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Capítulo 8 - 20 dias de Resistência

Nadine

Uma confusão se instaurou em toda Silter após o baile da noite passada. Gaius Tempest estava de volta, em desgraça. O irmão do Imperador, preso em seus aposentos; algo nunca antes visto na história do Império Arknia. A volta para casa foi um extremo tédio; após finalmente se resolver com Jerian, imaginou todas as conversas incríveis que poderiam ter. Infelizmente, agora com seus planos frustrados, Nadine andava de um lado para o outro em seus aposentos, sem saber o que fazer.

Ela queria dar um apoio a Jerian, seu amigo, mas não sabia como. Lembrou-se de seu primeiro encontro semanas atrás. Os lindos jardins azuis se estendendo até onde ela perdia de vista. O príncipe gostava de flores, gostava de poesia. Talvez ela pudesse compor algo para ele! Animou-se; não poderia ajuda-lo de nenhuma forma, mas poderia deixa-lo feliz com a sua arte!

Por isto, naquele momento, estava trancada em seu quarto no casarão dos Fortuna, onde sua família passava sua estadia junto a outras famílias de consortes Arknianos das famílias mais poderosas do Império — não era estranho que os rumores de sua relação com Jerian haviam se espalhado tão rápido. Ela escrevia como se sua vida dependesse disso.

Nadine gastou sua manhã inteira nisto. Compôs uma poesia sobre a Dama da Noite, a flor de vestido branco que ela e Jerian tanto gostavam. Sim. Isto o ajudaria, ela tinha certeza.

— Menina, abra essa porta! — Sua mãe bateu novamente. Nadine percebeu que ela já estava a chamando há um bom tempo.

— Espere, mãe! — Nadine respondeu de olhos arregalados, observando a bagunça que estava seu quarto.

Papeis amassados, roupas jogadas, seu guarda-roupas aberto revelando seus vestidos expostos à poeira. Mesmo com toda a bagunça, uma fragrância de menta permeava o ar do quarto; o perfume era a última moda entre os jovens Arknianos.

A garota se jogou para fora da cadeira, limpando tudo que podia em um piscar de olhos. A bronca era certa, mas rezava para que sua mãe ainda estivesse de bom humor. Afinal, sua filha foi vista dançando com o Príncipe no baile mais importante da temporada. Nadine voltou para casa como uma heroína dos Fortuna.

Ela não se importava com isto, mas ao menos seus pais pararam de pegar em seu pé.

— Oi, mãe. — Ela atendeu sua mãe com a porta semiaberta.

— O que tanto faz nesse quarto, menina? Saia daí agora! Estão todos procurando o príncipe, você tem que ser a menina a acha-lo.

— Como assim, procurando?

— Você conseguiu dançar com ele, parabéns. — Sua mãe passou o braço para puxá-la para fora do quarto — Você agora está na frente de batalha. Outras garotas estão trabalhando duro para te alcançar, e você vai perder se continuar aqui presa! Vai já para rua!

— Mas mãe...

— Já!

— Eu preciso terminar um—

— Não aceito não como resposta. — Nadine sabia que sua mãe não fazia isso por maldade, então apenas se deixou ser levada para fora do quarto.

Ela queria dizer que havia desistido da ideia de conquistar o coração do príncipe. Não era aquilo que nenhum dos dois queriam. Jerian precisava de alguém para ser seu confidente, uma amizade de verdade. Sua mãe jamais aceitaria essa ideia, então precisava mostrar em ações. Pegou sua poesia e passaria pelos jardins para colher algumas flores.

Tinha certeza que ele amaria.

━◈━◈
Anna

O Castelo de Silter era a joia do Império Arknia. Os campos verdejantes da terra-mãe eram extremamente saudáveis, frutíferos. Ao redor da fortificação, diversos jardins cresciam naturalmente; flores azuis e brancas dominavam o campo multicolorido, o orgulho Arkniano. De onde estava, podia ver montanhas decorando o horizonte, onde o povo das Províncias Nortenhas morava. Lá embaixo, a cidadela de Silter era limpa e organizada, a arquitetura antiga dos casarões lhe dava um ar de história, o símbolo da soberania Arkniana.

Anna sorriu, observando tudo aquilo do alto de uma das torres do castelo. Tudo aquilo era lindo, e o ar limpo de qualquer fumaça refrescava seus pulmões; muito diferente do que sentiu em seus tempos em Enerie, em Magra.

A mulher segurou em um dos dentes do terraço, evitando cair daquela altura considerável. Ela estava ao ar livre, em uma das torres centrais de todo o complexo. Em tempos de guerra, aquele terraço seria usado como um posto de observação; agora ninguém jamais atacaria, então era apenas um local agradável para se ficar sozinha.

No entanto, Anna Monrogue não estava sozinha.

— Ah, Pelos Gêmeos! — Ela mordeu os lábios e apertou sua mão nas pedras que compunham o apoio no terraço.

Flavius Tempest trilhou com a ponta dos dedos a cintura desnuda da mulher. Ele a agarrou, suas unhas a arranhando devagar; com o apoio firme, ele tornou a penetrá-la. Anna gemeu sentindo o príncipe dentro de si.

