como se fosse um tesouro raro que guardaria com todo cuidado e esmero.

— Acho que você tem que ir agora, Chan. — ele suspirou triste, mas estava claramente corado, mostrando que era só uma desculpa por estar envergonhado — Até amanhã.

Changbin se despediu dando um beijo demorado nos lábios do mais alto, se separando de forma que causasse um leve estalo e se virou, indo embora enquanto cobria sua cabeça com o capuz da capa novamente, correndo em meio à leve chuva que começava a ficar mais grossa.

Bang Chan acordou sendo assustado por um trovão, estava chovendo forte, como estava em seu sonho anterior. Esfregou os olhos com força para conseguir focar melhor nos objetos de seu quarto, pois sua visão estava turva, como se estivesse usando um filtro borrado em seus olhos, como sempre ficava quando voltava desses sonhos.

Ele não sabia o porquê, mas sempre acordava desses sonhos com o sentimento de desespero instalado em seu peito junto com a tristeza, como se estivesse perdendo alguém muito importante para si, mas não soubesse o que fazer para evitar isso, estando completamente impotente.

Seo Changbin existia somente em seus sonhos, nunca havia visto sequer a sua sombra na vida real.

No início, quando começou a ter esses sonhos, achou que era algo normal, ele tinha o hábito de sonhar com pessoas desconhecidas para si desde a infância. Mas os sonhos se repetiram tantas vezes que ele não conseguia acreditar que era só uma coincidência estranha. Para ser mais exato, seus sonhos com Seo Changbin começaram em 2018, e a cada sonho, esse sentimento de perda ficava maior, como se ele estivesse se distanciando, mesmo que nos sonhos eles estivessem mais próximos do que nunca. A necessidade de conhecê-lo também aumentava.

Bang Chan riu com um certo sarcasmo carregado em sua voz, ele era tão idiota ao ponto de ter se apegado e apaixonado por uma figura que sequer existia fora dos seus sonhos.

Talvez ele estivesse ficando maluco, mas não podia deter a pequena sensação crescente em seu peito de que não era só uma figura inexistente, ele sentia que Changbin existia. Seo Changbin existia! Mas como explicar isso para alguém sendo que nem ele mesmo conseguia se convencer disso sem achar que estava perdendo toda a sua sanidade?

Se bem que o sobrenome Seo não era estranho…

Tinha certeza que já tinha ouvido esse sobrenome, só não sabia onde.

Ele se levantou da cama, ainda era muito cedo para isso, estudava de manhã, mas ainda era muito cedo, porém, sabia que não conseguiria adormecer novamente. Tinha dias em que os sonhos duravam por tanto tempo que acabava por acordar atrasado, tendo que se virar para chegar antes do fim da primeira aula, mas tinha dias como esse em que era tão rápido, que parecia estar sendo levado tão rapidamente quanto uma folha sendo soprada pelo vento forte.

Algo que ele normalmente fazia quando acordava era contar seu sonho para Lee Felix, seu colega e melhor amigo. Já tinha tentado contar para seu outro amigo, Han Jisung, mas ele acabou por achar que era só um "sonho qualquer", e Bang Chan deixou que ele pensasse isso.

Sem saber o que ele poderia fazer para que o tempo passasse mais rápido, pegou uma xícara com café e se sentou em frente a janela, enquanto a chuva caia torrencialmente lá fora. O barulho de certa forma o acalmava, mesmo que às vezes caísse algum trovão que o assustava repentinamente, mas era bom para manter sua mente serena.

Não sabia se ia contar para Felix a vontade que tinha de conhecer o Seo pessoalmente na vida real, não sabia se isso seria prudente, ele poderia muito bem só lhe dar um choque de realidade e dizer para ele parar com essa loucura.

Estava com a mente repleta desses pensamentos, quando percebeu, estava na hora de se arrumar. Se levantou, deixando a xícara – agora vazia – em cima da sua mesa de cabeceira, se dirigindo para o banheiro. O chuveiro elétrico tinha parado de funcionar há dois dias atrás, então ele se contentou com a água fria, pelo menos ajudava um pouco na tarefa de manter-se bem acordado.

