Apaixonada por você...
Brunna parou apenas pra morena pegar algumas roupas, já que o pessoal da mudança pegaria o resto e levaria diretamente para a casa nova.
As duas seguiram para a casa da loira e assim que chegaram lá Ludmilla insistiu em fazer a comida enquanto a loira fosse tomar banho. Assim Brunna o fez.
(...)
Brunna havia vestido apenas um blusão e uma lingerie. Estava em casa, e não havia nada que Ludmilla não tivesse visto. Ela chegou por trás da morena deixando beijos em seu pescoço.
-Brunna: Caramba...
-Ludmilla: Que foi? - perguntou sorrindo.
-Brunna: Além de empresária, modelo, influencer, ainda manda bem na cozinha. Você é real? - perguntou séria.
-Ludmilla: Creio que sim... - respondeu sorrindo e virando o rosto com os arrepios que Brunna estava lhe causando. - Calma, agora não. - disse.
Brunna ficou ali algum tempo, abraçada a morena enquanto via ela cozinhar, tinha a cabeça apoiada em seu ombro e os braços ao redor de sua cintura. Alguns minutos depois seu celular tocou, sobre o balcão.
-Ludmilla: Não estava de feria? - perguntou. Brunna havia tirado 15 dias pra desestressar após o caso da morena.
-Brunna: Até onde eu sei, sim. - Concluiu, soltando o corpo da empresária. - É um número desconhecido...
A loira atendeu e pôs na viva voz, colocando o celular novamente no balcão ao lado do fogão enquanto voltou a abraçar o corpo da morena.
-Brunna: Se continuar gastando meus créditos eu desligo. - disse sorrindo ao pé do ouvido de Ludmilla.
-XXX: Brunna... - soou baixo. E a loira reconheceu a voz.
A advogada soltou o corpo da morena novamente e pegou o celular em mãos. Sentou-se sobre o balcão e ficou em silêncio. Reconhecia aquela voz.
A loira tirou o celular da viva voz e esperou a pessoa falar novamente. Mas não aconteceu...
-Brunna: O que quer, Patrícia? - questionou calma. Viu Ludmilla lhe olhar de lado e mudar a expressão de felicidade que tinha antes. Seu olhar era... indecifrável.
-Patrícia: Conversar e resolver tudo isso. - disse.
-Brunna: Já resolvemos. Na verdade... eu resolvi, lembra? - disse.
-Patrícia: Brunna...
-Brunna: Aceita o "não" e para de sofrer. Se é isso que sente. Foram tantos anos e vem me procurar 4 anos depois e por meio de um caso? - disse sorrindo cômica - Eu sempre tentava amenizar nossas brigas e acabei me arrebentando pra salvar o nosso relacionamento, mesmo com ansiedade e depressão. Mas na primeira oportunidade que você teve, foi embora. Sabe o que pode fazer?
-Patrícia: Diz o que quer... eu faço de tudo pra te ter de volta.
-Brunna: Se finge de morta e some, assim como você fez nos últimos anos e no tempo que passamos juntas. Afinal de acordo com suas palavras éramos apenas uma ilusão. Some. - disse desligou. Rapidamente a advogada bloqueou o número, de chamada e de completamente tudo, mesmos em tê-lo salvo.
(...)
Brunna voltou a abraçar o corpo da morena, mas ela não parecia a mesma pessoa. Estava insegura e com medo. Se sentia um incomodo...
-Brunna: Desculpa, ela esteve sido inconveniente.
-Ludmilla: Você não me deve explicações Brunna. Não temos nada. - respondeu. - É... ainda sente algo por ela? - questionou. - Eu sei que faz muito tempo, mas ela mudou sua vida do averso, significa que ela ainda mexe com você.
-Brunna: Se ela mexesse tanto comigo, era com ela que eu estaria agora. - disse baixinho. - A gente precisa conversar, Lud.
-Ludmilla: É... a gente precisa. - disse.
(...)
As duas almoçaram juntas, e por minutos Brunna elogiou a comida da morena que sorria boba pra ela. Depois se jogaram no sofá e ficaram se olhando por alguns segundos...
-Brunna: Eu gosto do que a gente "tem" ... - disse tímida. - Eu não me entrego a alguém desde que tudo aconteceu. - disse referindo se a Patrícia. - Eu gosto de você e... eu quero continuar o que a gente tem, até sabermos se podemos ter realmente algo mais sério.
-Ludmilla: Eu tambem gosto. E... eu estava insegura por medo de você não sentir o mesmo. - disse - Meus relacionamentos nunca deram muito certo. Eu sempre era traída. E... se formos continuar com isso e existir alguma chance de termos algo, preciso conhecer suas inseguranças.
-Brunna: Eu não sou alguém comum. As vezes eu tenho crises de ansiedade, as vezes eu acordo em um dia horrível e só quero ficar na cama esperando o tempo passar. As vezes eu sou carente demais... - disse enquanto encarava a morena que lhe observava atentamente. - Eu tive a oportunidade de amar, mas nunca fui amada verdadeiramente.
