Capítulo 28
Olá a todos!
Queria desejar-vos um Feliz Natal!!! Que comam muitos bolos, recebam muitas prendas e se divirtam!! Beijinhos :)
Este capítulo ficou tão querido, algo que já estava a faltar. Espero que gostem e boa leitura!
Natália POV
Encosto-me com mais cuidado na poltrona de pele e fecho os olhos a pedido da psicóloga, uma mulher com uma enorme instrução, muito rígida e à volta dos sessenta anos.
Passou quase um mês. Quase um mês desde que a Sociedade foi destruída e todos os assassinos passaram a ser livres. Se me dissessem que um dia seria capaz disto, iria responder com uma gargalhada enorme. No entanto, o nosso plano funcionou.
— Inspire fundo e expire — diz, sentada numa cadeira de escritório ao meu lado, enquanto aponta qualquer coisa num bloco.
Assim que chegámos a Itália, eu e o Pietro despedimo-nos por uns tempos da Maria, que foi viver para a mansão dos Santoro com a mãe, e alugámos um apartamento pequeno perto da casa do Lorenzo, um dos amigos do Pietro.
Se não fosse por tudo o que passei lá, viver naquela mansão seria o meu sonho. Contudo, há feridas que tardam em sarar. E este receio é uma delas.
O prédio da SIAT desabou, os meus pais escaparam vivos, assim como eu e o meu irmão. Então, por que não me sinto segura? O que é que eu vi que não me consigo lembrar?
— Quero que imagine estar novamente naquele edifício — ordena.
Evito deixar cair uma lágrima e fecho os olhos com mais força. Só estou aqui porque o Pietro me obrigou, já que desde aquele dia não fui capaz de o olhar nos olhos como antes, nem mesmo dormir com ele. Por causa disso, tivemos que comprar duas camas de casal, uma para cada um. Além do mais, desde aquela viagem de avião de Bélgica para Itália que não o consegui voltar a beijar. O motivo? Termos aterrado em Itália. Porque foi aí que todas as memórias regressaram e me senti outra vez com medo.
— Descreva-me o que vê.
O que vejo? Uma sala cinzenta e vazia. A sala da SIAT onde encontrei o Pietro e a irmã.
— E o que viu antes de estar nessa sala?
É aqui que as minhas mãos começam a tremer e engulo em seco. Foi naquele momento. Naquele momento em que desabei de joelhos que algo aconteceu.
— O que viu? — Volta a insistir devido à ausência de uma resposta.
— Uma porta. — Hesito. — A porta onde estava o Epifanio mais dois seguranças.
— E depois?
— Uma explosão. Ou teria sido um tiro? Algo me deixou assustada. — É a terceira vez que tentamos esta sessão, porém nunca me lembro do que acontece a seguir.
— Natália, — diz com um tom grosso — se não se esforçar, nunca sairemos daqui.
— Eu... eu não consigo. — Abro por fim os olhos. — Não me lembro do que acontece a seguir.
— Alguém lhe deu um tiro? Ele morreu?
— Eu... não sei.
— Com licença, — diz ao levantar-se — tive uma ideia.
Endireito-me na poltrona e aguardo que ela regresse à sala. A janela em frente deixa-me ligeiramente encadeada, portanto fixo-me no quadro em aguarela de uma floresta em tons cinzentos e rosados.
A verdade é que estas consultas me têm feito muito bem. Além de ter começado há poucos dias a conseguir falar normalmente com o Pietro, mesmo que com alguma distância e nunca contato físico, também passei a aceitar o destino dos meus avós, já que, por terem ajudado a Sociedade a ser criada, se puserem a eles mesmos numa condição de risco. Honestamente, nem os consigo odiar. Criaram algo que odeio, mas sei que acreditavam que iria ajudar a tornar o Mundo melhor. Se não fosse por este motivo, jamais teriam tido a ideia de criar uma Sociedade de Assassinos.
— Voltei — diz ao entrar na porta por trás de mim, e vejo o Pietro com ela. — Esta é a única forma de a conseguir meter a falar.
— Não vale a pena — digo virada para a janela para evitar contato visual com ele.
— Natália. — A voz dele é doce, porém magoada.
