Capítulo 14
Olá a todos!
Antes de mais, queria dedicar esta capítulo à RainhadoDesastre e agradecer-lhe por ter colocado este livro na sua obra de divulgações e ainda pelos ótimos comentários que tem deixado nesta história!
E lembram-se de ter dito que ainda faltava o ponto de vista de uma quarta personagem? Bem, no próximo capítulo descobrirão quem é. Mas será que conseguem adivinhar desde já?
Continuação de boa leitura!
Pietro POV
Os seguranças deixam-nos entrar assim que vêem o Lorenzo ao meu lado, e um forte odor deixa-me ligeiramente atordoado. Ao entrar, confirmo o que já suspeitava; aquele casino ilegal é controlado pela máfia.
Se do lado de fora uma pessoa comum poderia pensar que este local se trataria de uma garagem velha e abandonada, quem entra percebe que é absolutamente o contrário.
Assim que passamos o portão, a primeira coisa que noto é o enorme candeeiro de cristal no teto e os vários quadros de autores clássicos e contemporâneos italianos, assim como a bela tapeçaria persa na entrada.
Por ser num espaço subterrâneo, a sala principal prolonga-se por muitos metros, tornando-se até difícil para mim perceber o que está no fundo da sala. Sem o ar condicionado, este lugar tornar-se-ia irrespirável devido à mistura de cheiro a cigarro, suor e incenso.
Há dezenas de máquinas de moedas, zonas de apostas, uma banca francesa, uma roleta e um bar onde os vários homens, na sua grande maioria vestidos com fatos formais e calçado de marcas de luxo internacionais, convivem. De acordo com o Lorenzo, a maior parte são pessoas enviadas por milionários de outros países e que fazem as apostas que estes encomendam, porém também há várias pessoas influentes da Europa.
Logo ao entrarmos está a receção, onde o Lorenzo é recebido por uma mulher alta, muito loira, com um batom vermelho escuro e a tatuagem de um dragão no pescoço.
— Benvenuti, em que os posso ajudar? — pergunta em voz baixa e com um sotaque romeno.
— Grazi, mas estamos só de visita — responde o Lorenzo ao indicar-me onde devemos ir. — A não ser que o meu amigo esteja interessado.
— Não, não estou — digo imediatamente.
Quando a mulher sai, pergunto ao Lorenzo:
— Deixa-me adivinhar; acompanhante de luxo?
— Acho que sim — responde-me enquanto avança para tapete vermelho e comprido no centro. — Sempre que estiveres interessado numa podes dirigir-te aqui.
— Não vou estar.
— Mano, a Sabrina nem tem que saber.
— Não é por ela.
— Hum... Vai uma rodada de poker?
— Sim, mas não estou a ver onde se possa jogar.
— É numa sala reservada. Anda. Depois levo-te a conheceres o meu tio.
— O teu tio?
— Ele é o dono do casino. — Para por uns segundos para observar a minha reação. — E muito provavelmente já ouviu falar de ti.
Digo-lhe que estou interessado em conhece-lo, e ele olha fixamente para a porta em que entrámos.
— Mano, quantos anos tem a tua irmã?
— A minha irmã? — pergunto confuso. — Dezasseis, mas por que raio queres saber isso?
— É que acho que ela também veio.
Viro-me para trás e desconfio do que os meus olhos vêem.
— Maria?!
Ela olha para todo o sítio espantada e só muito tempo depois para mim.
— O que fazes aqui? — digo ao aproximar-me, e o Lorenzo segue-me. — Por acaso seguiste-nos?
Uma das mulheres nota a situação e vai chamar alguém, enquanto a minha irmã olha para mim pasmada e sem reação.
— Temos que ir. Desculpa, Lorenzo — digo pegando a mão dela. — Vou meter-te em casa e depois volto.
— Não há problema, meu — responde o Lorenzo por trás de nós.
— Não! — grita a minha irmã ao largar a minha mão. — Pietro, o que é que pensas que estás a fazer?!
— Maria, vamos — murmuro enquanto pego a mão dela com muito mais força e puxo-a para a porta.
— Larga-me!
— Maria... — A minha voz torna-se menos paciente.
Entretanto a mulher regressa com um novo segurança, também ele com um dragão no pescoço e um ar ainda mais ameaçador que os dois da entrada.
— Saiam imediatamente. — A voz dele é alta e grave, o que faz com que alguns homens à nossa volta olhem fixamente para nós por curiosidade mas também medo.
A Maria fica assustada com a forma como ele se aproxima de nós e desata andar em direção à porta.
Cerro os punhos de fúria e vou atrás dela, até que passamos novamente pelos dois seguranças e saímos do casino.
— O pai não vai gostar do que fizeste — grita ela para mim, já cá fora.
— Maria, Maria, nem te atrevas a contar-lhe.
— Não vou contar, mas ele vai saber. Porque ele sabe tudo.
— Não, não vai.
— Mesmo depois de todas as vezes que ele te disse para cortares qualquer relação com a máfia, tu escolhes ignorá-lo.
— Ele não sabe do que fala.
— O pai sabe sempre do que fala.
— Neste caso não.
— Ai! — grita novamente. — És tão teimoso!
— Maria, tu és menor e entraste num casino. E da máfia!
— Mas porque fui atrás de ti!
— Não te obriguei a entrar. Queres que o pai saiba disso?
— Ai, como eu te odeio!
Ao chegarmos ao parque de estacionamento lembro-me de que vim com o Lorenzo e não tenho as chaves do carro dele.
Entretanto as nuvens encheram o céu, e a urbanização em que estamos tornou-se ainda mais cinzenta, pálida e sem vida.
