vinte e oito | b a l a d a
— Ainda dá tempo de desistir.
— Você sabe que Ty e Theo nunca nos perdoariam, certo?
— Acho que posso viver com isso. — Dou de ombros.
Dan ri.
Tyler está oficialmente de alta, após um mês do ataque. O que significa que a comemoração será grande.
Semana passada, recebemos o convite para sua festa na Clash, organizada por Theo, onde Alex será o homenageado da noite.
Ou seja, essa festa tem chances mínimas de correr bem.
Mas também, não pode dar tão errado.
Certo?
— Vai ser uma puta festa. Eu não perderia.
— Valeu pelo apoio, Mike. — Ironizo, enfiando a mão em seu pacote de salgadinhos e enchendo a boca com eles.
— Vai ser legal, Lisa. Eu prometo. — Dan afirma. — Além do mais, você não pode faltar, em hipótese alguma. Alex será o homenageado, esqueceu?
Reviro os olhos.
— Ok, ok... Está bem, vocês venceram. Eu vou a essa maldita festa.
Dan e Mike fazem um toque com as mãos.
— Idiotas.
— Acho que podemos viver com isso. — Mike faz um bico, encolhendo os ombros.
Semicerro os olhos e acerto a cabeça de Mike, que está sentado no tapete logo abaixo de nós, com uma almofada.
— Ai! Qual é, Lisa? — Ele reclama, esfregando o local atingido.
— Você sabe que vai com a gente, não é bonitinho?
— Eu vou?
— Não estava dizendo que não perderia essa festa? Pois bem, não perderá.
— Você não acha que já seguro vela suficiente para vocês dois aqui? Agora vou ter que fazer isso em uma festa também?
— Qual é, cara? Nós vamos para uma festa! Lá vai estar cheio de gatinhas. Garanto que você não vai segurar vela.
Mike ri com amargor.
— Eu estou queimado aqui em Manhattan, Dan. Nenhuma garota que zela por sua reputação se atreve a chegar perto de mim.
— Então, o azar é todo delas. Vão perder um partidão. — Dou um tapinha amigo em seu ombro.
Mike sorri, um pouco mais animado.
— Além do mais, preciso de alguém mais queimado do que eu para dividir a atenção nessa festa.
— Ótimo. — Ele enche a boca com salgadinhos. — Seremos o assunto da noite.
— Pelo menos seremos o assunto mais bonito que eles comentarão. — Pisco.
— Nisso eu concordo plenamente. — Dan me beija.
— Ah, por favor... Não me façam vomitar!
— Ih... Está com ciúmes? — Dan brinca, me soltando e pulando em cima de Mike. — Vem cá, quer um beijinho? Eu te dou um beijinho!
— Ah, cai fora, Dan! — Mike o empurra, sem muito sucesso. — Sai daqui, cara! Elisa, tira seu namorado de cima de mim!
— Eu vou é me arrumar. E vocês deveriam fazer o mesmo. Já viram a hora?
Pulo os dois, que continuam travando uma luta no chão, e entro no banheiro.
— Somos homens. Nos arrumamos em minutos. — Dan responde, ofegante. Ao que parece, os dois pararam de rolar pelo chão. — Passo aqui às dez para pegar vocês, ok?
— Ok! — Respondo.
— Fica bem bonitinho, tá?
— Vá se foder, Dan! — Mike responde, em tom de brincadeira. Logo em seguida, ouço a porta ser fechada.
— Vocês são impossíveis! — Dou uma risada.
— A culpa disso é toda sua. — Mike responde, próximo à porta.
— De nada!
— Engraçadinha. — Ouço sua risada do lado de fora.
Tiro minha roupa e entro no chuveiro.
Tomo um banho quente e logo depois, vou para o quarto me arrumar.
Enquanto seco meus cabelos com o secador, Mike entra no banho.
Capricho na maquiagem, enquanto escolho mentalmente uma roupa para vestir.
Não dá muito resultado.
— Eu preciso comprar roupas novas. Urgente!
— Falando sozinha? — Mike aparece na porta, já vestido.
— Uau, que gato! — Fito-o de cima a baixo, boquiaberta. Mike está vestindo uma camiseta branca por baixo da jaqueta jeans, calça preta e tênis da mesma cor.
Ele abre os braços, dando uma piscadinha.
— Obrigado. E por que você ainda está assim? — Ele se refere ao roupão branco que visto.
— Adivinha. — Baixo os ombros.
— Tudo bem. Lá vamos nós de novo.