— Não vai resultar — repito e tento controlar o choro.
— Se precisar de alguma coisa, — diz a psicóloga — não hesite em chamar. — Depois de dizer isto sai da sala e deixa-nos os dois sozinhos.
Viro o rosto para a direção oposta à dele, a parede bege, e oiço-o sentar-se na cadeira de escritório.
— Não percebes que não há nada a fazer por mim? — digo e fungo de forma rápida ao evitar um soluço de choro.
— Há sim.
Mantenho-me virada para a parede.
— Natália, nós vamos conseguir ultrapassar isto. Sei que custou imenso para ti, mas acredita que também para mim foi difícil. — Na última semana ele só me tem dito isto. — Tu estás magoada, assustada. E acredita que a coisa mais importante para mim neste momento é proteger-te.
— Obrigada por me tentares ajudar, Pietro.
— O meu próprio pai fez-me aquilo... Esquece, o Epifanio. — Ri-se nervosamente. — Já nem me lembrava que ele nem é o meu pai.
— Como sabes que não estava a mentir? — digo, virando-me lentamente para ele.
— Pude ver nos olhos dele o rancor com que disse isso.
Os nossos olhares cruzam-se por longos segundos, e começo a encontrar aquilo que senti quando o vi vivo com a irmã.
— As coisas que passei, Pietro, é tão difícil de ultrapassar. — Ao dizer isto da forma que digo, percebo que esta pequena conversa com o Pietro está a mostrar-se mais eficaz que todas as consultas com a psicóloga. — Só quero que tudo volte ao normal, que volte a estar com os meus avós, tios e primos em Espanha em todas as celebrações de família.
— Ainda tens os teus pais, irmão, tios e primos.
— Mas não é igual — protesto.
— Tens-me a mim.
O meu coração quase para. Olho para ele por longos instantes. Não respiro.
Ele tem razão. Com todas estas más memórias, estou a desprezar algo que me importo. Alguém que merece o meu carinho. Alguém que, mesmo com o que aconteceu e com a minha forma de lidar com isso, nunca me abandonou. Mas, então... por que tenho medo? Porquê que os pesadelos me perseguem à noite? A não ser que...
— Ele está vivo. — Os olhos dele abrem-se após a minha revelação. — Pietro, é isso; ele está vivo.
Isso explica os meus receios. Explica porque não me consegui entregar ao Pietro no mês após a destruição da SIAT. A minha mente estava a tentar avisar-me de algo. Algo que eu negava-me a ouvir. Algo que agora faz sentido.
— Mas... tu viste-o ser imobilizado por assassinos que apoiavam os teus pais.
— Mas não o mataram. Ele está vivo. — Volto a repetir.
— Não pode ser, Natália.
— Eu... eu não tenho a certeza. Mas dizer-te isso fez com que me sentisse mais leve. — Os olhos castanhos e escuros dele abrem-se em descrença. — Acho que estou curada.
— Assim, do nada?
— Sim, pelo menos relativamente a esse assunto. A dor de perder os meus avós, essa não se cura assim tão rápido.
— Tens noção que, se isso for verdade, temos um problema ainda maior?
— Pietro, ele não sabe onde estamos. Além do mais, os vinte seguranças privados que insisti em contratar para a mansão Santoro saberão cumprir os seus trabalhos. — Sorrio ao pensar nisso. — Já posso ir embora deste sítio deprimente?
— Que forma peculiar de lidar com essa notícia. — Ele mantém-se cético e estático. — Mas se queres ir, vamos. Só que convém vires pelo menos mais um mês às sessões.
— Sim, não há problema — digo já a levantar-me, e vamos até à receção.
Quando a psicóloga nos vê a sair, exclama em descrença ao ver-me a dar a mão ao Pietro:
— Só podem estar a brincar comigo!
Sorrio como resposta e saio com o Pietro para o carro.
— Isto não pode estar a acontecer — diz ele ao ajeitar os óculos no lugar do condutor, ainda pasmado.
— Pietro, finalmente me sinto protegida. Descobri aquilo que me atormentava e partilhei-o contigo. Não posso sentir-me feliz, nem que seja por uns minutos?
— Sim, claro que podes. Mas não deixo de ficar surpreendido.