Durante toda a temporada social, os dois fugiram dos olhos curiosos e encontraram locais diferentes do castelo para desfrutar um do corpo do outro. Mesmo o garoto sendo quase dez anos mais novo que ela, Anna sentia algo por ele que poucos entenderiam.

Aos olhos dos outros, Flavius Tempest era apenas um jovem príncipe despreocupado com as responsabilidades da vida. No entanto, Anna via potencial no garoto.

Não somente isto, como também o garoto fora abençoado com um belo instrumento.

Desde que se tornou de idade, o príncipe ganhou uma fama de arrebatador de corações. Anna era a dama de maior estirpe que o garoto havia conquistado, mas não era a primeira. Aquilo a irritava profundamente.

— Eu vou... eu vou... — Ele gemia tanto quanto ela.

Anna bateu o punho na pedra sem querer; seu corpo suado não a impediu de aumentar ainda mais o ritmo.

Esse príncipe era dela, deixaria isto bem claro.

Ela virou-se para ele o abraçando com um braço, enquanto sua mão delicada arranhava o corpo sensível do rapaz. Ela desceu enquanto o fitava nos olhos com suas íris azul-profundo. Sua mão chegou entre as pernas dele e ela mordeu os lábios em um sorriso, acenando que sim com a cabeça.

— Seria um problema se eu engravidasse, não é? — Ela sussurrou no ouvido dele.

— Eu... não acho que...

— Você quer me marcar para sempre, assim? — Ela mordiscou o lóbulo da orelha dele levemente, juntando seu corpo no dele.

Apressou ainda mais seu ritmo.

— Sim... sim, eu quero! — Ele apertou a cintura dela, levantando o rosto para cima.

Anna sorriu.

— Você me quer, não é? Quer que eu tenha o seu herdeiro—

— Anna! Eu... — Ele a interrompeu desesperado, seu corpo tremendo nos braços dela.

Com um gemido, ele se desfez nos braços dela.

A mulher sorriu, satisfeita com sua vitória.

Anna Monrogue era uma mulher esbelta. Seu corpo era um tanto magro, e a linha de sua clavícula era bem destacada. Seus seios não eram fartos quanto os das outras Arknianas como Danielle ou Nadine — mesmo assim, ela compensava com outras habilidades que as outras não tinham. Anna sabia falar, sabia cuidar, sabia fazer o parceiro se sentir bem, seja ele homem ou mulher. Esta era uma habilidade que ninguém no Império inteiro a vencia; ela tinha certeza disso.

Quando terminaram, ela segurou Flavius quase sem ar em seus braços. Ela riu e o beijou, e o rapaz retornou o beijo de um jeito grogue.

Ela sentou-se em cima das roupas do príncipe jogadas no chão. Mesmo ele sendo maior e mais forte que ela, foi ela que o puxou para o seu colo em um abraço.

Flavius Tempest era dela.

— Parece esmorecido — Ela comentou. Seu olhar perdido no corpo do rapaz em seus braços.

— Claro, depois do que fez com ele, não poderia estar duro ainda.

— Não é disso que estou falando! — Ela riu, cutucando a bochecha dele — Vossa Majestade parece... cansado. Não foi uma noite muito boa, não é?

— Terei um dia cheio pela frente, e... tenho certeza que ouvirei muito sobre Jerian esta noite.

— O príncipe perfeito está aprontando?

— Tio Gaius está preso em seus aposentos, mas Jerian insiste em visita-lo. Deve estar lá nesse exato momento, contra as ordens do meu pai. — Ele cerrou o punho — Ele não sabe como essa situação é delicada! É um idiota!

— Acalme-se, meu bem. — Anna pôs sua mão suave por cima do punho fechado dele. — Não entendo o porquê de não te ouvirem. És assertivo, sábio. Tenho certeza que é muito melhor na espada que seu irmão... também és muito bom na cama.

Ele desviou o olhar, ruborizado. Anna entrelaçou os dedos nos dele, o desarmando da raiva.

— Jerian é inteligente, então o pai o favorece. — Ele virou o olhar para o céu. — Sobra para mim as suas frustrações. Quero convencê-lo de que devíamos exilar o tio, mas o velho imperador é muito cabeça dura. Ele não me ouve. Eles, não me ouvem. — Ele se corrigiu.

— Não precisa ser assim. — Ela levantou a mão, acariciando o rosto dele. O beijou levemente, seus lábios descansando nos dele. — Não tem que ser assim. Meu pai comenta sobre Jerian. Ele diz que o Império Arknia irá sofrer com uma mão tão passiva os guiando.

Flavius arfou novamente. O toque da garota o revitalizando.

— Terei com os Arquiduques esta tarde, junto ao meu pai. — Ele afagou os próprios cabelos, frustrado, resignado — Obrigado por... por estar aqui. Eu não sei se consigo convencer meu irmão idiota ou meu pai, mas pelo menos tenho você aqui. Já é bom para mim.

— Olhe para mim!

— O quê? — Ele arregalou o olho, tímido perante ela.

