Assim que entramos dentro da caminhonete para ir para o Parque, eu segurei nas mãos da Ana Lua. Eu estava nervoso, pois havia tomado uma decisão, ainda naquele dia.
Ela como boa observadora, logo reparou. Nalu me mirou com seus olhos miúdos e bonitos, me fazendo ficar ainda mais apreensivo.
— O que foi? — Nalu quis saber, alisando o meu rosto com carinho.
— Eu decidi seguir o seu conselho e procurar ajuda... — eu disse, meio sem jeito.
Em uma década, aquela seria a primeira vez que eu falaria do meu problema. Eu nunca havia tido coragem de procurar a terapia, pois tinha medo de que a psicóloga me dissesse que eu era mesmo culpado pela morte de Pietra.
— Que ótimo, meu amor! — ela disse, pulando no meu pescoço e me dando um beijo. — E saiba que eu também estarei sempre aqui, para te ajudar e te apoiar.
Eu entrelacei nossos dedos e beijei a sua mão. Eu não sabia mais o que falar, pois a verdade era que eu me sentia perdido. A realidade era que tudo ali era muito novo para mim: tanto a ideia de falar do meu maior trauma, quanto também entrar em um relacionamento sério.
Eu costumava ficar com algumas garotas de vez em quando, mas nunca havia me sentido aberto o bastante para namorar. Afinal, isso envolvia ter que me expor mais do que eu era capaz. Mas naquele momento, eu sentia vontade de superar os meus limites, somente para fazer com que o meu romance com a Ana Lua desse certo.
Eu havia evitado ao máximo me envolver e me apaixonar, mas com ela havia sido impossível controlar o meu coração.
— Foi você que me ajudou a tomar essa decisão — eu disse. — De verdade, muito obrigado!
— Tudo o que eu quero é te ver bem, Hugo — ela disse, muito sorridente. — Você é muito importante pra mim!
— Você também é muito importante pra mim — eu disse com sinceridade. — Sempre foi!
— Você sempre cuidou de mim, mesmo com o seu jeito bronco de ser — ela disse, soltando uma risadinha.
— Eu sei que sou um ogro, Nalu — eu disse, de maneira divertida.
— Mas é o meu ogro!
Eu comecei a rir, pois a Nalu tinha o talento de deixar as coisas mais leves. Eu logo voltei a atenção para o volante, pois estávamos parados ali já há algum tempo.
— Agora vamos nos divertir nesse tal Parque! — eu disse, já dando a partida.
— E eu estou muito animada pra fazer tudo isso com o meu namorado! — ela disse, mostrando que não iria mesmo desistir de mim.
— Sabe, Nalu, você se daria bem fazendo Psicologia, pois conversar com você é bastante terapêutico — eu disse com sinceridade, me sentindo descontraído.
— Olha, nunca pensei nisso, mas quem sabe não seja uma opção para mim?
Logo em seguida a conversa morreu um pouco. Eu me concentrei na estrada esburacada à minha frente e a Ana Lua colocou uma música para tocar, enquanto seguíamos para o Parque de Diversões.
Eu não era acostumado a fazer aquele tipo de programa, mas estranhamente me sentia empolgado. Afinal, ver a Ana Lua sorrir estava virando a minha atração favorita.
Assim que chegamos no local, nós não vimos nem sombra da minha irmã e do Ismael, e eu só esperava que a Carolina não aprontasse uma das suas por ali, pois não sei se o meu amigo iria dar conta das tramóias dela.
Resolvi me desligar, pois ambos já eram responsáveis por seus atos, e não seria eu a ficar de babá deles naquela noite.
Decidi que iria me dedicar totalmente a Nalu naquela noite, e nada poderia me atrapalhar; nem mesmo as minhas travas.
— O que quer fazer? — eu perguntei, enquanto andávamos de mãos dadas.
— Eu quero fazer tudo! — ela disse, com os olhos brilhando, como os de uma criança.
Eu ri, pois ela era mesmo uma peça rara. Ana Lua era simplesmente ela mesma, sem medo, ou vergonha, e eu amava esse detalhe sobre ela. Ao lado daquela garota eu sentia que eu simplesmente podia ser melhor, e isso era maravilhoso, pois antes eu nunca havia pensado que houvesse esperanças para mim.
