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vinte e três | f a m í l i a

— Espera... O quê?

— Loucura, não é? — Tyler sorri sem humor. — Minha mãe, a mulher que eu pensava ter morrido quando eu ainda era só uma criança, está viva.

— Mas... Como?

— Ela forjou sua própria morte. Fez todos acreditarem que ela, de fato, havia morrido. Só não me pergunte o porquê, Elisa. Eu não consigo imaginar o que levaria uma mãe a abandonar três filhos pequenos e se fingir de morta.

Engulo em seco.

— Como você descobriu isso?

— Eu estava em Byron Bay, na Austrália, há mais ou menos um ano e meio atrás, quando esbarrei em uma mulher na rua. Ela me pareceu extremamente familiar. E, de alguma forma, eu pareci ser para ela também. A partir daí, eu fiquei obcecado em encontrá-la, em saber quem ela era. E isso foi bem fácil, para ser sincero. — Tyler sorri torto. — Descobri que seu nome era Emma White, proprietária de um pequeno quiosque à beira mar, solteira e sem filhos. Passei a frequentar seu estabelecimento quase que diariamente, apenas para trocar algumas palavras com ela ou até mesmo só para ficar observando-a.

— Isso pareceu doentio para você, assim como está parecendo para mim?

— Extremamente. — Tyler ri fraco. — Emma não me saía da cabeça e eu não entendia o porquê. Então, eu decidi contratar o melhor detetive de Nova York para investigá-la. Eu queria saber tudo sobre ela, seu passado, sua história, seus segredos. Ela definitivamente parecia ter muitos.

— E o que foi que você descobriu? Não me diga que ela...

— Emma na verdade é Nora Abrams, minha mãe. A mulher que abandonou seu marido e três filhos para viver como nômade, pulando de um lado para outro do mundo. — Tyler desvia seu olhar para a janela. — Parece que finalmente descobri de quem herdei a falta de apego.

— Tyler, eu... — Mordo meu lábio. — Caramba. Eu nem sei o que dizer.

— Não diga nada. — Ele volta seu olhar para mim. — Não precisa.

— Você nunca contou nada disso para os seus irmãos, contou?

— Não. Eles não merecem saber que foram abandonados por uma egoísta aventureira. Para eles, mamãe permanece morta e enterrada no mausoléu da família. — Tyler sorri, amargamente.

— Como você conseguiu guardar esse segredo por tanto tempo?

Tyler dá de ombros.

— O álcool me ajuda bastante. Quando bebo, eu esqueço de tudo isso.

Mordo meu lábio.

Está explicado.

— Você já tentou conversar com sua mãe? — Retomo. — Saber os motivos dela?

— Tentei, por mais de uma vez, inclusive. Mas Nora, Emma, ou seja lá qual nome ela use atualmente, deixou bem claro que não quer conversar e nem ser encontrada novamente.

— Quantos anos você tinha quando ela morreu, ou sumiu, sei lá?

— Quatro.

— E você não se lembrava dela? Quero dizer, você devia ter alguma lembrança da sua mãe. Ou mesmo fotos, algo assim. Não?

— Fotos, não. Nenhuma. Meu pai sumiu com todas em que minha mãe aparecia. E sobre as lembranças, segundo meu psicanalista... Sim, eu tinha um psicanalista. — Tyler ri, vendo meu semblante surpreso, que tento disfarçar, em vão. — O trauma de perder minha mãe foi tão grande para mim, que bloqueei toda e qualquer imagem dela em meu subconsciente.

— Como um bloqueio emocional.

— Que eu nunca consegui quebrar. — Ele brinca com a ponta do travesseiro entre os dedos. — Nunca me esforcei para isso, na verdade. Eu achava mais fácil simplesmente não lembrar.

Consinto, em silêncio.

— Você disse que seu pai tem medo de perder Isabelle assim como perdeu sua mãe. — Reflito. — Você acha que ele sabe?

