Capítulo 3 - Conversa
"Isso não é possível." V pensou, conversando mentalmente com o estranho. "Estamos aqui por que então?"
O temor começou a tomar conta dele novamente. Aquilo não fazia sentido. Não era possível. Toda essa vida controlada era por qual razão? Quem ele e os outros moradores daquele local era na verdade?
"Que droga." Ele ouviu a voz dizer. "Não deveria ter sido tão direto. Esse é um problema constante." O homem deu um longo suspiro mas, voltou a falar com V. "Eu sei que é difícil mas, eu preciso que você respire fundo e me escute tudo bem? Assim como da primeira vez."
V064 seguiu o conselho e se preparou para ouvir. Ele não tinha nada a perder a final. Claro que, aquela nova comunicação o assustava. Mas, de alguma forma, parecia ser a mais sincera que ele teve em anos. Sua respiração se acalmou lentamente e ele se sentiu envergonhado por aquilo acontecer novamente.
"Me desculpe." V falou sinceramente, com o rosto corado.
Uma risada foi ouvida, e o dono da voz sorriu. Não tinha como ele não achar aquele garoto fofo. Porém, a conversa deles tinha que continuar.
"Não precisa se desculpar. Eu entendo que processar toda essa informação pode ser difícil."
V sorriu de uma maneira fofa, já mais calmo e perguntou: "E qual o seu nome? Acho que você já sabe o meu."
"Ah sim." O outro respondeu um pouco desconcertado. "Eu sempre me esqueço dessa parte. Bem, você não pode saber meu nome real no momento. Mas, pode me chamar de ME."
"Certo, ME. Estou pronto para ouvir." V respondeu mentalmente. "Confesso que isso me assusta mas, eu preciso saber a verdade. O que é esse lugar?"
A voz reconfortante de ME retornou e finalmente começou a clarear a mente confusa de V: "Esse lugar, não há uma maneira suave de dizer isso. Talvez, eu deva começar a explicar com o mundo real. Pode me dizer o que te contaram até hoje?
" Bem... "V pensou um pouco antes de falar, procurando lembranças em sua mente." Confesso que estou me achando um idiota agora, por nunca ter desconfiado."
De alguma forma, V soube que ME estava sorrindo nesse momento." Não seja bobo, quando somos criados em um sistema, é difícil se desvincular dele. Crianças dependem dos adultos para isso e muitos deles usam esse poder de criação inconscientemente ou não. Nesse caso, foi totalmente intencional."
"Bem... Eu não me lembro da minha infância direito, confesso que isso é estranho e é a primeira vez que tenho esse sentimento. Eu me lembro de uma sala branca mas..." Ele pausou a fala para rir. "Tudo aqui é branco." Outra pausa foi feita para que mais memórias viessem. "Me lembro de no começo, toda semana, éramos examinados por médicos, pessoas mesmo, não os auxiliares ou o espelho. Isso foi quando eu tinha de 6 a 8 anos. Depois disso, o espelho tomou o lugar deles e esse exame é feito apenas duas vezes ao ano.
"hmm. É uma oportunidade que podemos aproveita." A voz de ME foi ouvida em um tom pensativo. " E o que mais? O que lhes disseram sobre estar aqui?"
V se reencostou na cama e continuou a narrar as suas memórias: "Nos disseram que somos os sobreviventes, os mais fortes, e únicos que poderiam sobreviver ao vírus. Afinal, éramos jovens. Os médicos sobreviveram mas, com sequelas. Eles conseguiram pausar o avanço do vírus mas, a população não sobreviveu. Disseram que esse é o local mais seguro para nós e que no futuro, com 22 anos podemos trabalhar ajudando outros jovens."
" Mas que mentira. " MV exclamou irritado. É assim que enganam vocês? Como é fácil se aproveitar de inocentes."
O silêncio reinou por alguns segundos, até Maven continuar. "A verdade não é nada bonita. Talvez você queira esperar."
"Eu não quero." V exclamou. "Eu preciso saber, por favor." Ele disse com um olhar pidão que ME podia ver através do espelho.
"Tudo bem. Se prepare."
"Estou preparado, senhor." V disse confiante e ME riu.
"A beleza sempre foi algo a se considerar para o mundo. Mas, isso foi elevado há um novo patamar onde qualquer deficiência física ou mental, não era algo a ser aceito. Dessa maneira, aqueles considerados. " imperfeitos " eram expulsos para o submundo. O lugar que sim, foi erradicado pelo vírus mas, que hoje, só serve como um lugar de abandono daqueles que o mundo não aceita."
V levou um tempo para processar e tudo agora fez sentido na sua cabeça, ele pensou no texto dos panfletos que via todos os dias, enviando a informações a MV: Uma vida saudável é uma vida feliz."," Um corpo perfeito, é um corpo saudável. ", " Uma mente perspicaz, é uma mente perfeita."," Ser perfeito, é ser feliz. " Ele se lembrava claramente.
" Hmm. Não me surpreende nem um pouco para falar a verdade. "
Nesse momento, uma informação surgiu na mente de V064. Será que a pessoa que ele esqueceu, havia sido enviada para o submundo?
" Você sabe de alguém... Alguém que era minha amiga? Eu não me lembro dela. Será que ela foi levada para esse lugar? " V perguntou com esperança de que seu novo aliado soubesse de algo.
"N065. É ela?" ME perguntou já sabendo a resposta.
"N065..." V sussurrou e quando se lembrou afirmou em um pensamento feliz: "Sim, é ela mesmo. Estou me lembrando do rosto dela."
"Ela está bem. Eu consegui ajuda-lá com a ajuda de alguém. Se não, ela seria descartada. Alguém com imperfeições costuma der substituído."
V agora parecia realmente aliviado e feliz. Ele deu um sorriso porém, mesmo com essa sensação acolhedora, a sua mente estava trabalhando e conectando as peças daquele quebra - cabeça.
" Faz sentido agora o motivo de não podermos nos machucar. ME, você sabe algo sobre T026 e o R052? Está circulando um boato sobre o desaparecimento dos dois."
"Hmm. Eu ouvi algo sobre mas, infelizmente não conseguimos agir antes deles. Ainda estamos buscando pistas."
Nesse momento, V deu um logo bocejo sonolento.
"Acho que está na hora de dormir. Já passou do seu horário de costume." Me disse calmamente.
"Ok. Eu vou dormir." V disse se deitando na cama e se ajeitando sem demora. "Boa noite, ME."
"Boa noite, V. Estarei aqui te protegendo."
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