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Capítulo 8 - O dia

O dia havia chegado. V não podia conter a ansiedade. O medo também o atormentava pois, ele não tinha certeza do resultado daquela rebelião.

"Se acalme. Tudo vai dar certo." A voz de ME o tranquilizou. "Eu estou aqui com você."

"Obrigado. Mesmo assim, eu não posso deixar de ficar nervoso. É algo histórico." V disse tremendo.

"Realmente." ME sorriu para si mesmo. "Faremos história."

V respirou fundo. Em poucos segundos os barulhos que eles esperavam, quase rompeu o ouvido de todos.

"Aviso. Aviso. A programação de hoje foi anulada. Permaneçam em seus quartos até segunda ordem."

A risada de ME foi ouvida por V, o garoto já entendia que o prazer do outro era brincar com os líderes daquele lugar. Um som de algo sendo bebido, provavelmente cappuccino, foi ouvido antes que a voz de ME soasse:

" Eles estão desesperados. " Sua risada eccou novamente. "Com certeza nunca esperavam algo assim." Ele ria como se estivesse em um show de comédia. "Mas, agora é que a mágica acontece." ME disse isso em um sussurro, como se estivesse bem ali ao lado de V e sussurrasse em seu ouvido. O mais jovem sentiu seu corpo se arrepiar com aquilo.

Todos os espelhos, inclusive o de V, mostraram a comprovação do que todos ali eram. V064 poderia ter olhado um pouco mais a aparência de ME, ele usava um terno, tinha cabelos castanhos e olhos heterocromaticos. Mas, não sorria. V percebeu que ele não parecia feliz.

Porém, esse breve pensamento se foi. Afinal, eles tinham coisas mais urgentes a se preocupar. No comando dos dados dos auxiliares, ME abriu as portas e obviamente, a confusão começou. Afinal, para os funcionários do instituto, as portas deveriam estar trancadas.

"Agora é o momento, o caos irá começar e R e Yvaine irão nos ajudar como podem. Está preparado?"

Por um momento, V sentiu algo estranho, quem eram essas duas pessoas a quem ele se referia? Elas eram mais importantes que V?

"O que foi? Eu sei que é assustador mas, não deixarei nada acontecer com você. Eu prometo." ME tentou acalmá-lo, imaginando a razão de seu silêncio.

"Estou bem. Vamos. Não podemos ficar muito tempo aqui." V exclamou. Em partes, ME estava certo. O medo o consumia. Porém, depois de tudo que ele ouviu, não poderia continuar escondido.

V064 permitiu que ME o guiasse em direção à saída do quarto. Quando saiu, o caos e o desespero era perceptível. Pessoas de branco, os receptáculos, corriam de um lado para o outro, com pedaços de vidro atacando os auxiliares que apresentavam falhas motoras, assim como o plano.

Aproveitando toda a  confusão, ME guiou V em direção a um quarto secreto, onde ficava o painel de controle.

Explosões podiam ser ouvidas por todos os cantos. Uma delas ocorreu bem próxima a V e ele caiu no chão.

"Tudo bem?" ME perguntou preocupado. Consegue se levantar? Estamos cada vez mais longe, logo não terá mais explosões.

"Sim." Ele respondeu, tossindo devido a fumaça e logo se levantou e continuou.

V passou por uma multidão, que o escondia muito bem. Logo os soldados humanos chegariam para conter o estrago. Mas, eles tinham tempo até lá.

V passou pelos corredores vazios e sem cor quase chegando no local que estava repleto de auxiliares, não do tipo comum e sim, como os que levaram N. A raiva se apoderou dele e ele tentou revidar mas, ME o impediu.

"Não se arrisque. Estou aqui para isso." ME o parou, fazendo com que os auxiliares caíssem no chão, apagados.

Mas, mesmo que o principal problema estivesse fora do caminho. Ainda havia alguém para atrapalhar. Um homem alto, com uma arma na mão. Ele possuía um sorriso sinistro e nenhum cabelo. E com certeza, poderia quebrar V ao meio com apenas um apertão.

V ficou paralisado sem saber o que fazer. O pânico tomou conta dele quando o homem se aproximou.

"Ei, gracinha. Então você é um dos responsáveis por isso?" O Homem riu, mostrando os dentes. "Sabe? Você não pode fazer muita coisa com esse corpo magro e frágil. Que tal eu aproveitar um pouco antes de quebrar cada pedacinho seu?"

V tentou correr mas, o homem o puxou pelo braço e o prensou contra a parede. O medo percorreu o corpo de V e a raiva tomou conta de ME, principalmente quando a mão do homem foi em direção às calças de V.

" Não encoste no que é meu." Ele gritou, tomando conta de V por um segundo e empurrando o homem.

O homem surpreso, foi segurado por auxiliares que apertaram os membros dele. Ele gritou de dor, enquanto seus ossos eram triturados.

V ficou paralisado por alguns minutos. Ele ainda não entendia o que havia acontecido mas, a voz de ME lhe tirou do seu transe.

"V, preciso de você. Estamos perto."

Aquelas palavras o fizeram se mover. Ele não poderia paralisar nesse momento.

ME pediu que V fosse até o grande computador. O garoto de cabelos negros, Nunca havia visto algo tão diferente. Estantes enormes com vários cabos e aparelhos tecnológicos que ele não conhecia.

Ele andou até o grande computador. Não havia tela única, ela se estendia por toda a parede, dividida em pequenas repartições.

"Aperte o botão azul." ME pediu. O que não era difícil de se fazer,afinal era o único botão presente na parede. Quando ele foi apertado, um teclado flutuante e azul neon assim como as telas, apareceu.

"Deixe - me tomar o controle por alguns segundos." ME pediu e com a permissão de V, ele conseguiu abrir a proteção que tomava conta do local e também as portas para fora.

Uma explosão ainda maior foi ouvida no mesmo instante e V sabia que ME sorria. "Yvaine está fazendo o seu trabalho." Ele riu.

A menção do nome ainda fez V se sentir estranho mas ignorou o sentimento. Afinal, um grande buraco foi feito na parede e um helicóptero gigante apareceu. Um homem de armadura estava na porta do veiculo e V pensou que a situação havia piorado. Mas, tudo mudou quando ele falou e jogou uma escada para que V subisse.

"Então, você é o menino do ME. Prazer, me chamo R. Suba, não temos muito tempo para sair daqui."

"Pode confiar.." A voz de ME falou para ele e V confiou.

"Você está aqui." uma voz conhecida foi ouvida quando ele chegou no helicóptero e ele se afastou do Instituto.

V não acreditou, N estava ali. Eles se abraçaram, felizes em se rever.

"Você está bem. Eu não acredito." V disse, quase chorando. "E diferente. Gostei do cabelo."

N riu e abraçou o amigo novamente. "Você saiu vivo também. Eu estava preocupada, V." Ela sorriu, agora com a cicatriz tomando conta do lado direito de seu rosto, deixando seu olho um pouco fechado.

"Olhe lá para baixo, V. O passado ficou para trás e o futuro está a nossa frente." N disse com um sorriso de orgulho.

E V olhou. O instituto estava destruído. Com fogo e destroços. Pessoas eram buscadas por mais de 100 helicópteros que circulavam ao redor do local. Realmente, o passado agora ficaria para trás.





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