Quando terminou seu banho e colocou seu uniforme, ouviu seu celular tocando, ao pegá-lo viu que era uma ligação de Felix. Bang Chan pegou a sua mochila jogada em um canto do quarto, tirando o fone que estava dentro e o conectando no celular, atendendo a ligação enquanto guardava seu caderno e livros que estavam jogados em cima da escrivaninha dentro da mochila.

Oi, Channie! — a voz do australiano falou através dos fones — Acordou há muito tempo ou agora?

— Acho que faz quase duas horas que estou acordado.

Hoje acordou cedo, eu acabei de acordar! Ontem só acordou porque eu te liguei, você ficou puto comigo por causa disso. Sonhou hoje de novo?

— Sonhei, mas acordei cedo.

E como foi?

— Não aconteceu nada… Só conversamos. — Bang Chan disse, omitindo os detalhes, sentindo pesar ao lembrar do medalhão que recebeu no sonho — Posso pedir a sua ajuda?

Depende que tipo de ajuda, se estiver ao meu alcance eu tento.

— Quero saber quem ele é. Não aguento mais isso, sabe? Essa incerteza fica maior a cada dia que passa.

Cara… Tem certeza? Tipo, eu sei que a família Seo existe, mas sonho e realidade são coisas diferentes, talvez Changbin nem exista.

— Eu tenho que ter certeza!

Olha, vou tentar, okay? — ele suspirou e ficou calado por um tempo, como se estivesse pensando — Vou pedir a ajuda do Jisung.

— Não! Não conta para ele! Ele sim vai achar que eu estou maluco, e só eu me achando insano já está ótimo.

Não vou contar, 'tá? Só perguntar. Já ouvi ele falando sobre a família Seo há um tempinho atrás.

— Então tem chances da família do Changbin ser de Ulsan?

Eu não sei, é só um palpite, 'tá? Só lembro de ter ouvido ele falar sobre os Seo uma vez.

— Está bem… Fale com ele e me diga se descobrir alguma coisa.

Então vou ligar para ele, tchau, Chan!

— Tchau, Lix.

Bang Chan desligou a ligação e respirou aliviado. Seria ele tão sortudo ao ponto de Changbin morar na mesma cidade que a dele?

Fechou o zíper da sua mochila após ter certeza que não havia esquecido alguma coisa largada no quarto e desceu a escadas, pulando o último degrau fazendo o som de um baque forte ao chegar no primeiro andar. Na cozinha, encontrou Jeongin, seu primo que morava com ele, atacando o pote de rosquinha com os olhos vidrados na tela do celular.

— Já está indo? Acordou cedo, hein! — Jeongin disse com falsa admiração, desviando seu olhar do celular para encarar o Bang — Ontem saiu às pressas, todo atrasado porque acordou tarde.

— É, você não foi o único a ficar admirado. — Bang Chan sorriu indo até a porta — Se comporta, estou indo!

— Se comporte você, parece que vai aprontar alguma coisa.

O australiano sorriu e saiu sem responder o Yang, colocando seus fones, não precisava prestar tanta atenção aos arredores por ser muito cedo, não dava para encontrar sequer muitos alunos na rua, hoje Bang Chan realmente estava muito adiantado.

Antes ele morava em Sydney com seus pais e irmãos, mas eles se mudaram para Incheon depois. Enquanto se acostumava com o seu novo lar, Bang Chan acabou tendo que se despedir deles, os perdendo em um fatídico acidente de carro quando era ainda muito jovem. Por um acaso do destino, ele foi o único sobrevivente, sua irmã conseguiu chegar viva ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos, o australiano teve a sorte de carregar consigo somente duas cicatrizes, que sempre o lembrariam deste dia. Ele acabou indo morar com seus avós, e depois de alguns anos finalmente pararam sem seu destino final, Ulsan.

Já fazia muitos anos que tudo isso tinha acontecido, Jeongin era um primo que ele só havia conhecido quando foi morar com seus avós. Inicialmente o relacionamento foi meio estranho e até mesmo cheio de atritos, os dois eram muitos jovens e o Yang não tinha curtido muito a ideia de ter que dividir a atenção dos avós, mas hoje em dia era como se os atritos nunca tivessem existido.

Depois de tanto tempo, Bang Chan havia finalmente se acostumado com o novo estilo de vida e encontrou pessoas em quem podia confiar.

Não demorou muito tempo para chegar na escola, era consideravelmente perto de sua casa, quando chegou deu de cara com Felix na frente do portão, conversando com Jisung, provavelmente esperando o Bang para se juntar a eles.