— Flavius. Você é o melhor príncipe que essa terra poderia ter. — Ela segurou o rosto dele com as duas mãos, fazendo-o focar em seus grandes olhos azuis — Você seria um grande Imperador. Eu tenho fé em você, meu príncipe. Não importa o quanto Jerian quebre as regras, ou seus tios tentem te impedir; não importa nem mesmo o que o Imperador Uther diga, nada disso importa. Vá lá e faça-os te reconhecer! Seja assertivo, e eles verão que você está correto.

— Tem certeza?

— Já me viu estar errada? — Ela respondeu com um sorriso.

━◈━◈
Jerian

Jerian ajeitou suas roupas humildes enquanto caminhava pelo complexo naquela manhã. Usava o mesmo capuz e bolsa marrons que na noite anterior, agora combinados com uma camisa simples, de cor verde e sem renda. Ele sempre optava por esse tipo de vestimenta para passar despercebido. Os Arknianos que cruzavam seu olhar julgavam-no instantaneamente pela simplicidade de seu traje, descartando-o como um consorte menor. O príncipe preferia ser visto assim em momentos em que desejava estar só – seja para estudar, ler ou simplesmente passear pelos jardins de Silter. A ocasião de agora exigia que fosse discreto.

Ele sabia que seu pai, o Imperador, havia proibido sua visita ao tio, que estava em prisão domiciliar. Tinha certeza de que seu velho pai ficaria irado ao saber disso; sabia que Flavius o odiaria por mais uma de suas desobediências. Mas Jerian não se importava. Ele precisava saber, precisava ouvir da boca de seu tio o que realmente acontecera em Magra.

Jerian conhecia Gaius Tempest. Dez anos atrás, o homem havia trabalhado com Cornelius e outros grandes Arknianos do Conselho Imperial para traçar a Constituição do Império. Gaius era justo, honesto e extremamente competente. Como poderia esse mesmo homem, que representava a integridade do passado, agora tomar uma decisão tão drástica a ponto de arriscar a reputação da família e o futuro do Império? Jerian precisava saber.

— Alto! — bradou um guarda, posicionado à frente dos aposentos de Gaius.

O local era alto demais para ser seguro de se sair pela janela, e com um legionário na porta, Gaius estava realmente preso. Um membro da família Tempest, detido... Jerian não sabia o que pensar sobre isso.

— Descanse, soldado. — disse Jerian, revelando sua identidade. Não podia mais entrar escondido; teria que recorrer a outros recursos.

— Príncipe Jerian! — O soldado, que parecia mais jovem que o príncipe e usava a típica armadura de aço cinza e azul tingido da Legião de Arknia. Poucos Arknianos eram legionários. Ele endireitou-se para receber o príncipe com a devida honra. — Sinto muito, Majestade, não o reconheci.

— Não se preocupe com isso. Tenho assuntos a tratar com meu tio. — Jerian respondeu de forma ríspida, rezando aos Gêmeos para que o soldado não insistisse em perguntas.

— Majestade... — a voz do soldado vacilou. — Ordens do Imperador me impedem de—

— Eu sou o Príncipe Herdeiro, soldado. — Jerian interrompeu, dando um passo à frente. — Deixe para mim a responsabilidade de lidar com meu pai. Agora, abra a porta.

— Senhor... sim, senhor. — O soldado hesitou, mas então deu um passo para o lado e, do coldre, retirou a chave dos aposentos da prisão domiciliar de Gaius.

— Está melhor nisto do que eu me lembrava. — Gaius observou de onde estava.

— Tio Gaius! — Jerian reprimiu o impulso de abraçá-lo. — Soldado, feche esta porta. Está dispensado.

Jerian ordenou, e o soldado logo obedeceu. Quando a porta se fechou atrás dele, Jerian voltou seu olhar para o tio. Gaius estava exatamente como o príncipe se recordava: trajando vestes leves, remanescentes da antiga tradição Arkniana – tecidos roxos e brancos que envolviam seu corpo, formando uma toga que cobria seu braço esquerdo. Todos os membros do Conselho Imperial vestiam-se assim, sem a necessidade de armaduras ou roupas que facilitassem o movimento; afinal, eles se situavam acima de todos, jamais entrando em lutas.

Essas vestes caíam perfeitamente no corpo grande e atlético de seu tio. Gaius personificava a nobreza da família, a grandiosidade da Dinastia Tempest, abençoada pelos próprios Gêmeos para governar o mundo. Agora, porém, ele se encontrava preso em seu quarto, aguardando a Corte de Honra.

— Tio Gaius... devo dizer que a ausência de uma carta deste mês foi justificada? — Jerian permaneceu de pé após o abraço, com olhos apreensivos e um sorriso nervoso nos lábios. Ele não se conteve. — Tio, me conte: o que aconteceu em Magra para que o senhor voltasse assim...?

— Aquela província não faz mais parte do Império. — respondeu Gaius, de forma solene.

— Mas não pode ser... — Hesitou Jerian. — O Arquiduque Milanidas se rebelou? Seguiu os passos de seu ancestral? — Ponderou, incrédulo. Afinal, o Arquiduque Milanidas sempre fora um homem bom, um grande guardião na infância de Jerian, e Octavia... Octavia jamais faria algo assim... ou faria?

— Não foi o Arquiduque que se rebelou.