Ele se senta em minha cama, enquanto me encaminho para o guarda roupas, vasculhando pelos cabides.
— Certo... O que acha desse?
Exibo um vestido azul marinho de corte reto.
— Muito formal.
Jogo-o na poltrona.
— E esse?
— Muito florido.
Poltrona.
— Que tal? — Sorrio, segurando um vestido bege de alcinhas.
— Sem graça.
Reviro os olhos. Mais um para a pilha sobre a poltrona.
— Está bem... Hum, — vasculho mais um pouco — que tal isso?
Seguro a frente de meu corpo uma blusa preta frente única de bico, e saia da mesma cor colada ao corpo, com o comprimento até a metade de minhas coxas.
— Esse está perfeito! —Mike faz um OK com a mão.
— Jura?
— Uhum.
— Ah, graças a Deus! — Respiro aliviada e aplico um beijo em sua bochecha. — Me lembre de nunca ficar zangada com você.
— Lembrarei, com certeza. — Ele se levanta e vai para a sala.
Respiro fundo e dispo meu roupão, vestindo a roupa escolhida por Mike em seguida.
Nos pés, calço sandálias de salto marsala e ajeito meus cabelos com a mão, dando mais volume às ondas que fiz com o babyliss.
Alguns minutos depois, Dan bate à porta.
— E aí, estão prontos?
— Eu estou, faz tempo. — Mike responde.
— E a Elisa?
— Estou aqui. — Dou uma última ajeitada em minha roupa na frente do espelho, antes de ir ao encontro deles.
Dan me fita, paralisado, logo que chego à sala.
— Ei, cara. Olha a baba. — Mike brinca, passando a mão por seu queixo.
— Como estou? — Abro ligeiramente os braços.
— Maravilhosa.
Sorrio.
— Vamos, então?
— Ah, sim... Vamos.
Aceito o braço de Dan e entrego a chave de casa para Mike, que tranca a porta, ao sairmos.
— Ei... Calma aí. — Ele para no meio do caminho. — Onde está seu carro?
— Ali na frente, na garagem.
— Ferrou. Eu não posso ser visto, esqueceu?
— Relaxa. Não tem ninguém em casa. Tyler, Cody e Izzy já estão na Clash e o senhor Abrams saiu para jantar com Victoria.
— Espera aí... O quê? — É a minha vez de parar. — Izzy em uma festa e David jantando com Victoria? O que foi que eu perdi?
— As novidades, ao que parece. — Dan responde, voltando a andar. — A presença de Izzy foi um pedido de Tyler, já o jantar... Eu não sei bem como aconteceu.
— Que incrível! A noite começou bem!
Dan retribui meu sorriso e beija minha mão.
Passo meu braço livre pelos ombros de Mike e juntos, caminhamos até o carro.
Seguimos o trajeto animados, conversando e fazendo mil suposições.
Quem estará na festa, quantos nos olharão torto e quantas garotas cairão aos pés de Mike são algumas delas.
A fachada iluminada por holofotes coloridos avisa que chegamos.
Na porta, postados um a cada ponta, dois seguranças enormes barram a entrada de penetras.
Dan nos leva até a entrada, onde uma bonita garota asiática pergunta por nossos nomes.
— Daniel Ozera, Elisa Hattaway e Mike Baizen.
— Certo... — Ela analisa a lista por alguns segundos. — Daniel e Elisa, ok. Mas não há nenhum Mike Baizen aqui.
— Agora há. — Cody aparece às costas da garota. — Pode liberar a entrada dele.
— Ok. — Ela sorri sem jeito e permite nossa entrada.
— Valeu. — Mike agradece Cody com um pequeno sorriso, que é retribuído com a mesma intensidade.
Troco um breve olhar com Dan, antes de, de fato, entrar na balada.
A decoração impecável e a música animada comandam a festa, regada à muito champanhe e gente bonita.
Garçons por todos os lados evitam que os convidados fiquem de mãos vazias, oferecendo a todo minuto uma nova taça.
— Olha quem chegou! — Tyler cumprimenta Dan com um abraço animado. — Por um minuto acreditei que você não viria.
— Eu não perderia sua festa por nada, irmão.
Tyler sorri.
— Elisa, olá.
— Oi, Tyler.
— Minha irmã está te procurando.
— Onde ela está?
Tyler olha em volta.
— Boa pergunta. — Dando de ombros, completa: — Já já ela aparece.