Quando regressamos a casa, beijo-o no elevador pela primeira vez após um mês. Nem eu mesma sei explicar como posso estar a sentir-me assim. Tão viva, tão leve. Já não sou uma assassina. Não matei ninguém em toda a minha vida. Posso acordar todos os dias ao lado de quem mais amo. Então, porquê continuar a negar esse enorme prazer?
A meio dessa noite, mudo de cama e vou para a dele. Passo-lhe a mão pelos cabelos escuros enquanto ele olha para mim ainda meio adormecido. O Pietro conhece-me tão bem. Se aquela minha primeira missão não tivesse corrido mal, nunca nos viríamos a encontrar.
Adormeço agarrada a ele pela segunda vez desde que nos conhecemos. Obrigada, Pietro, por nunca teres desistido de nós. Sinto-me realmente agradecida por tudo o que fizeste por mim.
Na manhã seguinte, vamos até um café e pedimos chá de camomila, o meu preferido. Lá, ele diz-me o quanto está feliz por voltarmos ao normal. O quanto podemos avançar com as nossas vidas, ignorando tudo o que aconteceu há um mês. E eu, começo a sentir-me como um ser humano normal com responsabilidades normais, como ter que arranjar um emprego e decorar a casa.
Já no apartamento, encontro no espelho o meu primeiro cabelo branco. Agora que a tinta saiu, consigo ver as cores naturais do meu cabelo. Ao contar ao Pietro, ele explica-me que passar por experiências traumáticas pode deixar o cabelo grisalho precocemente. Mas depois, ao sorrir, diz-me que até mesmo de cabelo cor de neve eu continuaria bela.
— Sabes que assim que puder vou voltar a pintá-lo de preto, não sabes? — digo, e ele ri-se dando-me um beijo no ombro e abraçando-me de seguida.
Nessa mesma semana, a Maria recebe na mansão uma carta dos meus pais para mim:
Querida Natália,
Nem a maior carta do Mundo seria suficiente para podermos dizer-te tudo o que sentimos neste momento. De qualquer forma, vamos tentar o nosso melhor.
Já passou quase um mês desde que a SIAT desabou, e desde esse dia que nos tornámos livres. Livres de tomar decisões, livres de escolher um país para viver, livres de enviar cartas aos nossos filhos. Portanto, tomámos uma decisão por nós mesmos, escolhemos um país novo para viver e estamos a enviar esta carta a ti e ao Alexandre.
O vosso pai escolheu a Rússia, mas como é óbvio recusei, pois para frio já nos chega o inverno, e escolhi Paris. Por este andar, já nos podemos considerar franceses! E até fiz questão de escolher uma casa com vista para a Torre Eiffel. Um dos meus sonhos, que antes seria impossível, cumpriu-se agora.
Incluí no verso desta folha a nossa morada. Portanto, espero bem que nos visitem! He-he.
Além da nossa morada, incluí também a localização do local onde os vossos avós foram enterrados. É o mesmo cemitério que o avô Danilo.
Estamos bastante tristes com esta situação, porém não podemos negar-nos a continuar a viver as nossas vidas.
Esperemos que consigas ultrapassar tudo o que aconteceu rapidamente, minha querida. Os teus pais amam-te muito e querem o melhor para ti.
Um enorme beijinho para o Pietro e para a irmã. Para ti, o maior beijo do Mundo.
Alexandra e Juan Rendhal
Um enorme sorriso abre-se no meu rosto. De seguida, mostro a carta ao Pietro e proponho-lhe irmos colocar flores na campa dos meus avós, e ele concorda.
Depois de dois dias a organizar as malas, pegamos um voo para Barcelona e passamos a noite num hotel caríssimo que o Pietro insistiu ser o melhor da cidade.
Ao entrar nesse hotel, a decoração extravagantemente luxuosa, talvez até um pouco exagerada, deixa-me de queixo caído.
— Espera até veres os quartos — diz o Pietro ao pegar na minha mão para me fazer avançar.
Enquanto ele faz o check-in, aproveito para olhar para a minha figura no espelho por trás da recepcionista. O vestido verde-escuro que trago foi oferecido por ele esta manhã. "Para a minha rainha", disse. "Verde, a cor da esperança." Ele não sabe, mas adoro verde. E, a partir de hoje, tornou-se a minha cor preferida.