-Ludmilla: Como tudo aconteceu? O que a Patrícia te fez pra te magoar tanto, além de tudo que sei. - Questionou se aninhando mais ao corpo de Brunna. Abraçando-a de lado e deitando a cabeça em seu peito.
-Brunna: A Patrícia é só uma parcela do meu sofrimento. - disse baixo e sentiu as mãos de Ludmilla acariciarem sua barriga por debaixo da blusa.
-Brunna: Eu nasci na California, e vivi parte da minha vida lá. Eu tinha 17 anos e estava no 1 período de direito, eu voltava pra casa a pé, gostava de respirar o ar frio durante a noite. - disse baixinho enquanto Ludmilla ouvia atentamente. - Lembro que nessa noite estava escuro e eu sempre passava em um "corredor" digamos assim... para voltar pra casa. - Seus olhos estavam marejados enquanto falava. - Nessa noite eu passei, só não sabia que alguém me esperava mais na frente. - disse engolindo o choro e sentiu a mão de Ludmilla mudar de posição e acariciar seu pescoço, próximo ao maxilar. - Um homem, alto, vestido de preto. Nada pra ver o rosto e... eu lembro que senti medo, muito medo. Então eu virei e tentei voltar o caminho, mas segundos depois ele segurou meu pulso, e começou a puxar assunto. Eu insistir pra me deixar ir, mas ele sempre começava outra conversa, como se quisesse me manter ali. Até que eu tentei sair a força, e ele apertou meus braços. Eu o ouvir dizer que "gostava das bravinhas". Ele abusou de mim. - disse de uma vez. - Eu tentava gritar, mas nada saia. Eu só conseguia sentir dor, sentir ele me segurando com força enquanto eu chorava... e... eu fiquei ali, pedindo internamente pra morrer ou pra que ele terminasse logo. - disse com uma lagrima escorrendo do seu rosto, Ludmilla rapidamente enxugou e deixou um beijo em sua bochecha. - Ele me deixou lá, igual um cachorro jogado no chão... Eu lembro que voltei pra casa, meu corpo doía, tudo doía. Não contei pra minha mãe, só pra Lari. Passei dias trancada dentro do quarto sentindo nojo de mim mesma, eu me odiava... eu tive crises de ansiedade e depressão. Minha vida virou um inferno, e acabei tendo que contar pra minha mãe, ela me levou em uma psicóloga e começou a cuidar do meu emocional. Não havia mais como denunciar o homem, já havia se passado muitos dias e eu nem conseguia lembrar do seu rosto.
-Ludmilla: Sinto muito, bebê. - disse deixando beijos pelo rosto de Brunna. - Desculpa por tocar na ferida que te machuca. - disse preocupada.
-Brunna: Eu preciso falar, isso tá preso aqui. - disse apontando para a própria cabeça. - E eu não aguento mais guardar.
Ludmilla assentiu para a loira continuar.
-Brunna: Depois de 2 meses de terapia intensa, eu conseguir voltar para a faculdade. Mas agora, a Lari ou a minha mãe me levava. - Respirou fundo. - Foi quando eu conheci a Patrícia, fomos amigas por dois anos, depois começamos a ficar e enfim chegamos na outra tragédia cometida por mim. Ela sabia de tudo que eu tinha, minhas inseguranças, meus medos, minhas crises e... exatamente tudo. Mas, depois de alguns anos namorando, quando estávamos prestes a terminar direito. Ela simplesmente foi embora, deixando apenas uma carta sobre a mesa de centro. Morávamos juntas e tínhamos uma relação apoiada pelas pessoas ao nosso redor, e eu ia pedi-la em casamento. Mas tudo mudou com essa bendita carta... e nela dizia que tudo era uma ilusão, que eu não passava de um erro cometido por ela. Onde minhas inseguranças era muito trabalho a lhe dar, e que ela não poderia me ajudar a curar uma dor da qual ela não havia causado. - Concluiu. - Eu vivi anos da minha vida tentando me enquadrar na realidade. Preferia ficar sozinha, então me mudei de vez para o Brasil. Mas com poucos meses Larissa veio, e facilitou as coisas pra mim, eu tinha mais convivência com ela, por tanto confiava em contar tudo. Não me envolvi com mais ninguém, evitei ao máximo criar afetos emocionais. Até você chegar... - sorriu leve. - Você foi a primeira mulher que eu permitir dormir ao meu lado depois de uma transa... isso foi um avanço enorme pra mim. Eu não conseguia dormir com ninguém por quê tinha medo de acordar e ser abusada, ou se ter crises emocionais no meio da madrugada e assusta-las. Eu confiei e confio em você...
-Ludmilla: Eu fico feliz que confie em mim, porque eu tambem confio em você. E eu quero me permitir viver isso... eu não sei definitivamente minha sexualidade e preciso parar um pouco pra pensar em tudo. Mas eu quero pensar te tendo ao meu lado... me sinto segura. - Sorriu fraco. - E se algum dia acordar de madrugada tendo crises de ansiedade, eu não vou sentir medo. Eu vou te abraçar e cuidar de você, porque eu estou completamente apaixonada por você, Brunna.
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