— Então, quem? Dorius? Talvez o Mestre Banqueiro? — insistiu, sem encontrar sentido. — Para expulsarem o senhor com tanta violência, ele não pode estar em pleno juízo. E, além disso, há tempos ele já não se reporta ao—

— Todos eles estão mortos. Acredito que os Milanidas também desapareceram. — Gaius levou a mão ao rosto, desviando o olhar do sobrinho. — Octavia está morta; Tarquinius também não resistirá, não é de seu feitio.

— O quê?... — Jerian mal conseguiu se expressar. Seu corpo, involuntariamente, buscou se acomodar na cama, pois o peso da notícia era demais para suportar em pé.

Octavia Milanidas... morta? Não podia ser. Não...

— Tenho certeza. Ela foi sequestrada, e Tarquinius a procurou por meses. Agora que a rebelião tomou conta da legião dos Otton, não há razão para manter Octavia viva.

Nada fazia sentido para o príncipe.

— Quem... o que aconteceu, tio?

— Foram os humanos, Majestade. — Gaius voltou sua atenção para a janela, como se procurasse respostas no horizonte. — Confiamos demais em nosso direito divino por tempo demais. Negligenciamos a terra morta de Magra por tempo demais. Oprimimos o povo por tempo demais. Tentei formular as leis constitucionais para evitar isso, mas foi tarde... Eu falhei.

Jerian já intuía o que viria a seguir. Ele havia visto seu pai ficar irado apenas uma vez na vida, e agora a ira seria muito maior, como um oceano comparado a uma gota.

Uma grande guerra se aproximava, e Jerian tinha que impedir tamanha aniquilação.

— Ainda há chances para a diplomacia. — Gaius continuou, como se lesse os pensamentos do sobrinho. — Mas, para isso, minha constituição precisa se fazer valer. Não posso ser uma exceção. As leis devem ser cumpridas, e assim poderemos negociar. — Em sua voz pairava uma incerteza, carregada também de uma pesada vergonha.

— O líder desta rebelião... ele estaria disposto a negociar?

— Eu... eu não sei. — Gaius gaguejou, sua incerteza evidente. — O que importa agora é oferecer um gesto de boa fé.

— Vamos enviar uma carta a esse humano. vamos começar os esforços diplomáticos o mais cedo possível. — Jerian levantou-se, apoiando a mão no ombro do tio. Gaius permaneceu impassível, encarando-o.

— Não. Hoje irei à Corte de Honra e serei executado. Este é o caminho. — Gaius colocou a mão no ombro do sobrinho. — Esse é o caminho certo.

— Mas, tio—

— Você continuará meus esforços, Jerian. — Gaius o abraçou firmemente. — Prometa para mim que alcançará a paz. Prometa que não desistirá do caminho da diplomacia. Foi para isso que eu o criei, rapaz.

— Sim, tio... — Jerian deixou seu corpo amolecer no abraço.

— Exatamente. Agora, vá. Sei que não tem permissão para vir aqui.

Jerian se retirou do quarto a mando do tio, sua mente fervilhando com milhões de cenários e incontáveis maneiras de salvar a vida de Gaius e resolver esse problema. Ao passar pela porta, viu o soldado da Legião retornar silenciosamente ao seu posto. Ele havia se retirado daquele andar, e certamente já corriam rumores sobre a visita de Jerian por todo o castelo.

Tudo bem. Enfrentar seu pai era, como sempre, sua especialidade.

Ao menos, era o que ele esperava.

Nos corredores dos mais altos andares do castelo, Jerian parou para contemplar o jardim mais uma vez, antes de descer. Ver as flores azuis lhe dava forças, estranhamente. Ver os cortesões cuidando dos jardins, pessoas caminhando embaixo de guarda-sóis estilizados, homens cavalgando... Silter não tinha tanto movimento, normalmente.

Lá de cima, pôde ver Nadine conversando com um rapaz. Eles pareciam tão próximos. Jerian sorriu. De forma impulsiva acabou dando muita atenção a garota, mas se surpreendeu pelo jeito inocente dela. O Império precisava de mais pessoas como ela. Esperava que tantos rumores não lhe trouxessem tantas dificuldades.

— Príncipe Jerian. — Ao cruzar o corredor para descer ao salão principal, Jerian ouviu uma voz ríspida atrás dele.

Egerius Monrogue, o Arquiduque de Monia, andava devagar apoiado em sua bengala em direção ao príncipe. Seu rosto era duro. O homem trajava uma mistura da mesma toga que seu tio Gaius usava, apenas com as partes debaixo cortadas e amarradas em uma calça, e em cima, o tecido era preso em ombreiras de aço. O homem também andava com botas de um General da legião.

Assim como o Arquiduque de Astinia era também o Patriarca, Egerius era o General da legião de seu reino. Isso o dava uma mão militar muito grande. Jerian estava cansado de suplicar ao seu pai para que algo fosse feito a respeito disso. Não queria repetir outro evento como o dia em que ele tentou tomar o Colégio Imperial de Eterna para si.

— Está surdo, menino?

— Sinto muito, Senhor. — Jerian endireitou o corpo e sorriu. Já havia sido repreendido por ser tão contemplativo antes.