Já depois de termos colocado as malas no quarto, descemos para a piscina interior, onde não está ninguém para além de nós.
— Já é quase meia-noite — diz colocar ao colocar a t-shirt num dos bancos. — Não acredito que estamos a fazer isto.
As paredes são de um azul turquesa com decorações em dourado e muitos ornamentos de flores metálicas. Quanto à água, é morna e muito limpa. É como um paraíso. Os únicos sons que nos acompanham são as turbinas de água e um som instrumental de piano.
— Podemos ficar aqui para sempre? — pergunto ao entrar de água, e o Pietro segue-me. De seguida, ficamos os dois sentados lado a lado na zona menos profunda.
— Se assim o quiseres. — Ele ajeita-se para ficar mais confortável. — Tens tido notícias do teu irmão?
— Ainda estou à espera da carta dele; mas acredito que esteja tudo bem. Ele sabe o que faz.
— Ainda ontem liguei à Maria. Ela disse-me que a mãe tem vindo aos poucos a recuperar.
— Isso é ótimo — digo ao olhar para o tronco despido dele. — Tens ido ao ginásio?
— Nestes últimos tempos, não. — Ele ri-se e passa a mão molhada pelo cabelo, deixando-o puxado para trás.
Levanto-me e agarro na mão do Pietro para que ele faça o mesmo. De seguida, beijo-o incontrolavelmente. Não sei o que estou a sentir, mas não consigo parar. É um desejo incessante, que me faz querer mais dele.
Ele responde no mesmo ritmo e pega-me ao colo, com as minhas duas pernas de cada lado da cintura dele. Depois, encosta-me com alguma força contra a parede.
As nossas línguas cruzam-se e a única separação entre as nossas peles é o meu fato de banho e os calções dele. Quase de seguida, ele coloca-me novamente na água e vai até ao banco onde deixámos a roupa.
— Vamos para o quarto — diz já vestido, e eu sigo-o.
Sozinhos no elevador, volto a agarrá-lo e a beijá-lo de forma intensa. Neste momento, quero o Pietro. Quero cada pedaço do corpo dele.
A espera até ao quarto é demorada, porém mal chegamos ele tira a chave do bolso e abre-a, dando-me de seguida passagem ao aproveitar para passar a mão na minha coxa. Mal a fecha, tira a t-shirt e coloca-se sobre mim, beijando-me insistentemente o pescoço, o que me deixa com ainda mais desejo.
Sem eu estar à espera, coloca a mão na minha alça e puxa-a para baixo, permitindo que eu tire o vestido e fique novamente em fato de banho. Quando o faço, agarra-se de novo a mim, e as nossas línguas voltam a cruzar-se sem pausas.
Coloco as minhas pernas sobre as costas dele e faço força para que ele fique ainda mais próximo a mim. Com isto, sinto o membro dele por baixo dos calções e uma nova chama ainda mais intensa invade-se.
Quando recupero a atenção, já ele tem a mão sobre o meu peito e tenta puxar o meu fato de banho para baixo, puxando-o até à cintura, e beija-me com urgência o peito à medida que desce.
Brinco com o elástico dos calções dele ao tentar provocá-lo, e ele responde passando a mão na única zona do meu corpo ainda coberta pelo fato de banho, o que me deixa excitada. Sem me conseguir conter, inverto os papéis e fico eu por cima. De forma lenta e provocante, rebolo e faço alguma força sobre o membro dele, deixando-o louco de desejo.
O Pietro sabe que nunca fiz isto antes. É instintivo. Eu quero, ele quer e eu confio nele.
Não dói tanto como estava à espera. Talvez por já estar preparada, ou por confiar realmente no Pietro, ao ponto de o querer tanto como ele me quer a mim.
Após uma dança descoordenada de dois corpos e duas respirações ofegantes, ele cai do meu lado cansado, e eu deito-me sobre o peito dele. Ainda a recuperar, ele diz-me num italiano perfeito que me ama e que, aconteça o que acontecer, irá ficar sempre do meu lado.
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