— Precisamos começar por algum lugar, meu bem — eu falei, mas com toda calma do mundo para esperar que ela se decidisse.
— Eu quero ir então no carrinho de batida!
E então lá fomos nós para aquele brinquedo, e durante toda a nossa vez, demos muitas gargalhadas, ao nos vermos encurralados em algum canto da pista, enquanto um monte de gente batia nos nossos carrinhos.
Saímos dali ainda rindo, enquanto de mãos dadas caminhamos e desbravamos vários outros brinquedos. Por fim, também nos aventuramos nas barracas de Tiro ao Alvo e de Pescaria, e ao finalizarmos a noite com um lanche, eu percebi que havia muito tempo que eu não me divertia tanto assim.
Segurei na mão da Ana Lua, enquanto ela comia uma maçã do amor. Eu não conseguia afastar os meus olhos dela, percebendo que eu estava mais do que apaixonado por aquela garota. Eu sabia que já a conhecia há muitos anos, e que nunca havia olhado diferente para ela antes, mas naquele instante simples e perdido no mapa da vida, eu percebi que a amava.
Eu sempre achei a Ana Lua uma das meninas mais bonitas que eu já havia conhecido, mas acredito que nunca me dignei a prestar ainda mais atenção nela porque estava fechado para o amor, e também porque ela já estava em um relacionamento.
Mas ali naquela viagem, tudo havia mudado, e não havia mais como negar ou fugir disso. Resolvi enfrentar os meus medos e traumas, para fazer o certo. Eu sabia que a Ana Lua queria namorar sério comigo, e apesar de eu não ser experiente nesse assunto, eu queria que ela fosse a minha primeira namorada, de verdade.
Eu abri a boca para falar com ela algo sobre o assunto, quando o tempo fechou sobre nós. Eu podia esperar tudo para aquele dia, menos o que realmente veio a acontecer.
— Não acredito que você terminou comigo, só para ficar com esse cara!
Antes mesmo de eu me virar, eu já sabia que se tratava do Camilo. Mas o que ele estava fazendo ali, era o que me intrigava.
— O que tá fazendo aqui? — Ana Lua perguntou, sem desentrelaçar os nossos dedos.
— Eu vim atrás de você, é óbvio! — Camilo gritou, olhando de mim para a Nalu, com indignação. — Você só contou para ela sobre a Cíntia, porque queria tomar o meu lugar, né? — Naquele momento o Camilo se dirigia a mim, e eu me vi muito irritado, me pondo logo de pé.
Eu odiava escândalos, e por causa daquele sujeito, nós éramos o foco da atenção de um monte de desconhecidos.
Tudo o que me faltava era participar de um barraco, que muito bem poderia ser filmado e colocado na internet!
— Eu não vou me dignar a te responder — eu falei, sem o mínimo de paciência. — Você nem devia estar aqui. Você não tem o direito de se aproximar da Nalu, pois foi você quem a traiu com uma das amigas que ela mais tinha apreço!
— Isso mesmo! — Ana Lua disse, envolvendo a minha cintura com os braços. — Você deveria estar com a Cíntia, e não atrás de mim. Eu não te devo satisfação alguma, Camilo!
— Vamos embora, Nalu — eu cochichei para ela, querendo sair logo do meio daquela confusão.
Eu era um cara discreto, e não estava gostando nada de ser a atração desastrosa daquele Parque.
— Aposto que você se fez de vítima e injustiçada, mas devia bem já estar me traindo com esse cara também — falou Camilo. — Nunca gostei dessa amizade, aliás.
— Eu não sou suja como você! — Ana Lua respondeu, já aos prantos. — E eu sei que você só está aqui porque ama me fazer mal e me ver sofrendo, mas isso acabou! Você não pode mais interferir na minha felicidade, pois eu não gosto mais de você! Vai logo ficar com a Cíntia, vai!
— Não se aproxime da Nalu mais, ou então eu quebro a sua cara! — eu ameacei, mesmo não sendo uma pessoa violenta.
— Você pretende fazer o que com ela, hein? — Camilo perguntou em tom de escárnio. — Pretende matar ela afogada, assim como fez com a sua outra amiga?
