Capítulo 11 - Submersos
V sentiu uma mistura de medo e emoção ao finalmente conhecer o lado de fora. Não era um local tomado pelo vírus como lhe disseram mas, também não era um local exatamente limpo.
Eles pousaram em uma floresta e todos desceram nos helicópteros, apenas um foi para um lugar que V064 não imaginava qual.
Um Homem estranho foi em direção a V. Ele usava uma armadura preta e dourada e V nunca havia visto nada mais estranho na vida. Ele pode ouvir a risada de ME em sua mente.
"Finalmente conheci o famoso, V." Ele disse estendendo a mão. "Prazer, R. ME e N me falaram muito de você."
V sorriu e apertou a mão dele. "Prazer R. Agora entendi o" famoso" ".
Após os cumprimentos, R incendiou os helicópteros. Os governantes, inimigos da rebelião, não podiam saber onde ficava a sua base. Apenas o Helicóptero de Yvaine continuou sobrevoando os céus mas, ele possuía uma maneira de se proteger e não seria risco para o segredo deles.
O pequeno grupo composto por V, R, N e mais 5 pessoas, seguiram em direção a floresta. V estava imerso em meio às novas sensações. Ele e N tocavam as árvores e ouviam os cantos dos pássaros com admiração.
"É. Não tem um vírus." R riu. "Impedir alguém de ver essa maravilha, é muita filha da putagem." R comentou. "Vamos. Estamos próximos."
Ele os guiou em direção à areia da praia. Agora que V notou que estavam em um ilha. Logo a areia pôde ser vista e ele não resistiu e removeu os sapatos para sentir a sua textura. Ele sorriu ao notar a maciez de onde seus pés tocavam.
R foi cercado por vários homens que o protegiam enquanto ele desenhava um símbolo desconhecido no chão. Logo depois um barulho foi ouvido e um pilar retangular surgiu do chão. Dele uma luz surgiu que escaneou o corpo de R. Desse modo, nenhum farçante poderia entrar no lugar dele.
"Indivíduo reconhecido, R. Permissão concedida." Uma voz robótica surgiu do pilar e logo após, o objeto retornou para a areia e no lugar dele surgiu um compartimento branco. V engoliu em seco, ele não sentia boas sensações com a cor após conviver com ela por tanto tempo.
Eles entraram no compartimento e ele se iluminou de roxo. "Bem vindo, R e amigos. Estamos prontos para ir. Pense nas coordenadas."
E segundos depois, o objeto se moveu, se tornando transparente. V e N se surpreenderam, principalmente quando o compartimento submergiu na água. O submarino era rápido e navegava no fundo do oceano em uma velocidade inimaginável.
Os novatos se aproximaram das paredes para observar melhor. Os peixes passavam por eles e apenas se via o azul do mar. Era uma das coisas mais lindas que haviam visto.
"Maravilhoso, não é? Amo essa criação. Se não fosse por mim, ela nunca teria saído do papel." V pôde ouvir a voz de ME em sua mente. V sorriu, ele sentiu falta da voz do seu amigo.
"Ei, pessoal chegamos. Conheçam a base dos pássaros livres." R comentou.
Quando eles pararam, a estrutura se abriu e se acoplou a outra estrutura que emergiu , este bem maior que o anterior, repleto de equipamentos e estruturas confortáveis. Parecia uma pequena casa. Agora, eles estavam abaixo da terra e não mais da água.
"Sejam bem vindos. Aqui, estamos seguro. Mas, ela se muda a cada semana para dificultar o rastreamento." R comentou.
"Descansem. Teremos um dia cheio hoje. E V..." R chamou o jovem, o surpreendendo. "Acho que você vai gostar da surpresa mais tarde." Ele riu.
V o observou sem entender e foi se sentar em um colchonete com travesseiros, juntamente com N. Tudo ali era simples mas, confortável.
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"Agora, você tem o dever de me contar TUDO, V. Você sabe que eu amo fofocas e quero tudo" pra" agora. " N exigiu, ela era muito curiosa e gostava de saber de tudo o que acontecia.
V riu da atitude a ansiedade dela mas, ele não podia deixar de notar a cicatriz no rosto de N e claro, o cabelo mudado.
" Estou mais curioso para entender o que aconteceu com você." Ele disse de maneira séria.
Não havia mais sinal de queimadura em nenhuma parte esquerda do rosto de N mas, a direita, infelizmente ficou comprometida. A aparência estava mais amena após o tratamento mas, a marca avermelhada que ia da bochecha até o olho direito continuaria ali permanentemente.
N narrou tudo o que ocorreu após o incêndio, desde como ela quase foi descartada até o tratamento de Yvaine.
V observou a amiga com pena e segurou a mão dela durante todo o momento. Mas, N não parecia triste ou com raiva. Claro que a cicatriz a incomodava e tudo havia mudado em sua vida.