— Chan! — Jisung gritou ao vê-lo e esperou que se aproximasse — Posso saber porque você quer saber sobre os Seo?

— O que? — ele perguntou confuso, olhando para o Lee que deu de ombros — Sei lá, eu só… Ouvi algumas pessoas falando sobre e fiquei curioso.

Ele o encarou, nada convencido, mas começou a falar de qualquer forma.

— A família Seo morou aqui há alguns anos atrás, mas se mudaram para Gyeongju depois de um… Certo acidente.

— Que acidente?

— Um assassinato que aconteceu na casa deles, até hoje ela é abandonada, corre boatos de que ela é "assombrada". Alguns alunos daqui entram lá em um tipo de "teste de coragem", sabe? Padrão de casa abandonada.

— Tem registros sobre na biblioteca? Tipo, jornais?

— Tem alguns jornais locais da época, se procurar acho que vai encontrar.

— Sabe quando isso aconteceu?

— Se não me engano, em 2018.

— Sabe o dia exato? — ele perguntou com um certo nervosismo.

— Acha mesmo que eu lembro a data? Tenho cara de calendário ambulante que anota as tragédias desse lugar?

— Grosso. — Felix bufou — Mas obrigada pela ajuda.

Entraram juntos na escola, o dia se passou arrastado, talvez por causa da ansiedade que o Bang sentia, quanto mais desejava que pudesse ir embora, mais demorava para que o tempo passasse. Quando finalmente chegou a hora da saída, não esperou por ninguém, foi direto para a biblioteca. Ao entrar foi recebido pelo filho do dono, Hyunjin, que vivia matando aula para ficar escondido no meio das várias estantes de livro, lendo poemas ou desenhando.

— Veio sozinho hoje — ele comentou assim que o australiano entrou e se aproximou.

— Que? Como assim?

— É que normalmente você vem com aquele loirinho.

— Ah, sim, é porque eu saí antes que ele. — Bang Chan respondeu e começou a caminhar, mas parou após perceber que seria mais inteligente pedir ajuda — Eu poderia ver os jornais locais de Ulsan do ano de 2018?

— Claro, pode se sentar ali que vou trazer a caixa — Hyunjin apontou para uma mesa um pouco longe dali e saiu.

Ele se sentou e esperou pelo Hwang, não demorou muito para ele chegar acompanhado de uma caixa de papelão grande, cheio de jornais.

— Talvez tenha um jornal intruso de algum outro mês, sabe como é, vem maluco de todo tipo só para desarrumar. — ele colocou a caixa em cima da mesa, soltando um suspiro longo — Divirta-se com seus jornais.

Com isso, ele voltou para a sua posição inicial, com o rosto enfiado em um caderno de desenho.

Bang Chan colocou toda a sua atenção aos jornais a sua frente, vasculhando rapidamente e prestando o máximo de atenção nas matérias, mas não teve muito sucesso em encontrar o caso dos Seo, mesmo depois de bastante tempo procurando.

Se eu soubesse o dia exato… ele pensou suspirando.

Mas ele parou seu trabalho árduo ao pensar em algo. Seus sonhos haviam começado em 2018, no mesmo ano do acidente dos Seo, lembra muito bem de ter anotado sobre os sonhos uma semana depois deles terem começado. E se tivesse sido no mesmo dia em que começaram, ou então em uma data próxima?

Pegou seu celular, animado com essa possibilidade que o faria economizar muito tempo de procura. Entrou em um pequeno bloco que usava como um "diário", não que ele gostasse de usar diários, mas sim porque ele sentiu a necessidade de usar isso depois dos sonhos, para discutir sobre isso e colocar seus pensamentos no lugar. Ele encontrou a primeira nota que havia feito, em agosto de 2018 e a abriu.

"Faz quase uma semana que tudo isso começou, esses sonhos repetitivos me deixam um pouco incomodado, mas ao mesmo tempo isso rouba boa parte do meu dia, fazendo com que eu pense neles mais do que o necessário. Os sonhos começaram no sábado e têm seguido até agora."