— Pois bem. Apresse-se para o Salão de Conferências.

— Como é? — Jerian olhou de volta para Nadine. O rapaz a acariciava no rosto. O príncipe franziu o cenho antes de voltar o olhar ao Arquiduque. — A reunião acontecerá ao fim da tarde.

— Pois então converse com os mensageiros de seu pai. A reunião acontecerá em trinta minutos; caráter emergencial. — Ele andou devagar, passando pelo príncipe — Compareça. Não se atrase. Sua posição não está forte para que você ceda às impulsividades ridículas.

Jerian virou-se para responde-lo, mas o Arquiduque já estava longe. Ele olhou de volta para Nadine, e depois voltou seu olhar ao fim do corredor.

Uma gota de suor escorreu em sua testa.

━◈━◈
Nadine

Nadine caminhava saltitante através dos jardins. Em seus braços trazia consigo um pergaminho enrolado contendo sua mais nova poesia. Uma homenagem, um elogio ao príncipe, sua casa e a história dos dois, desde o fatídico dia em que saíram a cavalo pelos jardins. Se ela conhecia mesmo seu amigo, aquilo era certo de fazê-lo se sentir melhor. Agora só precisava encontrar uma Dama da Noite.

Os jardins do castelo eram extensos, diversas fileiras de flores iam até perder de vista; todas nas tonalidades de azuis diferentes, simbolizando a graciosidade Arkniana. Nadine se sentia bem ali; de certa forma, sentia-se nostálgica. Não havia dado importância para essa viagem de ultima hora. Ela era uma das muitas famílias Arknianas desimportantes espalhadas pela terra-mãe; uma das muitas que tentaram a sorte na Temporada Social para aumentar a reputação de seu nome.

Ela não queria nada disso. Queria voltar a sua fazenda e escrever, acompanhar a floricultura e o plantio das frutas, aproveitar da natureza que os Gêmeos os abençoaram. Eram uma casta em extinção, claro.

Mesmo odiando a vida na corte e a política, essa viagem não foi de todo ruim. Se não tivesse saído de sua zona de conforto, jamais teria conhecido o príncipe. Jamais teria ganho um amigo tão genuíno.

Sorriu. Havia se inspirado para escrever mais uma poesia.

— Senhorita Fortuna. — Nadine quase trombou com o rapaz que examinava algumas flores, abaixado.

— Oh! Sinto muito. — Nadine se curvou levemente, se desculpando.

Arregalou os olhos ao perceber que se tratava de Thalis Pasquier.

— Vejo que és bastante diferente em sua vida casual. — Ele comentou sorrindo. Levantou-se imponente acima dela. Ele era tão alto, e sua pele tinha um tom caramelo assim como a de Nadine. Talvez fossem da mesma região.

— Eu...

— Não se preocupe, não irei importuná-la aqui. — Ele disse com um sorriso sincero — Eu peço desculpas pelo meu comportamento no baile. Eu sinto muito tê-la feito chorar de tal forma.

Nadine mordeu os lábios de leve, desviando o olhar.

— Está tudo bem, não se preocupe. — Ela disse com um riso nervoso.

— De verdade, se estiver livre, que tal um almoço? Uma confeitaria interessante está aberta para a temporada...

— Eu não posso... — Ela deu meio passo para trás, ciente repentinamente dos materiais em seus braços. — Estou indo ver Jerian. Com licença.

Ela deu um passo a frente, mas Thalis segurou em seu braço e a puxou de leve para si. Em seu rosto um sorriso suave, ele acariciou a bochecha da menina com a ponta dos dedos.

— Por favor, eu insisto. Iremos apenas nós dois, e, acredito que você irá amar os gelatos oferecidos. — Nadine sentiu um arrepio com o toque do rapaz. Seu rosto ruborizado quase a fez esquecer das coisas.

— Deixe-me... pelo menos entregar o que preciso para o príncipe, e então, talvez pudéssemos...

— Jerian está muito bem ocupado. — Uma voz veio de trás deles, acordando Nadine para os seus arredores.

— Majestade. — Thalis fez uma pequena reverência para Flavius Tempest.

Logo atrás dele, Anna apareceu com seu sorriso confiante de sempre. Nadine arqueou as sobrancelhas, vendo como aqueles dois sempre estavam juntos, mesmo após o baile. Sorriu de leve, não deveria se intrometer na vida de sua amiga assim.

— Majestade. — Nadine também fez uma pequena reverência e voltou seu olhar a Flavius — Sabe onde poderei encontrar o Príncipe Jerian? Devo entregar a ele um—

— Eu disse que ele está ocupado. — Ele retornou, sério. Diferente de antes, Flavius não portava o seu sorriso sarcástico usual... algo havia o tirado do sério. — O que quer que tenha para entrega-lo, desista.

— Mas...

— Com licença. — Anna disse, dando passos para ficar entre os dois. Ela segurou as mãos de Nadine e sussurrou em seu ouvido — As coisas não estão muito boas nessa manhã, sinto muito.

— Tá... tá tudo bem.

— Certo, se está tudo bem, então que tal vir à minha mansão hoje a noite. — Ela deu um sorriso faceiro — Nosso baile foi interrompido noite passada, mas não precisamos ficar assim.