— Que Nora está viva? Tenho quase certeza que sim. — Tyler suspira. — Acho que esse é o motivo de meu pai prender tanto a Izzy. Elas são muito parecidas. — Ele esboça um sorriso. — As duas têm o mesmo sorriso fácil, a mesma delicadeza, o mesmo olhar doce. São inteligentes, sonhadoras e tagarelas. E pelo visto, também compartilham o desejo de conhecer cada canto desse planeta.

— Então, você acha que seu pai tem medo de ser abandonado por Isabelle da mesma forma com que foi abandonado por sua mãe?

Tyler consente.

— Coitado.

— Nem tanto. Por maior que seja o seu medo ou sua dor, isso não lhe dá o direito de privar Izzy de viver sua vida da forma como ela bem desejar. Ela já sofre bastante pela ausência da "mãe morta", não merece passar por isso. É quase cruel o que ele faz.

— É, você tem razão. — Seguro meus braços. — Mas, se seu pai sabe que Nora, Emma... — Gesticulo — Enfim, que ela está viva, por que continua afirmando sua morte?

— Eu acho que é mais fácil para ele. Menos doloroso, talvez.

— E por que você nunca contou a ele o que sabe?

— Falta de coragem. Eu nunca contei isso para ninguém. — Tyler suspira. — Quer dizer, ninguém, exceto você.

Tyler confiou à mim e somente à mim, seu segredo mais íntimo.

Tenho vontade de sorrir, mas não o faço. A situação não é para sorrisos.

Consinto em silêncio.

— Mas já chega de falar dos desajustes da minha família. Estou começando a ficar melancólico e meu corte está voltando a doer.

Sorrio.

— Certo. Quer conversar sobre o quê, então?

Tyler corre os olhos por toda nossa volta e para na janela.

— Você acha que vai chover?

Dou uma risada.

— Conversa sobre o tempo? Sério?

Tyler dá de ombros.

— Está bem. Com certeza, vai.

— Uma chuva com ou sem raios e trovões?

— Sem. — Arrisco, pouco convicta.

Pouco depois, um raio ilumina todo o céu.

— Ok. Retiro o que disse.

Tyler ri.

— Se você sentir medo, fique à vontade para se ajeitar aqui na cama comigo, ok?

— Obrigada, mas eu passo. Estou muito bem acomodada aqui em minha poltrona reclinável. — Dou dois tapinhas no braço da poltrona.

— Sempre me dispensando. — Tyler ergue uma sobrancelha. — Estou começando a ficar ofendido, Elisa.

— E eu continuo não me importando.

Tyler sorri.

Pego novamente o livro em minhas mãos e retribuo seu sorriso.

Corro os olhos pelas páginas, mas não absorvo uma palavra sequer da leitura. Ainda estou processando todas as revelações de Tyler sobre sua família.

Mãe viva que se finge de morta, pai que sofre pelo abandono da esposa, filha que vive presa dentro de casa.

E Tyler. O primogênito problemático que carrega mais peso sobre os ombros do que é capaz de aguentar.

As famílias nobres possuem mais dramas do que somos capazes de imaginar.

A chuva começa a cair pesadamente do lado de fora, e do lado de dentro, apenas o som da TV ecoa pelas paredes.

O frio e sono começam a me tomar, então me encolho na poltrona e fecho o livro, pousando-o sobre minha barriga.

— Ei, amor. Acho melhor você pegar uma coberta. Está esfriando.

Abro os olhos e encaro Tyler.

— Não me chame assim.

— Assim como?

— Amor.

— E por que não?

— É uma palavra muito forte para ser usada em vão.

Me levanto e vou até o armário, pegar outro cobertor. O olhar de Tyler me acompanha por todo o caminho.

Me ajeito novamente na poltrona, me cubro e fecho os olhos.

— Boa noite, Elisa.

— Boa noite, Tyler.

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