A nota havia sido feita no dia 16, por isso logo abriu a agenda. Dia 16, em agosto de 2018 havia sido em uma quinta-feira, provavelmente o sonho teria começado no dia 11, já que na nota estava escrito que havia começado no sábado. Bang Chan se sentia como um investigador, meio besta, mas era o sentimento que passava por estar tão empenhado em conseguir uma única data, sem sequer saber se seu chute estava certo.

Procurou na enorme caixa o jornal do dia 11, demorou um pouco para conseguir encontrar no meio de tanta bagunça, mas conseguiu depois de algum tempo, tirando um sorriso vitorioso do seu rosto ao conseguir.

Ele passou os olhos pelo conteúdo de forma calma, não queria perder nada, nenhum detalhe sequer, até que finalmente parou em um título que chamou a sua atenção:

Homicídio na Residência 101

Pai ataca filho mais velho durante embriaguez.

"Durante o estado de embriaguez, Seo Daewon atacou o filho mais novo da família, mas foi protegido por Seo Changbin, o filho mais velho do agressor. Ele acabou sofrendo um ferimento grave no pescoço, feito por uma faca de cozinha que foi usada como arma. Infelizmente, ele não resistiu ao ferimento e faleceu antes da chegada da ambulância no local, que foi chamada por vizinhos após o filho mais novo fugir da Residência e pedir ajuda."

Bang Chan deixou a folha em cima da mesa, jogando seu corpo contra o estofado da cadeira atrás de si, em completo choque.

Seo Changbin… Morreu…?

Não conseguia acreditar no que havia lido, parecia algo tão impossível de se acreditar, e ao mesmo tempo doloroso. Como se aquele sentimento de perda e prepotência que sentia quando acordava estivesse se intensificando após descobrir isso. Lembrou então de Changbin, cada detalhe que conseguia pensar, não sabia se aquela realmente era sua aparência real, mas algo o fez acreditar mais no que havia descoberto.

A cicatriz, a cicatriz em seu pescoço feita pelo pai de Changbin.

Ficou encarando a página perplexo, sem ter noção nenhuma do tempo que ficou daquele mesmo jeito. Só saiu do transe ao sentir a mão de seu amigo pousar em seu ombro, era Felix.

— Chan, você está bem? Parece pálido.

Ele não recebeu respostas do mais velho, ele não conseguiria falar nem se quisesse, tinha um nó preso em sua garganta impedindo de soltar um som sequer. Somente entregou a folha de jornal para o Lee, esperando que ele lesse e descobrisse por si só o motivo do seu estado. Ele pegou sem entender, mas leu com o rosto inexpressivo, até franzir a testa em confusão, e até mesmo um pouco horrorizado.

— Morto? — ele disse sem acreditar, se sentando ao lado do Bang — Tem certeza de que é ele? Sei lá, pode existir algum outro Seo Changbin por aí, né?

— Não sou tão otimista assim, Felix… — Bang Chan finalmente conseguiu falar algo.

— Então vamos para a casa dele! A casa 101 fica no caminho para a minha casa.

— No que isso adiantaria, Felix?

— Pode parecer que não, mas eu me importo, tá? Realmente quero te ajudar com isso.

Bang Chan suspirou e fechou os olhos, ele sabia que estava sendo grosso com seu melhor amigo, mas não conseguia explicar, aquela descoberta estava o deixando estranhamente sensível e confuso. Tinha uma pequena semente de medo ao pensar que esse tempo todo estava conversando com um completo desconhecido em seus sonhos que já estava morto há anos, não fazia sentido algum.

— Está bem, vamos lá.

Ele ainda se encontrava meio tonto, mas ajudou a guardar os jornais dentro da caixa e saiu da biblioteca ao lado do Lee. Felix o levou apressado para a antiga casa dos Seo, era grande e de madeira escura, parecia que um dia tinha sido uma bela casa para se morar, mas agora estava com uma aparência rústica e velha.

— Tem certeza de que isso é seguro?

— Só vamos, okay? Jisung disse que é comum adolescentes entrarem nela por causa da história de que ela é assombrada, deve ser seguro já que não desabou na cabeça deles — Felix disse, puxando o braço do mais velho para entrarem na casa.