Nadine se animou.

— Claro! Iria adorar!

— Venha então, vamos fazer a nossa própria festa. Nada de vir tão arrumada, será apenas para nós, jovens.

Nadine suspirou, tirando um pouco da pressão em seus ombros.

— Certo!

— Agora... — Anna se aproximou ainda mais do ouvido de Nadine, tanto que seu hálito fazia a pele da garota se arrepiar — Não perca essa oportunidade com Thalis. Ele é um bom menino.

Nadine ruborizou.

— Vamos, Anna. — Flavius ordenou, chamando a mulher para o seu lado novamente.

— Tudo bem. Até a noite, Nadine. Thalis. — Ela voltou o olhar para o rapaz que apenas observava a situação. Ele respondeu com um sorriso.

Thalis não perdeu tempo; assim que Anna e o príncipe foram em direção ao castelo, seguindo por entre as flores coloridas do jardim, ele passou seu braço pela cintura dela e a puxou para si. Nadine não sabia o que falar sobre o quão ousado o rapaz era.

Não era uma garota assim. Preferia livros, introspecção — mas, quem sabe Anna tinha razão. Talvez ela não devesse perder a oportunidade. Talvez ela devesse se deixar levar e aproveitar.

E foi o que fez.

━◈━◈
Jerian

O Salão de Conferências era gigantesco. Organizado como uma tribuna, o salão era de certa forma oval, com suas cadeiras niveladas em uma fileira. Em uma ponta, o grande portão de entrada, na outra ponta, o trono do Imperador acima de todas as fileiras. Em seu lado direito, o Chanceler Egerius Monrogue sentava-se em uma cadeira quase tão chamativa quanto a do próprio imperador; sua mesa organizada de forma impecável. À sua esquerda, o Mestre Administrador Cornelius Tempest revia papeis espalhados. Ele estava em um nível abaixo do trono e da cadeira do Chanceler, mas sua posição ainda era a terceira maior de todo o continente Arkniano.

Jerian tomou seu lugar no centro da fileira da direita. Os príncipes sentavam-se de frente um para o outro, cercados de três membros do Conselho em sua direita e esquerda.

Em Arknia, uma reunião emergencial raramente era convocada. Usualmente, os membros do Conselho se reuniriam de três em três anos. Durante toda uma primavera, discutiriam acerca das dificuldades da governança, novos tratos de larga escala e futuras decisões para as suas respectivas províncias.

Não. Dessa vez, por sorte e pelos eventos sociais, a maior parte do conselho estava presente em Silter. Todos os presentes, no entanto, pareciam estar ansiosos.

Jerian encarou cada um deles, observando seu estado e sua linguagem corporal. Gaius ainda não havia vindo e explicado tudo, mas um membro da família real chegar em desgraça e se humilhar diante da corte inteira... não, algo de muito ruim havia acontecido.

Gaius não era um desconhecido para o Conselho. Ele era forte, justo, confiável e inteligente. Foi enviado a Magra como uma punição pelo Arquiduque Monrogue, depois do fiasco em Eterna uma década atrás. Porém, ele não foi em vergonha. Ele sabia a importância de dar mais direito aos humanos, mais justiça. Jerian recebia cartas dele, sabia de sua "guerra" com o Arquiduque Milanidas...

Nada disso importava agora. Octavia estava morta. Os Milanidas não existiam mais.

Jerian levou a mão ao rosto. Octavia fora sua primeira grande paixão. Naquela época era tímido demais para fazer alguma coisa e a deixou passar.

A mulher era incrivel, linda e tinha um ar sobre ela que Jerian não compreendia. Imaginava-se reencontrando com ela em um futuro próximo e a conquistando de verdade; fora de um ambiente de jogos e intrigas.

Isso não seria mais possível. Um humano rebelde destruiu esse sonho. Tinha que saber o que havia acontecido.

Os grandes portões do salão se abriram revelando o Imperador Uther Tempest, o segundo de seu nome. Ele adentrou a passos largos, seu rosto levantado e seus olhos fixados no trono. O imperador trajava o mesmo tipo de túnica que Gaius e os outros membros do Conselho usavam; havendo apenas uma grande diferença. Em seus ombros, uma capa azul estendia-se até o chão — bordados intrincados, dourados, mostravam em ouro a história dos Tempest. Sua conquista, sua consagração. A capa imperial era em si mesma a tapeçaria da glória do Império Arknia. Uther subiu os degraus e sentou-se em seu trono, segurando em sua mão o cetro imperial; um cajado encrustado de joias e uma grande gema azul em sua ponta. O Imperador olhou para cada um dos membros do conselho, e, com um aceno, os soldados se mexeram.

Jerian cerrou o punho de leve... estava preocupado. Não apenas com a saúde de seu pai, um rumor que ambos se esforçaram para esconder, mas também, agora com uma guerra no horizonte... que tipos de decisões o Imperador tomaria para apaziguar, ou matar seus inimigos; Jerian não sabia. Seu pai não era um homem ruim, mas a vida na corte — a vida de Imperador —, o tornou um homem duro. Sempre tiveram problemas, discussões, mas quando a situação parecia sem saída, Uther sempre se voltava para sua família.