— Ei, olha ali! Aquela não é a garota da festa? — Ouço alguém perguntar às minhas costas.
— A própria. Que sortuda! Transou com o Tyler e agora chega abraçadinha com o Dan.
— Queria eu ter essa sorte.
As garotas saem rindo.
— E o assunto da noite começou. — Sorrio com sarcasmo.
— Ignore, Elisa. Esse pessoal não tem o que falar. — Tyler dá um gole em sua bebida.
— É exatamente o que vou fazer. — Pego uma taça de champanhe e viro o líquido em um só gole.
— Elisa! — Isabelle vem ao meu encontro.
— Ei! Que milagre foi esse?
— Não foi milagre... Foi mentira mesmo. Ty disse para papai que me levaria para jantar. Com muito custo, ele acabou concordando.
— Então, ele não sabe que você está aqui?
— Ele não sabe que nenhum de nós está. — Tyler responde.
— Certo. Vocês são malucos! Mas é muito bom te ver aqui.
Isabelle sorri em resposta.
Pouco depois, Cody e Mike se juntam à nós.
— Ei, Baizen... O que você faz aqui? — Tyler pergunta, em tom sério.
— Eu o convidei. — Cody responde.
— Resolveram ser amigos agora?
— Parece que sim.
— Hum. — Tyler corre os olhos de Cody para Mike. — Bem, aproveite a festa, garoto.
Mike sorri rápido, em resposta.
— E o homem da noite chegou! — Theo surge Deus sabe de onde, e anuncia. — Alex Martínez!
Todos os olhares se voltam para a entrada.
Alex entra acompanhado por Kim, com um sorriso torto nos lábios.
Ele bate uma continência e sorri, sendo ovacionado pelos convidados.
— Que merda está acontecendo aqui? — Kim pergunta para Alex, achando graça da situação.
— Manhattan finamente se rendeu aos meus encantos.
Vou ao encontro deles e abro os braços.
Os dois me abraçam.
— Você está um arraso! — Kim me elogia.
— Olha quem fala! — Faço-a girar, segurando sua mão no alto. Kim está deslumbrante em um cropped preto e saia midi rodada branca. Seu cabelo, black e solto, dá o toque final, deixando-a poderosíssima. — Você está maravilhosa!
— E de mim? Ninguém fala nada? — Alex posta as mãos na cintura.
— Você está bonitinho. — Dou de ombros.
— Recalcada.
— E aí, herói! Tudo certo? — Theo cumprimenta Alex com um aperto de mão e dois tapinhas amigo no ombro. Em seguida, seus olhos pousam sobre Kim. — Olá, moça bonita.
— Oi, e aí? — Kim retribui, tímida.
— Gente, essa é a Kim. — Apresento-a.
— Oi Kim. — Tyler a cumprimenta.
— Olá.
— Ei, Kim. — Dan vai ao seu encontro e lhe cumprimenta com um abraço. — Tudo bem com você?
— Tudo ótimo. — Ela sorri.
Mike e Cody também a cumprimentam e logo Isabelle se junta a nós duas.
— Ah, me conta uma coisa: que história é essa de que seu pai e Victoria saíram para jantar?
— Pois é, até eu fiquei surpresa. Mas confesso que estou adorando a ideia. Acho que papai finalmente resolveu se dar uma chance de ser feliz e não poderia ter feito escolha melhor. Vic é uma mulher maravilhosa, é como uma mãe para nós.
Sorrio.
— Também estou torcendo por eles.
— Ei garotas, isso é uma festa. — Theo ergue sua taça. — Vamos nos divertir.
Ele vem até Kim e oferece sua mão, levando-a para a pista de dança.
Dan sorri para mim e me incentiva a acompanhá-los.
— Pode ir, Elisa. — Isabelle afirma.
— Vem com a gente.
— Ah, não. Eu sou uma negação para dança. Vou ficar bem aqui.
— Eu posso fazer companhia a você. — Alex se posta ao seu lado, ignorando os olhares de um grupo de garotas. Elas parecem extremamente desapontadas por não terem sua atenção.
— Você está em boas mãos.
— É claro que está. — Ele pisca.
Sussurro um "juízo" para Alex e vou para a pista acompanhada por Dan, onde dançamos até meus pés pedirem arrego.
Vez ou outra ouço comentários maldosos, alguns sobre mim, outros sobre Mike, mas continuo os ignorando. Prometi a mim mesma que eles não me abalariam.
— Eu já volto, tudo bem? Vou ao banheiro. — Dan fala próximo ao meu ouvido.