Sinceramente, Bang Chan não fazia ideia do que estavam procurando, só aceitou a ideia do Lee e tentou ajudar com a tarefa. Subiu para o primeiro andar, já que o mais novo ficaria no primeiro, ele entrou em um dos quartos, mas nada conseguia chamar sua atenção. Seguiu abrindo as portas e avaliando os quartos, até que chegou no último, quando abriu, sentiu seu coração martelar com mais força em seu peito, podia até mesmo ouvir os sons das batidas fortes e aceleradas. Era de Changbin, ele sabia disso, já havia estado neste quarto em um dos seus sonhos com o Seo, mas no sonho tudo estava limpo, iluminado e consideravelmente organizado.

Ele entrou devagar, observando tudo com cuidado. Tinha grossas camadas de poeira em cima de todos os móveis, as velhas cortinas estavam esfarrapadas, não havia nenhuma roupa dentro, provavelmente tinham tirado todas ou doado quando a família de mudou. No quarto, ele sentiu a necessidade de procurar por algo minuciosamente, por qualquer coisa que lhe provasse que um dia, o Seo Changbin que ele conhecia havia existido. Inicialmente teve medo de fazer movimentos mais bruscos, mas depois, esqueceu tudo isso, se focando somente no que estava fazendo, até finalmente encontrar o que almejava, uma caixa.

Ele puxou a pequena caixa que estava embaixo da cama, que parecia mais um porta-jóias de madeira, estava sujo e por estar embaixo da cama, havia teias de aranha em cima, mas isso não o impediu de abrir. Dentro tinha algumas correntes comuns, nada chamativo, porém, algo prendeu sua atenção.

Um medalhão.

Ele o pegou e o verificou, era idêntico ao que ele tinha recebido em seu sonho da noite anterior, mas ao abri-lo, percebeu que tinha algo diferente, a foto. A foto que tinha dentro era de Changbin abraçando um garoto que aparentava ter mais ou menos doze anos, tinham rostos parecidos, provavelmente era o irmão pelo qual Changbin havia sacrificado a sua vida. Ao lado dos dois, tinha uma mulher e um homem mais velho, os pais.

Todos pareciam felizes na foto, o garoto mais novo tinha uma expressão alegre enquanto era envolvido pelos fortes braços do irmão, que continha um sorriso, o sorriso que Bang Chan conhecia tão bem e amava. Os mais velhos se abraçavam enquanto deixavam uma mão em cima dos ombros do filho mais velho. Como aquela família teve um fim tão trágico?

— Você encontrou alguma co… — Felix dizia enquanto entrava no quarto, mas se interrompeu. — Ai meu deus, por que você 'tá chorando? — Felix se aproximou rapidamente do mais velho, assustado e preocupado.

— Não é nada… Podemos ir para casa agora?

O australiano estava jogado em sua cama, entrou em casa sem nem mesmo falar com Jeongin, que ficou preocupado com a sua demora. Ele estava sem forças até mesmo para falar com alguém, só queria dormir e ver Changbin novamente, pedir respostas e saber o porquê de sonhar com ele.

Não tinha lógica, nada disso tinha lógica, nunca tinha conhecido o Seo.

Talvez agora sim eu esteja louco.

Pedir respostas para um sonho? Que maluquice.

Ele bufou, zombando de si mesmo. Como era risível e assustador o fato de que o garoto que queria tanto conhecer e estava apaixonado estava morto há quase cinco anos.

11 de agosto de 2018, o dia em que ele foi morto pelas mãos do seu próprio pai para proteger seu irmão.

Ele estava naquela situação pelo amor que nunca chegou a sequer conhecer. Mas que por algum motivo, invadiu seus sonhos por todos esses anos, fazendo ele ter uma vida quase dupla.

— Hoje o atrasado aqui é você! — Changbin zombou, já estava sentado embaixo da árvore, mas seu sorriso sumiu ao perceber a expressão do mais velho — O que aconteceu?

— Changbin… posso fazer uma pergunta?

— Sem nem um "oi" antes, mas tudo bem, pode perguntar.

— O que você é exatamente? Mesmo morto você aparece em meus sonhos e eu nunca o conheci… Como?

— Channie… — Changbin pareceu ser pego desprevenido.

— Por favor, só me responda.

— Eu não vou para os seus sonhos, você é quem sempre entra nos meus.

— Mas você está morto!