Agora, sua família estava ali, lhe dando problemas.

Dois soldados acompanharam Gaius através do mesmo portão em que o imperador havia passado, posicionando-o no centro do salão oval. Sussurros assustados, os conselheiros não estavam preparados para isso. "O que meu tio está pensando...". Gaius Tempest tinha as mãos algemadas, e um rosto de resignação e vergonha.

O Chanceler bateu com seu martelo para começar a sessão.

— Gaius Tempest. Você se julgou indigno e desistiu de seu prestígio na frente de pelo menos uma centena de testemunhas. O que o faz pensar, que, por ser o irmão do Imperador, te faz acima do devido processo legal? Não quis arriscar perder uma vida na Corte de Honra, e então, se rendeu? — A voz de Egerius Monrogue era inquisitiva; ele não parava de falar, e tinha a cadencia perfeita. Era o supremo juiz de Arknia e conquistou a posição com muita astúcia e sagacidade. — Conte para o Conselho o que o fez voltar em desgraça para a terra mãe.

O Imperador não desviou o olhar, não levantou seu cetro e nem fez nenhum movimento. Seu olhar estava focado em Gaius. Furioso. Furioso de tal forma que Jerian nunca o vira antes.

— Eu falhei. — Gaius disse, brevemente.

— Tio...

— Como pode ter falhado em governar uma província falida como aquela? — o Arquiduque Monrogue provocou. — Aquele maldito Milanidas está te dando tanto trabalho assim? Te mandamos para lá para apaziguá-lo.

— A Dinastia Milanidas... foi dizimada.

O conselho irrompeu em uma série de murmúrios. A verdade foi dita. Jerian cerrou o punho com mais força, olhando fixamente para o seu tio. Ele lhe lançou um olhar breve, antes de continuar a falar.

— Durante os últimos anos, nossa guerra econômica chegou a um impasse. O meu plano de forçar uma aliança, apresentado aqui eu adiciono, não deu frutos. Tarquinius Milanidas foi um homem teimoso, mas eu não me isento da responsabilidade — Gaius levantou as mãos algemadas com os punhos fechados em direção ao Imperador — Nossa cultura deveria ter sido mudada, nossas leis, aplicadas. Milanidas tentou manter a sociedade de Magra contra a corrente de mudanças... e por isso, ele foi levado por ela. Todos fomos.

— O que aconteceu, Gaius? — O Imperador falou finalmente.

— Os humanos. Eles pegaram em armas e nos derrotaram. Seu plano de jogar a Inteligência Secreta contra eles saiu pela culatra, Arquiduque Monrogue. — Ele lançou um olhar feroz contra o Chanceler, que também era o líder da Inteligência Secreta. — Os mesmos rebeldes que tentou juntar e massacrar, se voltaram contra nós e nos mataram. Todos os Arknianos, talvez todos os Nobres da Espada também. Magra não pertence mais a nós.

— E por que tanto alvoroço? — Flavius bateu na mesa, Jerian voltou o olhar para o seu irmão, que parecia impaciente — São só humanos. Vamos lá, Tio. Não precisávamos passar por tamanho estresse. Não precisamos nem perder tempo! Vamos mobilizar nossas legiões e vamos acabar com isso logo de uma vez.

Mais uma vez, diversos comentários rugiram pelo salão. Jerian fechou os olhos com a mão acariciando sua têmpora, tinha que pensar, chegar a uma solução para evitar que isso aconteça.

— Com licença, Pai—

— Se referirá a mim como Majestade, Príncipe. — Uther o interrompeu.

— Sinto muito, Majestade. — Ele se corrigiu. — Mas, há de ter um motivo para que o tio Gaius tenha voltado para cá, invés de apenas mobilizar a própria legião de Magra para acabar com a rebelião.

— Sim, príncipe. — Gaius assentiu — As legiões de Magra traíram o Arquiduque. Dorius Otton perdeu sua capacidade de comandar; suas tropas se revoltaram e entregaram sua lealdade para um nobre da Espada rebelde.

— E o que, pela glória dos Gêmeos, a inquisição estava fazendo? — Dessa vez, quem perguntou foi Cornelius. Ele havia terminado de organizar seus papeis e analisava o rosto de seu irmão mais novo, compadecido. — É para isto que temos aquele maldito Padre Ulrich estacionado lá. As pessoas de Magra deveriam ser as mais fervorosas da Velha Fé.

"Pessoas...", Jerian pensou. Ao menos, Tio Cornelius era um apoiador das leis universais.

— Padre Ulrich enlouqueceu. Entregou-se a heresias e teve seu corpo queimado pelos Gêmeos em pessoa. — Tio Gaius disse aquilo da mesma forma solene de sempre, enquanto todos os conselheiros levavam a mão à boca em extrema surpresa.

"O Pilar! O Pilar Brilhante ter desaparecido por uns dias...". Murmúrios corriam soltos pelo salão.

O Arquiduque Monrogue bateu com seu martelo na mesa.

— Então, está testemunhando que os Gêmeos desceram em pessoa a Anizotte?

— Não. Eles... — Gaius voltou seu olhar ao Imperador. — O Profeta Nathan os recebeu em seu corpo. Um novo profeta apareceu, ele consertou a cisma entre a Velha e a Nova Fé em Magra.