— Ok.
— Theo, fique de olho nela.
— Deixa comigo. — Ele bate uma continência, virando seu champanhe de um só gole.
Reviro meus olhos.
— Você bebe bastante, né? — Kim comenta.
— Você acha? — Ele faz um bico, mexendo a taça vazia na mão. — Nunca parei para pensar sobre isso.
Kim sorri fraco.
— E você, não bebe nada?
— Não gosto de bebidas.
— Por que não?
— Longa história.
Theo consente.
Enquanto eles conversam, me afasto um pouco e observo o ambiente a minha volta. Isso até um cara ruivo aparecer bem na minha frente.
— Opa. — Exclamo, com o susto.
Ele sorri, notoriamente bêbado.
— E aí, gata. Vamos dançar?
Não respondo. Simplesmente tento voltar para a companhia de Theo e Kim.
— Ei, espera! — Sua mão me impede. — Você faz mais a linha tímida, é? Que tal irmos para um local mais calmo? Podemos nos conhecer melhor. — Ele sussurra em meu ouvido.
— Eu estou acompanhada, desculpa.
— Não tem problema, vai ser rapidinho. Ele nem vai notar. — O cara se aproxima, tentando me beijar à força.
— Sai fora. Você está louco? Eu disse não!
Em um piscar de olhos, Dan surge e manda o cara para longe.
Todos param o que estão fazendo para observar a cena.
O ruivo tenta revidar, mas Dan o impede, atingindo-o com um soco.
— Dan, para com isso! — Falo alto o suficiente para ser ouvida.
Não surte efeito.
Ele o soca novamente.
— Dan, já chega! — Theo aparece e o tira de cima do cara. — O que você está fazendo, cara?
— Estou cuidando do que é meu! — Ele vocifera entre os dentes.
Cuidando do que é meu.
Essas palavras me atingem como um soco.
Me sinto como um objeto sendo disputado.
O ruivo finamente consegue se levantar.
— Qual é, cara? Você ficou louco? Eu não te fiz nada, porra!
— Você tocou na Elisa. — Sua voz soa grave e séria.
— Nessa vadia? Fala sério, eu só...
Ele não consegue terminar a frase.
Dan voa para cima dele novamente e dessa vez, ninguém consegue tirá-lo.
Dois amigos do ruivo surgem para ajudá-lo, então Theo entra na briga para apoiar Dan.
Quando me dou conta, eles estão todos embolados em uma confusão de socos e chutes.
— Para! Dan, por favor, para!
Olho em volta desesperada, procurando por Tyler, Alex ou qualquer outro que possa me ajudar.
Não encontro nenhum rosto conhecido.
Volto meus olhos para a briga e vejo Dan socando o rapaz duas, três, quatro vezes. Seu olhos tem fúria. Muita fúria.
O rosto do ruivo está coberto por sangue e ele não se mexe mais. E mesmo assim, Dan não para de socá-lo.
— Dan, para! Você vai matá-lo! — Corro em sua direção e tento o impedir de desferir outro soco. Nesse segundo, seu cotovelo atinge meu rosto com uma força incrível.
O golpe me faz cair para trás e o gosto metálico de sangue invade minha boca.
— Que merda você está fazendo, Dan? — Reconheço a voz de Tyler, mesmo não conseguindo enxergá-lo. — Olha o que você fez com a Elisa!
— Lisa! — Kim me ajuda a levantar. — Meu Deus, você está sangrando!
Somente nesse momento Dan para.
Seus olhos encontram os meus e a fúria estampada neles dá lugar ao arrependimento.
Ele tenta vir até mim, mas ajo mais rápido e saio correndo entre a multidão de rostos que me encaram.
Agradeço mentalmente quando ouço Theo dizer: — Agora não. Deixe ela ir.
Desço as escadas e corro sem direção pela rua, até ouvir a voz de Kim me chamar.
— Lisa, por favor, espera!
Paro ao sentir o ar falhar em meus pulmões.
Kim me alcança, acompanhada por Tyler.
— Lisa...
Cubro minha boca com a mão e choro. Choro muito.
Estou completamente em pânico.
Meu rosto dói e minhas mãos tremem. Há sangue em minha roupa.
E o olhar de Dan me assustou. Realmente me assustou.
— Venha, Elisa. Vamos embora daqui.
Os braços de Tyler envolvem minha cintura delicadamente, me ajudando a andar até seu carro.
— Vai ficar tudo bem. Nós vamos cuidar de você.
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