— Como é que vieste? — pergunto-lhe.
— Isso não importa.
— Espero que saibas que temos que voltar a casa! — grito um pouco mais alto que o necessário.
— Esquece isso; a minha boleia já não está disponível.
O celular dela começa a vibrar no bolso, e ela atende-o de seguida.
— É a tua boleia? — pergunto-lhe.
A expressão dela é de receio, o que me deixa a pensar no que possa ser. Passado quase meio minuto, termina a chamada e responde-me:
— É o pai. E ele não está nada satisfeito.
— Aconteceu alguma coisa?
— Ele quer falar contigo, e expliquei-lhe que precisamos de boleia para casa, por isso daqui a uns minutos deve chegar o nosso motorista.
Avançamos até à estrada e esperemos que ele chegue.
— Explicaste-lhe bem o sítio? — pergunto.
— Sim, lembro-me mais ou menos dos sítios que passámos para chegar cá.
Mais uma vez, o meu pai quer falar comigo. Para isso estar a acontecer, algo não está definitivamente bem, o que me deixa preocupado. Apesar de ele ser o meu pai, nunca me diz nada do que se passa, o que só acaba por piorar tudo para o meu lado, porque nunca sei o que esperar.
Pode até ter a ver com a Natália, já que as indicações que ele me deu diziam para a meter afastada dos empregados, porém não achei que fosse justo, pois qualquer pessoa precisa de ter convívio social, e só porque ela foi treinada para matar isso não significa que não tenha as mesmas necessidades pessoais que as restantes pessoas.
— Mano?
— O que foi?
— A tua amiga, ela é simpática?
— É.
— E posso falar com ela?
— Não.
— Ah, como se pudesses mandar no que faço ou deixo de fazer.
— Maria, não podes.
— Deves pensar que mandas em tudo.
Aguento por longos e tortuosos minutos a conversa da minha irmã de que não tenho nenhuma influência nas decisões que escolhe tomar. Por fim, quando já estou quase a sair dali e a ir a pé até uma paragem de autocarros, o nosso motorista chega.
Por mais estranho que pareça, a viagem até casa é calma, pois a Maria compreende que não vale a pena continuar a falar sobre o mesmo assunto e decide ir o caminho todo a cantar a música de uma rádio dedicada a músicas clássicas italianas.
Mi alzo e fuori è ancora luna piena
Esco per toccare la mia terra
È un'altra notte da scordare
Niente che ti fa capire
Questa vita poi che senso ha
Quando chega ao refrão dá-lhe mais ênfase, apesar de não cantar grande coisa, porém ao ouvir aquela letra percebo que talvez se adapte à forma como me estou a sentir.
E va
Il mio pensiero se ne va
Seguendo un volo che già sa
In quale cuore andare e arriverà
E va
È la mia età che se ne va
E quanto amore via con lei
È questa vita che passa e dove andrà
( E vai
O meu pensamento se vai
Seguindo um voo que já sabe
Em qual coração vai e vem
E vai
É a minha idade que se vai
E quanto amor se vai com ela
É esta vida que passa e onde irá)
Já na nossa casa e a caminho do escritório do meu pai, pergunto-me uma última vez sobre qual será o motivo da conversa. Porém, percebo imediatamente assim que vejo quem também lá está.
O nossos olhares cruzam-se por breves instantes, e o meu pai pede-me que me sente na cadeira ao lado dela.
— Está tudo bem? — pergunto-lhe discretamente.
Ela faz que sim, mas é fácil de perceber que está tão assustada como eu, pois esta conversa dificilmente será sobre algo bom.
— Agora que vos tenho aqui aos dois, podemos começar — diz o meu pai. — Vamos diretos ao assunto, algum de vocês revelou a morada da nossa habitação à Sociedade?
— O quê? — dizemos em pouca sintonia.
— Sim, foi o que ouviram.
— Pai! Nós somos famosos, é normal que várias pessoas saibam onde moramos.
— Acredita que não sabem, pois se soubessem teríamos vários jornalistas na nossa porta e isso nunca aconteceu.
— É óbvio que nenhum de nós fez isso — digo.
— E a doutora? — pergunta à Natália com um ar irónico e arrogante.
— Não teria motivos para fazer tal coisa — responde.
O meu pai lança-lhe um olhar de desprezo e fixa-se em mim.
— Ela fala verdade?
— Sim, pai, estou a dizer-lhe. Não foi ela.
— Muito bem, confio em ti, meu filho.
As palavras dele soam-me falsas e cheias de desconsideração.
— No entanto, esta situação acarreta um risco grave. Pois as probabilidades de nos ser enviado um assassinos profissional aumentaram.
Eu e a Natália olhamos um para o outro rápida e urgentemente.
— O número de seguranças privados nesta casa será aumentado para nove de dia e dezoito de noite. — Faz uma longa pausa como se estivesse a pensar em algo. — Esta sessão está terminada.
Levanto-me, e a Natália segue os meus passos. Contudo, antes de sairmos do escritório, ele diz uma última coisa:
— As buscas para encontrar a sua família já começaram.
Ela vira-me imediatamente para ele com um olhar cheio de esperança e alegria.
— No entanto, se souber tão bem como eu como funciona a Sociedade, saberá que assim que souberem que a própria filha falhou uma missão o seu irmão passará a ser filho único, pois de forma alguma irão assumir de que a Natália alguma vez existiu.
A expressão dela perde o sorriso e ganha um traço amargurado e cheio de ódio, enquanto murmura lentamente:
— Vida de assassino não é fácil.
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