— Pela graça dos Gêmeos... — Cornelius parecia incomodado — Isso... não há palavras para descrever. Este "profeta" está em Anizotte? Precisamos encontra-lo. Precisamos—

— Acalmem-se. — O Imperador falou novamente, abaixando os murmúrios — Não há porque temer. Um novo profeta pode ter sido reconhecido por Magra, porém, Magra revoltou-se contra nós. Não há porque reconhecermos.

— Muito sábio, Majestade. — Monrogue comentou.

— Esta confluência de fatos nos atingiu todos de uma vez. — Gaius abaixou a cabeça — Não tenho desculpas a dar. Apenas... peço que considere uma punição digna de tamanha falha.

— Levante-se, Gaius. — O Imperador ordenou.

Estava ali. Uther estava pronto para dar sua sentença. Jerian se empertigou em sua cadeira, pronto para debater qualquer ordem de agressão.

— Você voltará para Magra. Liderará a Legião de Arknia e irá tomar o comando das forças de Magra, uma vez que chegue lá. — Gaius levantou o rosto para seu irmão mais velho. Pálido. — Você irá matar os lideres dessa rebelião em praça pública, e irá realocar os Plebeus em outras cidades através do Império.

— Majestade...

— Você irá destruir Anizotte, pilhar suas riquezas e distribui-las aos conselheiros aqui presentes. E quando voltar, você será saudado com glórias dignas de um Tempest.

— Mas, irmão, senhores, eu vos digo que—

— Esta é a decisão concedida por mim, seu Imperador.

— Não podemos mata-los! Seu líder tem glórias que nenhum outro rebelde jamais teve. Ele seria considerado um mártir, nosso poder ruiria.

— Majestade! — Jerian exclamou. Queria ajudar o tio, precisava — Vamos conversar primeiro, vamos mostrar a eles que a diplomacia Arkniana é melhor do que a barbaridade humana.

Jerian disse cerrando os dentes, ansioso, ao seu redor, no entanto, diversos conselheiros concordaram.

— O líder tem glórias, é?

— Sim. É um recém apontado nobre da Espada. Eu vos digo que, jamais o apontaria se soubesse de suas intenções, mas...

— Mais uma falha. — O Arquiduque pontuou.

— É por conta disto que vos digo, não podemos percorrer o caminho da guerra desta vez. — Gaius insistiu. — Precisamos conhecer nosso inimigo, e eu o conheço bem. Este homem trabalhou bem perto de mim, a meu comando. Ele me traiu, tomando tanto poder para si. Apenas ele merece nossa fúria, não todos os humanos que ele enganou.

— E qual o nome de nosso inimigo?

— Desmond El Brante. — Jerian quase pulou da cadeira. O nome não era conhecido, nenhum conselheiro teve a mesma reação. Jerian, no entanto, lembrava-se bem. — O Profeta Nathan é seu irmão. Os nobres dissidentes prestaram lealdade a ele, e o povo plebeu o adora por sua insistência em trazer o Comandante Otton ao tribunal. Se apenas matássemos ele, não há dúvidas de que o povo inteiro se rebelaria violentamente.

Gaius insistiu, mas, tudo o que recebeu foram olhares indiferentes.

Esta era a estratégia errada, Jerian sabia. os mais progressistas dos conselheiros, não se importariam de matar um humano com tamanho nível de rebeldia contra o Império.

Eles não se importavam em dizimar aquela população. Não com os Milanidas mortos.

A verdade era que Magra estava sem um dono. Se Gaius não tomasse o controle do exercito e fosse combate-los, o primeiro Arkniano vitorioso seria o novo Arquiduque... ou pior. Jerian voltou seu olhar para o Imperador. Ele tinha que levantar a mão. Tinha que tomar o controle. Tinha que—

— Eu irei, pai! — Flavius falou primeiro. — Me mande para a linha de frente, me faça Comandante. Eu acabarei com aqueles rebeldes e tomarei de volta o que roubaram de nós.

— Príncipe, eu não acredito que—

— Calado, Gaius. — Flavius bateu na mesa, interrompendo. — Esta decisão não cabe a você. Pai!

Quase um minuto de silêncio se fez sobre o salão oval. O Imperador voltou seu olhar para Jerian, o analisando friamente.

— Que se faça minha ordem. Flavius irá tomar controle da legião de Arknia, e liderará a repressão contra o herege que se apossou de nosso território. — Ele disse, levantando seu cetro imperial e o apontando a Flavius, que estava com um sorriso enorme em seu rosto. — Enquanto ao seu destino, Gaius, será mandado às províncias nortenhas. Atuará como nosso embaixador.

— Precisamos mostrar aos humanos que as leis são universais, Vossa Majestade! Eles têm que entender—

— Esta é minha decisão final. A sessão está encerrada.

Gaius parou ali, mordendo os lábios com vontade de responder. Não tinha mais o que falar. Jerian cerrou os punhos, respirando pesado.

Eles falharam.

Mas, talvez, Desmond ainda pudesse ver a razão. Uma ideia passou como um raio na mente do príncipe. 

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