Naquele momento todos olhavam para mim, e eu me senti instantaneamente mal, como se eu fosse um bandido. De repente, eu já não suportava mais ficar ali nem mais um segundo, pois o Camilo sabia muito bem que me venceria ao mencionar aquele fatídico dia, que eu tanto desejei poder mudar.
Ana Lua percebeu que eu estava prestes a passar mal, e segurou em minhas mãos que, com certeza, estavam muito suadas.
— Nunca mais se aproxime da gente, ou então eu abrirei uma queixa na polícia!— Ana Lua ameaçou ele, com uma expressão de ira na face, que eu nunca tinha visto antes. — Vamos embora, Hugo.
Eu já não tinha certeza se aquele sujeito iria nos deixar em paz, sendo que ele havia dirigido por vários quilômetros somente para infernizar a vida da Ana Lua. Mas em compensação, eu tive a certeza de que não tinha a capacidade de cuidar da Nalu, como ela merecia.
Entrei no carro, e sem conseguir aguentar mais, desabei a chorar. Eu não gostava que ninguém me visse naquele estado, mas eu já não tinha mais controle nenhum sobre os meus sentimentos.
— O que ele disse não é verdade, meu amor! — Ana Lua disse, enquanto afagava os meus cabelos. — Não deixe ele te afetar assim!
Eu fiquei calado por alguns instantes e então depois de um tempo, ergui a minha face, completamente fechado em trevas.
— O Camilo tem razão, pois, no fundo, eu não sou nada melhor do que ele — eu disse, já pronto para dar a partida. — Eu te falei que não queria ser o próximo a te destruir, então é melhor a gente parar por aqui, Nalu...
Ana Lua começou a chorar, enquanto eu fixava os meus olhos na estrada e começava a dirigir. Eu estava meio desestabilizado, mas foquei a minha atenção no trânsito.
— Se você me deixar por causa do idiota do Camilo, aí sim, irá me machucar! — ela disse, com a voz muito plangente.
— Não é por causa dele. É por causa de mim, Ana Lua! — eu falei, sem olhar para ela. — Eu deixei uma pessoa morrer, e vou pagar por isso pelo resto da minha vida!
— Isso não é verdade, Hugo! — ela se exaltou, muito desesperada. — Foi uma tragédia. Você não poderia fazer nada por ela!
— Eu poderia nunca ter convidado ela para aquele passeio, assim como eu nunca deveria ter te beijado!
Ana Lua voltou a chorar, e eu soube que tinha fracassado na minha missão, pois já estava fazendo muito mal para ela. Aquela viagem era para ser boa, e não um desastre total. Ela tinha vindo para melhorar, e não para ser destruída por completo.
— Pare o carro, por favor! — ela pediu, ainda engasgada com as lágrimas.
Eu parei, pois não sabia se a Ana Lua estava passando mal. No entanto, eu não sabia o que fazer. Nalu virou meu rosto para ela, segurando na minha face.
— Eu sei o que você tá fazendo, e eu não vou deixar você fugir mais de ver a verdade — ela falou com muita seriedade. — Eu te amo e não vou desistir de você, Hugo!
Eu fiquei mudo, olhando para ela, completamente sem palavras. Eu queria muito ficar com a Ana Lua, mas tinha muito mais medo de fazer algum mal para ela.
— Você me ama também? — ela quis saber, ainda segurando o meu rosto.
— É claro que eu te amo! — eu disse, sem conseguir mentir. — E eu nunca gostei tanto assim de ninguém.
Ana Lua logo se movimentou e subiu no meu colo, me beijando de maneira indescritivelmente profunda. Eu queria fugir, mas não consegui, pois a desejava mais do que tudo, então devolvi o beijo, com bastante voracidade.
Nos beijamos com sofreguidão por longos instantes, até ela parar, com a testa colada na minha.
— Então nada poderá nos separar, Hugo — ela disse, dando um beijo na minha face.
— Mas...
Ana Lua logo me calou com mais um beijo, bastante intenso por sinal.
— Sem mas, Hugo! — ela ordenou. — Não vamos deixar ninguém nos afetar, por favor.
— Tudo bem — eu disse, mas sem ver já tinha recuado de volta nos meus planos. — Mas vamos continuar indo com calma, tá bem?