— Sim eu estou… Mas por algum motivo eu estou aqui, sonhando com a vida perfeita que eu já tive algum dia. — ele puxou sua respiração, como se estivesse se preparando para contar algo — Meu pai sempre foi carinhoso e amável, mas ele mudou drasticamente depois que se divorciou da minha mãe, começou a afogar suas mágoas na bebida, quando ficava muito bêbado, se estressava e descontava em mim e no meu irmão. No dia em que eu morri, tudo se apagou, a dor desapareceu… Eu estava morto e de alguma forma, eu sabia. Como se eu estivesse observando minha vida e meu corpo como um simples espectador. Então, eu acordei aqui, neste mundo em que eu conseguia me lembrar de como a minha vida era maravilhosa. Mas você apareceu aqui, eu não o conhecia, era a única pessoa que eu tinha visto aqui e não fazia ideia de quem era.

— Eu não estou entendendo… Como assim eu que entrei aqui?

— Bang Chan, você me contou que quando era mais novo, sobreviveu a um grave acidente de carro, ficou entre a vida e a morte, depois daquilo, você vivia tendo sonhos com pessoas desconhecidas, não é?

— É normal… Nenhuma tinha se repetido até sonhar com você.

— É só um palpite que eu tenho, mas esse acidente pode ter desencadeado isso, você ficou entre a vida e a morte, talvez tenha ficado sensível, por isso sonhava com pessoas que já estavam mortas. Os meus sonhos eternos são a minha válvula de escape, serve para suprimir toda a mágoa que eu senti no dia em que tudo aconteceu.

— Mas por que eu sempre voltei para cá?

— Talvez seja por eu ter criado um vínculo com você, depois da primeira vez que eu o vi, quis que você voltasse. Apesar de tudo, esse lugar é solitário, as coisas sempre se repetem e quando ficam próximas do ponto em que tudo desabou, se repete mais uma vez, um loop interminável. Mas você conseguiu fazer esses dias serem pelo menos um pouco diferentes, eu queria você aqui e você, mesmo confuso, também queria ficar.

— E quando eu morrer? Ficarei do mesmo jeito?

— Eu não sei, pode ser que sim, mas só se guardar muita mágoa, é bem mais comum coisas como essas acontecerem com quem foi morto injustamente por outra pessoa, guardam muitas mágoas da forma como morreu. — ele suspirou, adotando uma postura que podia ser vista como sensível — Talvez algum dia eu possa ir embora daqui, talvez um dia eu supere e possa seguir em frente, seguir para outra vida.

Changbin sorriu para Bang, pegando sua mão e entrelaçando seus dedos.

— Fique com o medalhão que eu te dei. Talvez seja a chave para nos vermos de novo, quem sabe? Ou então pode ser somente uma memória nossa.

Bang Chan colocou sua mão livre em seu pescoço, pegando o medalhão que o Seo havia dado para si. Agora ele tinha um em seus sonhos e na vida real, por algum motivo isso lhe dava esperanças. Ele tirou o medalhão e o devolveu para Changbin, que o observou perplexo com a ação.

— Eu encontrei o seu no mundo real. Fique com este, senão, como vamos usar isso como ligação sendo que eu estou com os dois?

— Idiota, achei que estava me dando um fora… — o Seo disse enxugando as lágrimas que se formavam em seus olhos.

— Cadê sua pose de emo agora?

Acordou novamente de madrugada. Changbin tinha a péssima mania de o expulsar de forma abrupta quando ficava sem palavras. Tinha sido da mesma forma quando deram seu primeiro beijo.

Bang Chan pegou o medalhão em cima de sua mesa de cabeceira e o observou. Sorriu ao imaginar que um dia aquilo poderia fazê-lo ficar ao lado de Changbin. O colocou em seu pescoço, sem ter a mínima vontade de tirá-lo, e aquilo ficaria com ele até o fim de seus dias.



E aqui estou eu novamente, calma, eu posso explicar!

Bom, aproveitei que a fiz a atualização certinha no perfil e fui reescrever essa obra, que apesar de ser a minha "oneshot" favorita do perfil, tem muita coisa que eu tenho vontade de enfiar a cabeça na lama.

Mas acabou que ficou tão grande que eu acabei tendo que separar em duas partes! A segunda eu estou quase terminando, só falta finalizar e revisar.

Ah, e mais uma coisa, a oneshot original foi dada de presente para minha anjinha, porém, aquele user marcado é da conta antiga, então vou marcar a nova!

hwanxzs

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