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Capítulo 3

Jeff

Tem gente que diz que o álcool turva a percepção. Não era o meu caso. Na verdade, o álcool era uma grande desculpa para eu passar despercebido como um bêbado qualquer.

E tentar passar despercebido como um bêbado qualquer era uma ótima desculpa para beber.

Eu estava naquele banco de bar e era o terceiro estabelecimento desde que deixei minha filha na casa da minha mãe há dois dias, após ter feito isso repetidas vezes nas últimas semanas. Eu estava com a roupa suja e rasgada porque nesse meio tempo consegui me engalfinhar em brigas com no mínimo três caras diferentes, e tirei breves cochilos em algum beco como indigente.

Os nós dos meus dedos estavam esfolados, havia cortes no meu lábio em meu supercílio e escoriações nos meus cotovelos e joelhos. Minha roupa cheirava a esgoto porque numa das brigas, uma rasteira me jogou no meio-fio e me encharquei naquele lodo fedorento.

Por que eu estava fazendo isso? Longa história. Por enquanto basta saberem que eu ainda não podia voltar para casa.

Estavam tentando descobrir onde ela estava escondida. Estavam atrás da minha Larinha. Eu não podia vacilar, precisava ficar atento e me afastar só quando percebesse estar fora de vigilância. Precisava saber o que andavam tramando antes que me pegassem.

Não podiam chegar até Larah, não até que eu resolvesse a merda de confusão na qual havia me metido.

Os que estavam atrás de mim não eram boas pessoas. Não havia polícia ou qualquer autoridade envolvida no suposto "sequestro" que cometi porque não era interessante para ninguém que a real história viesse à tona. Os outros suspeitos, eu meio que consegui neutralizar na porrada, mas restava um, e esse era diferente dos outros.

Era fácil observar as pessoas num bar. Era fácil saber quando alguém estava ali para beber, para arrumar confusão ou para procurar companhia. Mas havia um homem em específico que ficava num canto escuro, só bebia Coca-Cola e nunca levantava a cabeça. Eu não conseguia ver o rosto que, assim como eu, ele mantinha oculto por baixo do capuz, mas eu havia decorado sua postura, a forma como os músculos dos braços se flexionavam quando ele os cruzava sobre o tampo da mesa, sua coluna meio curvada como quem tentava parecer menor.

Era algo que ele não conseguiria nem que sua vida dependesse disso. Ele era enorme, até para mim, que não me considerava baixo. Eu tinha quase um metro e oitenta, mas esse cara devia ter bem mais que isso. E era forte, mais do que eu, apesar de eu sempre ter buscado manter a forma.

Não sabia por que estava especulando tanto sobre a aparência do cara.

Bom, esse era o meu trabalho, certo? Merda! O álcool estava me causando problemas. Precisava parar de fingir que isso não estava fodendo com o meu cérebro a cada gole.

Certo, eu tinha problemas com o álcool. Nem sempre foi assim, embora eu tivesse um fraco pelos destilados. A coisa degringolou quando a Larah nasceu. Hannah vivia drogada, não cuidava da menina e eu, maduro do caralho que era, ao invés de ser a porra do sóbrio, me afoguei no bourbon. Numa ocorrência policial num ponto de tráfico, um deslize resultou nas mortes de dois policiais e um bandido. Não que quisesse me eximir da responsabilidade, mas naquele caso eu teoricamente não tive culpa porque estava na viatura quando deu merda.

Era o que eu repetia para mim mesmo, dia após dia, ainda que não fosse verdade. Infelizmente, eu estava na viatura porque havia bebido. Era uma emboscada, escapei por sorte ou azar, dependendo do ponto de vista, mas fui interrogado e, claramente, examinado.

Fim da linha para mim.

Depois disso, vivi de bicos. Eu era foda como investigador, tanto que sabia qual era a desse cara sentado no canto do bar fingindo ser invisível enquanto ocupava metade do lugar.

Imbecil.

Gente como esse sujeito era uma vergonha para a profissão. Ok, talvez eu estivesse sendo injusto. Nem todo alvo era como eu, então o sujeito merecia um desconto. Um detetive que precisava investigar outro detetive era estranho e raro de se ver.

Coisa da Hannah, com certeza. Ela precisava, antes de saber onde a Larah estava escondida, encontrar alguma merda sem precedentes na minha vida que pudesse usar como vantagem. Sem uma vantagem, ela ia para a cadeia e sabia disso.

Ela havia feito uma cagada gigantesca, e eu só não botava eu mesmo ela atrás das grades porque não queria que minha filha tivesse uma mãe presidiária. Hannah poderia aceitar a derrota e me entregar a guarda da Larah, mas era filha da puta demais para isso. Ela ia roer esse osso até quebrar, ou até quebrar os dentes.

Eu queria mesmo que aquela vadia quebrasse os dentes.

Sim, eu estava falando da minha ex-mulher, mãe da minha filha, mas se soubessem o que rolava naquelas malditas quatro paredes, me dariam um troféu de Corno-Fodido-Passivo do ano.

Pensava na ironia da minha vida de merda e nos outros troféus que eu poderia ter conquistado na minha existência sem significância quando o sujeito alto resolveu sair do lugar. Vi-o se aproximando de onde eu estava, pois, fatalmente, ele teria que passar atrás de mim para chegar à porta de saída.

Eu precisava ver direito esse rosto. Precisava saber como ele era para me resguardar. Ele vinha de cabeça abaixada, oculto pelo capuz, então fiz minha jogada. Fiquei de pé e o desloquei.

O esbarrão fez doer meu ombro machucado. Por pouco, não tive que me segurar nele, e ele pareceu consternado. Senti seu cheiro, parecia um perfume, mas era misturado com outra coisa. Não sei por que o cheiro me surpreendeu. Pedi desculpas, ele respondeu com uma voz grave e acanhada. Mirei seu rosto e consegui finalmente vê-lo, a pele clara, alguns fios do cabelo liso e preto caíam na testa, uma barba rala escurecia o maxilar cinzelado e os olhos me impressionaram; profundos, escuros como o breu.

Eu conhecia esse rosto. Senti uma coisa. Não sabia o que era, também não me importei. Achei que fosse um frenesi por ter enfim descoberto quem era o sujeito.

Devia ser isso.

Só podia ser isso.

Ele saiu pelas portas, eu aproveitei que estaria fora do radar por um tempo, e me levantei. Com sorte, chegaria o mais longe que pudesse sem ser abordado ou seguido.

Com sorte, talvez nessa noite eu pudesse dar um beijo na minha filha e tomar um banho. Deus sabia o quanto eu precisava de um.

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