— Por que ficar esperando, se a gente se quer? — ela perguntou, enquanto se movimentava no meu colo, afim de me provocar e me deixar ainda mais excitado.
Involuntariamente eu segurei na cintura da Ana Lua, fixando ela no ponto onde o meu corpo clamava pelo dela.
— Sem pressa — eu disse, mesmo desejando fazer o que o meu corpo pedia naquele segundo.
— Não fuja de mim, Hugo! — ela implorou, parecendo muito ansiosa.
— Não tô fugindo! — eu disse, mesmo sabendo que eu ainda recuava, de alguma forma. — Vamos com calma, Ana Lua, por favor!
Eu acariciei o rosto e os cabelos dela, tentando controlar o sentimento implacável que se apoderava do meu corpo e do meu coração, naquele momento.
Eu sabia que se a gente fosse além na nossa relação, eu teria que assumir os riscos de ferir a Ana Lua, ao entrar de verdade em um relacionamento sério com ela, e depois do encontro com o Camilo, eu não estava mais pronto para deixar que todos soubessem que estávamos juntos.
— Vamos embora agora, tá bem? — eu disse. — Amanhã eu trabalho bem cedo.
Ana Lua saiu do meu colo a contragosto. Ela se sentou no banco do carona, com uma expressão muito frustrada na face. Eu involuntariamente sorri, pois ela ficava linda com uma expressão de brava no rosto.
Dei partida no carro e coloquei minha mão sobre a sua perna, enquanto eu dirigia. Ela tentou se manter com raiva de mim, mas logo entrelaçou os dedos nos meus.
— Você tá sendo muito malvado comigo — ela resmungou, ainda um pouco emburrada.
Eu ergui as nossas mãos unidas, e beijei a dela.
— Você vai ver que não tô, não!
— Tudo bem — ela disse por fim, se conformando.
Depois disso, eu dirigi calmamente até a fazenda. Nós descemos da caminhonete de mãos dadas, mas nossa maior surpresa foi entrar no trailer e ver que a porta do quarto estava trancada.
— Acho que a Carol conseguiu mesmo pegar o Mael! — Ana Lua disse, soltando uma risadinha.
— Era só o que me faltava!
— Não vai dar uma de ciumento agora não, né? — ela questionou, mordendo o lábio de maneira provocante. — O bom é que nós podemos dormir abraçadinhos... E dessa vez, eu nem vou ligar se algum incidente acontecer, sabe?
Ana Lua se aproximou e me beijou, mas eu não estava relaxado, pois alguém poderia aparecer a qualquer momento.
— Pode apostar que vai acontecer!
Eu sabia que seria impossível dormir com ela e não ficar animado. Aquela era a verdadeira missão impossível.
— Você me empresta uma camisa sua, para que eu possa dormir?
— Claro! — eu disse, pegando uma blusa limpa para ela.
Ana Lua estava decidida a me levar à loucura mesmo, pois se trocou bem ali, na minha frente, e o meu corpo correspondeu àquela visão maravilhosa logo no primeiro minuto. Eu tentei, mas não consegui não olhar para ela, toda perfeita e seminua, bem na direção das minhas vistas.
— Agora nós podemos dormir! — ela disse, unindo os colchões de solteiro e se deitando ali, para me aguardar.
Eu arranquei a camisa e logo nós estávamos deitados juntos, de conchinha. No entanto, eu sabia que seria impossível dormir sem sonhar com coisas bastante safadas naquela noite. Seria um desafio continuar resistindo aos meus desejos, e eu já não sabia se conseguiria suportar nenhum tipo de provocação mais, pois estava no meu limite.
A Ana Lua queria que eu parasse de refrear as coisas e estando ali e assim, com ela, percebi que seria muito difícil conseguir continuar fugindo do que eu realmente queria. Afinal, ao me deitar naquele colchão com ela, eu só conseguia pensar em como seria arrancar toda a roupa dela, e descobrir como era cada cantinho do seu corpo bonito e muito tentador. E ao sentir a bunda dela encostar em mim de forma tão completa, foi impossível não ficar excitado, quase instantaneamente.
Difícil seria vencer aquela noite, sem fazer logo uma loucura!
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