"Eu tive outra chance." ela sorriu com um olhar agradecido em direção ao outro lado, onde R estava. "Eu estou viva." Fitou V. "Odeio essa cicatriz e quem a causou mas, o ódio por ela tem diminuído a cada dia. Mas, o por eles estará presente sempre." E essa fala causou um breve semblante de raiva em seu olhar.
"É o que importa. Estamos vivos mas, eu sinto que ainda não acabou." V comentou, dando início à sua história dos últimos acontecimentos.
" Pera aí, um cara fala com você, através da sua mente?"
"É estranho no início mas, depois você se acostuma." V riu.
N se jogou no colchonete e olhou para o teto.
" Eles removeram o meu chip. A doutora Yvaine fez isso. Se eu não tivesse ajuda, meu corpo poderia ser controlado agora. " N disse sentindo um arrepio, aquele pensamento a aterrorizava.
" Como é essa doutora?" V perguntou com curiosidade.
N olhou para ele e deu de ombros mas, sorriu.
" Ela é gentil e inteligente. Me tratou muito bem. Eu gosto dela. Por quê essa cara?" N disse notando a expressão dele.
"Que cara? Esse é o meu rosto." V respondeu, contrariado.
"Parece que não gosta dela."
"Não é nada disso." V desviou o olhar. " ME fala bastante dela, por isso perguntei." Ele respondeu, irritado.
Então, N se levantou e com um sorriso maroto riu dele. "Que fofo, você está com ciúmes dele."
"Fique quieta. Não é nada disso." Ele retrucou.
Mas, N continuou rindo e V desistiu de olhar para ela. Eles foram interrompidos por R que chegou com sacolas cobertas por alguns vegetais e carne boa. Uma raridade de se ver por ali. Ou seja, alguém havia trazido aquela comida.
" Comida da boa. Hora de cozinhar." R gritou para eles e foi em direção a uma mini cozinha
N ficou de pé rapidamente nesse momento.
"R é péssimo em cozinhar. Eu vou lá."
Quando N saiu correndo, alguém se aproximou de V. A pessoa vestia um capuz cinza para se camuflar em meio ao ambiente externo, o submundo.
O som da bengala apertando o chão pôde ser ouvido e V olhou para a pessoa de corpo esguio com o coração acelerado. Quando o capuz cinza foi abaixado, olhos heterocromaticos apareceram juntamente com um sorriso.
"É bom te conhecer pessoalmente, V."
E ao ouvir aquela voz a sua frente e não em sua mente, fez V se levantar e abraça-lo. ME o apertou fortemente, ele era uns 20cm mais alto que V. O corpo dele era magro e esguio, a perna direita parecia tremer levemente.
ME beijou os cabelos de V, os seus próprios cabelos castanhos caindo contra a cabeça do menor.
"Não acredito que você está aqui. Senti a sua falta." V confessou.
"Eu também senti a sua falta, pequeno." ME disse acariciando o rosto dele.
"Eu não te agradeci por tudo o que fez por mim." V deu um sorriso bobo.
"E você fez por mim mais do que você imagina." ME respondeu sorrindo.
Eles se sentaram por alguns momentos e V perguntou se haveria algum novo plano. Enquanto ME falava, ele acabou se aproximando de V. Seus lábios quase se tocaram mas, ME recuou.
"O que foi? Desculpe... Eu pensei..." V desviou o olhar.
"Eu gosto de você V. Eu te amo desde que te vi e conheci através dos monitores." ME confessou.
"Então por que você se afastou?" V perguntou, chateado.
"Por que se eu te tocar, o menor toque que seja, não vou conseguir soltar. Não vou conseguir desistir de você e te ver com outra pessoa. Não vou conseguir te ver com alguém e não comigo."
"Mas, quem te fez pensar que quero alguém além de você?" V confessou.
ME sorriu mas, se manteve firme.
"Não quero te impor nada, V. Eu te salvei, te ajudei. Mas, também era alguém que poderia controlar você. Talvez isso que você sinta, seja apenas gratidão. Pense, um pouco, tudo bem?"
V olhou para ME, contrariado. Ele gostava dele. V sentia algo especial pelo homem e não era apenas gratidão. Saber que ME o amava, fazia seu coração se aquecer. Ele gostaria de ficar mais perto do outro. De se entregar a ele.
" Não me olhe assim, V." ME acariciou o rosto dele novamente, se segurando para não aproximar seus lábios novamente. "Sou um aleijado, V. Você merece alguém melhor."
"Eu não me importo. Para mim, você é o melhor."
Nesse momento eles foram interrompidos por uma moça loira, Yvaine. Ela sorria mas, V realmente não gostou de ser interrompido.
Ela acenou para V e estendeu a mão mecânica em direção à ele.
"Você deve ser V. Prazer, Yvaine. Tenho algo para mostrar para vocês. Tenho certeza que vão gostar."
V deu um sorriso falso e apertou a mão dela. Mesmo que ela tivesse algo importante a mostrar. Ele passou a se irritar mais com a médica por estragar o seu momento importante. Afinal, ele não queria ver nada. Ele queria apenas aproveitar o momento com o seu salvador.
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